Introdução:
Poucas doutrinas bíblicas têm sido tão mal interpretadas e negligenciadas quanto a Volta de Cristo. Em geral, os pregadores também não gostam de pregar sobre estes assuntos.
Desde os dias apostólicos, alguns deturparam e negaram a segunda vinda de Cristo. O apóstolo Pedro, na sua segunda carta afirma: “tendo em conta, antes de tudo, que nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permancecem como desde o principio da ciracao. Porque, deliberadamente esquecem...” (2 Pe 3.3-5a).
Alguns intérpretes liberais como C .H. Dodd, falaram da escatologia realizada, afirmando que a volta de Cristo se dará por meio da ação da igreja, que vai combater sistemas iníquos, e que a volta de Cristo nada mais é que a expansão do reino visível da igreja na história. Outro teólogo, Molttmann, na sua teologia da esperança, fala que devemos interpretar a vinda de Cristo, como uma “esperança utópica”. Utopia é uma expectativa, que sempre nos mantém repletos de esperança, mas que não vai se cumprir na sua literalidade, e alguns pastores brasileiros conhecidos chegaram a veicular na internet esta visão.
Neste texto Jesus está pregando um dos seus sermões mais famosos, o “sermão escatológico”. Ele é assim chamado porque aqui o Senhor Jesus revela aos seus discípulos as últimas coisas que haverão de acontecer. Qual foi a causa deste sermão?
Os discípulos estavam apreciando a construção do templo de Jerusalém, que havia sido reedificado por Herodes. A construção era de fato magnífica. Herodes, o Grande, começou a reconstruir o templo no ano 19 a.C, usando mármore e ouro como materiais de decoração. O átrio exterior era magnífico, media cerca de 457 mts de comprimento, por 274 mts de largura, cercado por muros de pedras brancas maciças, algumas das quais mediam 5 mts de comprimento por 1 de largura. Os discípulos estão impressionados com a arquitetura, e seu comentário sobre a beleza do templo leva Jesus a falar de sua vinda.
A pergunta dos discípulos no vs 3, parece apontar para a destruição do templo, mas a resposta de Jesus inclui não apenas este evento que se daria no ano 70, quando Jerusalém foi saqueada e o templo queimado e destruído pelo general romano, Tito Vespasiano, que posteriormente se tornaria o imperador. O arco de Tito, comemorando sua vitória sobre Jerusalém, ainda existe em Roma até os dias de hoje.
A destruição de Jerusalém é apontada por Jesus como o prenúncio do Juízo Final, e sinal da ira vindoura. No ano 70, os romanos entraram no templo de forma militar, com seus estandartes, insígnias cerimoniais e soldados e carregaram todos os utensílios sagrados do templo, levando-os para Roma. Jesus havia profetiza que templo de Jerusalém seria destruído completamente, bem como a queda da cidade e dispersão dos seus moradores. Quando chegam ao Monte das Oliveiras para passar a noite, os 3 discípulos mais chegados se aproximam e lhe fazem duas perguntas (Mc 13.3).
a. Quando seria a destruição do Templo (Tempo).
b. Quais seriam os sinais (Evidências internas)
A resposta de Jesus vai de 13.4 a 37, dividida em 4 partes:
1. O surgimento de falsos profetas, perseguições e apostasia, num período que Jesus chama de “princípios das dores” (Mc 13.5-13).
2. Advertência quanto ao período de grande tribulação, que viria sobre o mundo (Mc 13.14-23).
3. O anúncio do seu retorno em glória (Mc 13.24-27).
4. Duas parábolas sobre a necessidade de ser vigilante e alerta, (Mc 13.28-37).
Os sinais são bem gerais, visam apenas dar certeza de que estas coisas vão acontecer e não marcar uma data no calendário.
Jesus ensina que não devemos nos impressionar com a grandeza e pompa das grandes construções, pois elas serão derribadas (Mt 24.2). Os discípulos estavam profundamente impressionados com a arquitetura, pompa e riqueza do templo. De fato era magistral. Para agradar os judeus, Herodes havia investido profundamente na sua construção. Setores mais conservadores afirmavam que ele era edomita, e que por isto não podia governar sobre Israel, então ele resolveu politicamente dar uma resposta, se tornando forte defensor do resgate da religiosidade nacional, ainda que seu coração fosse completamente distante de deus. Ele queria dividendos políticos e os obteve.
Jesus, aponta para a fragilidade dos grandes impérios, grandes conquistas e construções. “não ficará pedra sobre pedra, que não seja derribada” (Mt 24.2).
Muitas vezes nos impressionamos também com a beleza dos templos, das grandes obras, mas o maior legado que podemos deixar para a próxima geração não está nos prédios que construímos, mas nas vidas que são edificadas aos pés de Cristo.
Os sinais do “Princípio do Fim”.
Jesus fala dos sinais. Precisamos estar atentos porque eles não deixam que nossa atenção se distraia.
Quais são estes sinais?
1. O surgimento de falsos Cristos – “Muitos virão em meu nome, dizendo: sou eu; e enganarão a muitos” (Mt 24.5). No ano 130 d.C, surgiu um famoso postulante messiânico, Bar Kochba, que foi líder de uma rebelião contra os romanos, afirmando ser ele o Messias. De lá para cá, sempre surgem os substitutos de Cristo, e não me refiro a figuras bizarras como Inri Christi, que é alguém ridículo, mas a todas as expressões que assumem a ideia de redentor, revelada em famosos gurus com receitas e propostas que tem atraído centenas de atores, políticos e poderosos de nossos dias. São pessoas nas quais depositam sua confiança, e passam a se firmar nas suas declarações e ensinamentos.
Jesus descreve suas características:
i. Seriam muitos.
ii. Viriam em nome de Jesus, dizendo ser o Messias.
iii. Enganariam a muitos.
iv. A mensagem deles é que o fim do mundo chegou!
Jesus adverte seus discípulos a terem cuidado e não serem enganados.
2. A proliferação de conflitos. Guerras e rumores de guerras (Mt 24.6) – É impressionante a capacidade do ser humano para gerar guerras. As guerras trazem medo, temor e angústia, e fragilizam a sociedade. Na Europa se deram duas Guerras Mundiais num período de apenas 30 anos. Recentemente a Europa estava celebrando o fato de que nestes últimos 50 anos não houve sequer uma guerra entre nações daquele continente, mas existem ainda dezenas de sangrentos conflitos étnicos que não são sequer conhecido ou anunciados pela mídia. Só nos últimos 300 anos houve 300 guerras somente na Europa.
Na época de Jesus havia a Pax Romana, mas 40 anos depois, guerras sacudiram o Império. Em apenas um ano, 4 imperadores foram colocados e depostos: Galba, Otho, Vitelo e Vespasiano. Jesus adverte seus discípulos a não se assustarem com as guerras. Jesus não afirma que o fim do mundo virá através da guerra, como se o homem a si mesmo se destruísse, mas elas mostram o pecado do homem e a ira de Deus.
3. Calamidades – “Haverá terremotos em vários lugares e também fomes” (Mc 13.8). São tragédias naturais: pestes, doenças, fome. Segundo a ONU, diariamente 800 milhões de pessoas passam por algum tipo de privação de alimento. Entre 1964-94, houve mais terremotos que todos os séculos passados. A terra está em convulsão. Espera-se um terremoto chamado Big One, na Califórnia, que deverá mudar a geografia dos Estados Unidos. Tal incidente já tem sido anunciado por peritos e técnicos há muito tempo.
Estas calamidades viriam em vários lugares e assim tem acontecido:
a)- Entres os anos 60-80 houve fome na Judéia, conforme Atos.
b)- No verão de 70 o Vesúvio matou duas cidades, Pompéia e Herculano.
c)- No Século 19 ocorreram mais de 700 tremores e terremotos!
Contudo, todas estas coisas são apenas o “princípio das dores” (Mt 24.8). Os rabinos usavam esta figura para descrever um período de sofrimento antes da chegada do Messias mas Jesus descreve esta frase como sendo as dores de contração da história, que se aproximava do clímax, mas ainda não é o fim. O mundo não acabará com estas coisas.
4. Perseguição ao povo de Deus – “Vos entregarão aos tribunais e às sinagogas” (Mt 24.9). O livro “O homem do céu”, do pregador chinês irmão Yun, descreve os horrores da perseguição religiosa na China. Milhares de cristãos foram dizimados, perseguidos em muitos países por causa de sua fé. Estatísticas apontam para o fato de que na Cortina de Ferro (extinta Rússia), e na cortina de Bambú (China), tivemos mais mártires no Século XX que todos os demais que morreram por sua fé nos 19 séculos anteriores.
Jesus profetizou que os cristãos seriam entregues aos tribunais e sinagogas, para serem julgados por causa da fé em Jesus Cristo, Seriam levados diante de reis e governadores, açoitados e também mortos. O objetivo é que dessem testemunho aos poderosos.
A perseguição dos cristãos começou a acontecer logo após o surgimento da igreja cristã. O livro de Atos registra a terrível perseguição dos judeus aos cristãos, antes da queda de Jerusalém. Depois houve dez perseguições promovidas pelo Império romano (de Nero a Diocleciano). Na Idade Média e após a Reforma, as perseguições da Igreja Católica, foram de natureza indescritível, no Século XIX os comunistas e ateístas, e agora governos muçulmanos ou de pluralistas intransigentes, que não aceitam a fé cristã.
Jesus adverte a ficar atento, para não ser surpreendidos pela dor, sofrimento e morte, e pensar que Deus nos abandonou, porque o Espírito Santo estaria conosco. Tertuliano afirmou que “O sangue dos mártires é a sementeira da Igreja”. Jesus se refere a uma oposição frontal ao Evangelho. Fala-se muito em discriminação de grupos, mas você pode fazer opções das mais radicais hoje, na sua sexualidade, na sua crença, nas suas opções alternativas e garanto que serão vistos com menos rejeição que se você afirmar que é um cristão.
Assente-se num grupo numa festa que não lhe conhece, fale a pessoas intelectuais que você crê na reencarnação de Ramssés VIII, e as pessoas terão interesse em saber como é isto, mas se você falar que ama a Jesus, e que resolveu ser radical no discípulo, e você verá como as pessoas torcerão o nariz para sua opção de fé. Ser cristão hoje significa distanciamento e oposição.
O que Jesus afirma é que haverá um ódio generalizado contra os cristãos. “Sereis odiados de todas as nações, por causa de meu nome” (Mt 24.9) Este ódio é por causa “do nome de Jesus”, que trará perseguições e morte dos cristãos. Jesus admoesta a perseverem até a morte, sem se desviar da fé. Os que fizerem isto são os eleitos.
5. Pregação do Evangelho a todas as nações – “E será pregado este evangelho do reino para todo mundo” (Mt 24.14). Marcos afirma que será pregado a todas as “nações” (Mc 13.11). O termo “nações” não se refere a uma nação política, mas a etnias. Por exemplo, o Brasil é apenas uma nação, mas temos no nosso território nacional cerca de 200 etnias, grupos linguísticos e culturais distintos entre os povos indígenas.
Um dos sinais da vinda de Jesus é a pregação do evangelho a todos os povos. Faz parte dos sinais da vinda de Cristo a pregação do evangelho a estas sub-culturas, não só do Brasil, mas de muitas outras regiões ao redor do mundo. As boas novas serão anunciadas, não a todo indivíduo, mas a todas as nações do mundo, em meio a perseguição e sofrimento, e assim tem sido através dos séculos. Os discípulos se espalharam pelo mundo, na Idade Média, na Reforma. Depois surgiu o movimento das missões de fé e o movimento missionário. Hojé é possível evangelizar cada parte do mundo. O fim do mundo não virá antes disto.
6. Perda do afeto natural – “E, por se multiplicar a iniquidade, o amor se esfriará de quase todos” (Mt 24.12). Marcos, o Evangelista afirma: “Filhos se levantarão contra os pais e os matarão” (Mc 13.12). O conflito entre membros da família revela a dificuldade de uma geração de organizar seus afetos. São pessoas que perderam o senso das coisas básicas da vida, e suas referências éticas e afetivas.
Este sinal aponta para a divisão familiar por causa do Evangelho, na época de perseguição, pessoas trairão e entregarão familiares que professam a Cristo. Haverá mesmo assassinato dos pais por parte dos filhos. O ódio a Cristo será maior que os laços familiares. Isto tem ocorrido na história e ocorre ainda hoje.
7. Manifestações do Anti Cristo – “Quando, pois, virdes o abominável da desolação”(Mt 24.15). Em Dn 11.31 há uma profecia sobre a profanação do templo, que se cumpre em 168 a.C., quando Antíoco IV, que se auto denominou Epifânio (manifestação divina), invadiu o templo judeu e edificou um altar pagão, sacrificando um porco no local mais sagrado do templo que era o Santo dos santos. Jesus faz uma aplicação deste incidente histórico com sua vinda, afirmando que este ser, surgirá “operando sinais e prodígios, para enganar, se possível, os próprios eleitos” (Mc 13.22).
A Bíblia dá vários nomes ao Anti-Cristo, o abominável da desolação é um destes. Além deste podemos encontrar
(a) - O assolador (Dn 9.27);
(b)- O homem do pecado, o filho da perdição (2 Ts 2.3);
(c)- A besta (Ap 13.11)
(d)- O Anti-Cristo, nome usado apenas por João (1 Jo 2.18-22 e 4.3).
9. Grande tribulação – “tribulação como nunca houve desde o princípio do mundo” (Mt 24.15). Jesus se refere especificamente às grávidas, porque em tempos de aflição e dores, tais pessoas sofrem de forma muito intensa. Pede para orarmos a fim de que tal sofrimento não se dê no inverno. Não é fácil fugir como o clima é muito frio e você não tem abrigo.
Conclusão:
A. Jesus aponta para a necessidade de perseverarmos – Mc 13.13 Em momentos de perseguição e oposição, é fácil a gente perder a capacidade de luta e desistir. Porém, a vitória não é daquele que corre até no meio da jornada, mas daquele que fica firme até o fim.
O autor de hebreus afirma que “não somos dos que retrocedem para a perdição”. Devemos continuar firmes na fé, inabaláveis, continuando a lutar por aquilo que cremos. Quanto maior for a oposição, mais necessidade teremos de perseverar, até o fim.
B. Jesus nos ensina a ficarmos alertas – Não ficarmos desatentos nem indolentes “vede que ninguém vos engane” (Mc 13.5) e “estai vós de sobreaviso”( Mc 13.9). Temos que ficar em estado de alerta, como o vigia de uma torre. A parábola das 10 virgens, contada por Jesus, nos mostra como o descuido e sonolência na vida espiritual podem ser fatais.
C. Jesus nos alerta para não ficarmos impressionados com sinais e prodígios impactantes, porque muitos sinais são formas malignas que o Anti-Cristo vai usar para enganar, se possível, os próprios eleitos (Mc 13.22). Este aspecto me chama a atenção porque somos uma geração facilmente impressionável. Gostamos de ver coisas, não é sem razão que João de Deus de Abadiânia atrai tantos seguidores, gente simples ou famosos; não é sem razão que curandeiros e milagreiros sempre lotam estádios. Queremos ver, acreditamos que nossas convicções, mesmo as espirituais, são autenticadas por percepções do sobrenatural. Jesus nos adverte: “Estai vós de sobreaviso, tudo vos tenho predito” (Mc 13.23).
Este período antes do fim do mundo é chamado por Jesus de “o princípio das dores”. As coisas acontecidas são sinais de um mundo que se aproxima de seu final – mas não é ainda o fim. Este tempo de perseguição e sofrimento é também de salvação e evangelização. Ele quer evitar que os discípulos sejam enganados por falsos mestres que virão anunciando sua vinda e o fim do mundo. Continuamente ele diz: ainda não é o fim!
D. Os sinais visam apenas confirmar que seu retorno e o fim do mundo são certos – e não dar dicas para se marcar uma data. Jesus não lhes dá um cronograma nem marca datas.
Podemos concluir em que etapa da história do mundo estamos: No princípio das dores. Precisamos ficar alerta contra os marcadores de datas, baseados nestes sinais e com os que relacionam cada guerra que acontece com alguma profecia bíblica específica. Fiquem de sobreaviso: haverá perseguições e muito ódio contra os seguidores de Jesus Cristo. Contudo, não devemos nos assustar e continuar a anunciar o Evangelho entre as nações.
Este texto traz duas implicações finais:
==> Aos que ainda não receberam a Jesus como Salvador: Reflita sobre a veracidade das profecias bíblicas, considere que com certeza que o fim do mundo virá, e com ele o julgamento final. Prepare-se!
==> Aos crentes que estão sofrendo por causa de Cristo, rejeitados pelos familiares, aflitos e assustados pela maldade e violência do mundo. Deus não nos abandonou. Ele continua no controle de toda situação caótica, e a história caminha para o fim que ele mesmo deseja. A promessa existe para aqueles que se mantiverem firmes na esperança.
“Aquele que perseverar até o fim, este será salvo”.
Amados, é tão serio do eu pensava antes!.. atentemos, agora entendo melhor estas profecias o alerta do Espirito Santo bate mais forte na medida que os anos passam para que nos tornemos homens e mulheres de oração afim de crescer na vida espiritual preparados e capacitados para o ganho de almas para Cristo
ResponderExcluirA verdade é que o soluço de dezenas, centenas e milhares de almas que caminhão para morte sem Cristo deixam os verdadeiros cristãos sem descansar. Vamos pregar o evangelho amados é tempo.