O
Salmo 80 é um salmo de dor e angústia de um homem de Deus ao contemplar a triste
situação espiritual do povo. É um lamento comum a todos aqueles que lidam com
uma igreja enfraquecida em seu testemunho, apática em relação às coisas de Deus.
Algumas comunidades outrora vigorosas na fé, facilmente perdem seu rumo e direção,
e a capacidade de serem efetivas no Reino de Deus.
O
salmista três vezes pede restauração:
“Restaura-nos, ó Deus” (Sl 80.3)
“Restaura-nos, ó Deus dos Exércitos” (Sl 80.7)
“Restaura-nos, ó Senhor” (Sl 80.19)
Já
se sentiu assim na sua vida ou no seu ministério?
O
clamor do Salmista nos capacita a entender algumas verdades essenciais:
Primeiro, não podemos
ser efetivos sem a capacitação de Deus.
O
sentimento do salmista tem a ver com a compreensão de que Deus os abandonou por
causa da recusa do povo em se submeter a Deus. A desobediência e rebeldia desembocaram
no fracasso da obra. Ele entende que a desolação e ruina são decorrentes do
pecado.
Precisamos
entender que a obra de Deus não pode avançar sem o Deus da obra. O poeta sacro
assim se exprimiu:
“Fortalece a tua igreja, oh bendito
Salvador.
Sem tua graça, ela murcha, ficará
sem vigor.
Vivifica, vivifica, nossas almas, oh
Senhor!”
Segundo, a dura
realidade da situação, nos desanima
O
salmista encontra-se desolado.
Ela
vê a realidade do povo, com com as cercas derribadas (Sl 80,12). Não há proteção
contra invasores, torna-se suscetível a ataques de animais, como as raposinhas,
que devastam os vinhedos (Ct 2.15) e a entrada de ladrões que passando na
estrada e a vendo desprotegida, entram para roubar Sl 80.12). Ele olha para a
realidade do povo e a vê decepada e queimada (Sl 80.16).
Geralmente
somos desencorajados por duas coisas:
A.
Quando nos deparamos com o desânimo
do coração –
muitas vezes nos encontramos desanimados, desencorajados, deprimidos e até
mesmo descrentes com a obra, e eventualmente, até mesmo com Deus. Conversei com
certa pessoa que afirmou estar se tornando cada vez mais cético, cínico e
grosso. Esta pode ser a realidade de muitos corações, emocionalmente abatidos e
espiritualmente fragilizados. O salmista percebe o distanciamento de Deus (Sl
80.4-6) e isto o abate profundamente.
B.
A tragédia da realidade em si - O Salmista descreve o povo de Deus, ele não consegue
entender como o povo a quem Deus pastoreia (Sl 80.1)e é Poderoso, entronizado
acima dos querubins, permite que Israel se torne assim tão humilhado, ainda que
ele entende que a causa da derrocada era o pecado. Ele descreve Deus como alguém
indignado “contra a oração do seu próprio
povo”. (Sl 80.4). Os teólogos de plantão me ajudem entender: As orações aqui
tem efeito contrário, já que trazem a indignação de Deus sobre elas ao invés de
trazer bênçãos.
Terceiro, a compreensão
de quem Deus é
O
salmista tenta colocar seus olhos em Deus.
a.
Ele
entende que Deus possui uma relação de cuidado e afeto com seu povo, já que ele
é o pastor de Israel (Sl 80.1);
b.
Ele
considera que Deus é Todo-Poderoso, pois se encontra acima da mais alta instância
espiritual na hierarquia angelical. Ele está entronizado acima dos querubins
(Sl 80.1). Não há nada que possa ameaçar sua glória e poder.
c.
Ele
sabe que Deus tem poder para renovar seu povo. Ele restaura (Sl 80.3,7,19); Ele
vivifica (Sl 80.18), ele dá vida a quem já perdeu. Somente aquele que colocou o
fôlego de vida num homem que era apenas um pedaço de barro, pode colocar vida
na sua comunidade queimada e decepada pelo pecado.
Conclusão:
Precisamos
de restauração. Precisamos de um novo sopro de Deus. O salmista clama e anseia
por isto. Este mesmo sentimento invadiu o coração do profeta Isaías (Is 64.1-4).
Algo precisa acontecer, as coisas não podem continuar do jeito que se
encontram. Precisamos do fôlego de vida de Deus que nos tira da inatividade e
fracasso, e dá vida de vitória.
O
desafio:
Precisamos
crer no poder do Evangelho.
Paulo
afirma “Não que por nós mesmos sejamos
capazes de fazer alguma coisa como se partisse de nós, pelo contrário, a nossa suficiência
vem de Deus que nos deu o ministério da reconciliação” (2 Co 4.6).
O
evangelho gera esperança. É Deus quem faz! O evangelho capacita, dá estratégia,
ordena Filipe a acompanhar a ir a um lugar deserto, e depois ordena que ele se
aproxime da carruagem de um homem que está lendo o evangelho de Isaias e quando
ouve falar de Jesus, se converte e é batizado. O evangelho é vitorioso.
Ao
olharmos para a realidade, temos a tendência de desanimar.
Ao
olharmos para nós mesmos, nos sentimos desencorajados.
Mas
ao olharmos para Deus, entendemos que não estamos falando de nossa capacidade e
poder, mas do poder do Deus que ressuscita os mortos, e pode mudar qualquer
pessoa, em qualquer circunstância.
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