Misteriosas vozes de Deus
Mt 1.18-2.1-15
Introdução
O "Deus que intervém", um conhecido livro de Francis Schaeffer (The God Who Is There, cuja tradução literalmente seria "O Deus que está lá") segue uma linha completamente oposta da corrente teológica conhecida como Teísmo aberto ou Teologia Relacional, cujo paladino é o inglês Tom Honey, que não crê na intervenção de Deus na história. Esta teoria defende a ideia de um Deus que lamenta, se solidariza, mas não intervém. Ao lermos as Escrituras Sagradas atentamente, veremos que, de fato, este não é o Deus da Bíblia, porque se há alguma coisa que caracteriza o nosso Deus é o fato de que “ele está aqui, e não está calado.” Ele sempre agiu e age de formas diferentes na história. Ele não apenas age na história, mas ele é Senhor da história, e a conduz para onde ele deseja. Por isto o livro de Apocalipse pode ser resumido com a frase “Tudo está sob controle”, que também é o título de meu livro sobre Apocalipse.
Deus interveio na criação, e não parou de intervir, falando, agindo, fazendo tudo para cumprir seus propósitos eternos. Schaeffer, ainda outro livro traduzido como “O Deus que se revela” (He is there and He is not Silent) enfatiza como este Deus Todo- poderoso, sempre conduziu a história. Ele não apenas age na história e ntervém na história, mas é Senhor da história. Ele é um Deus de milagres.
A medida que começamos a ler os textos do anúncio do Natal, vamos descobrindo como Deus falou de formas tão inusitadas comunicando sua verdade aos homens. O Deus da Bíblia é um Deus revelativo, que nos deixou sua palavra para que saibamos seus propósitos, e especialmente, aquilo que ele é, e como deseja que vivamos, ele quer se comunicar, porque quem fala quer ser entendido. Ele é um Deus que se deixa conhecer, e tudo o que sabemos sobre Deus é aquilo que ele mesmo falou de si.
Quando encontrava opositores à Palavra de Deus, o já falecido Rev. Wilson de Souza, da 8ª igreja de BH dizia: “Se Deus não disse o que teria dito, porque não disse o que teria de dizer?”. Em outras palavras: Deus quer se revelar, Ele é o Deus da Palavra. Se a palavra que ele nos deixou não é exatamente aquilo que ele gostaria de nos comunicar, então, por que não comunicou aquilo que deveria ter sido comunicado? Entretanto, o Deus da Bíblia, “Nunca se deixou ficar sem testemunho de si mesmo, fazendo o bem, dando-vos do céu chuvas e estações frutíferas e enchendo o vosso coração de fartura e de alegria.” (At 14.17) Ele sempre se manifestou na história. Ele não é um Deus silencioso, apático e distante. O Deus da Bíblia é essencialmente o Deus da Palavra.
Nos relatos do Natal vemos os instrumentos incomuns que Deus vai usando para se revelar aos homens e para anunciar a vinda de seu filho amado.
- Deus fala por meio da criação – "Vimos sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo." (Mt 2.2) Quando os magos vieram do Oriente, numa longa e cansativa viagem de 1.600 km, enfrentando os perigos e o calor do deserto por cerca de 45 a 60 dias de caminhada, a fonte da inspiração foi uma estrela. Deus usou a voz da natureza para direcionar estes homens para a plena compreensão de sua revelação que se deu no nascimento de uma criança em Belém.
Eles eram magos. Provavelmente estudante das estrelas, e agora, quando vêem um sinal no céu, um astro diferente de tudo quanto conheciam, e entenderam que se tratava de uma manifestação de Deus, e de fato tiveram a correta percepção. Deus usa o incomum instrumento de um sinal no céu, que se torna a referência daqueles homens para uma viagem tão longa.
Deus sempre se revelou pela natureza. Deus comunica coisas profundas através da sua criação. O grande literato português, Pe. Antonio Vieira, no sermão da sexagésima indaga: “Qual foi o primeiro pregador?” E sua resposta é: “A criação!” Deus sempre tem falado por meio das coisas que ele criou. afinal “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras de suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela conhecimento a outra noite. Não há linguagem nem há palavras, e deles não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a guerra se faz ouvir a sua voz, e as suas palavras, até aos confins da terra.” (Sl 19.1-4)
A natureza anuncia Deus, sua ordem nos faz pressupor uma mente inteligente por detrás de tudo o que foi criado. A criatura aponta para o Criador, dia após dia. Eugene Peterson, numa tradução mais livre deste texto afirma:
“A glória de Deus viaja pelos céus, as obras de arte de Deus estão expostas no horizonte. A senhora Alvorada ministra aulas todas as manhãs, o professor Anoitecer leciona no curso noturno. Suas palavras não são ouvidas, sua voz não é gravada, mas seu silêncio enche a terra; mesmo calada, é a verdade propagada por toda parte.” (A Mensagem)
O apóstolo Paulo faz as mesmas considerações em Romanos.
“Portanto, a ira de Deus é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça, pois o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis.” (Rm 1.18-20).
Paulo afirma que até mesmo os “atributos invisíveis de Deus”, e coisas ainda mais complexas como “sua natureza divina”, são vistos claramente, por meio da natureza. Ao contemplarmos as obras de Deus, somos capazes de distinguir o próprio Deus. Observar o pôr do sol, o nascimento de uma criança, uma flor que desabrocha, a leveza do pássaro, o mistério dos oceanos, a grandeza dos astros e das galáxias é suficiente para que sejamos capazes de perceber a realidade da divindade. Ao negarem a existência de Deus, os homens se tornam indesculpáveis, incapazes de se defender, por causa da exuberante e fascinante criação de Deus, que se torna pregadora e anunciadora da grandeza de um Deus presente.
"Existe na natureza uma língua, que fala da existência de Deus; é a língua da ordem, beleza, perfeição e inteligência (...) Deus fala na certeza e regularidade das estações do ano, na precisão de movimentos do sol, luz e estrelas, no aparecimento regular da noite e do dia, no equilíbrio entre o consumo humano de oxigênio vital e sua produção pela vida vegetal do planeta, e mesmo no choro de um recém-nascido, com sua demonstração sempre renovada do milagre da vida” (Billy Graham, Mundo em chamas, pg 122).
Nos relatos do Natal vemos uma estrela, este incomum instrumento, sendo usado por Deus para revelar aos homens a vinda de seu Filho amado. A natureza se alia à Deus no processo de proclamação.
Ao olharmos a natureza ficamos encantados com sua grandiosidade, harmonia e beleza. A densidade espacial do universo é tão grande que cientistas afirmam que existem milhões de galáxias, com a dimensão média de 20 mil anos luz de uma fronteira à outra. Um único cristal de neve, numa tempestade com milhões de outros cristais é equivalente a vinte bilhões de elétrons, e todos os flocos de neve possuem sete pontas, numa harmonia surpreendente. O mundo em miniatura contido numa célula, na medida em que avançam as pesquisas e instrumentos, revela-se tão espantoso quanto todo corpo humano.
- Deus falou a místicos religiosos para anunciar a chegada de seu Filho. Os magos são levados à presença dos escribas. Não parece irônico que Deus se utilize destes estranhos personagens? Não são os escribas que anunciam o nascimento de Cristo aos magos, mas são os magos que falam aos escribas e mestres, sobre Cristo.
"Eis que vieram do oriente a Jerusalém uns magos que perguntavam: Onde está aquele que é nascido rei dos judeus? pois do oriente vimos a sua estrela e viemos adorá-lo" (MT 2.2). Magos foram mais agraciados que os religiosos de Jerusalém.
Muitos afirmam que eram reis, mas a verdade que o texto descreve é que eles eram "magos", pessoas com estranhas práticas e exóticos rituais.
Estes magos eram místicos, gente estranha, que através do processo de alquimia e leitura de livros mágicos, procuravam descobrir segredo no mundo do esoterismo, uma fórmula ou alquimia que pudesse transformar pedra em ouro, gente envolvida com coisas espirituais, mas sem uma base concreta do que crer. Gente parecida com Paulo Coelho, em busca de coisas sobrenaturais, e que se agarram a qualquer fenomenologia sem perguntar a procedência disto, se vem de Deus ou do diabo. Muitos ainda hoje querem entender a “estrela”; ou a buscar amenizar a presença dos “magos” fazendo deles astrônomos quase cristãos, ou lhes dando a aura de gente importante, de reis de nações longínquas, mas eram apenas magos.
Deus vai usar estes estranhos instrumentos. São as vozes misteriosas de Deus, que muitas vezes fala por meio de uma jumenta, ou de uma menina escrava que anuncia a Naamã, comandante do rei da Síria que havia um Deus em Israel que era capaz de curá-lo de sua lepra. São pedras que clamam, estranhos instrumentos nas mãos de um Deus soberano.
- Deus falou por meio de sonhos – Apenas neste texto, Deus emprega o sonho por quatro vezes para revelar sua palavra e direção (Mt 1.20; 2.13, 2.19,22).
No primeiro, aparece em sonho à José para acalmá-lo diante da constrangedora situação de ter que lidar com sua mulher que surge grávida afirmando que isto foi obra do Espírito de Deus; Na segunda, aos magos, alertando-os para que não retornassem à Jerusalém para prestar relatórios à Herodes. No terceiro, quando Deus orienta José a fugirem para o Egito, pois Herodes mandaria matar todas as crianças pequenas de Belém, sentindo-se ameaçado pela chegada de um novo pretendente ao trono.
Deus ainda hoje lança mão deste estranho instrumento. O Rev Osni Ferreira, que atualmente desenvolve um projeto de levar bíblias a países muçulmanos fechados ao Evangelho, relata que tem se tornado cada vez mais comum que islâmicos tenham sonhos com Jesus, e caminham de longínquos vilarejos, procurando cristãos para aprender mais sobre Cristo. Na sua tradição, eles crêem que sonhos são instrumentos de Deus para orientar.
Obviamente precisamos ter cuidado para não transformar todos os sonhos em revelações divinas. Este tem sido um problema muito comum no meio carismático. Muitas pessoas passaram a viver em torno de sonhos e de sonhadores. Deus não está falando em todos os sonhos que temos, e facilmente corremos o risco de orientar nossas vidas por falsos sonhos ou pressupondo que Deus está falando conosco, quando isto é resultado dos nossos desejos, da soberba e engano de nosso coração. O profeta Jeremias no capítulo 23 fala contra falsos profetas que sonhavam e falavam que Deus havia falado e Deus estava contra estes homens.
Por outro lado, Deus muitas vezes usou este meio extraordinário para trazer verdades aos corações. Rev Sérgio Paulo, Presidente da APMT, acompanhou e pastoreou meu sogro nos seus últimos dias. Ele relata que foi procurado por um senhor que estava afastado da igreja e que teve um sonho no dia anterior a morte de meu sogro (Junho/2009). No sonho ele via meu sogro indo com um grupo numa determinada direção e ele na contramão, e meu sogro o chamava para ir naquela direção, mas ele não queria. Então este homem perguntou ao Rev. Sérgio se aquilo poderia ser Deus falando, e ele respondeu: “Você ainda tem dúvidas?”
- Deus fala por meio de sua Palavra – Uma das coisas que o evangelista Mateus faz questão de demonstrar é como Deus sempre esteve se comunicando através dos seus profetas.
Estudiosos da Bíblia afirmam que cerca de 600 profecias bíblicas foram dadas no AT e que cumpriram cabalmente no NT. Basta ler os capítulos iniciais para termos uma ideia de como o autor, inspirado pelo Espírito Santo, cita os textos sagrados do AT para corroborar suas idéias. Apenas neste texto que lemos ele faz citação a textos do AT em três situações: Mt 1.22; 2.5; 2.15.
A vantagem da Bíblia à sonhos, profecias, visões e outros meios incomuns é que nela não encontramos confusão. Muitas pessoas já se perderam por causa de supostas visões ou por equivocadamente interpretaram sonhos, mas a Palavra de Deus não confunde, antes elucida, clarifica, explica.
A palavra de Deus não traz confusão, porque “Nenhuma profecia da Bíblia provém de particular elucidação, porque nunca jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos, falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo.” (2 Pe 1.20-21)
“Deus tem dois manuais: um é o da natureza; o outro é o da revelação”. Duas mil vezes no Antigo Testamento vemos a expressão “Deus falou”. Jesus fazia freqüentes citações do Antigo Testamento e em nenhum momento expressou dúvida em relação à sua autoridade, por isto é tão importante que leiamos a Bíblia.
A Bíblia é a única fonte segura, na qual podemos descansar naquilo que ela nos ensina: Nem tradição, nem experiências, sonhos, visões são confiáveis. Mesmo a natureza tem sua capacidade limitada de nos comunicar verdades celestiais, porque se trata apenas de uma “revelação natural”, mas a Palavra de Deus é água pura: “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma; o testemunho do Senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices (...) O mandamento do Senhor é puro e ilumina os olhos (...) Os juízos do Senhor são verdadeiros, e todos igualmente justos.” (Sl 19.7-9)
- Deus fala por meio de seu Filho (Hb 1.4-6) Sua Palavra encarnada, Verbo de Deus!
A encarnação divina, assumindo forma humana, foi a forma mais direta de Deus falar com a humanidade. Ele agora, não apenas dá sinais da sua presença, nem apenas envia profetas, mas ele mesmo decide se inserir na humanidade, assumindo forma humana. Certamente Deus usa instrumentos e situações estranhas para salvar aqueles a quem ele ama, mas o grande projeto de Deus e a grande comunicação que ele faz de si, é através de seu filho, que se fez carne e habitou entre nós. (Jo 1.14)
“Tendo Deus, outrora falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos nossos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pela qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e expressão exata de seu ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade nas alturas.” (Hb 1.1-3)
Em Cristo, temos toda a revelação de Deus, e vemos nele, a palavra final. Cristo é a expressão exata do ser de Deus.
Certa vez Filipe, confuso com as declarações de Cristo sobre a vida eterna pediu: “Senhor, mostra-nos o Pai, e isto nos basta”, e Jesus lhe respondeu: “Filipe, há tanto tempo estou convosco e não me tens conhecido? Quem me vê a mim, vê o Pai, como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” (Jo 14.8-9)
Em Belém, “Deus se manifestou em carne” (1 Tm 3.16). Naquele menino residia “toda a plenitude da divindade.” (Col 2.9) “O verbo se fez carne e habitou entre nós.” (Jo 1.14)
Conclusão
Rev. Paul Long, foi missionário durante muitos anos no Congo e no Brasil. Muitas das Igrejas presbiterianas plantadas no Norte de Goiás e Tocantins, resultaram de sua enorme visão e incansável zelo pela obra do Senhor.
No seu livro, “O homem de chapéu de couro”, relata que em 1963 encontrou em Gurupi-TO, o Seu Benigno, (pessoalmente tive o prazer de conhecer este homem e até hoje sou amigo de seus filhos), nos dias que a Belém-Brasília estava sendo construída. No primeiro encontro aquele homem estava acompanhado de sua esposa e ambos demonstraram muita perturbação e irritação durante o tempo que o famoso pregador Patrício Lili, de origem indígena, tentava pregar a um grupo de pessoas que se reunia na rua empoeirada. Eles ficavam rindo e fazendo de tudo para chamar a atenção das pessoas para que não ouvissem a mensagem.
O Rev Paul Long perguntou ao Patrício porque aquele casal se opunha tanto á pregação do Evangelho, e como ele conviveu durante anos nas aldeias indígenas, com culturas animistas, ele conhecia este mundo espiritual, e explicou que ambos estavam debaixo da orientação de espíritos malignos e que somente Deus seria capaz de mudar suas mentes e suas vidas, porque estavam escravizados por forças espirituais. Patrício já havia trabalhado entre tribos indígenas e vira muitas vezes pessoas sob influência poderosa de entidades.
Seu Benigno era também descendente de negros e indígenas e conhecido macumbeiro na cidade. Sua esposa recebia espíritos malignos, e embora dissesse que queria se comunicar apenas como bons espíritos para ajudar as pessoas, na medida em que se envolvia com tais espíritos tinha que se submeter às exigências cada vez maiores do diabo.
No dia seguinte ao se dirigiram para um local onde iriam se reunir, cerca de 60 pessoas vieram para ouvir o pregador, e como o espaço era pequeno, um número igual de pessoas ficou do lado de fora olhando pela janela. Seu Benigno e D. Marta estavam entre eles. Na medida em que Patrício pregava o evangelho eles começaram a se opor à mensagem. Isto perturbava a reunião e algumas pessoas queriam expulsá-los, mas o Rev. Paul Long insistiu para que ficassem e ouvissem a palavra. Eles ficaram, mas estavam visivelmente irados com a pregação. Quando terminou o sermão, o Rev. Paul lhes perguntou se gostariam de receber uma oração dizendo que via as batalhas dentro de suas vidas e que somente Deus poderia libertá-los.
Marta saiu empurrando a platéia, mas o Seu Benigno foi à frente para receber a oração. Ela saiu gritando e dizendo: “Você está louco, Benigno!”, mas apesar de seus protestos, eles ajoelharam e oraram. Depois da oração, embora nada exterior tivesse acontecido, alguma coisa parecia ter mudado em sua vida.
Seu Benigno tinha uma pequena cerâmica perto da construção da igreja e começou a vender tijolos para a construção. Gradualmente o ódio do coração contra a igreja e o missionário foram diminuindo e ele se mostrava cada vez mais sedento para saber do evangelho. Depois de 6 meses assumiu a vida cristã e foi batizado, mas as lutas espirituais, opressão satânica e o desespero maligno continuavam ainda muito forte sobre sua vida, mas com oração e jejum a obra de Cristo foi prevalecendo em suas vidas.
Um dia Rev. Paul Long lhe perguntou por que ele se tornara cristão e ele contou uma história curiosa.
Sua cerâmica só podia funcionar durante os dias secos do ano, e na época de chuva ele precisava de outro serviço para sustentar a família. Ele ia longe para trabalhar, e sempre que estava voltando era assaltado na pobre e violenta região que vivia. Isto o deixava furioso. Ele tentou fazer uma macumba para aquelas pessoas, mas parecia não funcionar, um dia um espírito maligno lhe falou sobre uma mulher, macumbeira famosa, conhecida como “Rainha do Araguaia”, e lhe disse onde ela poderia ser encontrada.
Benigno andou três dias para se encontrar com ela na sua choupana no meio do mato. Quando ali chegou, sem que o conhecesse, ela abriu a porta e disse: “Pode entrar Benigno, eu estava esperando por você!”. Ele entrou e perguntou como ela sabia seu nome e ela respondeu: “Eu vi você quando saiu de sua casa e andando no meio do mato. Você quer poder para amaldiçoar seu inimigo, mas você é um bobo”.
E então pediu que olhasse para a parede de sua choupana que tinha a fotografia de um animal correndo de um cachorro, e um caçador esperando-o para o matar. E ela disse: “Benigno, Deus deu às criaturas o senso do perigo para correrem dele, mas você é um bobo, você deve correr para salvar sua vida”. E apontou para outra parede onde havia alguns livros: “Estes livros falam do mundo espiritual e como usar estes poderes para lutar contra inimigos, mas o preço de andar com os espíritos invisíveis é a escravidão”, e em cima da mesa havia um livro, era uma bíblia, e aquela macumbeira lhe disse algo inusitado. “O que você precisa Benigno, não é de poder espiritual para destruir seu inimigo, mas do poder de Deus para ter vida. Vá, compre uma bíblia, leia-a e siga seus ensinamentos. Não seja mais um tolo!”
Benigno então concluiu: “Eu comprei então uma bíblia, comecei a lê-la, e ela me falou de Jesus e como eu poderia me tornar um cristão”.
Depois de sua conversão, quando chegava a estação das chuvas, seu Benigno pegava um animal, colocava bíblias e literatura cristã sobre ela, e saia pelas fazendas, visitando pessoas e falando de Deus. Por três meses no ano ele se tornava um pregador itinerante. Ele conhecia o mundo dos espíritos que trazia prisão e o poder de Deus que trouxe liberdade à sua vida. Seu Benigno se convenceu das verdades do Evangelho, ouvindo da boca de uma conhecida macumbeira, que ele deveria encontrar as verdades de Deus na Bíblia.
Deus, ainda hoje continua falando fora dos canais oficiais e através de pessoas inesperadas. Não podemos fundamentar nossa fé em outras coisas além da Palavra de Deus, que é nossa única regra de fé e prática, e na palavra revelada a nós em Cristo Jesus, no qual habita corporalmente toda a plenitude de Deus, sendo ele a expressão exata de seu ser, mas Deus fala através da natureza, consciência, amigos, e formas inusitadas, conforme lhe apraz.
O Natal nos lembra do grande desejo de Deus de nos reconciliar com Cristo. De um Deus que deseja se revelar a nós. Ele tem feito isto de formas miraculosas, até mesmo com sonhos, mas seus meios ordinários podem ser encontrados na harmonia e beleza da criação; na sua Palavra, revelada, e em Jesus Cristo.
Sua manifestação na história tem um objetivo: nos levar a um encontro com ele. Deus deseja falar conosco, ele quer nos revelar a si mesmo. Ele quer falar de seu grande amor que um dia se tornou manifesto de forma profunda na cruz. Ali no calvário, ele derramou o sangue de seu Filho para que pudéssemos ter vida, e vida em abundância. Natal nos aponta para o amor de Deus, que nos amou tanto que decidiu resgatar todos aquele que, pela fé, venham a receber sua graça e aceitá-lo em seu coração.
Você já ouviu a doce voz de Cristo te chamando? Já conseguiu perceber o interesse dele por você e quanto ele o ama? Já ouviu os sussurros de Deus caminhando na sua história? Na sua dor ou na sua alegria? Na sua falta de esperança e no meio da sua dúvida? O Deus de toda glória se revelou na sua plenitude numa manjedoura, na face de uma criança.
Isto tem tudo a ver com o Natal.
Isto tem a ver com o Deus das Escrituras.
Isto tem a ver com o desejo que ele tem de que você o conheça, e aceite o dom da vida eterna que nos é dado gratuitamente por meio de Cristo. Você precisa se arrepender de seus pecados, voltar para Deus, e receber a Jesus como seu salvador pessoal.
Gostaria de fazer isto hoje mesmo?
De conhecer o seu amor e sua graça?
De ouvir a sua voz?
Ore entregando sua vida e pedindo para que ele se revele a você. A Bíblia diz que “um coração constrangido e contrito, Deus não desprezará.” Uma oração sincera e uma atitude sincera, é tudo que Deus deseja para manifestar sua graça e poder sobre nossas vidas. Ore pedindo para que Deus fale ao seu coração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário