sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Lc 1.37 Para Deus, não haverá impossíveis!



 Introdução:

Um dos clássicos da literatura evangélica mundial foi escrito pelo inglês J. B. Philips, cujo titulo é “O seu Deus é muito pequeno”.  Ele afirma que temos um inadequado conceito de Deus, e que muitos pensam em Deus como um “bondoso papai noel cósmico”. Poucos possuem um conceito da grandeza, poder e majestade de Deus.
Se apenas considerarmos a grandeza de Deus no cosmos, veremos que podemos contar a olho nu cerca de 2000 mil estrelas, mas se usarmos o telescópio veremos milhões de outras estrelas. O sistema solar mais próximo da nossa galáxia é Centauro, que se encontra a 4.22  anos luz de distância, isto significaria algo em torno de 81.000 anos na terra para a alcançarmos, se utilizarmos o meio de transporte mais rápido que hoje conhecemos. O Salmo 33.6-9 afirma: “Pela palavra do Senhor foram feitos os céus e todo o exército deles pelo espírito de sua boca. Ele ajunta as águas do mar como um montão; põe os abismos em depósitos. Tema toda a terra ao Senhor; temam-no todos os moradores do mundo, porque falou, e foi feito; mandou, e logo apareceu”.
Deus é Onisciente (conhece todas as coisas); Onipresente (tem todo poder); e onipresente (está em todo lugar). Infelizmente, como descuidados adoradores, nos esquecemos das verdades sobre sua natureza. Nos tornamos vítimas das circunstâncias, preocupados e angustiados, tentando controlar as coisas e manipular as pessoas, porque se não fizermos, achamos que Deus não fará.
Este texto afirma: “Para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas” (Lc 1.37). Isto nos ensina algumas lições:

  1. Deus não se limita aos diagnósticos humanos – Todas as vezes que Deus desafiou seus discípulos a crerem de forma irrestrita, eles fizeram levantamento racional e elaboraram um diagnóstico para tentar entender “como” Deus tais promessas se tornariam possíveis. Deixe-me falar de 4 destas situações:
    1. Moisés – O povo murmurou contra Deus e Deus então lhe fez uma promessa para lá de estranha: Diga ao povo: Consagrem-se para amanhã, pois vocês comerão carne. O Senhor os ouviu quando se queixaram a ele, dizendo: ´Ah, se tivéssemos carne para comer! Estávamos melhor no Egito?` Agora o Senhor lhes dará carne, e vocês a comerão. Vocês não comerão carne apenas um dia, ou dois, ou cinco, ou dez, ou vinte, mas um mês inteiro, até que lhes saia carne pelo nariz e vocês tenham nojo dela, porque rejeitaram o Senhor, que está no meio de vocês, e se queixaram a ele, dizendo: “Por que saímos do Egito? Disse, porém, Moisés: “Aqui estou no meio de seiscentos mil homens de pé, e dizes: ´Darei a eles carne para comerem durante um mês inteiro! Será que haveria o suficiente para eles se todos os rebanhos fossem abatidos? Será que haveria o suficiente para eles, se todos os peixes do mar fossem apanhados?` O Senhor respondeu a Moisés: ´Estará limitado o poder do Senhor? Agora verá se a minha palavra se cumprirá ou não” (Nm 11.18-23).
O diagnóstico de Moisés é preciso, lógico. A afirmação de Deus fugia do padrão convencional das possibilidades, e não era algo simples de acontecer. Ao analisar a situação e fazer um diagnóstico Moisés percebeu que não era exeqüível. Deus o repreende pela incredulidade. A questão não estava no tamanho do problema, mas nas possibilidades de Deus. Ele é grande o suficiente ou não para aquilo que ele prometeu fazer?

    1. Zacarias – Durante muitos anos havia orado para Deus lhe dar um filho, agora, quando se encontra idoso, Deus lhe enviando Gabriel e promete que Isabel, sua esposa engravidaria. Sua pergunta é própria do diagnóstico humano:
Como saberei isto? Pois sou velho e minha mulher, avançada em dias?” (Lc 1.18). A resposta do anjo é maravilhosa: “Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para falar-te estas boas novas!” (Lc 1.19). Ele não tenta explicar o “como”, o processo, nem a metodologia. Ele apenas apresenta suas credenciais e a daquele que o enviou, como se dissesse: “Isto basta?”. Ele está dizendo que não interessava o processo, mas quem havia feito a promessa.

    1. Maria – Ao receber a visita do anjo, Maria tem uma crise de diagnóstico. “Como será isto, pois não tenho relação com homem algum?”. Sua análise é coerente: virgem, sem sexo, sem bebê de proveta, sem fertilização em vitro... Maria sabia que biologicamente uma criança só nasce do encontro de um óvulo com espermatozóide.
O que o anjo responde? “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá” (Lc 1.35). O que ele diz é absolutamente distinto do cotidiano e natural. Maria não entenderia isto. No entanto ela se dispõe humildemente: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforte a tua palavra” (Lc 1.38). Ela era uma mulher comum, mas extraordinária na sua fé e confiança no Deus que não se limita aos diagnósticos humanos.

    1. Felipe – O outro texto que queremos considerar encontra-se na narrativa da multiplicação dos pães. Felipe e os demais discípulos encontram-se ao lado de Jesus, preocupado por ver tanta gente que, sem alimentos, passaria fome. Preocupação legitima. Então, Jesus faz tipicamente a pergunta que gostamos de fazer: “Onde compraremos pães para lhes dar a comer?” (Jo 6.5). A Bíblia diz que Jesus fez isto para os experimentar.
Neste caso, Jesus se antecipa às típicas perguntas de diagnostico que sempre fazemos: “Onde, como, quando, quem, o que, porquê?”. Jesus não se limita às possibilidades, diagnósticos e prognósticos que fazemos. Ele é Deus! Todas as coisas lhe obedecem. O mar e o vento lhe obedecem. Os elementos, as substâncias, os átomos, o cosmos, tudo lhe está sujeito!

  1. Deus não se limita aos recursos humanos – Não haverá impossível a Deus para realizar a obra que ele deseja realizar.
Muitas vezes limitamos nossos projetos aos recursos, ao invés de avançarmos com fé. Igrejas vivas não se limitam aos seus parcos recursos para fazer missão, evangelizar, abrir novas igrejas, realizar sonhos. Os recursos sempre aparecem para aqueles que querem glorificar a Deus.
Meu sogro, Rev. Samuel José de Paula, era pastor da cidade de Registro-SP, e financeiramente as coisas eram muito difíceis. Estavam construindo um novo templo, porque a igreja havia crescido e chegaram a um momento em que precisavam colocar as portas do prédio. Durante a noite, marginais entravam na construção e dormiam no templo que só estava no piso. Precisavam comprá-las, mas a igreja nunca tinha os recursos. Então o conselho resolveu orar e as comprou. No dia do pagamento, o dinheiro ainda não havia chegado. Então, uma distinta senhora, D. Cotinha, mãe de um homem que se tornaria um querido presbítero de nossa igreja na Gávea, durante o meu pastorado no Rio de Janeiro, Wilson de Souza, estava numa viagem de São Paulo para Curitiba e resolveu parar ali em Registro, para visitar meus sogros e tomar um café com eles. Pediu ao seu motorista para entrar na cidade, ficou ali um tempo, e sem que meu sogro dissesse uma palavra sequer sobre a obra, resolveu deixar uma oferta que cobria exatamente a despesa que tinham que pagar naquele dia.
Deus é o dono do ouro e da prata. Ele não se limita aos recursos humanos. Para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas.
No ano que chegamos a Cambridge, o belíssimo templo no qual a nossa igreja restaurou, na 99, Prospect St., havia sido recentemente comprado. Era uma belíssima catedral de 1870, com vitrais padrão Tiffany´s house. Mal sabíamos o quão caro seria o projeto de restauração de um templo que ficou fechado por 25 anos. Tudo estava desmoronando. Apenas a restauração das 16 janelas ficava em 6 mil dólares cada uma. De forma supreendente, Deus nos enviou um homem fiel, que estava com um câncer terminal e foi para aquela cidade, em busca de tratamento. Ele vinha de Nova York, e surgiu em nossa igreja, debilitado, num domingo de manhã. Após o culto, ele colocou no bolso do Pr. Terry Gyger, meu colega de pastorado por 4 anos, um cheque de 50 mil dólares para ajudar na construção. Até a sua morte, passou a contribuir regularmente com a igreja, e no final de 1 ½ ano, até a sua morte, contribuiu com U$ 182 mil dólares para aquele projeto. Jamais seríamos capazes de realizar os reparos sem estes abençoados recursos.
A questão fundamental de qualquer projeto é saber: Deus está neste negócio? Isto tem a ver com o coração do Pai? Quando compramos o terreno de 7.500 m2 em Anápolis, a 50 mts da principal via de acesso da cidade, para a construção do futuro templo, com capacidade para 1800 lugares que pretendemos construir, esta foi a única preocupação do nosso conselho: Deus está nisto? Isto vem de Deus?
Quando Moisés viu dificuldades, Deus lhe indagou: “Por acaso o meu braço encurtou?”
Quando Maria fez as perguntas de diagnóstico, o anjo lhe falou: “Para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas”.
Álvaro Sólon de França, economista e presbítero em Goiânia, costumava perguntar em nossas reuniões, todas as vezes que íamos avançar para um projeto mais ousado: “Você quer que eu fale como economista ou como homem de Deus?”

  1. Todas as potencialidades de Deus, que não se limitam aos diagnósticos e recursos  humanos, se subordinam às suas promessas –
O texto não diz que Deus vai fazer qualquer coisa, porque eu orei, porque eu desejo, porque eu quero, mas sim, “Não haverá impossíveis em todas as suas promessas” (Lc 1.37).
Por acreditarmos que, sendo Deus Todo Poderoso, vai fazer qualquer coisa, não raramente surtamos, ficamos tristes e zangados com Deus. Deus sempre pode mas nem sempre vai fazer, porque ele tem propósitos e agenda para cumprir seus projetos para minha vida e para o seu reino. Deus vai levar a termo tudo quanto deseja para que seus decretos e planos sejam executados. “Deus usa até o ímpio para o dia da calamidade”.
Deus pode livrar qualquer pessoa de qualquer ameaça. Ele pode!
Deus pode curar qualquer pessoa de qualquer enfermidade. Ele pode!
Isto não implica que ele sempre o fará. O texto diz: “Não haverá impossíveis naquilo que ele prometeu” (Lc 1.37), ou seja, naquilo que ele prometeu.
O mesmo equívoco de interpretação podemos cometer no texto de Fp 4.19: “E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir, em Cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades”. Muitas vezes ao lermos este texto achamos que Deus vai suprir cada um de nossos “desejos”, ou “sonhos pessoais”. Não! Deus vai suprir em Jesus, cada uma de nossas “necessidades”. Necessidades são diferentes de desejos. Aquilo que eu preciso para minha vida, Deus vai dar. Deus não tem compromisso com meus desejos, embora ele possa nos dar alguns mimos na vida.
Sl 37.5 diz: “Agrada-te do Senhor, e ele satisfará os desejos do vosso coração”. Creio que este texto nos fala que Deus, por ser um Pai amoroso, nos surpreende dando-nos coisas que nunca imaginávamos ter um dia. Ele nos surpreende amorosamente. Mas ele não tem compromisso com meus desejos, e sim com minhas necessidades.
Outra observação necessária: Muitas vezes pensamos em necessidades em termos de “bens materiais”, mas sua promessa vai muito além. Temos necessidades de alma, de descanso existencial, de paz interior, de confiança espiritual – Em Cristo Jesus somos supridos em necessidades que sequer julgávamos que seriam tão importantes para nossa vida. Estas necessidades, quando supridas, satisfazem o nosso coração.

Conclusão:

O texto não diz que não houve, ou que não há, mas fala do futuro. Não haverá! Coloca as coisas em perspectivas de promessas, de coisas que ainda virão.
Facilmente nos tornamos vítimas das circunstâncias, presos pela ansiedade e preocupados. Alguém disse que preocupação é como uma cadeira de balanço, você se movimenta muito, mas ela não te leva a lugar algum. Um velho hino afirma: “Oh que paz perdemos sempre, oh que dor no coração. Só porque nós não levamos, tudo a ele em oração”.
Deus não está limitado ao que dizem nossos recursos humanos. Ele também não se limita aos diagnósticos que fazemos de determinadas situações, e nem tem compromisso e fazer aquilo que ele não prometeu fazer, ou aquilo que sai de sua agenda e propósito.

Para Deus não haverá impossíveis! “Porque para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas” (Lc 1.37). Nem as circunstâncias adversas, ou os poderes do presente, nem do porvir, nem os poderosos ou mesmo Satanás, poderão impedir aquilo que Deus intentou para aqueles a quem ele ama, e para realizar e cumprir seus eternos decretos.

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