Introdução:
Um dos textos que tive em
minha companhia durante este tempo em que estive pesquisando o livro de
Apocalipse foi o livro “The God’s final
word” (As últimas palavras de Deus), da autoria de Ray Stedman.[1]
Embora tenha divergência teológicas em alguns textos com este autor creio que
ele foi um dos que mais me inspiraram quando ao modelo e a abordagem que
gostaria de dar a este livro, cuja finalidade é devocional e pastoral. O título
deste livro citado, é o que resolvi dar a este último sermão expositivo de
Apocalipse.
Não é acidental que
Apocalipse apareça como o último livro da Bíblia. Ele agrega, sintetiza e faz a
conclusão de todos os demais temas da Bíblia. Genesis nos fala do início da
história humana e da civilização, o livro de apocalipse de acordo com sua própria etiologia, nos revela o capítulo final da raça humana.
(apokalupsis literalmente significa
que algo foi descortinado, o véu que obscurece nosso entendimento foi removido
e o mistério desfeito).
Só Deus conhece o fim desde
o começo. Este texto é uma revelação, uma profecia. Na medida em que caminhamos
pelo livro de Apocalipse vimos muitos mistérios sendo revelados e denunciados.
Descobrimos porque o mal persiste na terra e desvendamos alguns mistérios
relacionados às realidades espirituais. O Livro de Apocalipse nos traz o
projeto final de Deus para a humanidade, já que “os dons e vocação de Deus
são irrevogáveis”. (Rm. 11:29) E este texto aqui, em especial, é feito de
uma série de pequenos lembretes e advertências. Estas são as últimas palavras
de Deus, reconhecidas pela Igreja Cristã em todo o mundo, como o fechamento do
cânon, isto é, todos os livros que são dignos de confiança e que podem ser
regra de fé e prática estão aqui encerrados, e nada mais pode ser acrescentado
ao que já foi escrito.
Controvérsias tem surgido
sobre este assunto. Tanto de liberais como de pentecostais. Tillich afirma que
a na época dos pais apostólicos, o cânon ainda não havia sido estabelecido.
“Foram necessários mais de 200 anos para que a igreja tomasse uma decisão final
sobre os livros do Novo Testamento que seriam aceitos como canônicos”.[2]
E isto foi uma reação clara contra o conceito gnóstico bem como dos montanistas
que adotaram a idéia da “sucessão profética”. A igreja negou peremptoriamente a
possibilidade de novas revelações e a tradição hierárquica foi confirmada
contra o “espírito profético”, que ficou confinado a movimentos sectaristas. [3]
Tillich levanta questões dúvidas na questão da autoridade final do cânon. Tinha
a igreja na época da patrística autoridade para definir o cânon, ou esta
decisão foi tomada para suprimir as religiões estáticas que surgiam
freneticamente em torno da igreja naqueles dias? As principais correntes
teológicas da Igreja, tanto católicas, ortodoxas ou protestantes reconhecem a
autoridade da Igreja para tomar esta decisão conclusiva.
Do lado dos pentecostais,
este mesmo sentimento tem sido expresso. Alguns anos atrás assisti um vídeo no
qual Peter Vágner, reconhecido professor de teologia do Fuller, Pasadena, CA,
cujas raízes teológicas são de tradição Reformada, levantava questões sobre a
possibilidade de novas revelações: “As vezes tenho a impressão de que tratamos
Deus como um escritor aposentado, que falava, mas não fala mais”. Contra tais possibilidades a igreja foi
veemente. A Igreja determinou que a Bíblia fôsse uma norma absoluta. A Bíblia
encerra em si mesma, todo o propósito de Deus, e não há necessidades de novas
revelações ou profecias que possam ser acrescentadas ao conteúdo das
Escrituras.
Obviamente este assunto é
exaustivo, e não temos o objetivo de continuar nele agora. Queremos sim, entender o sentido das últimas palavras de Deus, expressas
neste livro de revelação.
Normalmente, as últimas
palavras das pessoas são marcantes, citadas e lembradas por outros. São
gravadas com ouro, porque elas representam a síntese do pensamento das pessoas,
ou são revelações que podem mudar o curso de vida de outras pessoas, ou podem
estabelecer um novo momento na vida daquela pessoa, ainda que moribunda. Assim
foi com o ladrão na cruz, que vivia vida irresponsável e inconsequente, mas que
diante da morte, vendo sua miséria declara a Jesus. “Lembra-te de mim, quando entrares no teu reino”. E se surpreende pela absolvição profunda e
marcante de Jesus que lhe afirma: “Hoje
mesmo estarás comigo no paraíso”. (Lc.23:39-43)
Um das declarações finais
mais freqüentemente citadas nos púlpitos seria a de Bocage, poeta desbocado,
agnóstico e irreverente, que demonstrava não ter temor algum de Deus nos seus
escritos, mas que diante da morte, grita desesperado. “amigos, rasguem os meus versos, crê na eternidade!”.
Neste texto vemos as últimas
palavras de Deus, consideradas assim pela igreja de Cristo. Cremos que só a
Bíblia é infalível e única regra de fé e prática, e que só a Escritura traduz os decretos de Deus em sua inteireza e que nada,
além da Bíblia pode ser definidora de qualquer conceito teológico. Os
reformados diziam, sola scriptura, isto é, nada além da Escritura deve ser ouvido.
Tudo o que Deus declarou, toda a sua verdade, completa, suficiente para nossa
salvação e para fazer-nos sábios para a vida eterna encontra-se de forma plena,
nas páginas do Velho e do Novo Testamento.
A Igreja entende que tais verdades são completas, embora não exaustivas,
isto é, nem tudo que é verdade está relatada na Bíblia, mas tudo o que está na
Bíblia é verdade. Cremos que nem a tradição, nem novas revelações, nem novos
profetas ou mesmo suposta ciência que contradiga a Bíblia possa ser considerada
de valor. A Palavra de Deus é infalível e inerrante.
Quais são as últimas palavras de Deus?
1. Deus nos lembra que sua Palavra é absolutamente digna de
confiança – “Estas palavras são fiéis
e verdadeiras”. (22:6) O conteúdo profético e narrativa da Bíblia não é um amontoado de teorias, hipóteses ou
possibilidades filosóficas ou espirituais. O que está narrado aqui é fiel. O
anjo que comunica tal verdade a João faz questão de lhe assegurar isto,
afirmando que o que ele ouviu isto do próprio senhor, o “O Deus dos espíritos dos profetas, enviou seu anjo para mostrar aos
seus servos as coisas que em breve devem acontecer.(22:6)
Ao ler este texto, fiquei me
perguntando porque o anjo faz questão de assegurar isto ao profeta?
Provavelmente isto se deu como uma contraprova ao coração de João. Talvez ele
mesmo pudesse se pegar indagando se aquilo tudo que ele ouvia era de fato
proveniente de Deus, apesar de tudo lhe estar sendo claro. Deus sabia que o
diabo poderia causar crise no coração deste fiel homem de Deus, assim como
causou crise no coração de João Batista quando estava preso. (Mt. 11:2-6). O anjo dá a João uma contraprova, uma palavra
de encorajamento, reafirmando que tudo o que ele ouviu não era fruto de uma
mente imaginosa dele, nem resultado de alucinações, mas era a revelação de Deus
ao seu povo, verdadeira e confiável. (3:14;19:11) Isto era uma profecia, vinda em forma de
cenas, de visões e imagens. “Passarão os
céus e a terra, mas as minhas palavras não passarão”.
Talvez esta afirmação tenha
sido feita por causa de nós, os leitores. Pela sua natureza simbólica, o
conteúdo deste livro seria questionado, como foi e ainda tem sido por muitos.
Nós precisávamos estar seguro do que Deus revelara a João, por isto o anjo
reafirma: “O Senhor, o Deus do espírito
dos profetas, enviou seu anjo para mostrar aos seus servos”. (22:6) Em outras palavras, reafirma o
fato de que esta profecia tem o mesmo peso e valor de outros tantos profetas da
História de Israel, a quem João certamente admirava. Esta é a garantia do
próprio Deus de que estas palavras são fiéis são fiéis e verdadeiras. Por isto
devemos nos aproximar dela com reverência e sincero desejo de apreender sua
mensagem. “Bem aventurado aquele que
guarda as palavras da profecia deste livro”. (22:7).
2.
Deus reafirma que o futuro
está próximo,
“Eis que venho sem demora” (22:7) Muitos
negligenciam esta palavra de Deus, achando-a demorada e perguntando: “Onde está a promessa de sua vinda? Porque,
desde que os pais dormiram, todas as cousas permanecem como desde o princípio
da criação”. (II Pd.
3:4) Desde a época apostólica até hoje,
muito escárnio e dúvida tem sido lançado sobre a volta de Jesus, mas se existe
uma doutrina clara, sistematicamente repetida no Novo Testamento, tanto nos
lábios de Jesus como de seus apóstolos é que ele virá outra vez. Por isto, Deus, ao concluir suas últimas
recomendações, ao trazer suas últimas
palavras faz questão de enfatizar. “Eis
que venho sem demora. Bem aventurado aquele que guarda as palavras da profecia
deste livro!”. (22:7)
Mais uma vez este texto nos
lembra. “Eis que venho sem demora!” Muitos podem dizer que estas palavras foram
escritas muito tempo atrás, e os apóstolos criam que Jesus voltaria logo, mas
até hoje não voltou. Por que devemos esperar esta promessa? Não estariam os
discípulos errados na interpretação das palavras de Jesus. Aqui é importante
saber que este livro faz uma conexão entre tempo e eternidade que transcende a
compreensão humana. Nós vemos o tempo de forma linear e cronológica. Olhamos
para a experiência de João a 2000 anos atrás e achamos que isto é um longo
tempo. Por isto Pedro tenta explicar esta tensão entre o nosso tempo e o tempo
de Deus afirmando: “ Há todavia, uma
cousa, amados, que não deveis esquecer: que, para o Senhor, um dia é como mil
anos, e mil anos, como um dia. Não retarda o Senhor a sua promessa, ainda que
alguns a julguem demorada”. (II Pd.3:8-9)
Existe uma coisa que não devemos
esquecer. O que não podemos esquecer? Deus lê o tempo e a história numa
perspectiva transcendental, dentro da ótica da meta-história, com as lentes da
eternidade, enquanto nós, lemos a vida de forma cronológica, dentro da
categoria aristotélica de tempo/espaço.
Contudo, devemos estar certos. Jesus está
voltando, sem demora!
Thomas A. Édson, foi o
inventor da lâmpada incandescente e de milhares de outros pequenos objetos que
revolucionaram a história da humanidade. Ele foi um dos maiores gênios
criativos de todos os tempos. Mas algo ainda mais espetacular sobre a vida
deste homem é que ele era um homem profundamente temente a Deus, e que esperava
ansiosamente a vinda do Senhor. Um dia ele surpreendeu dois de seus auxiliares,
um cristão e outro não cristão, discutindo sobre a vinda do Senhor. O não
cristão não conseguia entender como isto seria cientificamente possível. Como é
que Jesus viria nas nuvens, e a igreja seria arrebatada? Isto lhe pareceu uma
história ridícula. Como isto poderia acontecer, se temos pessoas de todas as
partes do mundo, como todos poderiam vê-lo?
Thomas Édson interferiu
colocando alguns pedaços de borracha e algumas tachinhas e pequenos pregos
sobre uma mesa daquela oficina. Logo em seguida, tomou um imã e passou sobre
aqueles objetos. Os pregos se ligaram imediatamente ao imã, enquanto a borracha
sequer se moveu. Então ele perguntou? “Porque as borrachas ficaram no mesmo
lugar enquanto os pregos se moveram?” A resposta era óbvia. Os elementos
químicos presentes nos pregos exerciam sobre eles uma força de atração em
direção ao imã. E Édson então concluiu: “Assim
será com a vinda do Senhor. Aqueles que estiverem identificados na sua natureza
inerente, sentir-se-ão irresistivelmente atraídos a Jesus, e subirão para encontrá-lo””.
“Eis que venho sem demora!”. Os cristãos são chamados a guardar as palavras desta profecia.
“Deus não ordena os crentes apenas a lerem o livro de Apocalipse para
satisfazer sua curiosidade acerca do futuro. Ele não providencia um material
com detalhes especulativos e cartazes cronológicos sobre os eventos do fim dos
tempos…Deus inspirou esta revelação com um propósito: revelar a glória do seu
Filho e chamar os crentes a viver de forma santa, vida obediente à luz do seu
iminente retorno. O propósito deste livro não é providenciar entretenimento,
mas providenciar motivação para uma vida de santidade”.[4]
“O tempo está próximo!” (22:10)
3. Nas suas últimas palavras, Deus afirma que Estas profecias não devem ser seladas, mas
devem ser anunciadas – “Não seles as
palavras da profecia deste livro, porque o fim está próximo”. (22:10) Esta mensagem precisa ser
anunciada. A mensagem deste livro não é para ser escondida. Uma razão é dada. “O tempo está próximo”. (22:10) Pelo fato de que os homens são mortais e
passam, eles precisam ouvir a mensagem da salvação. Porque estamos às portas da
vinda do Senhor, esta mensagem deve ser proclamada. (10:11) Esta mensagem deve ser pregada para produzir obediência,
reverência e adoração.
Isto ainda nos aponta para o
fato de que o livro de Apocalipse não tem uma mensagem que não possa ser
absorvida pela igreja, pelo contrário, é uma mensagem clara. Ele não possui um
código indecifrável, um significado secreto que foge da norma de interpretação
que o próprio texto revela. “Se a verdade não é clara nestas palavras, então
esta ordem não faz sentido”. [5] Não devemos selar as palavras de Apocalipse
para um pequeno grupo de eruditos, ou acreditar que seu conteúdo não é
acessível para os leigos da igreja. Um velho pregador costumava dizer sobre a
Palavra de Deus: “Se Deus não disse o que teria dito, porque ele não disse o
que teria de dizer?” Não expor o livro de Apocalipse retira daqueles que amam a
Deus o privilégio de perceber a Soberania de Deus na história e seu plano
glorioso para o futuro da humanidade.
4.
Deus nos revela, nas suas últimas
palavras, que apesar de todas estas verdades profundas, reveladoras e
radicais, sua mensagem produz sempre resultados contraditórios e paradoxais: Ela provoca santidade em alguns, mas
estimula rebeldia em outros.
“Continue o injusto fazendo injustiça, continue o imundo ainda sendo imundo; o
justo continue na prática da justiça, e o santo continue a santificar-se”. (22:11)
A forma como este texto é traduzido
é um tanto estranho, dando-nos a idéia de que Deus está recomendando e
referendando a prática da injustiça e da imundícia. Contudo, o que este texto
está mostrando, e isto é mais uma das revelações deste livro, é que muitos,
apesar de ouvirem todo o desígnio de Deus, não sentirão necessidade alguma de
refletirem sobre o estado calamitoso de sua alma, e que, não mudarão seu estilo
de vida em relação as coisas espirituais, apesar de tudo o que Deus já anunciou
pelos santos profetas, e tem nos
lembrado no estudo de sua palavra, ao passo que, por outro lado, muitos
vendo a gravidade e a seriedade do chamado divino, resolvem responder de forma
profunda e santa à voz de Deus.
Estes que respondem ao convite de
Deus, por causa de suas convicções e por amarem a Deus continuarão a praticar a
justiça, apesar de toda a injustiça ao seu redor. Muitas vezes perdendo
privilégios humanos, “preferindo ser maltratado junto com o povo de Deus a
usufruir prazeres transitórios do pecado”. (Hb.11:25) Muitas vezes sendo
zombados pelas suas escolhas, porque os valores sociais e humanos privilegiam
quem pratica a injustiça. Mas, por amor a Deus, tais pessoas continuam a
praticar justiça. Não se vendem, não se deixam subornar, não negociam valores.
Vão continuar na prática da santidade e da busca a Deus, apesar do mundo
facilitar tanto aqueles que resolvem viver na imundícia. Mesmo diante da
desprestígio dos valores morais eternos, que tem sido tão desvalorizados,
pagarão ainda o preço do amor a Deus porque “consideram o opróbrio de Cristo
por maiores riquezas do que os tesouros do Egito, porque contemplam o galardão”.
(Hb.11:26) Muitas vezes sendo
ridicularizados, muitas vezes zombados, mas sempre amando a Deus e aguardando a
manifestação plena do Filho do Homem na História. Vivem em santidade, em plena
expectiva de fé no Deus que faz e age na história. Esperando o galardão que
Jesus tem “para retribuir a cada um
segundo as suas obras”. (22:12).
Sr.
Augusto Abrantes era um velho, pobre e negro presbítero da minha congregação na
cidade de Gurupí-TO., com uma família imensa para criar, recursos muito
limitados, mantia sua casa com trabalho duro e com muito respeito, sempre
presente nos trabalhos da igreja e trazendo seus filhos à casa do Senhor. Por
sua respeitabilidade, elegeu-se vereador da cidade. Certo dia foi procurado por
um grupo de vereadores de um partido de oposição, que queria aprovação de um
determinado projeto que os favorecia politicamente e que, percebendo que apenas
mais um voto era necessário para a devida aprovação, acreditaram que seria
fácil convencer aquele pobre homem. Foram sutilmente procurar o velho
presbítero, sugerindo-lhe que, caso ele os apoiasse, o grupo lhe construiria
uma casa porque ele, apesar da numerosa família que possuía, ainda não possuía
casa própria.
Aquele
homem, pediu para que parassem o carro no qual ele estava, desceu do carro
lentamente, olhou para dentro do carro daqueles homens e lhes disse de forma
pausada e sem expressar agressão no tom de voz: “Já foi o tempo em que preto
se vendia. Passar bem senhores!”.
5. Deus
nos lembra, nas suas últimas palavras declaradas nas Escrituras, que ainda é
tempo de salvação.
“Bem aventurados aqueles que lavam as suas vestiduras no sangue do Cordeiro,
para que lhes assista o direito à árvore da vida, e entrem na cidade pelas
portas”. (22:14) Que o sangue de seu Filho continua a operar, e que não
existe outro caminho para os céus a não ser que nossa vida seja purificada pelo
sangue do Cordeiro. Esta é a essência do Evangelho. Haverá uma hora que será
tarde para arrependimento. Por isto eta passagem final contém um comovente
apelo para que todos aceitem o Evangelho. Mais uma vez, com grande ênfase,
repete-se a necessidade de uma vida pura e santa. Há promessa de vida, de
benção para aqueles que lavam suas vestiduras no sangue do Cordeiro, e uma advertência
contra os ímpios: “Fora ficam os cães, os
que praticam artes mágicas, aqueles que são imorais sexualmente, os assassinos,
idólatras, e todos os que praticam e amam a mentira”. (22:15) Para os judeus, cães não eram
animais de estimação e domesticados como são atualmente, na realidade eram
símbolo de tudo o que era selvagem e impuro. “Cães” era um termo usado para
pessoas perversas e inescrupulosas. (Sl.22:16,20; Fp.3:2)
O Evangelho é novamente anunciado
aqui com um convite para aqueles que tem sede, para aqueles que desejam, para
aqueles que entendem a necessidade que tem de serem lavados pelo sangue do
Cordeiro, de terem suas vestiduras alvejadas pelo sangue. “Aquele que tem sede venha, e quem quiser receba de graça a água da
vida”. 22:17 As
portas estão abertas, o convite está feito. Deus mais uma vez dá oportunidade a
nós, pecadores, para que nos arrependamos de nosso estilo inconsequente de
viver e mudemos nossa atitude, nos aproximemos de sua graciosa oferta. Quando o
Senhor vier será tarde demais. Hoje é tempo de salvação, esta é a hora de
arrependimento! Aqui, neste comovente apelo, vemos que todo o mover de Deus se
volta para que o homem seja salvo. Deus não quer que nenhum homem se perca, mas
que todos sejam salvos.
Por isto, este texto nos mostra de
que forma Deus opera para convidar as pessoas do mundo inteiro à salvação:
5.1. O Espírito convida você a vir – O Espírito Santo é o principal
agente motivador de Deus para que nos voltemos a Deus. Na verdade, conversão é
obra exclusiva do Espírito. Ele convence do pecado, da justiça e do juízo
(Jo.16:8), e é por esta razão que Deus motiva ao profeta Zacarias a dizer: “Não por força, nem por violência, mas pelo
meu Espírito”. Zac.4:6 É este Espírito quem o convida a vir, quem diz de
forma veemente: Vem! O Espírito de Deus tem chamado as pessoas a se aproximarem
de Deus.
5.2. A noiva convida você a vir – A noiva aqui é uma referência
clara à Igreja de Cristo, como já vimos isto em estudos anteriores. A Igreja de
Cristo é a boca de Deus, é o agente de Deus para tornar esta mensagem
conhecida, para estender o convite a todos os homens, em todo lugar. A Igreja
de forma incansável tem convidado as pessoas a virem. Sou pregador do Evangelho
a mais de 20 anos, neste tempo não faço a mínima idéia de quantas pessoas já
convidei para aceitar o convite de Jesus para salvação. Espero continuar, como
parte desta noiva de Cristo, a dizer isto pelo resto de minha vida. Aceite o
convite de Jesus. Venha! Se você tem sede de Deus, venha a Jesus, se você quer
receber de graça a água da vida, venha! Porque Jesus Cristo está voltando,
venha!
6.
Deus nos adverte, nas suas últimas
declarações relatadas na Palavra, que não tenhamos a tentação de ampliar, nem
subtrair o conteúdo de sua mensagem – “Se alguém fizer qualquer acréscimo, Deus lhe
acrescentará os flagelos escritos neste livro; e, se alguém tirar qualquer
cousa das palavras do livro desta profecia, Deus tirará a sua parte da árvore
da vida, da cidade santa e das cousas que se acham escritas neste livro!”. (22:18-20)
A advertência é clara: Não mude uma
palavra desta profecia! Não acrescente nada à Palavra de Deus, não subtraia
nada. Esta advertência também se aplica àqueles que, intencionalmente deturpam
o ensino deste livro. “O cânon das Escrituras foi fechado no final do primeiro
século quando o livro de Apocalipse foi
concluído. Qualquer falso profeta ou charlatão que acrescenta supostas
novas revelações (tais como os Montanistas fizeram na Igreja primitiva, Joseph
Smith e Mary Baker Eddy e outros profetas tem feito em tempos recentes)
sofrerão as consequências de tais distorções. Deus trará a tais pessoas os
flagelos deste livro. O julgamento de Deus é igualmente severo àqueles que
retiram parte das Escrituras (como o herético Márcion fez na Igreja Primitiva e
os liberais da Alta Crítica fizeram nos tempos modernos), Deus vai retirar-lhes
a sua parte da árvore da vida”. [6]
A palavra de Deus não é uma
descoberta humana, não pode ser manipulada em laboratórios ao bel prazer de
curiosos. Seu objetivo é trazer obediência e temor e ensinar aos homens o
caminho de Deus.
Conclusão
Como responder a estas solenes
palavras? Deus ainda tem falado por meio
delas. Estas são as últimas palavras de Deus. Mas tanto nas suas primeiras
palavras quanto nas últimas, Deus tem afirmado sempre que nem uma delas cairá
por terra, mas fará tudo aquilo para o qual foi designada. A palavra não volta
vazia, e ao pensarmos sobre o significado disto que ora foi exposto, é mister
que nosso coração responda de forma convicta: Eu tenho sede Senhor. Eu desejo muito
a sua companhia.
E porque ele vem, e sua volta
inexoravelmente se dará conforme tudo o que ele antes predeterminou, e por
sabermos que nada vai surpreender a Deus, nenhum evento da história está fora
de seu domínio, antes, todas as coisas estão debaixo da sua grandiosa e
tremenda majestade é que podemos dizer: Tudo está sob controle!
Maranatha vem, Senhor Jesus!