segunda-feira, 20 de abril de 2015

Mt 24.15-28 A Grande Tribulação




Introdução:

Poucos assuntos despertam a imaginação e discussão dos intérpretes da Bíblia, que “A Grande tribulação”, com seus agentes: a besta, o falso profeta, o Anti Cristo, e aqui neste texto, “o homem da desolação”. O próprio Mateus, ao narrar as palavras de Jesus já antecipa a dificuldade destas palavras e afirma: “Quem lê, entenda!”.

Alguns anos trás foi publicada uma novela evangélica que se transformou em best-seller, o título: “Deixados para trás”, que fala do arrebatamento da Igreja, da grande tribulação e do reinado do anticristo. Milhares de pessoas tiveram acesso a este material, e mesmo pessoas de fora da igreja demonstraram grande interesse neste tema. Geralmente pregadores que falam da segunda vinda de Cristo, e se tornam “experts” no assunto, tornam-se muitos populares. Quando mais extravagante e mirabolantes as interpretações, mais fascínio exerce.
É exatamente este tema que vemos neste texto. Ele se encontra no cerne do famoso “sermão escatológico” de Jesus, assim chamado porque Jesus revela aos seus discípulos as últimas coisas que haveriam de acontecer.
Este sermão é a resposta de Jesus à uma pergunta dos discípulos sobre a destruição do Templo, quando eles pergunta sobre os sinais e quando seria este evento. A resposta de Jesus vai de Mt 24.3 a 25.46. Ele adverte os discípulos a que não se deixarem enganar, mas que estejam alertas, pois estas coisas acontecerão de surpresa e inesperadamente.
Jesus fala da destruição do templo e depois entra especificamente na “grande tribulação”, e o sinal da grande tribulação é o “abominável da desolação” (Mt 24.15). O que significa isto? A que Jesus se refere?
Lucas dá a resposta, interpretando as palavras de Jesus (Lc 21.20-24). Para o evangelista, o cerco de Jerusalém pelos  exércitos inimigos era a resposta (Lc 19.41-44).
Jesus está citando o profeta Daniel, que menciona esta figura três vezes (Dn 9.27; 11.31; 12.11). Daniel se refere a Antíoco Epifânio, rei pagão que invadiu Jerusalém e adentrou o lugar mais sagrado para o povo judeu, o “Santo dos santos”, onde sacrificou porcos no altar, cometendo uma abominação desoladora. Jesus, faz o paralelo desta profecia de Daniel, aplicando-a ao cerco e a invasão de Jerusalém por exércitos inimigos. Isto é chamado, de profecia atrás da profecia, ou o duplo sentido profético. Como alguém que vê uma montanha e a descreve, mas não vê a outra montanha que está atrás da montanha descrita.
Jesus então diz aos discípulos o que deveriam fazer quando vissem Jerusalém cercada de exércitos.
Eles deveriam fugir de Jerusalém (Mt 24.16) ir para os montes, região que não interessava muito aos romanos por não oferecer resistência e por ser uma região de camponeses e pobres (Mt 24.18). Deveriam fazer isto com urgência, deixando tudo para trás, para salvar a vida (Mt 24.17,18). A fuga seria difícil, especialmente para as grávidas (Mt 24.19) e ainda mais difícil se ocorresse no inverno, quando o frio torna uma fuga insuportável (Mt 24.20). Jesus recomenda que orassem para que não fosse no sábado, porque muitos judeus ortodoxos, não podiam andar, apenas uma determinada quantidade de quilômetros, de acordo com a interpretação que faziam da lei, , e seriam presa fácil dos romanos.
Em resumo,
O Abominável da desolação viria ao lugar santo – referência à invasão romana ao templo (vs. 15);
Afetaria as pessoas mais vulneráveis, como as grávidas;
Seria de uma magnitude indescritível (vs. 21);
Não haveria tempo para se preparar. Tinham que sair rapidamente. Por causa da natureza da tribulação (vs 21) Jesus menciona Daniel 12.1, “tempo de angústia a qual nunca houve”. Por misericórdia e por causa dos eleitos Deus abreviaria aqueles dias,.
Estas palavras de Jesus se cumpriram primariamente na destruição de Jerusalém. No ano 66 d.c. o General Tito cercou a cidade de trincheiras, destruiu a cidade, arrasou o templo, e massacrou cerca de 500 mil a um 1 milhão de judeus. É esta “abominação desoladora” a que se referiu Jesus. Há uma lenda, não confirmada, narrada pelo historiador Eusébio, que diz que quando Jerusalém foi cercada por Tito, muitos cristãos na cidade escaparam para os montes, porque se lembraram da profecia de Jesus, enquanto muitos judeus correram para dentro dela, para se proteger e para defendê-la, e se engrossaram a fileira das pessoas que foram massacradas.
Os judeus resistiram, crendo que haveriam de vencer, confiando na presença de Deus, pois o templo estava entre eles. Ainda durante o cerco, as seitas judaicas brigavam entre si. Alguns profetas afirmavam que o Messias haveria de chegar para salvar os judeus. O que, historicamente, não aconteceu.
Após 4 anos de cerco, Tito e seu exército entraram na cidade. Mataram a todos, velhos, crianças, homens e mulheres, da forma mais selvagem e cruel possível. Queimaram a cidade, arrasaram seus muros; queimaram e o templo e o saquearam, e o restante dos judeus foi disperso pelo mundo.
Apesar desta profecia ter se cumprido exatamente como Cristo anunciou, ao lermos o texto percebemos que ela não se cumpriu completamente. Há vários detalhes na passagem que sugerem que ainda resta um cumprimento maior e futuro para as palavras de Jesus.
Será que Tito encerra toda profecia acerca do abominável da desolação?
Se não, quem é este personagem, símbolo do anticristo, este poder que se levanta contra Deus e seu povo?
Paulo fala deste assunto em 2 Ts 2.7-12. “A vinda de Jesus não virá sem que primeiro venha a apostasia” (2 Ts 2.7). Aafirma que “o mistério da iniquidade já opera, aguardando apenas que seja removido aquele que agora o detém””. O que detém este homem iníquo?
Daniel se referiu ao abominável da desolação, no lugar santo. Esta profecia se cumpriu em Antíoco Epifânio, mas será que ela encerra toda a questão deste ser abominável? O próprio Mateus observa que esta interpretação é complexa. “Quem lê, entenda” (Mt 24.15). Então nos parece que a profecia não é assim tão simples de ser analisada.
O mesmo se dá com a ideia da “tribulação sem igual no mundo” (Mt 24.21). Com certeza nada houve igual antes para os judeus, mas certamente houve coisa igual ou pior depois. Por exemplo, o holocausto da II Guerra, sob Adolfo Hitler exterminou de 5 a 6 milhões de judeus, cruelmente assassinados com requinte de perversão em Auschwitz, Mauthausen, Dachau. Portanto, o texto parece fazer referência a um evento futuro, que ainda não se deu.
Por esta razão, O Evangelista Mateus faz uma ligação imediata com a vinda de Cristo. “Logo em seguida” (vs.29) “Então, aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem” (vs 30).
Jesus está falando de dois eventos como se fossem um só, coisa comum nos profetas. É uma profecia com duplo sentido. Como falamos é uma montanha com dois picos superpostos. Uma montanha detrás de outra. Jesus se referiu à destruição de Jerusalém e a um período de intenso sofrimento. O que aconteceria a Jerusalém seria um tipo da tribulação parecida com a dos dias finais, mas a invasão romana não encerra toda profecia.
A Grande tribulação, portanto, é um evento escatológico.
Jesus faz uma narrativa sequencial e cronológica sobre tais eventos.

Primeiro, o aparecimento do homem da iniquidade. Uma referência ao Anti Cristo. É Isto também que vemos na carta do apóstolo Paulo: “Ninguém, de nenhum modo, vos engane, porque isto não acontecerá sem que primeiro venha a apostasia e seja revelado o homem da iniquidade, o filho da perdição” (2 ts 2.3).
i.                     A grande tribulação afetará as pessoas mais vulneráveis como as grávidas (Mt 24.19).
ii.                   Será de magnitude indescritível, um período curto de intenso sofrimento (Mt 24.21).
iii.                 Não haverá tempo para se organizar (Mt 24.17,18). Quem tem casa, não deve voltar para buscar o que ficou. A parábola das 10 virgens é uma alerta clara quanto à imprudência (Mt 25.11-13).
iv.                 Será um período de muita propaganda religiosa falsa – “Falsos cristos e falsos profetas”. Haverá uma multiplicidade de propostas espiritualizantes: gurus, religiões, ofertas religiosas.
v.                   Este falso ensino terá um forte poder de atração: “Grandes sinais e prodígios” (Mt 24.24). Pessoas atraídas por manifestações serão facilmente seduzidas. “Se possível (não será), enganando os próprios eleitos”. Até os cristãos serão abalados na sua fé, porque estas coisas trazem enorme confusão. Paulo afirma: “ora, o aparecimento do iníquo é segundo a eficácia de Satanás, com todo poder e sinais, e prodígios da mentira” (2 Ts 2.9).

Neste contexto de grande religiosidade, logo a pós a tribulação, o Filho do homem virá.
  1. Sua vinda será visível – “Todo olho o verá”. Não há qualquer esperança no texto de que os cristãos serão arrebatados antes deste período, para um encontro secreto com Jesus nos ares.
  2. Será repentina – “como um relâmpago”.
  3. Será universal, pública. “De uma a outra extremidade do céu”.
  4. Atrairá de forma magnética, o povo redimido. O texto de Mt 24.28 é enigmático. “Onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão os abutres” (Mt 24.28). Esta confusa afirmação de Cristo, embora seja um exemplo de coisas aparentemente ruins como cadáveres e abutres, ilustra algo positivo. O Filho do Homem, atrairá a si, aqueles que são identificados espiritualmente, como uma atração química de determinados objetos sobre outros.
Thomas Edison, o famoso cientista criador da lâmpada incandescente, era um cristão fervoroso e fiel. Certa vez se deparou com um grupo de estudantes na sua fábrica,  discutindo sobre como seria a vinda de Cristo, então ele espalhou borrachas e pregos sobre uma mesa, e com um imã, passou perto deles. O ferro imediatamente grudou no imã, enquanto a borracha não se moveu. E então ele afirmou: Assim será! A identificação física atrai objetos parecidos.
Jesus continua seu sermão. “Logo em seguida” (Mt 24.29). Marcos afirma: “Naqueles dias” (Mc 13.24). Dando a ideia de não haverá um hiato de tempo. Esta afirmação dá ideia de sequência e cronologia. Isto é importante para a interpretação da bíblia, porque muitos querem ver aqui um hiato de tempo que exegeticamente o texto não pressupõe.
Depois dos eventos genéricos (O princípio das dores), virá o homem da iniquidade, sem seguida, a grande tribulação, com forte atração religiosa e mística, e então, repentinamente, o Filho do Homem. Sua vinda desencadeia alguns eventos:
  1. Um impacto cósmico e universal – “E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas” (Mt 24.29). Pedro afirma que “os elementos se desfarão, abrasados” (2 Pe 3.10). Todas as coisas serão atingidas: sol, luz, estrelas.
  2. A manifestação da glória de Jesus Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória.
    E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus”
    (Mt 24.30). Vinda em poder, triunfante, trazendo o lamento das nações, domínio absoluto de Cristo.
  3. A reunião do povo de Deus (Mt 24.31). E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus”. Isto nos dá a ideia da universalidade da igreja.
Dia 18.04.2015 minha esposa viajou para o Hawai para ministrar no curso de treinamento de leigos, promovido pelo Instituto Haggai. Cerca de 60 mulheres cristãs, de 29 nacionalidades do terceiro mundo, estarão presentes. Isto dá ideia da catolicidade do evangelho. Por toda a parte encontramos pessoas reunidas ao redor da cruz de Cristo e em nome de Jesus. Na volta de Cristo, todas estas pessoas serão atraídas de forma irresistível ao Senhor, nas nuvens. Paulo afirma: Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4.16-17)

Aplicações:  

  1. Vemos a exatidão das profecia bíblicas. “Passarão os céus e a terra, mas as minhas palavras não passarão” (Mt 24.30).
  2. Não devemos nos assustar com a tribulação.
  3. Não devemos nos impressionar com as manifestações. Mantenha uma fé simples, vida em comunidade, santidade, oração, estudo da palavra. As vezes achamos que isto não é o bastante, e ficamos procurando “outros sinais”. Alerta!
  4. Não perca de vista o plano de Deus – Jesus está descrevendo o projeto cósmico. O mundo caminha inexoravelmente para o cumprimento destas profecias. Assim será. Ele voltará.
  5. Continue perseverante. Fique de sobreaviso. Um dia ele volta para reunião o seu povo dos quatro ventos, formando assim uma comunidade universal, a igreja invisível.Isto é um alerta aos crentes que estão vivendo vidas mundanas. Prepare-se!
  6. Fiquemos alerta contra aqueles que tentam nos enganar quanto à chegada do Messias.
  7. Este texto é um alerta para os descrentes. A vinda de Jesus não depende de sua crença ou não. Ele não está condicionado à sua fé para executar seus planos. Hoje é dia de arrependimento e mudança. Entregue-se à Cristo. 

5 comentários:

  1. Pastor Samuel, queria saber o certo Se o povo de Nínive, que se converteu com a pregação de Jonas, foi salvo? É sobre o povo que foi destruído como fala o profeta Naun.

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  2. Pastor Samuel, queria saber o certo Se o povo de Nínive, que se converteu com a pregação de Jonas, foi salvo? É sobre o povo que foi destruído como fala o profeta Naun.

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  3. Olá. Fiquei em dúvidas sobre Mateus 24, onde no verso 15, faz referencia do anti-cristo e do período futuro na terra ,e já em lucas refere-se a queda de Jerusalém. E se refere a queda de Jerusalém, a parte de Mateus que fala que não haverá tribulação como essa, propõe uma ideia que a tribulação já passou.

    Como entender isso?

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    1. Olá Boa noite E paz do senhor Jesus não sou o autor mas acredito que você não esta conseguindo entender está passagem, porque é como neste estudo que o autor relata é que quando fala das profecias é como você tivesse vendo uma montanha e atrás tem outra montanha que você não consegue ver então quando Deus fala das profecias ele fala tanto o tempo que Jerusalém quando o tempo futuro se você para para analisar você vai obter a sua resposta, mas pelo que eu entendi não é que já passou sim que terá uma outra tribulação fique com Deus e bom estudo.

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  4. Percebi que sua visão é Pós-Tribulacionista. 1 ts 1.10 fala que jesus o que vira do céu nos livrará da aflição que há de vir. Em APOCALIPSE 3.10 diz também. É bom avaliar que: da hora, é diferente que: na hora.

    Pode esclarecer?

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