segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

At 2.42-47 O Efeito do Pentecostes

          
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Introdução

A grande benção do Pentecostes se reflete na forma com as pessoas passam a viver. O texto lido demonstra o que acontece com a Igreja, depois da ação do Espírito sobre ela. As marcas distintivas desta igreja se tornam evidentes:

  1. Perseverança na doutrina dos apóstolosE perseveravam na doutrina dos apóstolos” (At 2.42) (didake ton apostolon).

A Igreja primitiva se apegou às doutrinas. Isto contraria o pensamento moderno de que cada um tem o direito de pensar e fazer como pensa.

Conheço muitas pessoas mesmo dentro da igreja avessas à doutrinas. A geração atual é avessa a dogmas, a afirmações estabelecidas, mas a primeira marca que é destacada na vida da igreja é a doutrina apostólica. O que os apóstolos ensinavam era recebido  com autoridade porque haviam recebido tal autoridade através de Cristo.
Não há doutrina bíblica se não procede dos apóstolo. Paulo chega a afirmar: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além da que vos tenho pregado, seja anátema” (Gl 1.8). Os crentes primitivos não eram "livres" para pregar e crer no que quisessem. Eles deveriam aprender e ensinar Debruçavam  o que os apóstolos ensinavam só assim a mensagem seria preservada sem desvios. A BJ diz na sua nota de rodapé, que se tratava das "instruções para os neoconvertidos, à luz dos fatos acontecido entre eles".
A  Igreja  de Jerusalém era uma igreja centrada no ensino daqueles homens que haviam aprendido diretamente de Cristo. Isto seria algo fundamental na fé cristã alguns anos depois, quando diversos escritos apócrifos giravam na comunidade primitiva. Os líderes decidiram estabelecer o canon bíblico, que são os 39 livros do Antigo e os 27 do Novo Testamento, e todos estes, tinham como critério de validade, o fato de terem sido escritos por alguém que recebera o ensinamento de Cristo em primeira mão.
Em tempos de tantos conceitos alternativos, plurais, subjetivos e relativos, a doutrina precisa ocupar lugar central na pregação e no ensino. Só a doutrina apostólica, pode livrar a igreja de erros e enganos.

  1. Vida em comunhão -  ...e na comunhão, no partir do pão e nas orações” (At 2.42). (koinonia).

A Igreja primitiva valoriza a comunhão. Isto contraria o nosso individualismo e isolamento.

A sociedade moderna busca privacidade, enquanto a igreja primitiva busca comunidade. “Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum” (At 4.32).
Comunhão é muito mais que intercâmbio social, ideologia ou solidariedade. Trata-se da unidade que é gerada pela ação do Espírito, levando seu povo a um só propósito e intenção. Trata-se de objetivos comuns. Por isto  viviam  juntos,  compartilhavam a mesma visão, e faziam isto "diariamente" (At 2.46).
Esta comunhão se revela de forma direta na disponibilidade dos bens e generosidade. Eles decidiram “ter tudo em comum” (At 2.44). Sentiam-se responsáveis com o outro e partiam o pão “à medida que alguém tinha necessidade" (At 2.44). O que se propõe não é um modelo econômico, mas um estilo de vida, libertando-se da posse idolátrica e obsessiva, e  colocando seus bens para servir outros, como resultado da expressão de fé.

  1. Vida de oração comunitária – “E perseveram...nas orações” (At 2.42)

A Igreja primitiva valorizava a vida de oração comunitária. Isto contraria a nossa espiritualidade auto centrada.

Oração não era apenas algo vivenciada individualmente, mas era uma forma de buscar a Deus andando com os outros. Oração era hábito da Igreja, o oxigênio da alma, ali o povo de Deus encontrava força para o dia a dia.


4.Profundo temor de DeusEm cada alma havia temor” (At 2.43). (phobos).

A Igreja primitiva era impactada pelo temor a Deus. Isto contraria o nosso secularismo.

A palavra temor é traduzida de outras formas. A versão RC traduz por “espanto”, a NIV, em inglês traduz este termo por awe, que é uma interjeição para se referir a algo inesperado e que nos obriga a, surpreso, colocarmos a mão na boca. Aqueles irmãos entendiam que Deus é Deus, havia um senso de fascínio e sobrenaturalidade com o Sagrado.
O povo de Israel tinha uma visão muito profunda de um Deus tremendo. Parece que perdemos esta percepção da majestade de Deus. Esquecemos a exortação bíblica que afirma que “Deus é fogo consumidor” (Hb 12.29) e que, “de Deus não se zomba, aquilo que o homem semear, isto também ceifará” (Gl 6.7).
Temos perdido o temor do  Deus tremendo, glorioso e santo. O livro de Hebreus afirma que “horrível coisa, cair  nas  mãos  do Deus vivo”. É bom estar nas suas mãos, mas cair nas suas mãos e ser julgado por ele não é nada fácil.
O texto fala que “em cada alma havia temor”. Temor é uma sensação de medo, mas não de repulsa, é algo que  atrai, seduz. É a experiência de Jacó, extasiado,  impressionado  com  a escada, cheio de alegria que se mistura com a simples ideia de que esteve diante  de Deus.
A compreensão da Santidade de Deus gera uma igreja reverente, Aliás, esta é a  tradução  da  palavra "phobos", que melhor se adequa a nossa realidade: "temor  reverencial". O imperfeito do tempo verbal presente neste texto denota que não era um  pânico  momentâneo, mas algo continuo e presente na vida daquela igreja.

  1. Marcada por evidências sobrenaturais...e muitos sinais e prodígios eram feitos por intermédio dos apóstolos” (At 2.43).

A Igreja primitiva era impactada pela sobrenaturalidade. Isto contraria a realidade ordinária.

Milagres, sinais e prodígios são o lado reverso do ordinário. A Igreja de Cristo experimentava sinais claros e sobrenaturais da presença de Deus.  Muitas  coisas tremendas, verdadeiros milagres e prodígios inquestionáveis se davam entre eles. Tais prodígios eram decorrentes de um andar piedoso com  Cristo.
Não deveríamos esperar o mesmo como comunidade de Cristo ainda hoje?
Desprezo e abomino toda exploração midiática em torno de milagres e curas, mas igualmente desprezo nossa incapacidade de crer e esperar que algo de sobrenatural possa se dar no meio da igreja. Nosso secularismo conspira contra tudo que cremos e pregamos. Deveríamos ser mais crentes e aguardar mais de Deus. Nossa falta de fé é incapacitante e denuncia a superficialidade da espiritualidade que vivenciamos.

5.Opcão pela solidariedade e simplicidade  Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade”(At 2.46)

A Igreja primitiva era impactada pela generosidade. Isto contraria o nosso egoísmo e acúmulo de bens.

A única coisa que pode garantir  tal nível  de  relacionamento é a simplicidade. Se a hospitalidade é algo complexo, se receber alguém em sua casa é tão pesado e complexo, isto se dá pela dificuldade em optar pela simplicidade e estilo de vida simples. Para que haja vida comum, é necessário determinadas "práticas comuns". Todo projeto da igreja deve ser mobilizado para gerar acessibilidade, não existe  uma  casta seleta, nem um clube fechado que impeça a aproximação dos outros.

  1. Louvor contínuo a Deus-  Louvando a Deus e contando com a simpatia de todo povo” (At 2.47).

A Igreja primitiva tinha disposição para a adoração e louvor. Isto contraria a ingratidão e murmuração.

Havia na comunidade um senso de adoração continuo. Deus precisava ser louvado. Cânticos expressando o coração agradecido era algo comum. O Espírito de Deus se move sobre aquela igreja impulsionando-os à adoração. Louvor é a declaração de vitória de Jesus. Louvor é anúncio da autoridade  de Jesus, e os demônios ficam apavorados quando isto acontece.

Muita coisa surpreendente acontece quando a igreja canta louvores. "Tendo eles começado a cantar e a dar louvores, pôs o Senhor emboscada contra os filhos de Amom  e Moabe e foram desbaratados" (2 Cr 20.22).

Satanás é derrotado quando a igreja entoa louvores de coração a Deus.

  1. Era um igreja amável - “Louvando a Deus e contando com a simpatia de todo povo” (At 2.47).

A Igreja primitiva era amável e acolhedora. Isto contraria a indiferença e antipatia para da igreja contemporânea.

A atitude fraterna e solidária da igreja impactava a comunidade ao redor. Era uma acolhedora e amigável e por isto querida. O grego possui duas palavras para "bom". O termo "agatos" descreve um  objeto  como bom e outra é "kalos" que significa que algo não é apenas bom,  mas  que também tem aspecto de bom. Há muita gente boa  que  é  dura,  do  tipo Edward mão de tesoura, que mesmo quando tenta fazer  o  bem,  acaba  ferindo.  A Igreja primitiva era formada de gente atraente. O Reino de Deus não inclui o ministério da chatice.

  1. A igreja crescia naturalmente em números  - “Enquanto isso, acrescentava-se-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos” (At 2.47).

A Igreja primitiva se expandia não apenas em simpatia, mas também em número. Isto contrasta com igrejas estagnadas e sem crescimento.

A simpatia da igreja é colocada aqui como um elemento chave para atrair as pessoas. Por alguma razão, parece que é natural hoje em dia igrejas distanciadas e mau humoradas. Santidade não pode ser sinónimo de antipatia. A igreja primitiva era simpática, e assim atraia as pessoas à mensagem do evangelho. O resultado? Crescimento espontâneo e natural.
Uma das características de um organismo vivo é sua capacidade de adaptabilidade e adequação. Será que temos conseguido equilibrar o evangelho com doutrina e simpatia? Algumas igrejas querem ser simpáticas sendo politicamente corretas, sem falar de santidade, sem temor a Deus. Outras acham que, para serem santas precisam hostilizar os pecadores. Como equilibrar estes aspectos que facilmente se polarizam?
Neste texto vemos a implícita estratégia de evangelização da Igreja primitiva: "Enquanto  isso", isto, é, na medida em que conta com a simpatia da atraiam as pessoas ao evangelho. Sua atitude de cortesia se tornaram seu “business card”.


Conclusão:

A obra do Espírito teve como resultado o empoderamento comunitário. Um povo marcado pela acao de Deus. O seu resultado? O estabelecimento de uma "Nova sociedade de Deus".
Toda igreja marcada pela ação do Espírito Santo pode esperar semelhantes resultados. As marcas aqui percebidas não são exclusividade do povo de Deus num momento especifico da história, e que não podem ser percebidos ainda hoje. Na verdade, deveríamos suspeitar de qualquer igreja que se considera legitimamente bíblica e neo-testamentária que não experimente os mesmos efeitos aqui descritos.


Que Deus nos ajude e tenha misericórdia de nós!

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