quarta-feira, 2 de maio de 2012

Mc 10.23 Quem pode ser salvo?

Introdução: 

O homem rico do encontro anterior, por causa das exigências impostas por Cristo para o discipulado, saiu triste e desistiu de segui-lo. Diante deste episódio, o texto mostra que os discípulos se mostraram preocupados, afinal, se justamente aquela pessoa tão boa, cumpridora da moral e dos deveres, fiel na prática de todos os rituais da religião, estava distante do reino, apesar de sua moral tão elevada, o que poderia acontecer com eles?

A preocupação dos discípulos se reflete na pergunta: “Então, quem pode ser salvo?” (Mc 10.26).

Encontramos nestes dois textos duas perguntas correlatas e complementares.
Na primeira, a questão é pessoal: “Que farei pra herdar a vida eterna?”(Mc 10.17),
na segunda, vemos uma questão mais teológica: “quem pode ser salvo?” (Mc 10.26).

Ambas importantes.
Uma fala do processo da salvação, outra fala das credenciais que o homem precisa ter para sua salvação.

 Respondendo a este tema Jesus ensina alguns princípios fundamentais:

1. Não é fácil entrar no Reino de Deus

a. É difícil para os que os que têm riquezas – “Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas”(Mc 10.23) e “É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus”.

Pessoas com muito recursos se tornam mais facilmente auto-suficientes, arrogantes e dependem pouco dos outros. Esta relação facilmente se projeta no relacionamento com Deus.

 b. É difícil para todos os homens – Diante da pergunta dos discípulos “Então, quem pode ser salvo?” (Mc 10.26).

Jesus deixa claro que “Para os homens é impossível, contudo, não para Deus, porque para Deus tudo é possível”(Mc 10.27).

Observe que o texto entre colchetes que surge no vs. 24 não se encontra nos melhores manuscritos, por isto pode ser que algum amanuense ou escriba, achando o texto demasiadamente pesado, tenha tentado amenizar sua mensagem.
O texto afirma que os discípulos “estranharam estas palavras” (Mc 10.24).

 c. É impossível para qualquer homem, através de seus méritos e confiança na sua espiritualidade ou moral, entrar no reino dos céus.

Jesus deixa claro que não se trata apenas de ser difícil, mas também impossível (Mc 10.27).
Salvação é impossível pelos méritos ou esforço pessoal. (Mc 10.27). Para que um homem pudesse ser salvo, ele teria que atender todas as exigências de Deus, e nenhum homem foi capaz de realizar isto. Por que?

 A. O Padrão de Deus é perfeito – “Pois qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos” (Tg 2.10).

B. Nossa vida deveria ser perfeita para agradar a Deus – “Como, pois, seria justo o homem perante Deus, e como seria puro aquele que nasce de mulher? Eis que até a lua não tem brilho, e as estrelas não são puras aos olhos dele. Quanto menos o homem que é gusano e o filho do homem que é verme” (Jó 25.4-6).

 C. Nossa tentativa de justiça própria nos incapacita de entender o significado da obra da redenção operada por Jesus – Se você ainda está tentando, pelos seus esforços pessoais, encontrar a salvação através de suas boas obras, você ainda não entendeu a clássica afirmação, que provavelmente você deve ter repetido tantas vezes. “Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.

Paulo afirma: “De Cristo vos desligastes, vós os que procurais justificar-vos na lei. Da graça decaístes”(Gl 5.4). Você está desligado do grande projeto de Deus, realizado na cruz, porque você ignora o que Deus fez por você e ainda tenta encontrar sua salvação através de seus esforços pessoais.
Desista de si mesmo.
Se o grão de trigo não morrer, fica ele só... não confie em ninguém com mais de 30 anos... "Nós é que somos a nova circuncisão. Nós que confiamos em Deus e não confiamos na nossa própria capacidade de salvação" (Fp 3.2).

 O que Cristo fez na cruz?
Sua justiça se torna minha justiça Seus méritos se tornam meus méritos. Tudo que Jesus conquistou na cruz, se torna direito meu. Ele é meu substituto na cruz.

 2. Não se deve confiar nas riquezas para se entrar nos céus
Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que tem riquezas!”(Mc 10.24).
Você pode pensar da seguinte forma: “Eu não confio nas riquezas para minha salvação, afinal eu sei que dinheiro não pode comprar o favor de Deus”, mas o que Jesus está demonstrando que o grave problema nosso é confiar nas nossas riquezas para viver baseado nelas, como afirmou o profeta Jeremias: “Assim diz o Senhor: Não se glorie o sábio na sua sabedoria, nem o forte, na sua força, nem o rico, nas suas riquezas; mas o que se gloriar, glorie-se nisto: em me conhecer e saber que eu sou o Senhor e faço misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas cousas me agrado, diz o Senhor”(Jr 9.23-24).

“Então, Quem pode ser salvo? (Mc 10.23).
O homem rico tinha transformado o dinheiro em seu ídolo, e sua riqueza passou a governar a sua vida. Jesus o exorta a colocar o dinheiro no lugar devido: Não para ser glorificado, mas para glorificar a Deus (Mc 10.24).
Este texto coloca nosso coração em suspense.
Fala da relação do homem com o dinheiro. Richard Foster chama a atenção para o fato de que Jesus falou mais de dinheiro que de inferno, e depois do tema “reino de Deus”, foi o segundo tema mais comentado por ele. O dinheiro torna-se um problema para nossa salvação, quando passamos a confiar nas riquezas ao invés de confiar em Deus. Dinheiro gera falsa segurança, tornando-se o centro de nossa vida, e por isto mesmo criando uma relação idolátrica.

 Karl Meninger, aclamado psiquiatra americano, no seu livro “O pecado de nossa época” narra seu encontro com um homem riquíssimo, mas que estava vivendo dias muito conturbados. Na terapia ficou claro que o que causava toda sua angústia era sua relação obsessiva com o dinheiro, então foi aventada a possibilidade dele doar parte dos seus bens, para resolver esta relação patológica que ele tinha com seus bens. Ele reconheceu que isto seria libertador, mas ao mesmo tempo afirmou: “Eu não posso fazer isto, porque me angustio só em pensar em tirar alguns de meus bens para doar”.

Richard Foster no livro Dinheiro, sexo e poder, chama a atenção para o fato de que Jesus se refere ao dinheiro, não como um poder neutro, mas como uma entidade, ao chamá-lo de Mamon. Esta entidade, como todas as demais, exigem adoração, culto e liturgia. Passamos a servi-lo entregando-lhe nossa vida, tempo e saúde. O caminho para se vencer a idolatria é quebrar e menosprezar nossos falsos deuses, no caso do dinheiro, sugere Foster, a única forma de zombar desta entidade é doando. Quando assim fazemos, deixamos claro que é o Senhor.

Por isto Jesus afirma: “Quão difícil é para os que confiam nas suas riquezas, entrar no reino de Deus” (MC 10.25).

3. Não de deve confiar no currículo espiritual para entrar nos céus
A obra de Cristo na cruz revela o estado da incapacidade do homem de operar sua salvação. Jesus morreu como nosso substituto pagando o preço de nossa culpa e fracasso, ele morreu a nossa morte. Paulo afirma aos que se julgavam merecedores de salvação: “Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne”(Fp 3.3). Ele se refere aos que ensinavam que a salvação se dava pelos méritos humanos, esquecendo-se da obra de Cristo. Somos salvos pela justiça e mérito de Cristo (Fp 3.1,9). Existem vários textos nas Escrituras que procuram nos mostrar como nossas obras são frágeis, e como não podemos confiar nelas. Paulo afirma que quer ser encontrado diante de Deus, “não tendo justiça própria, senão a que é mediante a fé em Cristo, a justiça que procede de Deus”(Fp 3.9).

Em Gl 2.16 lemos: “sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei e sim mediante a fé em Cristo Jesus, para que fossemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, pelas obras da lei, ninguém será justificado”. Gl 5.4 afirma: “De Cristo vos desligastes, vós os que procurais justificar-vos na lei; da graça decaístes”. Ef 2.8: Porque pela graça sois salvos, mediante a fé,e isto não vem de vós, não de obras para que ninguém se glorie”. Portanto, não confie na sua capacidade espiritual, confie na obra de Cristo.

4. Algumas prioridades devem ser estabelecidas para se entrar nos céus
Jesus ensina os discípulos que reino de Deus deve ocupar a prioridade em nossa vida, e ele vai falar de duas áreas que muitas pessoas tem dificuldade de entender.

                   a. Reino de Deus é mais importante que relacionamentos, até mesmo familiares- irmãos, irmãs, mãe, pai e filhos (Mc 10.29-30).

Muitas pessoas acham que Jesus está ensinando a não termos responsabilidade com os familiares, não honrar pai e mãe e não cuidar dos seus. Nada pode ser mais equivocado que esta leitura, afinal, “Se alguém não cuida dos seus, especialmente dos de sua própria casa, e pior do que os descrentes e tem negado a fé” (1 Tm 5.8). O que Jesus tenta ensinar é que tudo é uma questão de foco e prioridade. Que lugar os nossos bens e familiares ocupam em nossos corações? Isto tem feito com que nossos olhos se desviem de Deus?

                 b. Reino de Deus é mais importante que bens: casas, campos, propriedades (Mc 10.29,30).

O reino deve estar em primeiro lugar. “Buscai, pois, em primeiro o seu reino e sua justiça, e todas as demais coisas vos serão acrescentadas” (Mt 6.33).

Howard Dayton, Fundador do Crown Ministries, ministério sobre treinamento financeiro que é oferecido na nossa igreja, encontrou cerca de 500 versículos na Bíblia a respeito de oração, porém 2.350 sobre como tratar do dinheiro e bens materiais.

Eis alguns princípios de administração do dinheiro, segundo Charles Stanley:

==> Ganhe seu dinheiro honestamente – Por mais que queiramos lucros ou ganhos, não podemos nos enganar... não vamos vender nossa consciência por dinheiro, nem nossa honra a lucros extorsivos. “Contentai-vos com o vosso soldo”.

==> Aplique sabiamente – Muitas pessoas se enriqueceram porque souberam trabalhar com seu dinheiro, investindo-o. Entretanto, muitos não estão fazendo planejamento a médio prazo. Pessoas que aplicarem hoje 100 reais mensais, ao completarem 65 anos, com taxa media de investimento a 8% anual, terão a quantia de R$ 2.365,000,00. Não é surpreendente?

==> Dê generosamente – Este é o principio da semeadura, amplamente recomendado nas Escrituras. Na 2 Carta aos Coríntios 9.10, Deus nos afirma que ele dá pão para alimento e semente para semear. Muitos estão comendo a semente, e por isto vão ficar sem novas colheitas. Aprenda a servir a Deus com seus bens.

==> Desfrute profundamente – Dinheiro não é apenas para acumular, serve também para nos abençoar. Aprenda a desfrutar daquilo que Deus lhe dá, sem exageros e desperdícios, glorificando a Deus com seus bens.

 Alguns princípios de Mordomia, podem nos ajudar muito na nossa caminhada de fé:
         • O que retemos é a melhor medida de nossa liberalidade;
         • Circunstâncias desfavoráveis são a melhor prova de nossa fidelidade;
         • Mordomia não é problema de bolso, mas de vida espiritual.


Conclusão: Não coloque seu coração nos seus bens.
Pv 1.19 afirma que “O espirito de ganância tira a vida de quem o possui”.

Por isto Jesus afirma:

Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que tem riquezas”(Mc 10.23).

A tendência natural é colocar a confiança nos bens, e não no Senhor.

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