quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Ap 22.6-21 As últimas Palavras de Deus


Introdução:
Um dos textos que tive em minha companhia durante este tempo em que estive pesquisando o livro de Apocalipse foi o livro  “The God’s final word” (As últimas palavras de Deus), da autoria de Ray Stedman.[1] Embora tenha divergência teológicas em alguns textos com este autor creio que ele foi um dos que mais me inspiraram quando ao modelo e a abordagem que gostaria de dar a este livro, cuja finalidade é devocional e pastoral. O título deste livro citado, é o que resolvi dar a este último sermão expositivo de Apocalipse.

Não é acidental que Apocalipse apareça como o último livro da Bíblia. Ele agrega, sintetiza e faz a conclusão de todos os demais temas da Bíblia. Genesis nos fala do início da história humana e da civilização, o livro de apocalipse de acordo com sua própria etiologia, nos revela o capítulo final da raça humana. (apokalupsis literalmente significa que algo foi descortinado, o véu que obscurece nosso entendimento foi removido e o mistério desfeito).

Só Deus conhece o fim desde o começo. Este texto é uma revelação, uma profecia. Na medida em que caminhamos pelo livro de Apocalipse vimos muitos mistérios sendo revelados e denunciados. Descobrimos porque o mal persiste na terra e desvendamos alguns mistérios relacionados às realidades espirituais. O Livro de Apocalipse nos traz o projeto final de Deus para a humanidade, já que “os dons e vocação de Deus são irrevogáveis”. (Rm. 11:29) E este texto aqui, em especial, é feito de uma série de pequenos lembretes e advertências. Estas são as últimas palavras de Deus, reconhecidas pela Igreja Cristã em todo o mundo, como o fechamento do cânon, isto é, todos os livros que são dignos de confiança e que podem ser regra de fé e prática estão aqui encerrados, e nada mais pode ser acrescentado ao que já foi escrito.

Controvérsias tem surgido sobre este assunto. Tanto de liberais como de pentecostais. Tillich afirma que a na época dos pais apostólicos, o cânon ainda não havia sido estabelecido. “Foram necessários mais de 200 anos para que a igreja tomasse uma decisão final sobre os livros do Novo Testamento que seriam aceitos como canônicos”.[2] E isto foi uma reação clara contra o conceito gnóstico bem como dos montanistas que adotaram a idéia da “sucessão profética”. A igreja negou peremptoriamente a possibilidade de novas revelações e a tradição hierárquica foi confirmada contra o “espírito profético”, que ficou confinado a movimentos sectaristas. [3] Tillich levanta questões dúvidas na questão da autoridade final do cânon. Tinha a igreja na época da patrística autoridade para definir o cânon, ou esta decisão foi tomada para suprimir as religiões estáticas que surgiam freneticamente em torno da igreja naqueles dias? As principais correntes teológicas da Igreja, tanto católicas, ortodoxas ou protestantes reconhecem a autoridade da Igreja para tomar esta decisão conclusiva.

Do lado dos pentecostais, este mesmo sentimento tem sido expresso. Alguns anos atrás assisti um vídeo no qual Peter Vágner, reconhecido professor de teologia do Fuller, Pasadena, CA, cujas raízes teológicas são de tradição Reformada, levantava questões sobre a possibilidade de novas revelações: “As vezes tenho a impressão de que tratamos Deus como um escritor aposentado, que falava, mas não fala mais”.  Contra tais possibilidades a igreja foi veemente. A Igreja determinou que a Bíblia fôsse uma norma absoluta. A Bíblia encerra em si mesma, todo o propósito de Deus, e não há necessidades de novas revelações ou profecias que possam ser acrescentadas ao conteúdo das Escrituras.

Obviamente este assunto é exaustivo, e não temos o objetivo de continuar nele agora.  Queremos sim, entender o sentido das últimas palavras de Deus, expressas neste livro de revelação.

Normalmente, as últimas palavras das pessoas são marcantes, citadas e lembradas por outros. São gravadas com ouro, porque elas representam a síntese do pensamento das pessoas, ou são revelações que podem mudar o curso de vida de outras pessoas, ou podem estabelecer um novo momento na vida daquela pessoa, ainda que moribunda. Assim foi com o ladrão na cruz, que vivia vida irresponsável e inconsequente, mas que diante da morte, vendo sua miséria declara a Jesus. “Lembra-te de mim, quando entrares no teu reino”.  E se surpreende pela absolvição profunda e marcante de Jesus que lhe afirma: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”. (Lc.23:39-43)
Um das declarações finais mais freqüentemente citadas nos púlpitos seria a de Bocage, poeta desbocado, agnóstico e irreverente, que demonstrava não ter temor algum de Deus nos seus escritos, mas que diante da morte, grita desesperado. “amigos, rasguem os meus versos, crê na eternidade!”.
Neste texto vemos as últimas palavras de Deus, consideradas assim pela igreja de Cristo. Cremos que só a Bíblia é infalível e única regra de fé e prática, e que a Escritura traduz os decretos de Deus em sua inteireza e que nada, além da Bíblia pode ser definidora de qualquer conceito teológico. Os reformados diziam, sola scriptura, isto é, nada além da Escritura deve ser ouvido. Tudo o que Deus declarou, toda a sua verdade, completa, suficiente para nossa salvação e para fazer-nos sábios para a vida eterna encontra-se de forma plena, nas páginas do Velho e do Novo Testamento.  A Igreja entende que tais verdades são completas, embora não exaustivas, isto é, nem tudo que é verdade está relatada na Bíblia, mas tudo o que está na Bíblia é verdade. Cremos que nem a tradição, nem novas revelações, nem novos profetas ou mesmo suposta ciência que contradiga a Bíblia possa ser considerada de valor. A Palavra de Deus é infalível e inerrante.

Quais são as últimas palavras de Deus?

1.      Deus nos lembra que sua Palavra é absolutamente digna de confiança “Estas palavras são fiéis e verdadeiras”. (22:6) O conteúdo profético e narrativa da Bíblia não  é um amontoado de teorias, hipóteses ou possibilidades filosóficas ou espirituais. O que está narrado aqui é fiel. O anjo que comunica tal verdade a João faz questão de lhe assegurar isto, afirmando que o que ele ouviu isto do próprio senhor, o “O Deus dos espíritos dos profetas, enviou seu anjo para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer.(22:6)
Ao ler este texto, fiquei me perguntando porque o anjo faz questão de assegurar isto ao profeta? Provavelmente isto se deu como uma contraprova ao coração de João. Talvez ele mesmo pudesse se pegar indagando se aquilo tudo que ele ouvia era de fato proveniente de Deus, apesar de tudo lhe estar sendo claro. Deus sabia que o diabo poderia causar crise no coração deste fiel homem de Deus, assim como causou crise no coração de João Batista quando estava preso. (Mt. 11:2-6).  O anjo dá a João uma contraprova, uma palavra de encorajamento, reafirmando que tudo o que ele ouviu não era fruto de uma mente imaginosa dele, nem resultado de alucinações, mas era a revelação de Deus ao seu povo, verdadeira e confiável. (3:14;19:11)  Isto era uma profecia, vinda em forma de cenas, de visões e imagens. “Passarão os céus e a terra, mas as minhas palavras não passarão”.
Talvez esta afirmação tenha sido feita por causa de nós, os leitores. Pela sua natureza simbólica, o conteúdo deste livro seria questionado, como foi e ainda tem sido por muitos. Nós precisávamos estar seguro do que Deus revelara a João, por isto o anjo reafirma: “O Senhor, o Deus do espírito dos profetas, enviou seu anjo para mostrar aos seus servos”. (22:6) Em outras palavras, reafirma o fato de que esta profecia tem o mesmo peso e valor de outros tantos profetas da História de Israel, a quem João certamente admirava. Esta é a garantia do próprio Deus de que estas palavras são fiéis são fiéis e verdadeiras. Por isto devemos nos aproximar dela com reverência e sincero desejo de apreender sua mensagem. “Bem aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro”. (22:7).

2.      Deus reafirma que o futuro está próximo, “Eis que venho sem demora” (22:7) Muitos negligenciam esta palavra de Deus, achando-a demorada e perguntando: “Onde está a promessa de sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as cousas permanecem como desde o princípio da criação”. (II Pd. 3:4)  Desde a época apostólica até hoje, muito escárnio e dúvida tem sido lançado sobre a volta de Jesus, mas se existe uma doutrina clara, sistematicamente repetida no Novo Testamento, tanto nos lábios de Jesus como de seus apóstolos é que ele virá outra vez.  Por isto, Deus, ao concluir suas últimas recomendações, ao trazer suas últimas palavras faz questão de enfatizar. “Eis que venho sem demora. Bem aventurado aquele que guarda as palavras da profecia deste livro!”. (22:7)
Mais uma vez este texto nos lembra. “Eis que venho sem demora!”  Muitos podem dizer que estas palavras foram escritas muito tempo atrás, e os apóstolos criam que Jesus voltaria logo, mas até hoje não voltou. Por que devemos esperar esta promessa? Não estariam os discípulos errados na interpretação das palavras de Jesus. Aqui é importante saber que este livro faz uma conexão entre tempo e eternidade que transcende a compreensão humana. Nós vemos o tempo de forma linear e cronológica. Olhamos para a experiência de João a 2000 anos atrás e achamos que isto é um longo tempo. Por isto Pedro tenta explicar esta tensão entre o nosso tempo e o tempo de Deus afirmando: “ Há todavia, uma cousa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia. Não retarda o Senhor a sua promessa, ainda que alguns a julguem demorada”. (II Pd.3:8-9)  Existe uma coisa que não devemos esquecer. O que não podemos esquecer? Deus lê o tempo e a história numa perspectiva transcendental, dentro da ótica da meta-história, com as lentes da eternidade, enquanto nós, lemos a vida de forma cronológica, dentro da categoria aristotélica de tempo/espaço. Contudo, devemos estar certos. Jesus está voltando, sem demora!
Thomas A. Édson, foi o inventor da lâmpada incandescente e de milhares de outros pequenos objetos que revolucionaram a história da humanidade. Ele foi um dos maiores gênios criativos de todos os tempos. Mas algo ainda mais espetacular sobre a vida deste homem é que ele era um homem profundamente temente a Deus, e que esperava ansiosamente a vinda do Senhor. Um dia ele surpreendeu dois de seus auxiliares, um cristão e outro não cristão, discutindo sobre a vinda do Senhor. O não cristão não conseguia entender como isto seria cientificamente possível. Como é que Jesus viria nas nuvens, e a igreja seria arrebatada? Isto lhe pareceu uma história ridícula. Como isto poderia acontecer, se temos pessoas de todas as partes do mundo, como todos poderiam vê-lo?
Thomas Édson interferiu colocando alguns pedaços de borracha e algumas tachinhas e pequenos pregos sobre uma mesa daquela oficina. Logo em seguida, tomou um imã e passou sobre aqueles objetos. Os pregos se ligaram imediatamente ao imã, enquanto a borracha sequer se moveu. Então ele perguntou? “Porque as borrachas ficaram no mesmo lugar enquanto os pregos se moveram?” A resposta era óbvia. Os elementos químicos presentes nos pregos exerciam sobre eles uma força de atração em direção ao imã. E Édson então concluiu: “Assim será com a vinda do Senhor. Aqueles que estiverem identificados na sua natureza inerente, sentir-se-ão irresistivelmente atraídos a Jesus, e subirão para encontrá-lo””.

Eis que venho sem demora!”. Os cristãos são chamados a guardar as palavras desta profecia. “Deus não ordena os crentes apenas a lerem o livro de Apocalipse para satisfazer sua curiosidade acerca do futuro. Ele não providencia um material com detalhes especulativos e cartazes cronológicos sobre os eventos do fim dos tempos…Deus inspirou esta revelação com um propósito: revelar a glória do seu Filho e chamar os crentes a viver de forma santa, vida obediente à luz do seu iminente retorno. O propósito deste livro não é providenciar entretenimento, mas providenciar motivação para uma vida de santidade”.[4]

O tempo está próximo! (22:10)

3.      Nas suas últimas palavras, Deus afirma que Estas profecias não devem ser seladas, mas devem ser anunciadas –Não seles as palavras da profecia deste livro, porque o fim está próximo”. (22:10) Esta mensagem precisa ser anunciada. A mensagem deste livro não é para ser escondida. Uma razão é dada. “O tempo está próximo”.  (22:10)  Pelo fato de que os homens são mortais e passam, eles precisam ouvir a mensagem da salvação. Porque estamos às portas da vinda do Senhor, esta mensagem deve ser proclamada. (10:11) Esta mensagem deve ser pregada para produzir obediência, reverência e adoração.
Isto ainda nos aponta para o fato de que o livro de Apocalipse não tem uma mensagem que não possa ser absorvida pela igreja, pelo contrário, é uma mensagem clara. Ele não possui um código indecifrável, um significado secreto que foge da norma de interpretação que o próprio texto revela. “Se a verdade não é clara nestas palavras, então esta ordem não faz sentido”. [5]  Não devemos selar as palavras de Apocalipse para um pequeno grupo de eruditos, ou acreditar que seu conteúdo não é acessível para os leigos da igreja. Um velho pregador costumava dizer sobre a Palavra de Deus: “Se Deus não disse o que teria dito, porque ele não disse o que teria de dizer?” Não expor o livro de Apocalipse retira daqueles que amam a Deus o privilégio de perceber a Soberania de Deus na história e seu plano glorioso para o futuro da humanidade.

4.      Deus nos revela, nas suas últimas palavras, que apesar de todas estas verdades profundas, reveladoras e radicais, sua mensagem produz sempre resultados contraditórios e paradoxais: Ela provoca santidade em alguns, mas estimula rebeldia em outros. “Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se”. (22:11)
A forma como este texto é traduzido é um tanto estranho, dando-nos a idéia de que Deus está recomendando e referendando a prática da injustiça e da imundícia. Contudo, o que este texto está mostrando, e isto é mais uma das revelações deste livro, é que muitos, apesar de ouvirem todo o desígnio de Deus, não sentirão necessidade alguma de refletirem sobre o estado calamitoso de sua alma, e que, não mudarão seu estilo de vida em relação as coisas espirituais, apesar de tudo o que Deus já anunciou pelos santos profetas, e tem nos  lembrado no estudo de sua palavra, ao passo que, por outro lado, muitos vendo a gravidade e a seriedade do chamado divino, resolvem responder de forma profunda e santa à voz de Deus.
Estes que respondem ao convite de Deus, por causa de suas convicções e por amarem a Deus continuarão a praticar a justiça, apesar de toda a injustiça ao seu redor. Muitas vezes perdendo privilégios humanos, “preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a usufruir prazeres transitórios do pecado”. (Hb.11:25) Muitas vezes sendo zombados pelas suas escolhas, porque os valores sociais e humanos privilegiam quem pratica a injustiça. Mas, por amor a Deus, tais pessoas continuam a praticar justiça. Não se vendem, não se deixam subornar, não negociam valores. Vão continuar na prática da santidade e da busca a Deus, apesar do mundo facilitar tanto aqueles que resolvem viver na imundícia. Mesmo diante da desprestígio dos valores morais eternos, que tem sido tão desvalorizados, pagarão ainda o preço do amor a Deus porque “consideram o opróbrio de Cristo por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplam o galardão”. (Hb.11:26)  Muitas vezes sendo ridicularizados, muitas vezes zombados, mas sempre amando a Deus e aguardando a manifestação plena do Filho do Homem na História. Vivem em santidade, em plena expectiva de fé no Deus que faz e age na história. Esperando o galardão que Jesus tem “para retribuir a cada um segundo as suas obras”. (22:12).
Sr. Augusto Abrantes era um velho, pobre e negro presbítero da minha congregação na cidade de Gurupí-TO., com uma família imensa para criar, recursos muito limitados, mantia sua casa com trabalho duro e com muito respeito, sempre presente nos trabalhos da igreja e trazendo seus filhos à casa do Senhor. Por sua respeitabilidade, elegeu-se vereador da cidade. Certo dia foi procurado por um grupo de vereadores de um partido de oposição, que queria aprovação de um determinado projeto que os favorecia politicamente e que, percebendo que apenas mais um voto era necessário para a devida aprovação, acreditaram que seria fácil convencer aquele pobre homem. Foram sutilmente procurar o velho presbítero, sugerindo-lhe que, caso ele os apoiasse, o grupo lhe construiria uma casa porque ele, apesar da numerosa família que possuía, ainda não possuía casa própria.
Aquele homem, pediu para que parassem o carro no qual ele estava, desceu do carro lentamente, olhou para dentro do carro daqueles homens e lhes disse de forma pausada e sem expressar agressão no tom de voz: “Já foi o tempo em que preto se vendia. Passar bem senhores!”.

5.      Deus nos lembra, nas suas últimas palavras declaradas nas Escrituras, que ainda é tempo de salvação. “Bem aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro, para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas portas”. (22:14) Que o sangue de seu Filho continua a operar, e que não existe outro caminho para os céus a não ser que nossa vida seja purificada pelo sangue do Cordeiro. Esta é a essência do Evangelho. Haverá uma hora que será tarde para arrependimento. Por isto eta passagem final contém um comovente apelo para que todos aceitem o Evangelho. Mais uma vez, com grande ênfase, repete-se a necessidade de uma vida pura e santa. Há promessa de vida, de benção para aqueles que lavam suas vestiduras no sangue do Cordeiro, e uma advertência contra os ímpios: “Fora ficam os cães, os que praticam artes mágicas, aqueles que são imorais sexualmente, os assassinos, idólatras, e todos os que praticam e amam a mentira”. (22:15) Para os judeus, cães não eram animais de estimação e domesticados como são atualmente, na realidade eram símbolo de tudo o que era selvagem e impuro. “Cães” era um termo usado para pessoas perversas e inescrupulosas. (Sl.22:16,20; Fp.3:2)
O Evangelho é novamente anunciado aqui com um convite para aqueles que tem sede, para aqueles que desejam, para aqueles que entendem a necessidade que tem de serem lavados pelo sangue do Cordeiro, de terem suas vestiduras alvejadas pelo sangue. “Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da vida”. 22:17  As portas estão abertas, o convite está feito. Deus mais uma vez dá oportunidade a nós, pecadores, para que nos arrependamos de nosso estilo inconsequente de viver e mudemos nossa atitude, nos aproximemos de sua graciosa oferta. Quando o Senhor vier será tarde demais. Hoje é tempo de salvação, esta é a hora de arrependimento! Aqui, neste comovente apelo, vemos que todo o mover de Deus se volta para que o homem seja salvo. Deus não quer que nenhum homem se perca, mas que todos sejam salvos.
Por isto, este texto nos mostra de que forma Deus opera para convidar as pessoas do mundo inteiro à salvação:
5.1.   O Espírito convida você a vir – O Espírito Santo é o principal agente motivador de Deus para que nos voltemos a Deus. Na verdade, conversão é obra exclusiva do Espírito. Ele convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo.16:8), e é por esta razão que Deus motiva ao profeta Zacarias a dizer: “Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito”. Zac.4:6 É este Espírito quem o convida a vir, quem diz de forma veemente: Vem! O Espírito de Deus tem chamado as pessoas a se aproximarem de Deus.
5.2.   A noiva convida você a vir – A noiva aqui é uma referência clara à Igreja de Cristo, como já vimos isto em estudos anteriores. A Igreja de Cristo é a boca de Deus, é o agente de Deus para tornar esta mensagem conhecida, para estender o convite a todos os homens, em todo lugar. A Igreja de forma incansável tem convidado as pessoas a virem. Sou pregador do Evangelho a mais de 20 anos, neste tempo não faço a mínima idéia de quantas pessoas já convidei para aceitar o convite de Jesus para salvação. Espero continuar, como parte desta noiva de Cristo, a dizer isto pelo resto de minha vida. Aceite o convite de Jesus. Venha! Se você tem sede de Deus, venha a Jesus, se você quer receber de graça a água da vida, venha! Porque Jesus Cristo está voltando, venha!

6.      Deus nos adverte, nas suas últimas declarações relatadas na Palavra, que não tenhamos a tentação de ampliar, nem subtrair o conteúdo de sua mensagem – Se alguém fizer qualquer acréscimo, Deus lhe acrescentará os flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer cousa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore da vida, da cidade santa e das cousas que se acham escritas neste livro!”. (22:18-20)
A advertência é clara: Não mude uma palavra desta profecia! Não acrescente nada à Palavra de Deus, não subtraia nada. Esta advertência também se aplica àqueles que, intencionalmente deturpam o ensino deste livro. “O cânon das Escrituras foi fechado no final do primeiro século quando o livro de Apocalipse foi  concluído. Qualquer falso profeta ou charlatão que acrescenta supostas novas revelações (tais como os Montanistas fizeram na Igreja primitiva, Joseph Smith e Mary Baker Eddy e outros profetas tem feito em tempos recentes) sofrerão as consequências de tais distorções. Deus trará a tais pessoas os flagelos deste livro. O julgamento de Deus é igualmente severo àqueles que retiram parte das Escrituras (como o herético Márcion fez na Igreja Primitiva e os liberais da Alta Crítica fizeram nos tempos modernos), Deus vai retirar-lhes a sua parte da árvore da vida”. [6]
A palavra de Deus não é uma descoberta humana, não pode ser manipulada em laboratórios ao bel prazer de curiosos. Seu objetivo é trazer obediência e temor e ensinar aos homens o caminho de Deus.

Conclusão
Como responder a estas solenes palavras?  Deus ainda tem falado por meio delas. Estas são as últimas palavras de Deus. Mas tanto nas suas primeiras palavras quanto nas últimas, Deus tem afirmado sempre que nem uma delas cairá por terra, mas fará tudo aquilo para o qual foi designada. A palavra não volta vazia, e ao pensarmos sobre o significado disto que ora foi exposto, é mister que nosso coração responda de forma convicta: Eu tenho sede Senhor. Eu desejo muito a sua companhia.
E porque ele vem, e sua volta inexoravelmente se dará conforme tudo o que ele antes predeterminou, e por sabermos que nada vai surpreender a Deus, nenhum evento da história está fora de seu domínio, antes, todas as coisas estão debaixo da sua grandiosa e tremenda majestade é que podemos dizer: Tudo está sob controle!

Maranatha vem, Senhor Jesus!





[1] . Stedman, Ray C., Grand Rapids, MI – Discovery House, 1991
[2] . Tillich, Paul – A history of Christian Thoughts – pg. 18
[3] . Tillich, op. Cit., 41
[4] . MacArthur, pg. 295
[5] MacArthur, pg. 297
[6] . John MacArthur, pg.310

Jo 4.19-34 O que dirige sua vida?

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No livro “Vida com propósito”, Rick Warren, começa o capitulo três com a seguinte questão: “O que dirige sua vida?”. Ele afirma que muitos são dirigidos por raiva e ressentimentos, outros por culpa, ansiedade, dinheiro, sexo, status, aplausos, e podemos incluir nesta lista o entretenimento, a adrenalina, problemas, pessoas, pressão, circunstâncias. O fato é, que todas as pessoas possuem determinadas coisas que “controlam” e norteiam suas decisões. Uma pessoa norteada por sexo, certamente fará tudo pelo prazer, independentemente da forma como este prazer é encontrado; pessoas dirigidas por dinheiro, negociarão valores, família e fé; quem ama adrenalina e diversão, vai viver em torno desta insana busca por novas aventuras, etc. 

A questão básica é: “O que dirige sua vida?” O que motiva seu coração, suas decisões, seus recursos? Toda pessoa tem sua vida dirigida por algo ou alguém.

Como nos consideramos discípulos de Cristo, e o chamamos de Mestre, torna-se interessante considerar o que dirigia sua vida. Quais valores estavam presentes nas suas decisões? O que ele tinha em mente ao fazer, ou deixar de fazer determinadas coisas?

No capítulo 4 de João, no encontro com a mulher samaritana, três destes motivos surgem no texto. A partir dele queremos considerar aquilo que orientava as decisões de Cristo. 

1. Senso claro de missão – Jesus sabia o que deveria fazer.

O texto afirma que quando ele saiu da Judeia para voltar à Galileia, “era-lhe necessário atravessar a província de Samaria” (Jo 4.4). Na verdade não “era necessário” por força da geografia, ou por que este era o único caminho para esta rota. Na verdade, os judeus ortodoxos e conservadores como os fariseus, nunca passavam por este caminho indo da Galileia para Judeia, porque eles não se davam com os samaritanos, a quem consideravam teologicamente pouco confiáveis, e preferiam fazer outro roteiro. A afirmação “era necessário”, está relacionado ao seu projeto para aquela região, e especificamente para aquela mulher. O seu senso do missão e chamado o obrigava a encontrar-se com aquela mulher. Por isto “era necessário”. 

Isto contrasta fortemente com o conceito existencialista que diz: “Não sei porque nasci, não sei porque vivo e nem para onde vou”. Jesus sabe o que fora chamado a fazer. Sua missão o direciona. Ele viera para glorificar e obedecer o Pai. Isto está claro na sua afirmação: “Não vim porque eu, de mim mesmo, o quisesse” (Jo 7.28). “Não vim de mim mesmo, mas ele me enviou” (Jo 8.42). Ele não veio ao mundo por vontade própria, mas em obediência ao propósito do Pai. Seu propósito era fazer a vontade do Pai. “Minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou para realizar a sua obra” (Jo 4.34). “Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância” (Jo 10.10). Por isto afirma: “Minha comida consiste em fazer a vontade daquele que enviou para realizar a sua obra” (Jo 4.34).

Em Joao 3.14 -15 afirma: “E do modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna”. Quando seus pais o encontraram no templo, discutindo com os doutores ele afirmou: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?” (Lc 2.49)

Quando Jesus se dirige a Decápolis, é recepcionado por uma pessoa possessa de um espírito maligno, alguém cuja personalidade era completamente desestruturada pelo mal. Jesus o liberta, e logo em seguida precisa retornar, porque os comerciantes da região ficaram indignado quando Jesus mexe com o chiqueiro deles: é melhor ter o demônio e não ter prejuízos... assim pensavam. Ele foi àquela região apenas para implantar seu ministério, porque o primeiro missionário aos gentios surgiu ali daquela obra maravilhosa que realizou. Ele transformou aquele endemominhado em um missionário. Não é algo surpreendente? 

A missão de Jesus, seu chamado, o projeto do Pai, orientavam suas decisões. 

2. Senso claro do tempo – Ele sabia quando deveria fazer

Se você é um leitor atento das Escrituras, ao ler o livro de João anote quantas vezes a ideia de tempo está presente na mente de Jesus e no seu ministério. Ali notamos claramente como é recorrente a questão do tempo na obra que fazia (Jo 7.6; 8.20; 12.23,27; 13.1).

“Disse-lhes, pois, Jesus: O meu tempo ainda não chegou, mas o vosso sempre está presente” (Jo 7.6;) “Subi vós outros à festa, por enquanto não subo, porque o meu tempo ainda não está cumprido” (Jo 7.8); “E ninguém o prendeu, porque não era ainda chegada a sua hora” (Jo 8.20); “Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem” (Jo 12.23); “Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora” (Jo 12.27). “Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (Jo 13.1). 

Na verdade, só pode ter compreensão da missão, quem se conecta ao infinito. J. P. Sartre afirma: “Nenhum ponto finito pode ter sentido, se não estiver relacionado a um ponto infinito”. Acharam interessante esta frase? Pois foi escrita por um homem ateu, e não por pastor ou sacerdote. 

Ter noção do tempo nos livra da angústia do imediatismo, do desespero por resultados. Quando Davi foi ungido rei, depois da belíssima experiência da visita do profeta Samuel à sua casa em Belém, quando foi ungido rei em Israel, depois daquele evento místico e carismático, sabe o que Davi foi fazer? Voltou ao seu monótono trabalho de cuidar de ovelhas. Solidão, anonimato, frio á noite, calor no dia, e somente lá na frente encontra notoriedade quando derrota “casualmente” o gigante Golias. Daí por diante, vai para o palácio e casa-se com a filha do rei Saul. Seu sogro, porém, era tresloucado e desenvolveu um obsessão patológica de ciúme contra ele e tinha grande desejo de mata-lo. No entanto, por duas vezes, as melhores oportunidades vieram para a mão de Davi. Não seria Deus dando esta oportunidade a ele? Mataria o rei e assumiria o trono. No entanto recusou-se. Seguia o processo de Deus, aguardava o tempo da manifestação de sua promessa. Davi decidiu não atropelar processos. 

Hoje temos uma geração da urgência, ansiosa por querer as coisas rápidas, por não seguir o caminho de forma constante e perseverante. O resultado? “Quem tem pressa come cru”. É isto que temos visto. Senso de urgência, imprevisibilidade, inconsequência, porque não sabe aguardar o tempo.

Quando chegou a hora de Cristo, o seu “kronos” se cumpriu, ai então se dirigiu resolutamente para Jerusalém para ser imolado. “Pai é chegada a hora, glorifica teu nome em mim”. O senso claro de tempo o orientava. 

3. Senso claro de identidade – Jesus sabia quem era.

Sua identidade não era confusa. Ele não oscilava entre uma mente perturbada de uma pessoa que não se conhece, e pensa uma coisa sobre si mesma para em seguida ter outra ideia de quem seja. Ele possuía compreensão clara de sua natureza.

Em João 4 vemos claramente sua identidade sendo manifestada. Quando dialoga com a mulher e lhe pede agua, a mulher implicitamente o censura: “como sendo tu, judeu, pedes a mim, que sou samaritana, agua para beber?”. Jesus quebrava duas convenções. Judeus não falavam publicamente com outras mulheres e nem conversavam com samaritanos. 

a. Ele se via como o cumprimento das profecias do AT – 



Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo 5.39,40). 


b. Ele reconhecia ser o Messias, o esperado de Israel, benção para o mundo 

Eu sei, respondeu a mulher, que há de vir o Messias, chamado Cristo; quando ele vier, nos anunciará todas as coisas. Disse-lhe Jesus: Eu o sou, eu que falo contigo” (Jo 4.25-26). 


Rodearam-no, pois, os judeus e o interpelaram: Até quando nos deixarás a mente em suspenso? Se tu és o Cristo, dize- francamente. respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo disse, e não credes. As obras que eu faço em nome de meu Pai testificam a meu respeito”. (Jo 10.24-25)


c. Ele se identificava com o “Filho do Homem” – O profeta Daniel fala deste personagem no seu livro.

Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno que não passará, e o seu reino jamais será destruído” (Jo 7.13,14). 

É exatamente com esta enigmática figura que ele se identifica.

Ele diz ao cego de nascença que fora curado: “Ouvindo Jesus que o tinham expulsado, encontrando-o, lhe perguntou: Crês tu no Filho do Homem?” Ele respondeu e disse: Quem é, Senhor, para que eu nele creia? E Jesus lhe disse: Já o tens visto, e é o que fala contigo” (Jo 10.35-37).

Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem” (Jo 12.23).

E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (Jo 3.14-15).


d. Ele assumiu a condição de divindade - Ele afirma sua glória diante de Pilatos: “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo, se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui” (Jo 18.36).

Ele afirma sua igualdade com o Pai: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). Algumas pessoas, defensoras do arianismo (testemunhas de Jeová), afirmam que ele está falando da identidade dele como nós também somos um com Deus, mas os judeus entendem muito bem o que ele diz e por isto resolvem apedrejá-lo: “Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo” (Jo 10.33).

Ele aceita adoração. Ao se encontrar com o cego de nascença e se revelar a ele como Filho do Homem, ele se curva diante de Jesus e o adora, e Jesus não faz nada para deter sua atitude, que se não é correta, é blasfema (Jo 9.38). Da mesma forma com Tomé, ao chamá-lo de “Senhor meu e Deus meu” (Jo 20.28). Se ele não era Deus e aceitou este enunciado de Tomé, ele é usurpador e charlatão. Ele afirma ainda que seu desejo é que seus discípulos fossem um com ele, como ele era um com o Pai (Jo 17.21).

Conclusão:

Como discípulos de Cristo, ao entendermos a percepção de Jesus, temos que nos perguntar. Como lidamos com estas áreas da vida?

A. Como lidamos com a questão da identidade? Um dos grandes problemas é não sabermos exatamente quem somos em relação ao Pai, e em relação à vida. Uma das coisas mais libertadoras da vida é sabermos exatamente quem somos. Pessoas que se percebem filhas amadas de Deus, rompem com o senso de orfandade e solidão. Sua identidade está firmada em cristo, e não naquilo que dizem a nosso respeito.

Quando Satanás decidiu tentar a Jesus, começou questionando sua identidade: “Se és Filho de Deus”. Ao passarmos por privações e angústias, a primeira questão da alma é da identidade. Se não sabemos quem somos, entramos na angustiosa questão da alma de não sabermos que somos amados de Deus.

Você se reconhece como Filho de Deus, Amado pelo Pai?

Os discípulos foram enviado por Jesus para fazer missão em Lucas 10, e quando retornaram, estavam eufóricos por ver que até o demônio se submetiam ao nome de Jesus. Sentiam-se empoderados. Mas Jesus coloca seus olhos não na performance, mas na identidade. “Alegrai-vos, não porque os demônios se vos submetem, mas porque vossos nomes estão escritos no livro da vida” (Lc 10.27). Por mais que façamos, por mais efetivos ou bem sucedidos que nos tornemos, isto não enche nossos corações. Precisamos de identidade.

B. Como lidamos com a questão da missão. Sabemos o que estamos fazendo e porque fazemos o que fazemos?

Se você não sabe qual é o seu motivo, todo pode ser entediante e você pode agir como um judeu errante, agarrando-se a todas opções que a vida oferece por não saber o que foi chamado a fazer.

Por que você faz o que faz, neste momento?

Qual é o seu propósito? Para onde você está seguindo? Qual roteiro está tomando? Onde chega esta estrada por onde você caminha agora?

C. Qual é a compreensão de seu tempo? É perigoso fazer coisas certas no tempo errado. É Preciso entender os ciclos da vida, a hora de Deus no momento especifico da história. O tempo que você tem é único. Você entende que Deus quer que você faça agora o que está fazendo, ou não tem compreensão destas coisas?

O estilo de vida de Jesus nos ajuda a entender isto.
Compreendendo seus propósitos, podemos também redefinir os nossos.

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Lc 1.8 Surpreendido por Deus




Um dos meus autores preferidos é Brennan Manning. Num de seus livros ele narra de forma intensa e apaixonada que certa vez foi “emboscado por Deus” numa pequena cabana na Pensilvânia. Sua afirmação é impactante, mas quando paramos para considerar a declaração percebemos a importância dela, já que Deus é mestre em nos surpreender.

É assim que devemos considerar este episódio.
Zacarias é surpreendido por Deus.

A primeira observação é que ele é encontrado por Deus no seu cotidiano. Ele não estava fazendo uma viagem especial, nem estava em retiro espiritual, ou numa viagem dos sonhos. Ele foi surpreendido por Deus na sua rotina, no seu dia a dia de trabalho e atividades. Deus o alcança neste contexto.

Ora, aconteceu que, exercendo ele diante de Deus o sacerdócio na ordem de seu turno, coube-lhe, por sorte, Segundo o costume sacerdotal, entrar no santuário do Senhor para queimar o incenso” (Lc l.8).

Veja quantas palavras demonstram atividades rotineiras:

… ”ordem do seu turno”
… ”sorte”… a escala era feita por sorteios.
… “costume”…

Turno/sorte/costume.
Não são palavras triviais?

No entanto, Deus mergulha no universo rotineiro deste homem e altera substancialmente sua história. Zacarias jamais poderia imaginar que se tornaria o pai daquele que seria o precursor de Jesus, a “voz do que clama no deserto”, aquele que “aplainaria o caminho do Senhor”, o homem que seria cumprimento de antigas profecias do livro sagrado. De forma alguma ele poderia imaginar que pessoas como nós, de culturas e tempos distantes, em pleno Século XXI. Estariam refletindo sobre sua experiência e contando sua história. Que a história dele, serviria de testemunho e lição para muitas outras pessoas, justamente ele, um anônimo servo de Deus, que sequer tinha conseguido receber de Deus resposta às suas simples orações.

O historiador Arnold Toynbee afirmou que toda história, uma vez tirada a casca e exposta a sua essência, é, na verdade, espiritual”.

A vida de Zacarias reflete esta impressionante realidade. Do lugar comum, gestos comuns, atividades rotineiras, Deus pode fazer surgir uma realidade nova.

Quando eu leio a história de Zacarias, eu fico com desejo de dizer a Deus: “surpreenda minha história”, tira-me deste lugar de movimentos rotineiros e repetitivos, de atividades comuns, e faça brotar o extraordinário, que venha seu vento impetuoso e surpreendente do Espírito para construir sua história.

Em segundo lugar, ele não deixou de fazer o que era preciso fazer –Há um grande perigo em nossas almas. Quando Deus não faz nada novo e surpreendente o desprezamos, abandonamos seus princípios e valores, deixamos a liturgia da alma que envolve adoração individual e comunitária, isto porque “não vemos” a ação de Deus.

Talvez seja esta a razão de muitos abandonaram a vida de fé comunitária, e deixarem a igreja. A Bíblia nos exorta: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns, antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o dia se aproxima” (Hb 10.25).

É possível nos afastarmos da comunhão, nos distanciarmos dos irmãos e da igreja, porque a vida vai se tornando monótona. Zacarias era um forte candidato a isto. Orou por tanto tempo, serviu fielmente a Deus por tanto tempo, nunca se afastou de Deus mas suas orações pareciam não serem ouvidas por Deus.

Entretanto, o que fez Zacarias?

Continuou fazendo o que deveria ser feito. No texto o encontramos na sua tarefa sacerdotal, entrando no santuário de Deus para fazer as oferendas, servindo fielmente e não buscando pretextos. Ele podia alegar que estava idoso, ele podia justificar-se perante o silêncio de Deus, contudo, ele fez o que era necessário fazer: entrou no santuário para queimar incenso (Lc 1.9). Ele continuou com seus atos de adoração. Servir a Deus pode se tornar maçante, repetitivo, e até mesmo sem sentido. Os resultados nem sempre são visíveis, mas a Bíblia nos diz:

Portanto, meus amados irmãos, sede firmes e inabaláveis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que, no Senhor, o vosso trabalho não é vão” (1 Co 15.58).

A atitude de Zacarias é extremamente importante para nós, gente de uma época moderna, de “fast-food” e de “micro-ondas”, que clama por urgência. A espiritualidade de resultados pode ser um desastre espiritual para uma geração que não sabe ou não quer esperar. Com facilidade perdemos a paciência com processos e facilmente culpamos a Deus pela vida. Se Deus não fizer como esperamos e no tempo que julgamos ser suficiente, já deixamos de adorar, de servir, nos afastamos da casa do Senhor, perdemos a alegria de uma vida de devoção.

Isto tem implicação imediata na adoração condicionada à benção, do modelo de Jacó que disse: “Se o Senhor me abençoar, e me fizer prospero, e for comigo, de tudo quanto tenho lhe darei o dízimo”. Mas, e se Deus não der?

Zacarias não tem sido vida espiritual condicionada às bênçãos, não se relaciona com Deus em forma de barganha. O que ele fez é o que todo cristão deve fazer. Quando entrego meus dízimos e ofertas a Deus, eu transfiro minha responsabilidade de sustento pessoal para ele, eu deixo que Deus seja Deus na minha história particular. Não é barganha, é dependência. Ele é o Jeová-Jireh, portanto, posso descansar na sua provisão. Afinal: “Alegria é saber que Deus, segundo a sua glória e riqueza, vai suprir nossas necessidades, com certeza”.

Terceiro, sua transformação pessoal tem uma relação direta com suas orações. “Disse-lhe, porém, o anjo: Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida; e Isabel, tua mulher, te dará à luz, um filho, a quem darás o nome de João” (Lc 1.13).

Qual era o conteúdo das orações de Zacarias?
O que ele pedia? Será que, ultimamente, suas orações eram ainda as mesmas? Quanto tempo orou por sua esposa estéril?
Isaque orou 20 anos (Gn 25.20,26). Isto é um tempo longo demais. Talvez pessoas que estejam lendo este texto não tenham ainda vinte anos...
O fato é que o anjo Gabriel relaciona sua mensagem à oração de Zacarias.
Muitas vezes sentimos nossas orações tão débeis, tão irrelevantes, perdidas na história e no arquivo morto da memória de Deus. Talvez Zacarias tivesse este mesmo sentimento. Mas ele não parou de orar, ele continuou pedindo a Deus. Estou certo de que a espiritualidade cristã precisa passar por esta rota da oração e da súplica.

Este texto também nos surpreende pelo resultado na vida de Zacarias.

A. Ambiguidade: Incertezas e dúvidas – Zacarias ficou pasmo. “Como saberei disto?” (Lc 1.18). é bom considerar que Joao estava falando com o arcanjo Gabriel.

Provavelmente ele não tinha asas, pois, por mais estranho que possa nos parecer, a Bíblia nunca fala de anjos com asas, antes eram parecidos com seres humanos.

No relato do encontro de Josué com um anjo, ele chega até mesmo a perguntar: “És tu dos nossos ou dos nossos adversários? Respondeu ele: Não; sou príncipe do exército do Senhor e acabo de chegar” (Js 5.13-14). Não havia diferença visível.

Em Isaias 6, vemos seres angelicais com asas, mas ali trata-se de serafins. Com seis asas. Com duas cobriam os pés, com duas o rosto, e com duas voavam. Quatro asas eram para adoração, duas para o serviço. Neste caso, Isaias tem a percepção imediata de que se tratava de seres especiais.

Embora Zacarias não visse um anjo, mas a figura humana, isto não lhe tirou a capacidade de perceber que se tratava de um ser espiritual, porque logo que o vê apodera-se dele o temor e ele fica perturbado 9Lc 1.12). Ele não teve dúvidas quanto á sua identidade, no entanto, teve dúvidas quanto ao que ele falou. Por isto Gabriel lhe diz: “Todavia, ficarás mudo e não poderás falar até ao dia em que estas coisas venham a acontecer; porquanto não acreditastes nas minhas palavras, as quais, a seu tempo se cumprirão (Lc 1.20). Zacarias teve uma reação ambígua.

Não é assim que lidamos também com o sagrado? Zacarias sabe que Deus estava lhe falando, no entanto, demonstra profundo questionamento sobre o que é dito. Parece bem pós-moderno, não é?

Por causa de sua incredulidade, ficou mudo.

B. Transformação de vida – O encontro com Deus é transformador. Quando nos deparamos com o Eterno, nunca mais seremos os mesmos. Eventualmente isto é gradual, leva tempo, passa por fases; outras vezes é abrupta, instantânea, imediata. Mas o fato é que a presença de Deus nos impacta de tal forma que algo novo surge de dentro para fora.

Assim Deus faz com Zacarias.

Deus o tira de sua situação de monotonia e incredulidade, para lhe dar esperança. Ele fica mudo até o nascimento de seu filho, por nove meses sua vida é drasticamente mudada. O encontro com Deus deixa “sequelas”, sensíveis.
Jacó se encontrou com Deus no Vale de Jaboque. Vivera uma vida de mentira, mas agora deixa de ser Jacó e torna-se Israel, príncipe de Deus, mas o anjo lhe toca a articulação do quadril e ele caminhará manquitolando pelo resto de sua vida.
Apesar das sequelas, ambos encontram-se radiantes. Vemos Zacarias cheio de júbilo face ao milagre que Deus realizou na sua vida.

Conclusão

Talvez a oração mais importante da vida seja a de pedir a Deus para que nos surpreenda!
Oração é fundamental neste processo.
Deus atende aos pedidos e anseios mais profundos de Zacarias. Afinal, “oração é uma palavra dita com desejo” (Rubem Alves).
Não sabemos o que Deus fará de nossa história, mas devemos estar abertos à história que Deus quer fazer de nossa vida.
Esta é a grande surpresa da obra da cruz.
“Deus estava em Cristo, reconciliando consigo mesmo, o mundo”.
A partir desta fonte, que nasce da cruz, há todo um mistério, e um poder que muda a história dos homens. A cruz de Cristo renova o coração e as mentes de pessoas desenganadas, desesperançadas, fracassadas. Deus tem o poder de fazer uma história nova em nossas vidas.

Zacarias foi transformado por Deus.
Ele jamais poderia esperar que teria um filho;’
Muito menos que seu filho pudesse ser o cumprimento das profecias;
Nem que ele seria o precursor do Messias,
Que sua história seria contada até os nossos dias, e serviria de inspiração, como hoje está fazendo, para o homem da era industrial.

Deus pode nos surpreender!
E isto é maravilhoso...

sábado, 12 de dezembro de 2015

Lc 1.34 Como será isto?


Este texto nos fala da rica experiência da anunciação. Quando o anjo Gabriel veio até Maria e anunciou-lhe o nascimento de Cristo. Maria era uma jovem piedosa e simples no meio do povo. Como toda mulher judia piedosa, havia sempre a expectativa de que pudesse ser mãe do Messias. Mas quando o anjo se apresenta, a reação dela é imediata. Sua primeira pergunta foi: “Como será isto?”

Esta é a pergunta natural do ser humano diante de situações desafiadoras. O desejo de explicar o mecanismo.

Zacarias age da mesma forma: “Como saberei isto?” (Lc 1.18). Esta foi a reação de Maria diante do surpreendente anúncio: “Como será isto?”  (Lc 1.34), Esta é a pergunta que os lideres judeus fizeram ao cego de nascença: “Como te foram abertos os olhos?” (Jo 9.10), e é a mesma feita pelas pessoas diante da manifestação do Espirito Santo no dia do Pentecoste: “Como os ouvimos falar que nossas próprias línguas as grandezas de Deus?” (At 2.12).

O “como” está presente em todas estas questões.

Queremos saber os mecanismos, métodos, estratégias, equações, formulas, funcionalidade, sistemas.
Apesar do anjo responder a Maria como seria – Ele fala do método de Deus - a ênfase dele recai noutro aspecto mais importante. “Quem”.  Porque para Deus não haverá impossíveis em todas as suas promessas” (Lc 1.37). E a partir deste momento, Maria fica absolutamente tranquila de sua missão. Ela não se preocupa mais em “como” as coisas serão, mas Quem está fazendo.

Qual o perigo de ficarmos focados no método?
Em geral, nos tornamos mecanicistas, abstratos. A verdade é que boa parte dos eventos de Deus não se submetem a logicidade. O evento sobrenatural não se submete à lógica experimental e científica. Deus não é como um elemento químico manipulado em tubos de laboratório, que a partir do momento em que você manipula os mesmos produtos, na mesma velocidade, produz sempre os mesmos resultados. Deus é imprevisível. Naum afirma que “Deus habita no meio da tempestade e da tormenta”. Ele é livre.

Deus também não é como um cálculo aritmético ou a física, que você utiliza os movimentos de causa e efeito, e assim pode prever os mesmos resultados. Quando pensamos em milagres, na intervenção de Deus, não ha matemática que explique o fenômeno. O “como” é incapaz de satisfazer.

Qual a benção de olharmos “Quem”?
Maria pergunta ao anjo Gabriel. “Como será isto?”. Sua pergunta é comum aos seres humanos, como ja vimos. Mas o anjo coloca os olhos de Maria no ponto em que ele deveria focalizar. “Porque para Deus não haverá impossíveis em toas as suas promessas” (Lc 1.37).

O essencial não é “como”, mas “Quem”.

Maria ouve o como, mas a forma continua sendo um mistério. Não explica. “Descerá sobre ti o Espirito Santo e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra” (Lc 1.35). Explicou alguma coisa? Nada! O que o anjo disse ainda deixa uma enorme quantidade de questões. Se Maria se detivesse no “como” ela continuaria perguntando: “como é que o Espirito desce sobre mim?”; o que significa o poder do Altíssimo me envolverá?”

Ela continuaria como uma criança de quatro anos que pergunta o tempo todo: “Por que os pássaros voam e os homens andam?”; “como eu nasci?”; Por que não saímos agora?”. Certo pai, ouvindo sempre os “porquês” de seu filho disse-lhe irritado: “Filho, você pergunta demais, o tempo todo”. E o filho fica pensativa e volta a perguntar ao pai: “Por que faço isto papai?”

Quando entendemos “Quem”, temos ideia do autor e agente da história, reconhecemos aquele que é o propulsor da vida e dos fatos, e isto transforma nossa perspectiva. Quando Maria entendeu que Deus estava por detrás dos acontecimentos, apesar de não conseguir equacionar o como, ela se rendeu obediente e submissamente: “Aqui está a serva do Senhor. Que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lc 1.38).

Se é Deus, eu não preciso tentar entender os processos, mas me rendo e submeto aos seus propósitos. Assim fez Maria. Por que ficar ainda querendo saber os meios, a estratégia e a mecânica da mensagem, se era Deus quem estava por detrás de tudo isto?

Certa vez perguntaram ao Dr. Russel Shedd se ele cria na narrativa bíblica de que Jonas havia sido engolido por um grande peixe, ficando três dias até ser vomitado na praia. Ele respondeu que sim, e se Deus dissesse que foi Jonas quem engoliu o peixe, ele ainda assim creria.

Grandes homens de Deus tiveram problemas quando esbarraram nos processos de Deus.

Moisés se embaraça nos métodos
Deus diz a Moisés que daria carne para dois milhões de pessoas que estavam no deserto, não apenas um dia, nem uma semana, mas por um mês inteiro. Moisés, com sua logica empresarial e matemática, fez os cálculos, considerou o “como” e retornou cético a Deus quando considerou todos os obstáculos possíveis em tal afirmação.

Seiscentos mil homens de pé é este povo no meio do qual eu estou e tu disseste: Dar-lhes-ei carne, e a comerão um mês inteiro. Matar-se-ão para eles rebanhos de ovelhas e gado que lhes bastem? Ou se ajuntarão para eles todos os peixes do mar que lhe bastem?”  (Nm 11.21,22).

As questões de Moisés estão todas voltadas para o operacional. Suas questões são lógicas. O que Deus disse não fazia sentido. Não havia equação capaz de resolver este dilema. Vocês acham que Deus se preocupa em explicar o “modus operandis” para Moisés?  Que ele tenta arrazoar com ele e explicar seus métodos? Absolutamente não! Sua resposta foi a seguinte:

Ter-se-ia encurtado a mão do Senhor? 
Agora mesmo verás se se cumprirá ou não a minha palavra”   
(Nm 11.23).

Deus coloca os olhos de Moisés nele mesmo. Na sua autoridade e poder, na sua soberania. Ele afirma que não existem dificuldades ou problemas que ele não possa resolver. Sua palavra vai se cumprir.
No Novo Testamento temos um exemplo parecido.

Produzindo experiência
A multidão estava seguindo a Jesus, e os discípulos logo ficam preocupados porque aquele povo não tinha comida, e Jesus, de forma curiosa, argumenta a partir da lógica dos discípulos para “lhes experimentar”, isto é, para produzir experiência neles. “Onde compraremos pães para lhes dar a comer?” (Jo 6.5)

A pergunta de Jesus é matemática. Ele pensa com a logica de um empresário que tem de fechar o balanço financeiro do mês, numa época de crise; o como um funcionário que tem que pagar as contas do mês e as despesas são bem maiores que o salario recebido. Como? Onde? Perguntas e equações naturalmente humanas.

A resposta de Filipe mostra a dificuldade na equação: “Não lhes bastariam duzentos denários de pão para receber cada um o seu pedaço” (Jo 6.7). em outras palavras: a grana é curta, e o tesoureiro seu não é de muita confiança... A resposta dele é de um economista. Não apenas não existe lugar para comprar comida, mas mesmo que houvesse não teríamos grana pra comprar. Duzentos denários é quase o salário integral de um ano inteiro de trabalhador braçal naqueles dias. A conta não fecha, os cálculos e equações não resolvem. É como o déficit do governo brasileiro. Fazer um orçamento com 60 bilhões de dólares de débito... (Ano 2015-16). Não tem orçamento que funcione com déficit.

O texto nos diz, entretanto, que Jesus fez esta pergunta a Filipe “para o experimentar”.

Muitas vezes Deus nos coloca diante de equações sem resposta. São complexos teoremas da alma que não se resolvem com cálculos e resposta mágicas.
De onde vem a resposta?
Jesus coloca a multidão assentada na relva, e em seguida, toma o pouco que tinha, cinco pães de cevada e dois peixinhos, e ora: “Então, Jesus tomou os pães, e tendo dado graças, distribuiu entre eles”( Jo 6.11). ele leva o problema a Deus. Só o Deus de milagres resolve questões insolúveis.

Conclusão:
Maria quer saber o como, mas em seguida descobre que o importante é quem.

Quando descobrimos isto em nossa vida, nossa adoração se potencializa. “Que se cumpra em mim, conforme a tua palavra” (LC 1.38). submissão, doação, entrega. No seu cântico ela dirá: “Porque o Poderoso me fez grades coisas. Santo é o seu nome” (Lc 1.49). Maria passa do questionamento para o encantamento, da pergunta para a adoração, da duvida para a obediência, porque aprendeu que mais importante não é como as coisas acontecem, mas Quem faz as coisas acontecerem, não “como será isto”, mas quem está fazendo isto?