quarta-feira, 18 de maio de 2016

2 Rs 4.38-41 Morte na panela!



Introdução:

Eliseu vivia num ambiente de muita escassez. Zona agreste. Secas eram constantes e fatais, passar necessidade fazia parte da rotina daqueles homens que se dedicavam a oração. Não tinham provisões e nem estoque e reservas de alimentos ou financeiras. Vivia-se pouco e com pouco. Para se ter ideia da realidade daquele povo, a media de Idade da Idade Média chegava a apenas 32 anos. Certamente naqueles dias de Eliseu não era diferente.

Aqui vemos um grupo de profetas acompanhando o profeta, num momento de desolação porque não tinham comida. Eliseu os encoraja a procurarem alguma raiz ou planta que pudessem comer. Na verdade era uma ordem complicada, mais ou menos como se eu dissesse ao tesoureiro da igreja que pagasse uma conta sabendo que ele não tinha os recursos necessários.

Saíram à procura e acharam uma planta para comer, mas se enganaram trazendo uma planta similar, parecida, mas que era venenosa. É mais fácil confundir cogumelo comestível com venenosos; é fácil confundir inhame com taioba. Os rapazes voltaram animados e fizeram o cozinhado, mas quando um deles começou a comer logo gritou: “Morte na panela!” Talvez sentisse algum gosto estranho, ou mesmo tivesse alguma reação alérgica imediata. Os discípulos tinham colhido colocíntidas, uma planta altamente venenosa.

O grito os salvou da morte.

Continuaram com fome mas sobreviveram. Continuaram com suas barrigas vazias e Eliseu pediu um pouco de farinha, jogando sobre a panela e a comida se tornou saudável. Não havia mais perigo!

Não gosto muito de alegorias bíblicas, porque, por não terem regras claras de hermenêutica, dependendo da imaginação do intérprete ele pode fazer quase tudo com o texto e se desviar do propósito e intenção das Escrituras Sagradas. Autores neo pentecostais gostam de textos do Antigo Testamento, e lamentavelmente muita heresia tem sido introduzida na Bíblia ao se buscar significados ocultos ou alegóricos do texto, que não queria dizer nada daquilo que o pregador está dizendo.

Grandes correntes de interpretação alegórica surgiram na história. O mais famoso alegorista foi Filo, de Alexandria (não o fi-lo porque qui-lo, da Jânio Quadros).

Entretanto, ao ler este texto, imediatamente me veio ao coração um pensamento. Quantas pessoas estão colocando comidas venenosas nos seus pratos, sem discernimento, e comendo, para sua própria ruina os manjares venenosos que acreditam ser comida fina e saudável? Tem sido muito comum trazermos para a mesa, servir o prato, comidas que julgamos agradáveis e que serão a causa da ruina. Não é isto que diz a Palavra de Deus: “Há caminhos que aos homens parecem ser bons, mas no final são caminhos de morte?”

Deixe-me falar de alguns destes pratos que trazemos à mesa, para nossa ruína:

Adultério
Este é um prato venenoso que a raça humana gosta de servir e dele se alimentar. Veja, porém, como Pv 2.1,5 se refere a este manjar maligno: “Porque o Senhor te dá sabedoria...  para te livrar da mulher adultera, da estrangeira, da que lisonjeia com palavras... a sua casa se inclina para a morte, e as suas veredas, para o reino das sombras da morte; todos os que se dirigem a essa mulher não voltarão, e não atinarão com as veredas da vida” (Pv 2.6a, 16, 18, 19). “A sua casa é caminho para a sepultura e desce para as câmaras da morte” (Pv 7.27).
Pode ser um prato glamoroso, carregado de jogo de sensualidade, olhares lascivos, sedução, curiosidade, desejo de apreciação, necessidade de afirmação, mas é um prato carregado de TNT. Por isto Provérbios afirma: “O que adultera com uma mulher está fora de si; só mesmo quem quer arruinar-se é que prática tal coisa”  (Pv 6.32).
Quem come neste prato, trará morte. Quando o estômago estiver cheio dele, começará a sentir os efeitos de sua toxina. O envenenamento é questão de tempo.
É um prato cheio de morte!

Suborno
Pense em outro atrativo prato, sedutor à vista, aprazível aos olhos, mas fatal para o organismo e para a alma: A propina e a corrupção.
Ele atrai fatalmente o cobiçoso, aquele que quer buscar atalhos para a vida, sucesso rápido. Os ingredientes dele são conhecidos: O mercado não vai bem, o dinheiro não aparece, as vendas não vão bem, mas as contas, impostos, salários, despesas, surgem todos os meses. Os fornecedores pressionam, os credores ameaçam e protestam, ai surge uma proposta atraente. Você sabe que aquilo é errado, você condena o ato, tem vergonha de contar para seu filho e esposa, mas o prato é muito atraente. Visualmente bem feito, seu cheiro atrai. Então, você se senta à mesa e come. Vende a alma, nega a fé, trai suas convicções.
Morte na panela!!!
Veja a advertência da Palavra de Deus:
O que é avido por lucro desonesto transtorna a sua casa, mas o que odeia o suborno, esse viverá” (Pv 15.27), ou ainda: “suave é ao homem o pao ganho por fraude, mas depois, a sua boca se enchera de pedrinhas de areia” (Pv 20.17).
A Bíblia relata a história do impuro e profano Esaú. Ele não resistiu ao atrativo cheiro de uma panela de sopa de lentilhas. Na verdade não é o prato mais sedutor do mundo, mas a fome dele era grande. Seu imediatismo, seu impulso, o leva a trocar sua primogenitura por um repasto de lentilhas.
Assim acontece com aquele que negocia seus direitos dando-os aos outros, menospreza os valores, para comer de um prato que está envenenado...
Os discípulos de Eliseu descobriram a tempo o perigo de se colocar a mesa um prato atraente, mas envenenado.
Morte na panela!!!

Vingança
Considere ainda outro prato carregado de veneno: cheio de ódio, amargura e raiva. Não sem razão, o dito popular afirma: “vingança é um prato que se come frio”.
Muitas pessoas estão se alimentando do ódio, da ira sepultada. Este prato, quando desce para as entranhas e se torna algo visceral, destrói a alegria, o prazer e a benção de Deus na vida. É o prato da vingança colocado à mesa.
Certa vez aconselhei um senhor, que consumindo de raiva, assassinou seu desafeto. Agora, anos depois, desabafava: “Ainda hoje, quando pego um prato de comida pra me alimentar, todos os dias, vejo o rosto daquele homem”. Não é simbólico, e até mesmo psicanalítico, que seu rosto seja contemplado exatamente no prato?
Alimentar-se da vingança e ódio, é uma forma de se colocar um prato envenenado à mesa.
Isto é morte na panela!!!

Promiscuidade
Este é outro prato que rapazinhos e moças, carregados de paixões mundanas, gostam de servir à mesa. São atitudes de pessoas devoradas por testorena, sem temor a Deus, que decidem viver na promiscuidade, sem qualquer preocupação com a santidade do corpo.
Eventualmente o discurso parece bem intencionado: “eu amo esta pessoa, pretendo me casa com ela, que mal há nisto?” Por este caminho da fornicação andam muitos jovens cristãos que querem se alimentar deste prato. Numa sociedade altamente liberal, que promove a sensualidade, não é raro encontrarmos jovens, eventualmente honestos, que caem nesta armadilha. Não é sem razão que o meu artigo: 14 textos bíblicos sobre sexo antes do casamento” já tenha cerca de 15 mil acessos.
Muitos jovens acreditam que é possível servir a Deus vivendo na promiscuidade, entretanto, a fornicação (sexo antes do casamento), desautoriza a vida espiritual dos jovens. Quem decide viver desta forma não terá comunhão com Deus e torna-se leviano e hipócrita no seu culto, coração dividido na adoração. Não são poucos os jovens de igreja que estão vivendo assim, comendo deste venenoso prato que alimenta e nutre uma vida de pecado e carnalidade.
Certo jovem de São Paulo me contou que começou a namorar uma garota da igreja, que já na primeira noite tentou ter sexo com ele. Como ele ficasse em crise, ela foi direito ao ponto: “Não concebo namoro sem sexo”. Ele assustado disse: “Não consigo entender o namoro promiscuo de duas pessoas que amam a Deus”.
Jovens que comem deste prato, cheio de colocíntidas, passam a nutrir sua alma de ervas venenosas, tornando-se sucateados pelo pecado, sem autoridade espiritual, dificuldade de ter vida devocional regular, envergonhados de Deus, e só conseguirão viver nesta vida dupla se sua consciência for cauterizada pelo pecado.
Este é um prato com veneno na panela.
Tenho acompanhado muitos, lutando com suas memórias promiscuas, fantasiosas e culpadas, vivem periféricos à igreja, um pé no mundo outro no Senhor, tentando equilibrar pratos numa corda bamba, negociando com a carne e o diabo, esquecendo-se da recomendação da Palavra de Deus:
                        “Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação.
Que vos abstenhais da impureza, que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra. Não com o desejo de lascívia, como os descrentes que não conhecem a Deus”.
Quem come deste prato, se alimenta de veneno!
Morte na panela!

Conclusão:

O texto bíblico afirma que os discípulos de Eliseu assentaram-se para comer, ao redor da panela carregada de veneno e morte.

É ao redor de pratos venenosos que morremos.
Não há lugar tão intimo e comunitário quanto a mesa.

O problema é que trazemos conosco esta panela da morte e nos assentamos para dividir, sem muitas vezes nos darmos conta do que está alimentando nossa vida. Pior ainda, não morremos sozinhos. Amigos íntimos e familiares se reúnem para comer conosco e são igualmente envenenados. Eventualmente se transformam, conscientemente ou não, em aliados e cúmplices.

Os discípulos do profeta exclamaram: “Morte na panela, ó homem de Deus! E não puderam comer” (2 Rs 4.40). Felizmente alguém percebeu e gritou, dando o alerta. Livrou outros que alegremente e inocentemente se reuniam ao redor deste destrutivo prato para se banquetear.

Conheci uma pessoa que gostava de afirmar: “Escolha bem o seu manjar de hoje, porque ele é que será servido no seu jantar amanhã”.  A verdade é que não dá para continuar ingerindo toxinas na alma e continuar vivendo. O veneno vai matar. Os discípulos estão com fome, mas não podem comer aquilo que se colocou no prato. O problema não era a falta de forme, mas o risco fatal de ingerir o veneno. Logo surgiriam crises intestinais, náuseas, infecções graves e morte.

Só há uma forma de lidar com estes venenosos pratos que os são oferecidos. Não coma deles!

Se Deus não puder colocar farinha neste prato para tirar o veneno, você estará morto se comê-lo. E em existem pratos nos quais será impossível ver a santidade de Deus presente neles. Se Deus não intervir o resultado será a morte.  Só quando a obra santificadora do Espírito Santo é misturada é que o veneno no prato deixa de existir. O profeta deita farinha e a comida fica saudável. Se Deus não imiscuir neste cenário, você acabará ingerindo doses letais de veneno e morrendo. Este prato vai intoxicar sua alma.

Há muitos se alimentando de toxinas, trazendo graves problemas de saúde para si, rejeitando a comunhão com o Pai, afastando-se da igreja, perdendo autoridade espiritual, afastando-se da santidade, vivendo com a alma intoxicada, morrendo lentamente por causa da morte na panela que tem sido o seu alimento constante.

É bom recordar o ditado popular: “todas as maçãs do diabo são bonitas, mas todas elas tem bicho!”
Esaú, profano e impuro, atendeu suas necessidades imediatas, e mais tarde, quando quis buscar arrependimento para recuperar sua vida com Deus, não encontrou. “Foi rejeitado, pois não achou lugar de arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado” (Hb 12.17). Sua alma entrou num estado de endurecimento, e embora ele até quisesse, não conseguia mais voltar.

Deus precisa tocar imediatamente nas panelas cheias de toxinas que temos ingerido, porque estes venenos estão comendo nossa alma, destruindo nossa caminhada com Deus, nos levando ao inferno.
Hoje é tempo de arrependimento!

Esta é a hora de recebermos um toque de Deus, que nos alerte contra o veneno na comida que ingerimos. Tais pratos podem parecer saborosos, terem forma atraente, mas continuam sendo venenosos e fatais.

Por isto a Palavra de Deus nos exorta: “Vinde, pois, e arrazoemos, porque ainda que vossos pecados estejam vermelho com o carmesim, eles se tornarão brancos com a neve” (Is 1.18). A cruz de Cristo denuncia o pecado, mas oferece a solução para que a vida nos seja restaurada. O Sangue de Jesus, o Filho de Deus, nos purifica de todo pecado.


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