Introdução:
Eliseu
vivia num ambiente de muita escassez. Zona agreste. Secas eram constantes e
fatais, passar necessidade fazia parte da rotina daqueles homens que se
dedicavam a oração. Não tinham provisões e nem estoque e reservas de alimentos
ou financeiras. Vivia-se pouco e com pouco. Para se ter ideia da realidade
daquele povo, a media de Idade da Idade Média chegava a apenas 32 anos.
Certamente naqueles dias de Eliseu não era diferente.
Aqui
vemos um grupo de profetas acompanhando o profeta, num momento de desolação
porque não tinham comida. Eliseu os encoraja a procurarem alguma raiz ou planta
que pudessem comer. Na verdade era uma ordem complicada, mais ou menos como se
eu dissesse ao tesoureiro da igreja que pagasse uma conta sabendo que ele não
tinha os recursos necessários.
Saíram
à procura e acharam uma planta para comer, mas se enganaram trazendo uma planta
similar, parecida, mas que era venenosa. É mais fácil confundir cogumelo
comestível com venenosos; é fácil confundir inhame com taioba. Os rapazes
voltaram animados e fizeram o cozinhado, mas quando um deles começou a comer
logo gritou: “Morte na panela!” Talvez sentisse algum gosto estranho, ou mesmo
tivesse alguma reação alérgica imediata. Os discípulos tinham colhido
colocíntidas, uma planta altamente venenosa.
O
grito os salvou da morte.
Continuaram
com fome mas sobreviveram. Continuaram com suas barrigas vazias e Eliseu pediu
um pouco de farinha, jogando sobre a panela e a comida se tornou saudável. Não
havia mais perigo!
Não
gosto muito de alegorias bíblicas, porque, por não terem regras claras de
hermenêutica, dependendo da imaginação do intérprete ele pode fazer quase tudo
com o texto e se desviar do propósito e intenção das Escrituras Sagradas.
Autores neo pentecostais gostam de textos do Antigo Testamento, e
lamentavelmente muita heresia tem sido introduzida na Bíblia ao se buscar
significados ocultos ou alegóricos do texto, que não queria dizer nada daquilo
que o pregador está dizendo.
Grandes
correntes de interpretação alegórica surgiram na história. O mais famoso
alegorista foi Filo, de Alexandria (não o fi-lo porque qui-lo, da Jânio
Quadros).
Entretanto,
ao ler este texto, imediatamente me veio ao coração um pensamento. Quantas
pessoas estão colocando comidas venenosas nos seus pratos, sem discernimento, e
comendo, para sua própria ruina os manjares venenosos que acreditam ser comida
fina e saudável? Tem sido muito comum trazermos para a mesa, servir o prato,
comidas que julgamos agradáveis e que serão a causa da ruina. Não é isto que
diz a Palavra de Deus: “Há caminhos que
aos homens parecem ser bons, mas no final são caminhos de morte?”
Deixe-me
falar de alguns destes pratos que trazemos à mesa, para nossa ruína:
Adultério
Este
é um prato venenoso que a raça humana gosta de servir e dele se alimentar.
Veja, porém, como Pv 2.1,5 se refere a este manjar maligno: “Porque o Senhor te dá sabedoria... para te livrar da mulher adultera, da
estrangeira, da que lisonjeia com palavras... a sua casa se inclina para a
morte, e as suas veredas, para o reino das sombras da morte; todos os que se
dirigem a essa mulher não voltarão, e não atinarão com as veredas da vida” (Pv
2.6a, 16, 18, 19). “A sua casa
é caminho para a sepultura e desce para as câmaras da morte” (Pv 7.27).
Pode
ser um prato glamoroso, carregado de jogo de sensualidade, olhares lascivos,
sedução, curiosidade, desejo de apreciação, necessidade de afirmação, mas é um
prato carregado de TNT. Por isto Provérbios afirma: “O que adultera com uma mulher está fora de si; só mesmo quem quer
arruinar-se é que prática tal coisa” (Pv 6.32).
Quem
come neste prato, trará morte. Quando o estômago estiver cheio dele, começará a
sentir os efeitos de sua toxina. O envenenamento é questão de tempo.
É um
prato cheio de morte!
Suborno
Pense
em outro atrativo prato, sedutor à vista, aprazível aos olhos, mas fatal para o
organismo e para a alma: A propina e a corrupção.
Ele
atrai fatalmente o cobiçoso, aquele que quer buscar atalhos para a vida,
sucesso rápido. Os ingredientes dele são conhecidos: O mercado não vai bem, o
dinheiro não aparece, as vendas não vão bem, mas as contas, impostos, salários,
despesas, surgem todos os meses. Os fornecedores pressionam, os credores ameaçam
e protestam, ai surge uma proposta atraente. Você sabe que aquilo é errado,
você condena o ato, tem vergonha de contar para seu filho e esposa, mas o prato
é muito atraente. Visualmente bem feito, seu cheiro atrai. Então, você se senta
à mesa e come. Vende a alma, nega a fé, trai suas convicções.
Morte
na panela!!!
Veja
a advertência da Palavra de Deus:
“O que é avido por lucro desonesto transtorna
a sua casa, mas o que odeia o suborno, esse viverá” (Pv 15.27), ou ainda: “suave é ao homem o pao ganho por fraude, mas
depois, a sua boca se enchera de pedrinhas de areia” (Pv 20.17).
A
Bíblia relata a história do impuro e profano Esaú. Ele não resistiu ao atrativo
cheiro de uma panela de sopa de lentilhas. Na verdade não é o prato mais
sedutor do mundo, mas a fome dele era grande. Seu imediatismo, seu impulso, o
leva a trocar sua primogenitura por um repasto de lentilhas.
Assim
acontece com aquele que negocia seus direitos dando-os aos outros, menospreza
os valores, para comer de um prato que está envenenado...
Os
discípulos de Eliseu descobriram a tempo o perigo de se colocar a mesa um prato
atraente, mas envenenado.
Morte
na panela!!!
Vingança
Considere
ainda outro prato carregado de veneno: cheio de ódio, amargura e raiva. Não sem
razão, o dito popular afirma: “vingança é um prato que se come frio”.
Muitas
pessoas estão se alimentando do ódio, da ira sepultada. Este prato, quando
desce para as entranhas e se torna algo visceral, destrói a alegria, o prazer e
a benção de Deus na vida. É o prato da vingança colocado à mesa.
Certa
vez aconselhei um senhor, que consumindo de raiva, assassinou seu desafeto.
Agora, anos depois, desabafava: “Ainda hoje, quando pego um prato de comida pra
me alimentar, todos os dias, vejo o rosto daquele homem”. Não é simbólico, e
até mesmo psicanalítico, que seu rosto seja contemplado exatamente no prato?
Alimentar-se
da vingança e ódio, é uma forma de se colocar um prato envenenado à mesa.
Isto
é morte na panela!!!
Promiscuidade
Este
é outro prato que rapazinhos e moças, carregados de paixões mundanas, gostam de
servir à mesa. São atitudes de pessoas devoradas por testorena, sem temor a
Deus, que decidem viver na promiscuidade, sem qualquer preocupação com a
santidade do corpo.
Eventualmente
o discurso parece bem intencionado: “eu amo esta pessoa, pretendo me casa com
ela, que mal há nisto?” Por este caminho da fornicação andam muitos jovens
cristãos que querem se alimentar deste prato. Numa sociedade altamente liberal,
que promove a sensualidade, não é raro encontrarmos jovens, eventualmente
honestos, que caem nesta armadilha. Não é sem razão que o meu artigo: 14 textos
bíblicos sobre sexo antes do casamento” já tenha cerca de 15 mil acessos.
Muitos
jovens acreditam que é possível servir a Deus vivendo na promiscuidade,
entretanto, a fornicação (sexo antes do casamento), desautoriza a vida
espiritual dos jovens. Quem decide viver desta forma não terá comunhão com Deus
e torna-se leviano e hipócrita no seu culto, coração dividido na adoração. Não
são poucos os jovens de igreja que estão vivendo assim, comendo deste venenoso
prato que alimenta e nutre uma vida de pecado e carnalidade.
Certo
jovem de São Paulo me contou que começou a namorar uma garota da igreja, que já
na primeira noite tentou ter sexo com ele. Como ele ficasse em crise, ela foi
direito ao ponto: “Não concebo namoro sem sexo”. Ele assustado disse: “Não
consigo entender o namoro promiscuo de duas pessoas que amam a Deus”.
Jovens
que comem deste prato, cheio de colocíntidas, passam a nutrir sua alma de ervas
venenosas, tornando-se sucateados pelo pecado, sem autoridade espiritual,
dificuldade de ter vida devocional regular, envergonhados de Deus, e só
conseguirão viver nesta vida dupla se sua consciência for cauterizada pelo
pecado.
Este
é um prato com veneno na panela.
Tenho
acompanhado muitos, lutando com suas memórias promiscuas, fantasiosas e
culpadas, vivem periféricos à igreja, um pé no mundo outro no Senhor, tentando
equilibrar pratos numa corda bamba, negociando com a carne e o diabo,
esquecendo-se da recomendação da Palavra de Deus:
“Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação.
Que vos abstenhais da
impureza, que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e
honra. Não com o desejo de lascívia, como os descrentes que não conhecem a Deus”.
Quem
come deste prato, se alimenta de veneno!
Morte
na panela!
Conclusão:
O
texto bíblico afirma que os discípulos de Eliseu assentaram-se para comer, ao
redor da panela carregada de veneno e morte.
É ao
redor de pratos venenosos que morremos.
Não
há lugar tão intimo e comunitário quanto a mesa.
O
problema é que trazemos conosco esta panela da morte e nos assentamos para
dividir, sem muitas vezes nos darmos conta do que está alimentando nossa vida.
Pior ainda, não morremos sozinhos. Amigos íntimos e familiares se reúnem para
comer conosco e são igualmente envenenados. Eventualmente se transformam,
conscientemente ou não, em aliados e cúmplices.
Os
discípulos do profeta exclamaram: “Morte
na panela, ó homem de Deus! E não puderam comer” (2 Rs 4.40). Felizmente
alguém percebeu e gritou, dando o alerta. Livrou outros que alegremente e
inocentemente se reuniam ao redor deste destrutivo prato para se banquetear.
Conheci
uma pessoa que gostava de afirmar: “Escolha bem o seu manjar de hoje, porque
ele é que será servido no seu jantar amanhã”. A verdade é que não dá para continuar
ingerindo toxinas na alma e continuar vivendo. O veneno vai matar. Os
discípulos estão com fome, mas não podem comer aquilo que se colocou no prato.
O problema não era a falta de forme, mas o risco fatal de ingerir o veneno.
Logo surgiriam crises intestinais, náuseas, infecções graves e morte.
Só
há uma forma de lidar com estes venenosos pratos que os são oferecidos. Não
coma deles!
Se
Deus não puder colocar farinha neste prato para tirar o veneno, você estará
morto se comê-lo. E em existem pratos nos quais será impossível ver a santidade
de Deus presente neles. Se Deus não intervir o resultado será a morte. Só quando a obra santificadora do Espírito
Santo é misturada é que o veneno no prato deixa de existir. O profeta deita
farinha e a comida fica saudável. Se Deus não imiscuir neste cenário, você
acabará ingerindo doses letais de veneno e morrendo. Este prato vai intoxicar
sua alma.
Há
muitos se alimentando de toxinas, trazendo graves problemas de saúde para si,
rejeitando a comunhão com o Pai, afastando-se da igreja, perdendo autoridade
espiritual, afastando-se da santidade, vivendo com a alma intoxicada, morrendo
lentamente por causa da morte na panela que tem sido o seu alimento constante.
É
bom recordar o ditado popular: “todas as maçãs do diabo são bonitas, mas todas
elas tem bicho!”
Esaú,
profano e impuro, atendeu suas necessidades imediatas, e mais tarde, quando
quis buscar arrependimento para recuperar sua vida com Deus, não encontrou. “Foi rejeitado, pois não achou lugar de
arrependimento, embora, com lágrimas, o tivesse buscado” (Hb 12.17). Sua
alma entrou num estado de endurecimento, e embora ele até quisesse, não
conseguia mais voltar.
Deus
precisa tocar imediatamente nas panelas cheias de toxinas que temos ingerido,
porque estes venenos estão comendo nossa alma, destruindo nossa caminhada com
Deus, nos levando ao inferno.
Hoje
é tempo de arrependimento!
Esta
é a hora de recebermos um toque de Deus, que nos alerte contra o veneno na
comida que ingerimos. Tais pratos podem parecer saborosos, terem forma
atraente, mas continuam sendo venenosos e fatais.
Por
isto a Palavra de Deus nos exorta: “Vinde,
pois, e arrazoemos, porque ainda que vossos pecados estejam vermelho com o
carmesim, eles se tornarão brancos com a neve” (Is 1.18). A cruz de Cristo
denuncia o pecado, mas oferece a solução para que a vida nos seja restaurada. O
Sangue de Jesus, o Filho de Deus, nos purifica de todo pecado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário