Introdução:
Esta
oração começa no vs 15 possui uma unidade textual. Ironicamente a chamei de
“uma estranha oração”, não porque seu conteúdo fosse herético ou antibíblico,
mas porque, lamentavelmente, nossas orações nunca transitam por este caminho,
como comentamos anteriormente.
O
apostolo Paulo está orando pela igreja, para que os irmãos recebam espirito de
sabedoria e revelação e tenham olhos iluminados, com coração encharcado de
esperança da vocação, e para saberem qual é a suprema grandeza do poder de
Deus.
O
que existe de tão especial neste poder de Deus que precisamos conhecer?
Primeiro,
Este poder de Deus foi disponibilizado ao
seu povo – “para com os que cremos”
. Não é um poder cósmico, nem uma energia impessoal ao alcance de todos, mas
daqueles que creem no nome de Cristo.
Nem
sempre somos capazes de discernir este poder de Deus em nossa vida. Temos
tendência ao desânimo, depressão e derrota. Não raras vezes nos sentimos órfãos
e impotentes, temos a tendência a pensar que a vida faz galhofa e nos sentimos
derrotados pelas circunstâncias, humilhados pelo diabo, vitimados e sucumbidos
pelas tentações. Parece que as promessas
bíblicas estão longe de serem verdade e se tornam tão distantes de nossa
pobre realidade espiritual. Ricos de fato, mas vivendo na realidade, como
mendigos.
Talvez
por conhecer a realidade daqueles irmãos, vendo a forma como interpretavam a
vida, mesmo sendo filhos amados de Deus, é que Paulo ora para que conheçam o
poder de Deus.
Este
era um desejo latente na alma de Paulo. Ele afirma que quando conheceu a Jesus,
nada mais quis saber senão a Cristo, e por isto desprezou toda lista de
conquistas morais e espirituais, para se apresentar diante de Deus apenas com a
suficiente justiça de Cristo. Ele afirma ainda que queria “conhecer a Cristo e
o poder de sua ressurreição”(Fp 3.10). Ele sabia que aquele poder que
ressuscitou a Cristo dentre os mortos era algo inigualável, e queria
experimentar isto no seu viver diário.
Você
já sentiu assim?
Fraco,
desanimado, desesperançado? Não parece que o Evangelho tem pouco efeito na sua
história cotidiana? Que não é capaz de lhe dar uma vida vitoriosa? Por isto
Paulo ora, para que este poder disponível aos que creem seja a referencia na
alma dos crentes de Éfeso. Acho que precisamos orar para conhecer também a
grandeza deste poder. Este poder está disponível para a igreja de Cristo.
Segundo,
Este poder é eficaz – “segundo a eficácia do seu poder”. Eficácia
tem a ver com resultados. Dizemos que um remédio é eficaz contra determinada
enfermidade, quando ele é capaz de lutar contra ela e vencê-la. O que
aprendemos aqui é que o poder de Jesus não é placebo, nem remédio com matéria
prima e ingredientes feitos no fundo de um quintal num remoto estado do Paraguai.
O poder de Deus é eficaz. Ele age de forma efetiva na vida do pecador. Ele
realmente funciona.
Quando
aplicado na vida faz diferença, traz cura, restauração, refrigera a alma, traz
graça e salvação.
Um
dos grandes problemas da fé é a
dificuldade de confiar sem reservas.
Quando
Jesus se aproxima de Dídimo, o discípulo duvidoso, ele ouviu a afirmação: Não
temas, crê somente. Um compositor brasileiro, compôs uma musica sobre Tomé
dizendo o seguinte: “O que fazer, se o coração não consegue mais crer, o que
sabe ser verdade?”
O
que pode acontecer conosco, quando temos acesso a este tão grande poder, mas
vivemos vida de fracasso espiritual, nem forças para lutar contra o diabo e o
mal, contra as tentações e inclinações da carne?
Terceiro,
Este poder se manifestou de forma singular
na ressurreição.
O
Filme “ressurreição”, fala deste tema central da fé cristã, fazendo uma análise
não a partir dos discípulos, e sim de um soldado romano descrente que foi
destacado para acompanhar o estranho desaparecimento do corpo de um místico
chamado Jesus de Nazaré, e que os discípulos, alegavam ter ressuscitado. Entre
o ceticismo e ironia, este soldado, acostumado a matar em nome da lei, se vê
agora diante de um grupo estranho e de um caso que foge inteiramente de seu
controle.
É
deste poder maravilhoso, que levantou Jesus dentre os mortos que Paulo se
refere no texto. Este maravilhoso poder que o tirou do túmulo é que opera agora na vida do povo de Deus.
Ray
Stedman, relata a experiência de um membro de sua igreja que fora oficial de
alta patente do governo americano, e designado para analisar o impacto de
bombas atômicas em remotas áreas. Um dia, ao dar seu testemunho a um grupo de
pessoas, ele afirmou que num teste que fizeram, viram uma pequena ilha
simplesmente desaparecer do mapa, mas quando ele conheceu a Jesus, e foi
alcançado pela sua graça imediatamente entendeu que estava diante de um poder
ainda maior do que uma bomba. Este poder o livrara das trevas, e da condenação
eterna, perdoando seus pecados e restaurando sua vida e sua família.
Quarto,
Este poder colocou Jesus acima de todos
poderes visíveis e invisíveis – (Ef 1.21). Jesus governa todas as coisas,
embora ainda não vejamos todas as coisas a ele sujeitas (Hb 2.8). Todos os
poderes espirituais e históricos estão sob seu domínio. “Todas
as coisas estão debaixo de seus pés e nada deixou fora de seu domínio” (Hb
2.8).
“Acima de todo principado, e potestade, e poder, e domínio,
e de todo nome que se possa referir, não só no presente século,
mas também no vindouro” (Ef 1.21).
Este
é o poder pelo qual Paulo ora a Deus para que a igreja o conhecesse.
Infelizmente
não conhecemos ou experimentamos deste poder. Pode ser que sequer creiamos
nele. As verdades do Evangelho parecem utópicas ou contos da carochinha, nada
além de ideias e conceitos românticos.
No
entanto, a Bíblia afirma que, pela eficácia deste maravilhoso poder todas as
coisas foram colocadas debaixo de seus pes (Ef 1.23). o domínio perceptível de
Cristo se dará quando Cristo “entregar o
reino ao Deus e pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda
potestade e poder” (1 Co 15.24). É só uma questão de tempo... o processo já
iniciou-se na ressurreição.
Quinto,
Este poder é mediado pela igreja – “E, para ser o cabeça sobre todas as coisas,
o deu à igreja, a qual é o seu corpo, a plenitude daquele que a tudo enche em
todas as coisas” (Ef 1.22).
O
que este texto afirma é algo surpreendente e intrigante: para que a obra do
domínio de Cristo se complete sobre o universo, Deus escolheu usar a igreja de
forma instrumentalizada. A preposição “para”,
é fundamental para a compreensão desta verdade. O propósito de Deus é fazer
Cristo o cabeça sobre todas as coisas, e, a fim de atingir seus propósitos,
decidiu usar o seu povo redimido.
É
importante considerar o papel da igreja na história. Ela é essencial para que,
a soberania de Cristo se estabeleça de forma conclusiva e final sobre todas as
coisas. A igreja é o seu corpo. O cabeça é Cristo, de onde emana toda ordem. O
corpo só executa o que o Sistema Nervoso Central ordena. Os membros não se
movimentam sem que a ordem venha do cérebro.
A
igreja é o corpo de Cristo. Quando Deus precisa de membros, mãos, olhos,
ouvidos, pés, coração, o que ele tem para seu plano é a igreja. Deus poderia
ter feito isto sem nós, mas optou em nos usar para a promoção do seu reino e o
engrandecimento do nome de Cristo. Por isto levamos seu nome, somos seus braços
e pernas, servimos em seu nome, e existimos para ele mesmo.
Conclusão
Para
ora para que a igreja de Éfeso conheça este maravilhoso e surpreendente poder
de Deus.
Aquela
igreja estava debaixo de perseguição e oposição politica e satânica.
Provavelmente os irmãos sofriam humilhação e vergonha, eram acusados e perseguidos,
mas Paulo ora para que esta igreja pudesse conhecer a natureza do poder com que
estavam lidando. O mesmo poder que operara em Cristo, trazendo-o da morte e
dando-lhe lugar de glória nas esferas celestiais, agia sobre a igreja. Aquele
povo precisava conhecer isto e experimentar a eficácia de tal poder.
Conta-se
que numa pequena cidade do interior da Índia, um mendigo ia todos os dias,
assentava-se numa pedra em frente à Prefeitura local e pedia algum dinheiro
para sua sobrevivência. Viveu assim, mendigando, por muitos anos. Um dia, a
prefeitura da cidade precisava-se fazer novas construções, e aquele lugar
cativo do mendigo foi removido. Para espanto da empreiteira, havia um grande
tesouro enterrado debaixo daquela pedra.
Aquele
mendigo viveu de migalhas, assentado sobre grande riqueza.
Tinha
enormes possibilidades, mas não tinha conhecimento delas.
Era
rico, mas vivia como pobre. Podia ter sua auto suficiência e viver
nababescamente, mas viveu toda sua vida dependendo dos outros, assentado sobre um
grande tesouro.
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