sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

At 3.1-10 Não tenho ouro nem prata




Introdução

Curas físicas aparecem frequentemente no livro de Atos. Ao todo 14 vezes em 12 dos 28 capítulos. O capítulo 3 é o primeiro deles. Alguns estudiosos afirmam que se você entende o significado deste milagre, você entenderá todos os demais, pois ele como Deus se sente diante da dor e mostra como a igreja é chamada para demonstrar os sinais de Deus diante da dor.
Podemos fazer inicialmente três observações sobre este texto.

Primeiro, os discípulos aida continuavam se reunindo no templo.
Eles eram judeus e a ideia da presença de Deus naquele lugar era forte em suas mentes. Na carta aos Hebreus, vemos como o conceito de um lugar sagrado foi desfeito no Novo Testamento. O templo de Deus, lugar de sua habitação, não é mais uma construção feita de pedras e concreto, mas o nosso corpo, onde Deus passa a habitar através de seu Espírito Santo (1 Co 3.16).
Eles foram ao templo na hora nona, três horas da tarde. Havia certo simbolismo presente na mente dos discipuos, já que nesta hora, Jesus morreu na cruz, afirmando: “Tudo está consumado! Nas tuas mãos entrego o meu espírito”.  

Segunda observação. Durante seu ministério terreno, Jesus nunca encontrou este homem antes?

O texto sugere que ele era trazido ao templo já por longo tempo, isto nos leva a crer que Jesus o havia encontrado. Então, por que ele não o curou? A verdade é que Deus tem o tempo certo para seus sábios propósitos. Às vezes nos desesperamos com a demora de Deus, e queremos respostas imediatas, soluções rápidas, mas Ele tem o seu tempo e age de acordo com sua agenda.

Terceira, Pedro e João lhe dizem: “Olha para nós!” Desta maneita despertam naquele homem um senso de expectativa.
Um dos problemas da igreja atual é não ter uma santa expectativa das coisas de Deus. Proecisamos dizer a muitos que já estão acostumados com o Evangelho: “Olhe para Jesus!”, desejando que sua mensagem seja em nós atualizada e algo de novo aconteça em nossa história.
Pedro e João dizem: “Não temos ouro nem prata!”, desta forma colocam a expectativa em outro nível, e de repente, algo fantástico acontece. “O paralitico se colocou em pé” (At 3.7), gerando forte reação no povo que conhecia aquele homem (At 3.9-10).

Ilustração:

Santo Thomas de Aquino é considerado pela Igreja Católica, o seu grande teólogo. Quando ele estudava no mosteiro, era extremamente aplicado e calado, a ponto de seus colegas o chamarem de “boi mudo!”. Um dia seus colegas resolveram lhe pregar uma peça, e do lado de fora de sua janela, começaram a gritar: “Olha um boi voando!”, e Thomas de Aquino saiu de sua cela e ficou olhando com cara de bobo para o céu, enquanto seus colegas zombavam dele. Um deles então falou: “Você já viu um boi voar?”, e ele respondeu: “é mais fácil um boi voar que um servo de Deus mentir”, e voltou para o seu quarto para continuar seus estudos.
Ele se tornou o grande e respeitado teólogo, a ponto do Papa Inocêncio IV convidá-lo para Roma, para poder conversar. Certo dia, mostrando as riquezas do Vaticano, o Papa lhe disse: “Veja Aquino, não precisamos mais dizer como Pedro.”Não temos ouro nem prata, porque a igreja é rica!”, e Aquino, serenamente respondeu: “é, em contrapartida não podemos mais dizer como eles: levanta, toma o teu leito e anda!”

O milagre de Atos 3, gerou fortes reações naqueles que o presenciaram: Não tiveram dúvidas de que aquilo era obra de Deus. Sabemos que a igreja não é chamada para resolver o problema material do mundo, apesar de reconhecermos que não há nada de errado em sermos generosos, mas sua tarefa primordial não é esta. Sua função precípua é anunciar a obra de Cristo na cruz. Quando o povo entendeu que o nome de Jesus era algo poderoso, tornou-se pronto para reconhecer a autoridade do evangelho.
Assim geralmente, é a dinâmica da pregação. Deus faz algo sobrenatural, que somente ele pode fazer, e então o homem se predispõe a ouvir a explanação e a pregação, e assim, ocorre a obra da salvação. O testemunho eficaz não começa com explanação, mas com demonstração de poder.
“A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus” (At 2.4-5).

Tim Keller afirma que este milagre aponta para quatro direções:

1.     Upward – PARA CIMA. Através dele o ministério de Jesus é autenticado diante do povo. “Pela fé em o nome de Jesus, é que esse mesmo nome fortaleceu a este homem que agora vedes e reconheceis; sim, a fé que vem por meio de Jesus deu a este saúde perfeita na presença de todos vós” (At 3.16). Este milagre aponta para a singularidade de Cristo.

Logo após o milagre, as pessoas maravilhadas queriam entender o que estava acontecendo, e Pedro lhes diz: “Israelitas, por que vos maravilhais disto ou porque fitais os olhos em nós como se pelo nosso próprio poder ou piedade o tivéssemos feito andar? O Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó, o Deus de nossos pais, glorificou a seu servo Jesus” (At 3.12,13).

As expressões “pelo seu nome”, “pela fé em seu nome” demonstram que este milagre se tornou a validação de Deus ao ministério apostólico. Por meio dele Deus coloca sua assinatura que não poderia ser desprezada. Muitos pensam não ser possível academicamente afirmar que um milagre possa explicar um fenômeno científico, naturalmente precisamos ter cuidado com o pensamento mágico, mas ao mesmo tempo devemos considerar que existem fatos na história tão extraordinários que se tratam de eventos sobrenaturais e divinos, como a ressurreição de Jesus.
Apesar de tudo isto, você pode pensar: “Bem, eu vivo no Século XXI e não posso crer em milagres, mas, se você crê em um Deus, infalivelmente crerá em milagres e um dos milagres mais fantásticos é a criação do mundo, com todos seus sistemas e galáxias em absoluta harmonia.  O Deus que criou as leis do universo tem também o poder para intervir nestas leis. É isto que Pedro tenta demonstrar aos judeus: ““Israelitas, por que vos maravilhais disto?” Se cremos em um Deus vivo e poderoso, milagres não deveriam ser difíceis de aceitar.
Pedro então pergunta: Vocês estão ouvindo o Messias que já foi designado entre nós, Jesus? Este é o profeta anunciado por Moisés (Dt 18.15, At 3.22). Ele aponta para o fato de que Moisés, inspirado por Deus, já falava de outro profeta grandioso que Deus levantaria no meio de Israel, e a quem todos deveriam ouvir.

2.     Forward – PARA FRENTE. Keller afirma ainda que este milagre aponta para coisas ainda maiores e sublimes: A futura restauração que se dará através de Cristo. “Ao qual é necessário que o ceu receba até aos tempos da restauração de todas as coisas, de que Deus falou por boca dos seus santos profetas desde a antiguidade” (At 3.21).

A cura deste coxo não era algo insiginificante nahistória, mas era parte do cumprimento profético, como afirmou o profeta Isaias: “Os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mundos cantará” (Is 35.6). Este milagre é um sinal da presença de Deus. Deus não curaria todos, mas a cura deste homem revelava Deus no meio do seu povo.
Nos dias de Jesus e dos apóstolos haviam muitos paralíticos em Israel, mas apenas este foi curado, para servir de sinal. Os milagres de Jesus não eram apenas um show de magia ou mera demonstração de poder, todos seus milagres apontavam para um propósito redentivo maior. Ele curou leprosos, cegos, parou a tempestade, ressuscitou mortos, e todos estes sinais eram manifestações de Deus através de Cristo.
Milagres revelam também que Deus não está feliz com este mundo repleto de doenças, cegueira, paralisia e morte. Tais mazelas não fazem parte do projeto original da criação de deus, mas são consequência da queda e do pecado do homem e mostram como estas coisas impactaram a ordem da natureza.

Milagres apontam para o mundo perfeito, “... até aos tempos da restauração de todas as coisas, de que Deus falou...” Milagres apontam para o retorno da criação ao seu projeto inicial, criado por Deus para perfeição. Para aqueles que sofrem, esta é a grande esperança. A dor é temporária, ela vai acabar. A morte vai ter fim.

Joni Aereckson Tada, ficou paralítica na adolescencia, num acidente na piscina de casa. Apesar de sua situação trágica, ela tem uma grande fé em Cristo. Veja o que ela afirma em um de seus escritos: “No dia do Senhor, quando estiver participando da grande ceia, a primeira coisa que farei será me ajoelhar com meu joelho restaurado, ficar de pé diante del Deus, e dancar na sua presença, com toda a minha força!”

Você tem esperança deste dia da restauração plena de todas as coisas em Cristo? Quando não haverá nem lágrima, nem pranto?
Pedro exorta seus ouvintes a terem esta esperança na restauração futura. “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados” (At 3.19). Em Jerusalém haviam muitos coxos, Pedro curou apenas um, como sinal da plena restauração que viria no futuro.

3.     INWARD – Para dentro. Este milagre aponta ainda para a necessidade espiritual de salvação de nossas almas. “Pedro, porém, lhe disse: Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isto te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (At 3.6).

A fragilidade e a limitação física, apontam para nossa condição espiritual. Alguns são fisicamente cegos, mas Efésios afirma que todos éramos espiritualmente cegos. A doença física é paradigmática de nossa alma enferma. Milagres exemplificam a mensagem da salvação, que Jesus pode trazer para nossa alma.

O paralitico pede dinheiro, Pedro diz: “Não tenho ouro nem prata”. Em outras palavras. O que você quer de mim é bom, mas tenho algo muito melhor e mais profundo, ao invés de dinheiro, receba a cura! Posteriormente, conforme sugere Atos 4, este homem se torna um discípulo de Cristo (At 4.14). Apesar de seu terrível sofrimento físico, existe algo pior: a paralisia espiritual causada pelo pecado.
A cura física é maravilhosa, mas existe algo ainda maior: a salvação eterna de nossa alma. A salvação e a restauração final de todas as coisas não são infinitamente maiores que um milagre temporário?

Provavelmente aquele paralitico, ao ver uma pessoa caminhando ou uma criança brincando poderia pensar que se tivesse condições de andar ele seria plenamente feliz. Não é verdade? Assim também costumamos pensar, apesar da capacidade de andar ainda somos pessoas infelizes. Portanto, andar não é sinôonimo de felicidade!

Todos pensamos que existem determiinadas coisas que podem nos fazer felizes, mas muitos que possuem estas coisas, não necessariamente estão satisfeitas. Nós precisamos mais do que cura física, alguma coisa mais que dinheiro, algo maior que conquistas ou relacionamentos para nos dar sentido. Nós precisamos da restauração interior que apenas Deus pode dar.

Na verdade a cura física sem cura da alma eventualmente pode ser perigoso. O diabo é capaz de aliviar nosso sofrimento momentâneo em troca de nossa alma e sofrimento eterno. A grande cura é o perdão do pecados, a grande benção é a intimidade e amizade com Deus, e uma herança incorruptível que jamais nos será tirada. Nada pode ser pior que viver eternamente separado de Deus, e não existe benção maior que a salvação eterna dada por Cristo.

4.     DOWNWARD – Para baixo. “Falavam eles ainda ao povo, quando sobrevieram os sacerdotes, o capitão do templo e dos saduceus, ressentidos por ensinarem eles o povo e anunciarem, em Jesus, a ressurreição dentre os mortos” (At 4.1-4).

Esta é a mais surpreendente direção que este milagre aponta e que atinge aqueles que estão envolvidos na missão de anunciar Jesus. O que você esperava que acontecesse logo depois de um milagre tão grande? Que recompensa vocês acham que eles tiveram? Algum louvor público? Reconhecimento dos líderes políticos? Respeito do povo judeu? Entrevista com a revista Veja, uma reportagem na Globo? Ser indicando como “homem do ano” no Time Magazine? Na verdade, os milagres de Atos sempre ao invés de promove-los, causou-lhes “problemas” como oposição e perseguição. Como isto é diferente dos heróis. Quando Deus concede o seu poder ao seu povo, curiosamente ele se torna vulnerável.

O mesmo aconteceu com Jesus depois da ressurreição de Lázaro. “Daquele dia em dia diante, eles decidiram matá-lo”. Quando Jesus curou a mulher hemorrágica, ele afirma que “de mim saiu poder”. Sabe o que isto significa? Substituição. Alguém voluntariamente sofre para que outro viva. Jesus entregou sua vida para que pudéssemos ser salvos.

Este paralítico voltou a andar, enquanto Pedro e João foram para a cadeia. Sempre ouço testemunho de pessoas que em obediência trouxeram seus dízimos e ofertas e Deus multiplicou seus recursos. Certamente isto é uma benção! Mas isto pode nos dar a impressão de que, obediência a Deus, sempre trará mais riqueza e conforto, mas não podemos nos esquecer que Deus nos convida para a cruz. Muitas vezes, doar nossa vida e bens, redunda em oposição e problemas.

Em 2012, José Dilson, missionário presbiteriano (APMT), que desenvolve um projeto de rua com os “Talibes” no Senegal, filhos renegados pelos pais, foi preso por perseguição religiosa. Ele foi detido com a missionária Zeneide que ajuda o trabalho do orfanato. O pai de um garoto que já estava há vários anos nas ruas, com raiva e enciumado porque seu filho estava sendo amparado e que agora não queria mais segui-lo em suas atividades religiosas, levantou acusações contra o Projeto Obadias e os dois missionários foram encaminhados para outra cidade para serem ouvidos, e passaram três meses presos, numa cela com malfeitores, sem luz, nem água, sem uma cadeia para assentar, sem nenhum pertence pessoal, numa cela imunda. Sem serem ouvidos, sem direito de defesa, simplesmente os prenderam sem direito a coisa alguma, nem mesmo a um colchão para dormir. Com muita insistência e oração, Deus tocou no coração do comandante que permitiu que tivessem ao menos um colchão.

Assim acontece no texto.
Depois que o paralítico foi curado, Pedro e João foram para a prisão.  

Deus nos chamou para a cruz, para o martírio. Isto não deveria nos surpreender. Para que o mundo seja tocado, quanto sofrimento e privação a igreja de Cristo tem passado? Às vezes perdoando... Quanto sacrifício de tempo e de dinheiro a igreja dispende para trazer cura, alívio e graça a um mundo que precisa de restauração e que jamais receberá qualquer recompensa humana por cuidar e amar. Nem sempre é fácil! Mas o sofrimento da igreja muitas vezes é o caminho de Deus para trazer pessoas perdidas a ele.

Muitos se sentem desencorajados. Por que Senhor? Fiz alguma coisa errada? E Deus responde: Não! Você não está sofrendo por causa de pecado, mas por causa da minha glória. O sofrimento que a igreja experimenta não é algo punitivo, mas serve para cumprir o propósito de Deus na história.
Isto é o que este milagre nos ensina, agora, deixe-me tentar responder algumas perguntas sobre cura. Temos muitas perguntas sobre o assunto:

A.   Deus ainda cura hoje? Sim. Não há nada na Bíblia que indique que Deus interrompeu isto. Isto significa que devemos crer em tudo que nos falam sobre milagres atuais? Não. Apesar de crer na contemporaneidade dos dons e na operação atual de Deus na história e na vida das pessoas, isto não significa que devemos crer em tudo que nos contam.

B.    Por que Deus cura? Bem, a cura é sempre um ato de sua misericórdia e graça. Ele faz isto para cumprir seus propósitos na humanidade. “Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que nele se manifestasse a glória de Deus”. Logo após Jesus ensinar isto aos discípulos, ele curou um cego de nascença. Ele cura também para que sirva de sinal para vinda do Reino de Deus, como testemunho aos não cristãos, para motivar-nos à adoração. Diferentes curas acontecem por diferentes razões.

C.    Uma cura como a deste paralitico deveria gerar em nós alguma expectativa? Sim! “Existe alguma coisa demasiadamente difícil para Deus?” Creio que um dos grandes problemas da igreja de hoje é orar sem expectativa de que Deus possa operar  milagre. Se Deus quiser, ele pode. Por outro lado, devemos lembrar que homens adoecem e Deus, por alguma razão, não lhes cura “Quanto a Trófimo, deixei-o doente em Mileto” (2 Tm 4.20). Paulo orou por cura de uma doença que o atormentava e Deus não lhe curou. “Por causa disto, três vezespedi ao Senhor que o afastasse de mim. Então, ele me disse: A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12.8,9a).. Precisamos considerar que curas e milagres não são normativas e regulares. Deus ainda faz, mas ele dispensa tais favores a seu tempo e seu propósito.

D.   Por causa da obra sobrenatural de Deus deveríamos parar de procurar médicos e apenas orar? Nunca! Certa vez um novo convertido radical me disse: “Nós decidimos que vamos ter tantos filhos quantos Deus nos quiser dar, não vamos tomar remédio, vamos seguir o curso natural de Deus”. E eu respondi: “Voces também não vão tomar remédio quando adoecerem? Vão deixar o curso natural conduzir a vida de vocês?”. Ele parou reflexivo e me disse: “Ihhh, me pegou!”. Lucas, que escreveu o Evangelho de Lucas e o livro de Atos era um médico e depois de convertido não abandonou sua profissão, ainda que orasse por enfermos.

E.    Todos que orarem com fé receberáo cura? Sim e não! Paulo orou com fé e Deus lhe respondeu negativamente. Deus tem maiores propósitos na terra que curar a enfermidade física. Muitas vezes ele usa o sofrimento para abençoar e trazer outros a ele. Deus é glorificado quando cura pessoas, outras vezes ele é glorificado até mesmo na morte, ainda que não entendamos todo o mistério envolvido nestes dolorosos processos. 

Ainda assim devemos refletir que a igreja deveria ser um lugar onde pessoas enfermas e quebradas pudessem encontrar restauração e cura: aconselhamento, trabalho, suporte, cestas, refúgio, auxilio na educação de filhos, reabilitação, Cuidados médicos. N. T. Wright afirma que “evangelismo floresce bem quando a igreja, (ao mesmo tempo em que proclama a mensagem), envolve-se em obras de misericórdia, apontando para o amor e a justiça de Deus e manifestando a glória da criação e da criação que ainda será revelada”.

Nossa igreja local tem se envolvido em muitos projetos sociais: Day c
Camp, Kid’s club, Albergue Presbiteriano, Escola Dayse Fanstone e Escola Bom Samaritano, Projeto Resgate, construção de casa para pessoas de baixa renda, cestas básicas, alimento para o albergue. Você pode participar e se envolver em qualquer um destes projetos. Há muita coisa a ser feita, basta desejar servir.

Conclusão:
Gostaria de concluir esta mensagem afirmando que o centro deste texto, sua mensagem central é “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos para serem cancelados os vossos pecados” (At 3.19).
Você pode ter ideias equivocadas acerca de Jesus, talvez não tenha prestado atenção, pensando que mais tarde vai assumir seu compromisso com Cristo. A verdade, porem, é que sem Jesus, você está perdido. Você pode até receber benção, e mesmo ser curado fisicamente, mas o projeto de Deus para sua vida vai muito além de uma restauração temporária.
Conforme lemos em At 4.14, verificamos que este homem se tornou um seguidor de cristo: “Vendo com eles o homem que fora curado, nada tinham que dizer em contrário”. Aquele homem foi curado de uma deficiência física, mas ele recebeu a maior cura de sua vida, caminhando como discípulo de Cristo, ao lado do povo de Deus, assumindo um compromisso público com Cristo.
Arrependa-se, portanto.
Mude seu coração em direção a Cristo.
Pare de resistir ao seu chamado.
Hoje é tempo de cura.

Hoje é dia de salvação.

Observação: Boa parte das notas deste sermão foram inspiradas e retiradas de um sermão sobre este assunto, do Dr. Tim Keller, conforme citação no texto.

Se voce quiser ler mais sermoes como este, e seguir a exposição de Atos que iniciamos na igreja, acesse o blog: revsamuca.blogspot.com.br, e dirija-se a seção SERMOES. 
DEUS O ABENCOE!

segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

At 2.42-47 O Efeito do Pentecostes

          
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Introdução

A grande benção do Pentecostes se reflete na forma com as pessoas passam a viver. O texto lido demonstra o que acontece com a Igreja, depois da ação do Espírito sobre ela. As marcas distintivas desta igreja se tornam evidentes:

  1. Perseverança na doutrina dos apóstolosE perseveravam na doutrina dos apóstolos” (At 2.42) (didake ton apostolon).

A Igreja primitiva se apegou às doutrinas. Isto contraria o pensamento moderno de que cada um tem o direito de pensar e fazer como pensa.

Conheço muitas pessoas mesmo dentro da igreja avessas à doutrinas. A geração atual é avessa a dogmas, a afirmações estabelecidas, mas a primeira marca que é destacada na vida da igreja é a doutrina apostólica. O que os apóstolos ensinavam era recebido  com autoridade porque haviam recebido tal autoridade através de Cristo.
Não há doutrina bíblica se não procede dos apóstolo. Paulo chega a afirmar: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além da que vos tenho pregado, seja anátema” (Gl 1.8). Os crentes primitivos não eram "livres" para pregar e crer no que quisessem. Eles deveriam aprender e ensinar Debruçavam  o que os apóstolos ensinavam só assim a mensagem seria preservada sem desvios. A BJ diz na sua nota de rodapé, que se tratava das "instruções para os neoconvertidos, à luz dos fatos acontecido entre eles".
A  Igreja  de Jerusalém era uma igreja centrada no ensino daqueles homens que haviam aprendido diretamente de Cristo. Isto seria algo fundamental na fé cristã alguns anos depois, quando diversos escritos apócrifos giravam na comunidade primitiva. Os líderes decidiram estabelecer o canon bíblico, que são os 39 livros do Antigo e os 27 do Novo Testamento, e todos estes, tinham como critério de validade, o fato de terem sido escritos por alguém que recebera o ensinamento de Cristo em primeira mão.
Em tempos de tantos conceitos alternativos, plurais, subjetivos e relativos, a doutrina precisa ocupar lugar central na pregação e no ensino. Só a doutrina apostólica, pode livrar a igreja de erros e enganos.

  1. Vida em comunhão -  ...e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (At 2.42). (koinonia).

A Igreja primitiva valoriza a comunhão. Isto contraria o nosso individualismo e isolamento.

A sociedade moderna busca privacidade, enquanto a igreja primitiva busca comunidade. “Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum” (At 4.32).
Comunhão é muito mais que intercâmbio social, ideologia ou solidariedade. Trata-se da unidade que é gerada pela ação do Espírito, levando seu povo a um só propósito e intenção. Trata-se de objetivos comuns. Por isto  viviam  juntos,  compartilhavam a mesma visão, e faziam isto "diariamente" (At 2.46).
Esta comunhão se revela de forma direta na disponibilidade dos bens e generosidade. Eles decidiram “ter tudo em comum” (At 2.44). Sentiam-se responsáveis com o outro e partiam o pão “à medida que alguém tinha necessidade" (At 2.44). O que se propõe não é um modelo econômico, mas um estilo de vida, libertando-se da posse idolátrica e obsessiva, e  colocando seus bens para servir outros, como resultado da expressão de fé.

  1. Vida de oração comunitária – “E perseveram...nas orações” (At 2.42)

A Igreja primitiva valorizava a vida de oração comunitária. Isto contraria a nossa espiritualidade auto centrada.

Oração não era apenas algo vivenciada individualmente, mas era uma forma de buscar a Deus andando com os outros. Oração era hábito da Igreja, o oxigênio da alma, ali o povo de Deus encontrava força para o dia a dia.


4.Profundo temor de DeusEm cada alma havia temor” (At 2.43). (phobos).

A Igreja primitiva era impactada pelo temor a Deus. Isto contraria o nosso secularismo.

A palavra temor é traduzida de outras formas. A versão RC traduz por “espanto”, a NIV, em inglês traduz este termo por awe, que é uma interjeição para se referir a algo inesperado e que nos obriga a, surpreso, colocarmos a mão na boca. Aqueles irmãos entendiam que Deus é Deus, havia um senso de fascínio e sobrenaturalidade com o Sagrado.
O povo de Israel tinha uma visão muito profunda de um Deus tremendo. Parece que perdemos esta percepção da majestade de Deus. Esquecemos a exortação bíblica que afirma que “Deus é fogo consumidor” (Hb 12.29) e que, “de Deus não se zomba, aquilo que o homem semear, isto também ceifará” (Gl 6.7).
Temos perdido o temor do  Deus tremendo, glorioso e santo. O livro de Hebreus afirma que “horrível coisa, cair  nas  mãos  do Deus vivo”. É bom estar nas suas mãos, mas cair nas suas mãos e ser julgado por ele não é nada fácil.
O texto fala que “em cada alma havia temor”. Temor é uma sensação de medo, mas não de repulsa, é algo que  atrai, seduz. É a experiência de Jacó, extasiado,  impressionado  com  a escada, cheio de alegria que se mistura com a simples ideia de que esteve diante  de Deus.
A compreensão da Santidade de Deus gera uma igreja reverente, Aliás, esta é a  tradução  da  palavra "phobos", que melhor se adequa a nossa realidade: "temor  reverencial". O imperfeito do tempo verbal presente neste texto denota que não era um  pânico  momentâneo, mas algo continuo e presente na vida daquela igreja.

  1. Marcada por evidências sobrenaturais...e muitos sinais e prodígios eram feitos por intermédio dos apóstolos” (At 2.43).

A Igreja primitiva era impactada pela sobrenaturalidade. Isto contraria a realidade ordinária.

Milagres, sinais e prodígios são o lado reverso do ordinário. A Igreja de Cristo experimentava sinais claros e sobrenaturais da presença de Deus.  Muitas  coisas tremendas, verdadeiros milagres e prodígios inquestionáveis se davam entre eles. Tais prodígios eram decorrentes de um andar piedoso com  Cristo.
Não deveríamos esperar o mesmo como comunidade de Cristo ainda hoje?
Desprezo e abomino toda exploração midiática em torno de milagres e curas, mas igualmente desprezo nossa incapacidade de crer e esperar que algo de sobrenatural possa se dar no meio da igreja. Nosso secularismo conspira contra tudo que cremos e pregamos. Deveríamos ser mais crentes e aguardar mais de Deus. Nossa falta de fé é incapacitante e denuncia a superficialidade da espiritualidade que vivenciamos.

5.Opcão pela solidariedade e simplicidade  Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade”(At 2.46)

A Igreja primitiva era impactada pela generosidade. Isto contraria o nosso egoísmo e acúmulo de bens.

A única coisa que pode garantir  tal nível  de  relacionamento é a simplicidade. Se a hospitalidade é algo complexo, se receber alguém em sua casa é tão pesado e complexo, isto se dá pela dificuldade em optar pela simplicidade e estilo de vida simples. Para que haja vida comum, é necessário determinadas "práticas comuns". Todo projeto da igreja deve ser mobilizado para gerar acessibilidade, não existe  uma  casta seleta, nem um clube fechado que impeça a aproximação dos outros.

  1. Louvor contínuo a Deus-  Louvando a Deus e contando com a simpatia de todo povo” (At 2.47).

A Igreja primitiva tinha disposição para a adoração e louvor. Isto contraria a ingratidão e murmuração.

Havia na comunidade um senso de adoração continuo. Deus precisava ser louvado. Cânticos expressando o coração agradecido era algo comum. O Espírito de Deus se move sobre aquela igreja impulsionando-os à adoração. Louvor é a declaração de vitória de Jesus. Louvor é anúncio da autoridade  de Jesus, e os demônios ficam apavorados quando isto acontece.

Muita coisa surpreendente acontece quando a igreja canta louvores. "Tendo eles começado a cantar e a dar louvores, pôs o Senhor emboscada contra os filhos de Amom  e Moabe e foram desbaratados" (2 Cr 20.22).

Satanás é derrotado quando a igreja entoa louvores de coração a Deus.

  1. Era um igreja amável - “Louvando a Deus e contando com a simpatia de todo povo” (At 2.47).

A Igreja primitiva era amável e acolhedora. Isto contraria a indiferença e antipatia para da igreja contemporânea.

A atitude fraterna e solidária da igreja impactava a comunidade ao redor. Era uma acolhedora e amigável e por isto querida. O grego possui duas palavras para "bom". O termo "agatos" descreve um  objeto  como bom e outra é "kalos" que significa que algo não é apenas bom,  mas  que também tem aspecto de bom. Há muita gente boa  que  é  dura,  do  tipo Edward mão de tesoura, que mesmo quando tenta fazer  o  bem,  acaba  ferindo.  A Igreja primitiva era formada de gente atraente. O Reino de Deus não inclui o ministério da chatice.

  1. A igreja crescia naturalmente em números  - “Enquanto isso, acrescentava-se-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (At 2.47).

A Igreja primitiva se expandia não apenas em simpatia, mas também em número. Isto contrasta com igrejas estagnadas e sem crescimento.

A simpatia da igreja é colocada aqui como um elemento chave para atrair as pessoas. Por alguma razão, parece que é natural hoje em dia igrejas distanciadas e mau humoradas. Santidade não pode ser sinónimo de antipatia. A igreja primitiva era simpática, e assim atraia as pessoas à mensagem do evangelho. O resultado? Crescimento espontâneo e natural.
Uma das características de um organismo vivo é sua capacidade de adaptabilidade e adequação. Será que temos conseguido equilibrar o evangelho com doutrina e simpatia? Algumas igrejas querem ser simpáticas sendo politicamente corretas, sem falar de santidade, sem temor a Deus. Outras acham que, para serem santas precisam hostilizar os pecadores. Como equilibrar estes aspectos que facilmente se polarizam?
Neste texto vemos a implícita estratégia de evangelização da Igreja primitiva: "Enquanto  isso", isto, é, na medida em que conta com a simpatia da atraiam as pessoas ao evangelho. Sua atitude de cortesia se tornaram seu “business card”.


Conclusão:

A obra do Espírito teve como resultado o empoderamento comunitário. Um povo marcado pela acao de Deus. O seu resultado? O estabelecimento de uma "Nova sociedade de Deus".
Toda igreja marcada pela ação do Espírito Santo pode esperar semelhantes resultados. As marcas aqui percebidas não são exclusividade do povo de Deus num momento especifico da história, e que não podem ser percebidos ainda hoje. Na verdade, deveríamos suspeitar de qualquer igreja que se considera legitimamente bíblica e neo-testamentária que não experimente os mesmos efeitos aqui descritos.


Que Deus nos ajude e tenha misericórdia de nós!