Introdução:
A Bíblia fala da obra do Espírito Santo de muitas maneiras:
a. Paulo contrasta a vida no Espírito com a vida na carne(Gl 5.16);
b. Ensina que é possível entristecer o Espírito (Ef 4.30)
c. Apagar o Espírito (1 Ts 5.17);
d. Recomenda que nos enchamos do Espírito (Ef 5.18);
e. Faz promessa maravilhosa sobre o poder do Espírito (At 1.8).
Cada uma destas exortações exige de nós uma resposta. Não dá para assumir uma atitude de neutralidade quanto a estas verdades.
a. Paulo contrasta a vida no Espírito com a vida na carne(Gl 5.16);
b. Ensina que é possível entristecer o Espírito (Ef 4.30)
c. Apagar o Espírito (1 Ts 5.17);
d. Recomenda que nos enchamos do Espírito (Ef 5.18);
e. Faz promessa maravilhosa sobre o poder do Espírito (At 1.8).
Cada uma destas exortações exige de nós uma resposta. Não dá para assumir uma atitude de neutralidade quanto a estas verdades.
Uma das perguntas essenciais do texto de Atos 2 surge no
vs. 37: “Que faremos irmãos?” Porque, antes de mais nada, Pentecostes exige
uma resposta, assim como todo o Evangelho. Creio ser esta a questão nevrálgica em
At. 2, diante da experiência que os Apóstolos vivem.
Estudar o capitulo 2 de Atos se constitui num
enorme desafio para a vida, porque ele nos mostra como diferentes grupos
reagiram diferentemente ao evento do Pentecostes. Naquele dia cinco grupos
significativos, provindos de 17 nações, revelam, em linhas gerais, a forma
como a igreja de Cristo ainda hoje
reage ao derramamento do
Espírito ou ao evento do Pentecostes. Certamente nos identificamos com
um ou outro grupo.
- GRUPO DOS
DISCÍPULOS
- Vem de uma caminhada com o Mestre e agora experimenta o cumprimento da
promessa em suas vidas. Jesus por diversas vezes havia falado sobre
este dia. Dois textos são sempre citados. Em Lc 24.49 ele fala da
promessa do Alto, e em At 1.4,8, fala do poder que receberiam para
viverem uma vida poderosa de testemunho. Tal promessa se torna realidade
em Atos 2.
Certamente os discípulos não tinham uma
compreensão teológica clara do que aconteceria, mas a promessa se cumpre e eles compreendem que algo sobrenatural estava acontecendo ali, naquela hora.
Portanto, a pergunta “que faremos
irmãos”, é essencial, por lidar, antes de tudo com a experiência cristã. Pentecostes,
em última instancia, não tem a ver com definição, mas com experiência.
Um grande pregador da IPB, Rev Miguel Rizzo, contou
a elucidativa história de uma senhora, que sendo quase iletrada se converte e
resolve batizar. Ao ser indagada sobre a convicção de sua fé, não sabia muito o
que responder sobre a fé, nem entender o que era a pessoa teantrópica de Jesus, nem discutia
temas pesados sobre o infralapsarianismo, predestinação e
escatologia. Mas quando o pastor lhe pediu para falar de sua experiência de fé
ela responde: “Eu estou certa de que Jesus morreu na cruz para me salvar,
lavando meus pecados, e sei que Jesus mora no meu coração"
Muitas vezes são pessoas simples, sem muita
capacidade de elaboração intelectual, mas que experimentaram as mais poderosas ações do Espírito. Outros, eruditos e conhecedores do assunto,
não possuem experiência deste impacto transformador.
O grupo dos discípulos é aquele que espera com
ansiosa expectativa, vivendo em santidade, oração, temor, expectativa, e que é
visitado de forma maravilhosa pelo poder do Espírito de Deus.
- GRUPO DA
METODOLOGIA – O
texto nos fala de um grupo presente no evento cuja pergunta central é "como os ouvimos falar cada um em nossa
própria língua materna” (At 2.11). É o grupo da metodologia, mais preocupado
com o funcionamento e com o mecanismo do pentecoste, do que com o
pentecoste em si mesmo. A pergunta deste grupo revela o desejo de conhecer
a engrenagem das ações de Deus,
talvez por curiosidade.
At 19.13 descreve um grupo de rapazes, filhos
de Ceva, Sumo sacerdote, uma autoridade suprema na hierarquia judaica, que tentou
expelir o demônio de uma pessoa,
decorando as palavras que Paulo
usava, e as supostas fórmulas que ele proferia. As palavras eram as mesmas, o jeito era o
mesmo, só que eles conheciam apenas as palavras e o método, mas não conheciam o
poder. O resultado foi completo fracasso: foram subjugados e envergonhados
pelas forças demoníacas.
At. 8.14ss, registra a atitude de Simão que
desejou comprar o "poder", oferecendo a Pedro grande soma de
dinheiro. Achava que era uma questão de jeito, de truque, de método. Muitos
hoje tem se impressionado com cacuetes e estilos e param por ai. Acreditam que
repetindo fórmulas ou copiando modelos será
suficiente para experimentar
o poder de Deus. Pessoas assim se
perdem na organização e na burocracia eclesiástica, nas formas e trejeitos dos
conhecidos apóstolos da mídia, e se tornam ridículos na sua abordagem, tornando-se,
no máximo papagaios de piratas, performáticos. Excelentes religiosos mas péssimos
modelos de vida cristã. São pessoas impressionados com sinais, com ventos, com
manifestações, que vivem correndo atrás de fenômenos, se afadigam tanto com
o maquinário, com as peças e as
engrenagens, mas esquecem de ligar o
motor que é a vida genuína com Deus e com seu amor. Esquecem do dínamo do Espírito Santo.
Stanley Jones, no seu livro “O Cristo de todos
os caminhos” fala de um muçulmano, homem muito religioso, que era o guia de uma
excursão que fariam numa região desértica. Antes de sair de viagem, estendeu
seu tapete em frente o seu carro, ajoelhou e pediu a Alá que os guardasse na
viagem, mas depois de terem andado cerca de 50 km, o carro parou e ao verificar
o problema, perceberam que ele havia esquecido de colocar combustível no carro.
Esta, sem dúvida, é uma boa parábola de nosso tempo. Temos todos os gestos, mas
falta a presença do Espírito. Temos a instituição, mas vazia de autoridade,
temos gestos públicos caricaturais, mas falta alguma coisa essencial. “Tendo forma de piedade, negando-lhe,
entretanto, o poder. Foge também destes” (2 Tm 3.5). A Bíblia nos exorta a fugirmos
de pessoas que tem jeito de crente, forma de crente, faz barulho de crente, tem
trejeito de crente, mas não possuem o poder.
- GRUPO FILOSÓFICO –
Este
é o terceiro grupo que surge no texto. Neste caso, a pergunta é "O que quer isto dizer?” (At 2.12).
Esta pergunta aponta para pessoas especializadas
em descobrir novidades teológicas,
fatos novos, que querem conhecer o “porquê”, o significado filosófico
último da experiência ou de um fato acontecido. Querem entender de forma
epistemológica, a finalidade da graça sobrenatural, a essência do fenômeno,
estudar as implicações temporais, seu conteúdo,
mas nunca se deixam confrontar com o
poder do cristianismo puro e simples anunciado por Jesus, que se revela
na experiência com o Espírito Santo de Deus.
Alguns dos teólogos mais interessantes que li
são pessoas de capacidade analítica surpreendente, fazem acuradas exegeses dos textos
mais complexos das Escrituras, conhecem os diferentes métodos hermenêuticos, discorrem
a crítica das formas, analisam os
textos mais densos da palavra, mas não se
sentem fascinados com o Sagrado, perderam sua capacidade de assombro
diante do Eterno, não oram mais, não há em seus corações, a leitura da Bíblia não
se aplica às suas vidas, e não mais os confronta.
É o grupo filosófico diante do evento do
sagrado. É o grupo que quer analisar as experiências e facilmente se torna
crítico da Bíblia, da Igreja, mas não se impressionam com aquilo que Deus está
fazendo. Querem apenas saber o que é isto, ou “O que quer isto dizer?”.
Paulo diz que "o saber ensoberbece, mas o
amor edifica" (Rm 8.1). O máximo que conseguem com este saber
distanciado da vida é ficarem enfatuados ou "inchados", sem serem tocados
ou transformados pelo Evangelho.
Quer saber se você faz parte deste grupo? Ao
sair da Igreja, veja qual é a pergunta que você faz. Você pode fazer duas
coisas.
-Avalia o sermão no sentido teológico, hermenêutico e homilético, ou mesmo
estético;
-Ou avalia o culto no sentido do encontro do seu coração com Deus, o que
a palavra de Deus fez em sua vida?
Qual é a sua avaliação?
- GRUPO CRÍTICO – Surge no texto
ainda outro grupo de pessoas. Neste caso, nem esperava o evento, nem queria
saber o que estava acontecendo, mas vê o que acontece de forma zombeteira
e crítica. O que eles dizem? “Estão
embriagados” (At 2.13).
Este grupo acha engraçado o sotaque dos
"galileus", acha bizarro o que vê, e isto tudo se torna motivo de
chacota. É o grupo que avalia o que vê em termos de zombaria não com atitude de
adoração e temor. Vê, mas desprestigia.
Fazem com o pentecostes o mesmo que fizeram com Jesus ao expelir
demônios: "Ele expele demônios por
Belzebú", e Jesus responde: “Uma casa não pode subsistir se estiver
dividida contra si". Que coisa espantosa: o diabo , cuja raiz de sua
palavra significa "aquele que
divide" (diabolos), não perde de vista a unidade de seu projeto, e luta
pela unidade de "sua casa".
O discurso de Festo ilustra o que estamos
falando.
Ao ser confrontado com a verdade e a autoridade da mensagem que Paulo pregava, não teve outra
saída senão ridicularizar com cinismo:
"As muitas letras te fazem
delirar" (At 26.24).
Não é muito raro encontrarmos pessoas assim, que
diante das evidências do sobrenatural resolvem fazer brincadeira, que ao serem
confrontadas resolvem zombar, que consideram lixo aquilo que é precioso, que
desprezam as verdades de Deus e minimizam o amor de Cristo que sempre buscam
encontrar razões para criticar e zombar daquilo que é Eterno, trazendo sobre si
mesmos, severo julgamento. A palavra de Deus diz que “Horrível coisa é cair nas
mãos do Deus vivo”. Estar nas mãos de Deus é maravilhoso, mas cair nas mãos de
Deus é horrível!
- GRUPO DO
QUEBRANTAMENTO
– O último grupo que percebemos no texto é descrito como um grupo que é
impactado pelo Pentecoste. A pergunta direta que fazem revelam o quanto
seus corações foram tocados: "Que
faremos irmãos?" (At 2.37).
São pessoas impactadas com a ação do Espírito,
que se abrem para as mudanças que Deus deseja fazer, se veem confrontadas e vão
em direção a Deus, se aproximam de Deus, porque consideram fundamental o
encontro, e identificam nas manifestações sobrenaturais algo sublime, e não querem perder a benção. Tais pessoas
demonstram "perplexidade" quando se deparam com as coisas de Deus (At 2.6),7.
A presença de Deus as impacta, por isto perguntam honestamente: "Que faremos
irmãos?" Pessoas que olham para as coisas de Deus e estão interessadas
em saber o que farão para se aproximar da sarça que arde e não queima. Estão
quebrantadas. Estão diante de algo sobrenatural e querem dar a Deus a resposta
adequada.
A resposta de Pedro é a resposta do evangelho
a todos que se dispõe em se vulnerabilizar para as coisas de Deus:
“Arrependei-vos,
e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para remissão dos vossos
pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (At 2.38).
Conclusão
Em 1984, estava pregando numa pequena
congregação em Goiânia, quando uma mulher se levantou no meio do sermão e me
interrompeu dizendo em voz alta: "Hoje eu vim aqui para me entregar a Jesus!”.
Certamente este não é um procedimento muito comum numa liturgia presbiteriana,
mas o momento era sagrado demais para ser desprezado. Interrompi a mensagem, e
convidei-a para que viesse a frente e orássemos por ela. Em seguida, outra
pessoa disse do outro lado: “Eu também gostaria de entregar hoje minha vida a
Jesus”. O culto terminou numa grande celebração e louvor.
Pessoas sensíveis pelo Espírito, não deixam a
oportunidade para outro dia. Percebem que não podem deixar que a benção de Deus
passe por ela e que ela não a receba.
Todos os que se aproximam de Deus, abertos ao
que ele deseja dizer, são impactados.
"Que
faremos irmãos?"
Esta é a pergunta que interessa.
Esta é a resposta que precisamos dar a Deus.
Este é o ponto de convergência para os
prodigiosos sinais de Deus.
Que resposta você vai dar hoje?
Excelente! Até hoje muitos tem feito a mesma indagação que só a mensagem apostólica pode informar corretamente a consciência dos ouvintes; sem dogmas denominacionais,sem teologismos, somente com a fé no sangue do Senhor Jesus,o Cristo.
ResponderExcluir