Introdução:
Nada é pior que falharmos em crer no
Evangelho da graça, porque não há outra alternativa ou substituto ao Evangelho
(Gl 1.6-7). Os cristãos de Gálatas estavam dentro da igreja, mas estavam
perdendo o Evangelho. (vs. 6) Eles estavam criando “outro evangelho”.
É assustador pensar isto, porque esta
igreja havia sido fundada pelos apóstolos cerca de 20 anos atrás. Como conseguiram
se desviar tanto? “Admira-me que estejais passando tão depressa daquele que
vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho”(Gl 1.6). As transições
foram rápidas demais. Haviam se convertido há pouco tempo atrás e já estavam
assumindo posições teológicas completamente opostas àquelas que lhes haviam
sido ensinadas.
Vários desvios podem ser assumidos
pelos que seguem o evangelho:
A. Evangelho,
menos algumas coisas – Isto acontece quando acreditamos que podemos aceitar
determinadas verdades e rejeitar outras, não nos submetendo às exigências do
Evangelho. “Creio ao meu modo” ou “faço do meu jeito”. Assim, suprime-se
determinadas verdades para não serem incomodados, principalmente àquelas que
estabelecem exigências morais, a importância da santidade e de compromisso com
o reino;
B. Evangelho,
mais algumas coisas – Isto é muito comum. Paulo enfrenta este problema com esta
igreja da Galácia. Alguns judeus, queriam submeter os cristãos a determinadas
regras do judaísmo, como “guardar dias, meses, e tempos e anos” (Gl
4.10), e Paulo afirma que isto seria voltar, outra vez, aos rudimentos fracos e
pobres, aos quais, de novo, os tornaria escravos (Gl 4.9).
É muito comum encontrarmos acréscimos
ao Evangelho
Eis alguns exemplos:
Evangelho + o sábado;
Evangelho + ritual;
Evangelho + ascetismo;
Evangelho + um profeta.
Desta forma, perde-se o evangelho. Os
cristãos da Galácia estavam perdendo o evangelho para “outro evangelho”. O
“outro”, é o “anti evangelho”, já que não existe “outro evangelho”, mas apenas
pessoas que tentam perturbar e perverter o evangelho (Gl 1.7).
Desta forma surge o evangelho segundo
os homens, ou “o evangelho dos santos evangélicos”, como afirmou Juan Carlos
Ortiz. Pessoas que tentam “reinventar a mensagem”, dar uma roupagem nova ao
conteúdo, sempre alterando sua essência, já que “o novo em teologia é quase
sempre a negação do velho”(Robinson Cavalcante).
O que precisamos aprender sobre o
Evangelho?
Primeiro, o evangelho é simples
A mensagem de Cristo é objetiva e
direta. Ele a deixou claro no inicio de sua pregação logo depois do seu
batismo: “Arrependei-vos, e crede no Evangelho” (Mc 1.15), e
quando Marcos está fechando o conteúdo do evangelho que leva seu nome, ele registra
a mesma enfase que sempre esteve presente no ministério de Jesus, desde o
princípio: “Quem crer e for batizado, será salvo; quem não crê ja está
condenado!”(Mc 16.16). Sua mensagem é simples e direta, sem mudança ou
variação.
Segundo, o evangelho não tem
substituto
Ele é único e pode ser comparado a um
vácuo. Se você coloca alguma coisa no vácuo, ele deixa de ser vácuo. “Ainda
que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue egangelho que vá além do que
vos temos pregado, seja anátema” (Gl 1.8). Qualquer abordagem além do
Evangelho, conduz-nos à morte e à maldição. A palavra “anátema”, citada duas
vezes, significa maldição (Gl 1.8-9). Abandonar o Evangelho é abandonar a Jesus
e trazer condenação sobre si mesmo.
Infelizmente, nosso natural desejo é
construir um mundo à parte das “boas novas”, e focarmos nas
nossas habilidades espirituais e morais, mas a Palavra de Deus é clara: “Sabendo
contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em
Cristo Jesus, também nós temos cridos em Jesus Cristo, para que fôssemos
justificados pela fé em Cristo, e não por obras da lei, pois, por obras da lei,
ninguém será justificado” (Gl 2.16-17)
Qualquer outro caminho nos conduz à
morte e nos distancia de Deus.
Terceiro, o Evangelho vem diretamente
de Deus
Paulo inicia este texto dizendo: “Paulo,
apóstolo, não da parte de homens nem por intermédio de homem algum, mas por
Jesus Cristo e por Deus o Pai, que o ressuscitou dentre os mortos” (Gl
1.1). Deus inicia o processo, tudo vem dele. Isto é chamado em teologia de
monergismo. “Não que, por nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma
coisa, como se partisse de nós, pelo contrário, a nossa suficiência vem de
Deus” (2 Co 3.5).
Num debate entre diversos líderes
religiosos em Londres, perguntaram a C.S.Lewis qual era o diferencial do
cristianismo em relação às demais religiões, e ele respondeu: A graça! Ele
argumentou que muitas religiões pagãs, falam da ressurreição de seus heróis ou
líderes, outras asseveram que eles tiveram um nascimento sobrenatural, algumas
declaram sua divindade, mas o específico no cristianismo é o fato de que o
homem não salva a si mesmo, mas é salvo por Deus. O diferencial é a graça. Tudo
vem de Deus!
“Faço-vos, porém, saber, irmãos,
que o evangelho por mim anunciado não é segundo o homem, porqu eu não o recebi,
nem o aprendi de homem algum, mas mediante revelação de Jesus Cristo”.
Isto é o evangelho.
Conclusão:
Vivendo no Evangelho e na graça? (Gl
2.18-21)
Veja como facilmente nos distraímos:
q Toda vez
que tentamos comprar o favor de Deus estamos perdendo a dimensão da graça. Toda
benção chega de Deus chega até nós somente pela graça, através dos méritos de
Jesus Cristo. Sempre ficamos com a impressão de que, se não fizermos todas as
nossas obrigações cristãs deixaremos de receber as bênçãos de Deus. Na verdade,
“nada do eu faça, ou deixe de fazer, fará com que Deus o ame mais ou menos. Ele
o ama unicamente pela graça demonstrada através de Jesus”. (Howard Hendricks,
professor do Dallas Theol. Seminary).
q Toda vez
que dependo do meu esforço, estou perdendo o Evangelho. Creio que para
compreender como estamos em relação ao Evangelho, precisamos checar nossos
princípios perguntando: “Eu entendo que Jesus morreu por mim?” (M. Lloyd
Jones).
q Outra
questão importante é a seguinte: Você ainda pensa que se não tiver uma boa
performance Deus não o amará?
Veja como isto é desafiador. Fui
ordenado ao sagrado ministério em Janeiro de 1981, e de lá para cá estou sempre
pregando a Bíblia e anunciando as boas novas, entretanto, muitas vezes percebo
que somente agora estou começando a entender o que significa a graça na minha
própria vida.
Lutero disse alguma coisa semelhante:
“Durante vinte anos eu tenho ensinado
e acolhido a doutrina da suficiência de fé nos méritos de Cristo, pelos quais
somos aceitos perante o tribunal de Deus: contudo, aquele velho e tenaz engano
me assedia de tal forma que ainda descubro uma tendência de aproximar-me de
Deus trazendo alguma coisa em minha mão, pela qual possa merecer a sua graça”.
Vivendo o Evangelho da Graça
A. Toda vez
que tento viver confiado em mim mesmo, estou perdendo o Evangelho -
O inimigo número 1 do Evangelho é a
justiça própria, confiar em si mesmo para salvação. Vale a pena ver como o
apóstolo Paulo percebe isto em Fp 3.9-10. Portanto, precisamos nos arrepender
de nossa justiça própria.
B. Toda vez
que tento comprar o favor de Deus, estou me desviando do evangelho, afinal,
somos salvos pelos méritos nossos ou pelos méritos de Cristo? Ao vivermos em
santidade e louvor, a base deve ser sempre a gratidão e não mérito.
C. Toda vez
que dependo de meu esforço estou esquecendo de Deus – É sempre
assim que acontece. Quando você realmente se desespera de você, o evangelho tem
uma grande possibilidade de florescer em seu coração, então, corra sempre em
direção ao Evangelho.
D. Como você
deseja se apresentar diante do tribunal de Cristo? Com
seu currículo espiritual e moral, ou com os méritos de Cristo. Paulo afirma:
“Quero ser encontrado diante de Deus, não tendo justiça própria, mas a de
Cristo”. Você entende o que isto significa?
Samuel Vieira. Anápolis.
Chácara da Jussara e Billy Fanstone
12.01.03
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