Introdução:
Nenhuma questão é tão importante, tão urgente, essencial e imprescindível que a pergunta que este rapaz faz: “Que farei para herdar a vida eterna?”
Acertos:
Este homem aproxima-se de Jesus com algumas questões absolutamente corretas:
1. Ele vem com a atitude correta: "Ajoelhando-se" (Mc 10.17) – Para um judeu ajoelhar-se diante de alguém não era fácil, mas aquele homem percebe em Jesus a dimensão de sua sobrenaturalidade e divindade. Ele era alguém especial, por isto este homem ajoelha-se.
Muitas vezes nos aproximamos de Jesus, não com joelhos em terra, mas com arrogância, nariz empinado, como se Deus fosse grandemente abençoado em nos acolher.
2. Tem um correto senso da urgência de sua alma – “correu... ao seu encontro” (Mc.10.17). tinha percepção de que sua situação era inadiável e aquela era a hora de uma tomada de posição. Ele vem correndo, trata-se de colocar em ordem a sua vida e ele não quer mais perder tempo.
Certa vez estava pregando em Goiânia, e no meio de meu sermão, ouve um derramamento especial da graça de Deus e uma mulher interrompeu minha palavra e disse: “Pastor, quero entregar minha vida a Jesus neste momento”. Enquanto vacilei um pouco, indefinido sobre o que fazer, outra pessoa se levantou e em seguida afirmou: “Eu também quero!”.
Talvez o Espírito Santo, que estava agindo no coração daquelas pessoas tenha feito o mesmo que fez com Pedro em At. 10. No meu caso acho que Deus considerou o seguinte: “Se Samuel continuar pregando pode atrapalhar a obra que estou plantando nestes corações...”
Você sente urgência em relação à sua alma, percebe que precisa tomar uma decisão imediata? Não hesite. Hoje, se ouvir a voz do Senhor, não endureça o seu coração.
3. Faz a pergunta correta, a questão essencial: Que farei? Nenhuma pergunta é tão importante. Valores eternos.
Qual é sua pergunta?
Existem muitas pessoas levantando muitas questões periféricas, que consomem quase todo o seu tempo, faz a mente chafurdar em ansiedade e preocupação e que consomem quase todo o tempo. Vivem ansiosas quanto à reputação pessoal, sucesso, fama, dinheiro, casamento, mas nenhuma destas perguntas tem a ver com eternidade.
Você sabe onde vai passar a eternidade?
Se você morresse hoje, para onde iria sua alma?
Você já sabe o que dirá quando estiver diante do trono branco de Deus?
Você acha que seus fundamentos espirituais são suficientes para lhe dar certeza de vida eterna?
Do ponto de vista psicológico, entendo porque tantas religiões do mundo professam a tola doutrina da reencarnação. Elas querem crer que, de alguma forma, mesmo fazendo tanta besteira e cometendo tantas tolices, ainda terão uma segunda chance. Mas a Bíblia diz claramente que: “Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disto, o juízo”((Hb 9.27).
4. Procura a pessoa certa – Jesus! Tenho visto muitas pessoas buscando respostas espirituais, gente sedenta do Sagrado, mas indo atrás de médiuns, benzedores, misticismo e esoterismo, representações do sagrado e se sentindo cada vez mais desesperadas porque estão cavando cisternas rotas que não retém a água, que não sacia a sede do coração.
Jesus afirma: “Quem tem sede, venha e mim e beba, porque do seu interior, fluirão rios de água viva”.
Este homem, porém, comete alguns equívocos.
Erros:
A. Possui pressupostos teológicos equivocados – “Bom mestre”(Mc 10.17). Jesus não o censura por lhe chamar de bom, antes o seu julgamento superficial sobre a bondade humana, principalmente sobre a sua justiça própria, afinal, ele não era um homem tão bom?
Jesus quer ensinar-lhe que só existe um bom que é Deus. A bondade da humanidade é relativa. Ao fazer isto, Jesus está procurando esvaziar sua arrogância espiritual de pessoa moralmente correta, que o fazia compreender a si mesmo, e entender o quanto ele precisava de Deus e quanto seu coração estava longe.
B. Constrói sua vida em fundamentos equivocados – Quando Jesus se dirige a ele sobre a guarda dos mandamentos, ele não lhe pergunta se ele guardava os mandamentos, mas afirma que o fazia. Sua afirmação não deixa dúvidas: “Tudo isto tenho observado, desde a minha juventude” (Mc 10.19).
Pessoas religiosas e exemplares moralmente são as que menos sentem necessidade da graça de Deus. Por isto se afastam do evangelho.
A justiça própria é o inimigo numero 1 do Evangelho. tenta tirar dele o senso de justiça pessoal.
Justiça pessoal faz a pessoa se considerar justa. O problema é que gente cheia de si mesma, não pode ser preenchida por Deus, pois não cabe mais nada: Ele era socialmente bom e correto.
A Bíblia está sempre questionando nossa capacidade espiritual. “Onde está a jactância? Foi de todo abolida” (Rm 3.27).
Li recentemente um texto do Paul Tripp que exemplifica isto. Ele afirma que todos os dias ao começar o seu tempo de oração ele diz a Deus: “Senhor, tu sabes como eu preciso de ti, e nada posso sem ti”. Pensando na sua oração, lamentei pelo meu coração, porque na minha auto suficiência, nem sempre estou realmente convencido de que eu sou pobre e necessitado. Continuo sempre vangloriando-me de minha autonomia e independência.
Este homem rico está fundamentando sua vida nos méritos e no currículo moral que ele construiu. Sua honradez e comportamento. Milhares de pessoas que professam hoje ser discípulas de Cristo, no fundo realmente não sentem que precisam de um salvador. Salvador é para quem está perdido. A maioria se acha boa demais...
Jesus percebe que esta é a realidade do coração daquele homem, por isdto questiona sua afirmação sobre sua bondade para desestruturar seus fundamentos. “Não há nenhum bom, exceto Deus”.
Paulo afirma que os judeus tinham zelo por Deus, porém não com entendimento, porque tentaram construir sua justiça própria ao invés de aceitar a justiça que vem de Deus através de Jesus. Estes judeus não eram displicentes nem negligentes com sua fé, mas possuíam zelo sem entendimento (Rm 10.1-3).
Aquele rapaz mede a sua vida pela lei, Jesus o mede pelos seus afetos. O que está no seu coração? A observância religiosa não havia tocado seu íntimo. Não tinha gerado desapego pelas coisas mundanas que ele amava. A Nova Aliança tem a ver com o coração.
C. Coloca seus afetos em coisas erradas. Jesus denuncia a centralidade do seu coração, por isto diz: “Vai, vende tudo que tens, e dá-o aos pobres, depois vem e segue-me”(Mc 10.21).
É interessante notar que Jesus nunca pediu que outros de seus seguidores fizessem o mesmo. Algumas pessoas ricas serviram a Jesus com seus bens e ele nada lhes disse. No entanto, pede a este homem que venda seus bens para segui-lo.
Por que?
Não é o dinheiro que ele possui que é o seu problema, mas o dinheiro que o possui.
A questão aqui é como o seu coração se relaciona com as coisas que possui. Jesus sabia que por detrás de toda aquela camada religiosa e disciplina espiritual, havia um coração dominado não por Deus, mas pelas coisas que possuía.
Ele tinha uma relação idolátrica com seus bens. É questão de intensidade e foco. Coisas que nos dominam tornam-se substitutos de Deus (Ez 14.3,4,5,7). Ídolos nos fazem crer que não podemos viver sem eles. O coração dele estava nas coisas. Para nenhuma pessoa Jesus pediu que vendesse os bens para se tornar seu discípulo, mas este precisava confrontar o que o prendia.
A questão é: “Onde estão seus afetos?” Pergunte a si mesmo: “O que você ama, teme, serve, deseja mais do que a Deus”.
Isto é um ídolo no seu coração. O centro do coração daquele homem estava apontando para coisas erradas.
Ele se retira triste: O dinheiro era mais importante que Deus. Acho impressionante a declaração do texto que diz: “E Jesus, fitando-o, o amou”(Mc 1021).
Jesus não fez esta exigência para pisoteá-lo, mas para resgatá-lo. Era uma tentativa de livrá-lo da subordinação que ele mantinha com seus bens. Sua lente estava desajustada e seu foco errado. Coloque seu coração no foco certo...
Para seguir a Cristo não pode haver atenção dividida. O coração tem que estar por inteiro. No entanto, ao sermos assim confrontados, podemos sair triste da presença de Deus e não rendermos o nosso coração a ele. Achamos que somos donos de muitas propriedades sem perceber que nossos bens é que são nossos donos. Achamos que possuímos as coisas quando elas é que nos possuem.
Conclusão:
Este jovem faz a pergunta certa, com a atitude certa, com a urgência certa, à pessoa certa, mas responde a interpelação de Cristo de forma errada.
Não entrega o centro de seus afetos a Deus. Não consegue se desvencilhar de seu ídolo.
Que tal render aquela parte de sua vida que o faz crer que não é possível viver sem. Que tal trazer esta dimensão de sua vida rendida a Deus? Talvez você até ore: "Senhor, eu não quero, mas gostaria de querer abrir mão disto que é um obstáculo à minha vida de fé. Mude a minha vontade e sonhos”.
Quais são as posses que tem dominado a sua vida. Por que é mais fácil ser religioso que entregar meu coração por inteiro a Deus?
No Séc XVIII, o Rio Mississipi era um dos principais canais para transportar grãos e gado nos EUA. Certo homem rico, vendeu sua propriedade e recebeu seu pagamento em ouro, e o levava consigo numa destas viagens, quando o barco em que estava, começou a naufragar. Desesperado ao ver que iria perder toda sua riqueza, rapidamente começou a colocar ouro no bolso da sua calça e do paletó, para salvar o máximo de seus bens.
Três dias depois, o encontraram morto, no fundo do rio, com seus bolsos repletos de ouro.
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