quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Jo 4.19-34 O que dirige sua vida?

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No livro “Vida com propósito”, Rick Warren, começa o capitulo três com a seguinte questão: “O que dirige sua vida?”. Ele afirma que muitos são dirigidos por raiva e ressentimentos, outros por culpa, ansiedade, dinheiro, sexo, status, aplausos, e podemos incluir nesta lista o entretenimento, a adrenalina, problemas, pessoas, pressão, circunstâncias. O fato é, que todas as pessoas possuem determinadas coisas que “controlam” e norteiam suas decisões. Uma pessoa norteada por sexo, certamente fará tudo pelo prazer, independentemente da forma como este prazer é encontrado; pessoas dirigidas por dinheiro, negociarão valores, família e fé; quem ama adrenalina e diversão, vai viver em torno desta insana busca por novas aventuras, etc. 

A questão básica é: “O que dirige sua vida?” O que motiva seu coração, suas decisões, seus recursos? Toda pessoa tem sua vida dirigida por algo ou alguém.

Como nos consideramos discípulos de Cristo, e o chamamos de Mestre, torna-se interessante considerar o que dirigia sua vida. Quais valores estavam presentes nas suas decisões? O que ele tinha em mente ao fazer, ou deixar de fazer determinadas coisas?

No capítulo 4 de João, no encontro com a mulher samaritana, três destes motivos surgem no texto. A partir dele queremos considerar aquilo que orientava as decisões de Cristo. 

1. Senso claro de missão – Jesus sabia o que deveria fazer.

O texto afirma que quando ele saiu da Judeia para voltar à Galileia, “era-lhe necessário atravessar a província de Samaria” (Jo 4.4). Na verdade não “era necessário” por força da geografia, ou por que este era o único caminho para esta rota. Na verdade, os judeus ortodoxos e conservadores como os fariseus, nunca passavam por este caminho indo da Galileia para Judeia, porque eles não se davam com os samaritanos, a quem consideravam teologicamente pouco confiáveis, e preferiam fazer outro roteiro. A afirmação “era necessário”, está relacionado ao seu projeto para aquela região, e especificamente para aquela mulher. O seu senso do missão e chamado o obrigava a encontrar-se com aquela mulher. Por isto “era necessário”. 

Isto contrasta fortemente com o conceito existencialista que diz: “Não sei porque nasci, não sei porque vivo e nem para onde vou”. Jesus sabe o que fora chamado a fazer. Sua missão o direciona. Ele viera para glorificar e obedecer o Pai. Isto está claro na sua afirmação: “Não vim porque eu, de mim mesmo, o quisesse” (Jo 7.28). “Não vim de mim mesmo, mas ele me enviou” (Jo 8.42). Ele não veio ao mundo por vontade própria, mas em obediência ao propósito do Pai. Seu propósito era fazer a vontade do Pai. “Minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou para realizar a sua obra” (Jo 4.34). “Eu vim para que tenham vida, e vida em abundância” (Jo 10.10). Por isto afirma: “Minha comida consiste em fazer a vontade daquele que enviou para realizar a sua obra” (Jo 4.34).

Em Joao 3.14 -15 afirma: “E do modo como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo aquele que nele crê, não pereça, mas tenha a vida eterna”. Quando seus pais o encontraram no templo, discutindo com os doutores ele afirmou: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que me cumpria estar na casa de meu Pai?” (Lc 2.49)

Quando Jesus se dirige a Decápolis, é recepcionado por uma pessoa possessa de um espírito maligno, alguém cuja personalidade era completamente desestruturada pelo mal. Jesus o liberta, e logo em seguida precisa retornar, porque os comerciantes da região ficaram indignado quando Jesus mexe com o chiqueiro deles: é melhor ter o demônio e não ter prejuízos... assim pensavam. Ele foi àquela região apenas para implantar seu ministério, porque o primeiro missionário aos gentios surgiu ali daquela obra maravilhosa que realizou. Ele transformou aquele endemominhado em um missionário. Não é algo surpreendente? 

A missão de Jesus, seu chamado, o projeto do Pai, orientavam suas decisões. 

2. Senso claro do tempo – Ele sabia quando deveria fazer

Se você é um leitor atento das Escrituras, ao ler o livro de João anote quantas vezes a ideia de tempo está presente na mente de Jesus e no seu ministério. Ali notamos claramente como é recorrente a questão do tempo na obra que fazia (Jo 7.6; 8.20; 12.23,27; 13.1).

“Disse-lhes, pois, Jesus: O meu tempo ainda não chegou, mas o vosso sempre está presente” (Jo 7.6;) “Subi vós outros à festa, por enquanto não subo, porque o meu tempo ainda não está cumprido” (Jo 7.8); “E ninguém o prendeu, porque não era ainda chegada a sua hora” (Jo 8.20); “Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do homem” (Jo 12.23); “Agora, está angustiada a minha alma, e que direi eu? Pai, salva-me desta hora? Mas precisamente com este propósito vim para esta hora” (Jo 12.27). “Ora, antes da Festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim” (Jo 13.1). 

Na verdade, só pode ter compreensão da missão, quem se conecta ao infinito. J. P. Sartre afirma: “Nenhum ponto finito pode ter sentido, se não estiver relacionado a um ponto infinito”. Acharam interessante esta frase? Pois foi escrita por um homem ateu, e não por pastor ou sacerdote. 

Ter noção do tempo nos livra da angústia do imediatismo, do desespero por resultados. Quando Davi foi ungido rei, depois da belíssima experiência da visita do profeta Samuel à sua casa em Belém, quando foi ungido rei em Israel, depois daquele evento místico e carismático, sabe o que Davi foi fazer? Voltou ao seu monótono trabalho de cuidar de ovelhas. Solidão, anonimato, frio á noite, calor no dia, e somente lá na frente encontra notoriedade quando derrota “casualmente” o gigante Golias. Daí por diante, vai para o palácio e casa-se com a filha do rei Saul. Seu sogro, porém, era tresloucado e desenvolveu um obsessão patológica de ciúme contra ele e tinha grande desejo de mata-lo. No entanto, por duas vezes, as melhores oportunidades vieram para a mão de Davi. Não seria Deus dando esta oportunidade a ele? Mataria o rei e assumiria o trono. No entanto recusou-se. Seguia o processo de Deus, aguardava o tempo da manifestação de sua promessa. Davi decidiu não atropelar processos. 

Hoje temos uma geração da urgência, ansiosa por querer as coisas rápidas, por não seguir o caminho de forma constante e perseverante. O resultado? “Quem tem pressa come cru”. É isto que temos visto. Senso de urgência, imprevisibilidade, inconsequência, porque não sabe aguardar o tempo.

Quando chegou a hora de Cristo, o seu “kronos” se cumpriu, ai então se dirigiu resolutamente para Jerusalém para ser imolado. “Pai é chegada a hora, glorifica teu nome em mim”. O senso claro de tempo o orientava. 

3. Senso claro de identidade – Jesus sabia quem era.

Sua identidade não era confusa. Ele não oscilava entre uma mente perturbada de uma pessoa que não se conhece, e pensa uma coisa sobre si mesma para em seguida ter outra ideia de quem seja. Ele possuía compreensão clara de sua natureza.

Em João 4 vemos claramente sua identidade sendo manifestada. Quando dialoga com a mulher e lhe pede agua, a mulher implicitamente o censura: “como sendo tu, judeu, pedes a mim, que sou samaritana, agua para beber?”. Jesus quebrava duas convenções. Judeus não falavam publicamente com outras mulheres e nem conversavam com samaritanos. 

a. Ele se via como o cumprimento das profecias do AT – 



Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim. Contudo, não quereis vir a mim para terdes vida” (Jo 5.39,40). 


b. Ele reconhecia ser o Messias, o esperado de Israel, benção para o mundo 

Eu sei, respondeu a mulher, que há de vir o Messias, chamado Cristo; quando ele vier, nos anunciará todas as coisas. Disse-lhe Jesus: Eu o sou, eu que falo contigo” (Jo 4.25-26). 


Rodearam-no, pois, os judeus e o interpelaram: Até quando nos deixarás a mente em suspenso? Se tu és o Cristo, dize- francamente. respondeu-lhes Jesus: Já vo-lo disse, e não credes. As obras que eu faço em nome de meu Pai testificam a meu respeito”. (Jo 10.24-25)


c. Ele se identificava com o “Filho do Homem” – O profeta Daniel fala deste personagem no seu livro.

Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha com as nuvens do céu um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao Ancião de Dias, e o fizeram chegar até ele. Foi-lhe dado domínio, e glória, e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas o servissem; o seu domínio é domínio eterno que não passará, e o seu reino jamais será destruído” (Jo 7.13,14). 

É exatamente com esta enigmática figura que ele se identifica.

Ele diz ao cego de nascença que fora curado: “Ouvindo Jesus que o tinham expulsado, encontrando-o, lhe perguntou: Crês tu no Filho do Homem?” Ele respondeu e disse: Quem é, Senhor, para que eu nele creia? E Jesus lhe disse: Já o tens visto, e é o que fala contigo” (Jo 10.35-37).

Respondeu-lhes Jesus: É chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem” (Jo 12.23).

E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nele crê tenha a vida eterna” (Jo 3.14-15).


d. Ele assumiu a condição de divindade - Ele afirma sua glória diante de Pilatos: “Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo, se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui” (Jo 18.36).

Ele afirma sua igualdade com o Pai: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10.30). Algumas pessoas, defensoras do arianismo (testemunhas de Jeová), afirmam que ele está falando da identidade dele como nós também somos um com Deus, mas os judeus entendem muito bem o que ele diz e por isto resolvem apedrejá-lo: “Não é por obra boa que te apedrejamos, e sim por causa da blasfêmia, pois, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo” (Jo 10.33).

Ele aceita adoração. Ao se encontrar com o cego de nascença e se revelar a ele como Filho do Homem, ele se curva diante de Jesus e o adora, e Jesus não faz nada para deter sua atitude, que se não é correta, é blasfema (Jo 9.38). Da mesma forma com Tomé, ao chamá-lo de “Senhor meu e Deus meu” (Jo 20.28). Se ele não era Deus e aceitou este enunciado de Tomé, ele é usurpador e charlatão. Ele afirma ainda que seu desejo é que seus discípulos fossem um com ele, como ele era um com o Pai (Jo 17.21).

Conclusão:

Como discípulos de Cristo, ao entendermos a percepção de Jesus, temos que nos perguntar. Como lidamos com estas áreas da vida?

A. Como lidamos com a questão da identidade? Um dos grandes problemas é não sabermos exatamente quem somos em relação ao Pai, e em relação à vida. Uma das coisas mais libertadoras da vida é sabermos exatamente quem somos. Pessoas que se percebem filhas amadas de Deus, rompem com o senso de orfandade e solidão. Sua identidade está firmada em cristo, e não naquilo que dizem a nosso respeito.

Quando Satanás decidiu tentar a Jesus, começou questionando sua identidade: “Se és Filho de Deus”. Ao passarmos por privações e angústias, a primeira questão da alma é da identidade. Se não sabemos quem somos, entramos na angustiosa questão da alma de não sabermos que somos amados de Deus.

Você se reconhece como Filho de Deus, Amado pelo Pai?

Os discípulos foram enviado por Jesus para fazer missão em Lucas 10, e quando retornaram, estavam eufóricos por ver que até o demônio se submetiam ao nome de Jesus. Sentiam-se empoderados. Mas Jesus coloca seus olhos não na performance, mas na identidade. “Alegrai-vos, não porque os demônios se vos submetem, mas porque vossos nomes estão escritos no livro da vida” (Lc 10.27). Por mais que façamos, por mais efetivos ou bem sucedidos que nos tornemos, isto não enche nossos corações. Precisamos de identidade.

B. Como lidamos com a questão da missão. Sabemos o que estamos fazendo e porque fazemos o que fazemos?

Se você não sabe qual é o seu motivo, todo pode ser entediante e você pode agir como um judeu errante, agarrando-se a todas opções que a vida oferece por não saber o que foi chamado a fazer.

Por que você faz o que faz, neste momento?

Qual é o seu propósito? Para onde você está seguindo? Qual roteiro está tomando? Onde chega esta estrada por onde você caminha agora?

C. Qual é a compreensão de seu tempo? É perigoso fazer coisas certas no tempo errado. É Preciso entender os ciclos da vida, a hora de Deus no momento especifico da história. O tempo que você tem é único. Você entende que Deus quer que você faça agora o que está fazendo, ou não tem compreensão destas coisas?

O estilo de vida de Jesus nos ajuda a entender isto.
Compreendendo seus propósitos, podemos também redefinir os nossos.

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