quarta-feira, 8 de agosto de 2018

Sl 80 Restaura-nos, Senhor!



O Salmo 80 é um salmo de dor e angústia de um homem de Deus ao contemplar a triste situação espiritual do povo. É um lamento comum a todos aqueles que lidam com uma igreja enfraquecida em seu testemunho, apática em relação às coisas de Deus. Algumas comunidades outrora vigorosas na fé, facilmente perdem seu rumo e direção, e a capacidade de serem efetivas no Reino de Deus.
O salmista três vezes pede restauração:
Restaura-nos, ó Deus” (Sl 80.3)
Restaura-nos, ó Deus dos Exércitos” (Sl 80.7)
Restaura-nos, ó Senhor” (Sl 80.19)  
Já se sentiu assim na sua vida ou no seu ministério?
O clamor do Salmista nos capacita a entender algumas verdades essenciais:

Primeiro, não podemos ser efetivos sem a capacitação de Deus.
O sentimento do salmista tem a ver com a compreensão de que Deus os abandonou por causa da recusa do povo em se submeter a Deus. A desobediência e rebeldia desembocaram no fracasso da obra. Ele entende que a desolação e ruina são decorrentes do pecado.
Precisamos entender que a obra de Deus não pode avançar sem o Deus da obra. O poeta sacro assim se exprimiu:
“Fortalece a tua igreja, oh bendito Salvador.
Sem tua graça, ela murcha, ficará sem vigor.
Vivifica, vivifica, nossas almas, oh Senhor!”
Segundo, a dura realidade da situação, nos desanima
O salmista encontra-se desolado.
Ela vê a realidade do povo, com com as cercas derribadas (Sl 80,12). Não há proteção contra invasores, torna-se suscetível a ataques de animais, como as raposinhas, que devastam os vinhedos (Ct 2.15) e a entrada de ladrões que passando na estrada e a vendo desprotegida, entram para roubar Sl 80.12). Ele olha para a realidade do povo e a vê decepada e queimada (Sl 80.16).

Geralmente somos desencorajados por duas coisas:

A.    Quando nos deparamos com o desânimo do coração – muitas vezes nos encontramos desanimados, desencorajados, deprimidos e até mesmo descrentes com a obra, e eventualmente, até mesmo com Deus. Conversei com certa pessoa que afirmou estar se tornando cada vez mais cético, cínico e grosso. Esta pode ser a realidade de muitos corações, emocionalmente abatidos e espiritualmente fragilizados. O salmista percebe o distanciamento de Deus (Sl 80.4-6) e isto o abate profundamente.

B.      A tragédia da realidade em si -  O Salmista descreve o povo de Deus, ele não consegue entender como o povo a quem Deus pastoreia (Sl 80.1)e é Poderoso, entronizado acima dos querubins, permite que Israel se torne assim tão humilhado, ainda que ele entende que a causa da derrocada era o pecado. Ele descreve Deus como alguém indignado “contra a oração do seu próprio povo”. (Sl 80.4). Os teólogos de plantão me ajudem entender: As orações aqui tem efeito contrário, já que trazem a indignação de Deus sobre elas ao invés de trazer bênçãos.
Terceiro, a compreensão de quem Deus é
O salmista tenta colocar seus olhos em Deus.
a.      Ele entende que Deus possui uma relação de cuidado e afeto com seu povo, já que ele é o pastor de Israel (Sl 80.1);

b.      Ele considera que Deus é Todo-Poderoso, pois se encontra acima da mais alta instância espiritual na hierarquia angelical. Ele está entronizado acima dos querubins (Sl 80.1). Não há nada que possa ameaçar sua glória e poder.

c.       Ele sabe que Deus tem poder para renovar seu povo. Ele restaura (Sl 80.3,7,19); Ele vivifica (Sl 80.18), ele dá vida a quem já perdeu. Somente aquele que colocou o fôlego de vida num homem que era apenas um pedaço de barro, pode colocar vida na sua comunidade queimada e decepada pelo pecado.

Conclusão:
Precisamos de restauração. Precisamos de um novo sopro de Deus. O salmista clama e anseia por isto. Este mesmo sentimento invadiu o coração do profeta Isaías (Is 64.1-4). Algo precisa acontecer, as coisas não podem continuar do jeito que se encontram. Precisamos do fôlego de vida de Deus que nos tira da inatividade e fracasso, e dá vida de vitória.

O desafio:
Precisamos crer no poder do Evangelho.

Paulo afirma “Não que por nós mesmos sejamos capazes de fazer alguma coisa como se partisse de nós, pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus que nos deu o ministério da reconciliação” (2 Co 4.6). 

O evangelho gera esperança. É Deus quem faz! O evangelho capacita, dá estratégia, ordena Filipe a acompanhar a ir a um lugar deserto, e depois ordena que ele se aproxime da carruagem de um homem que está lendo o evangelho de Isaias e quando ouve falar de Jesus, se converte e é batizado. O evangelho é vitorioso.

Ao olharmos para a realidade, temos a tendência de desanimar.
Ao olharmos para nós mesmos, nos sentimos desencorajados.

Mas ao olharmos para Deus, entendemos que não estamos falando de nossa capacidade e poder, mas do poder do Deus que ressuscita os mortos, e pode mudar qualquer pessoa, em qualquer circunstância.

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