Não é muito difícil perceber que
existem dois tipos de igrejas: a saudável e a neurótica, a que traz cura e a
que adoece. A neurótica se caracteriza por enfermar seus membros. Muitas
pessoas doentes aderem à igrejas doentes para retroalimentarem sua neurose e
culpa. Não é de se surpreender que no Brasil muitas comunidades são
completamente esquizofrenizadas. Estruturas doentes atraem pessoas doentes, uma
vez que o abusador precisa de pessoas que aceitam ser abusadas, assim como o
masoquista precisa de seu par, o sádico.
Igrejas bíblicas e saudáveis,
porém, possuem características bem marcantes, e podem ser encontradas em toda
história da igreja. Neste texto vemos uma igreja com tais marcas, e são estas
marcas que queremos estudar:
1. Igrejas saudáveis transformam oposição em
oportunidades de testemunho – “Então,
os que foram dispersos por causa da tribulação... anunciando o evangelho do
Senhor Jesus” (At 11.19ª e20c).
Por causa da oposição os judeus
iniciaram um violento processo de perseguição, matando Estevão, enviando Paulo
como soldado da cruzada a Damasco, na Síria, e os cristãos, ao invés de se
sentirem acuados e amedrontados, transformaram a situação em oportunidade de
pregar o evangelho.
Igrejas sofrem perseguição, mas
se elas tem saúde, o resultado será crescimento e expansão. Ameaças nunca
intimidaram igrejas saudáveis, antes se tornaram o motivo para ainda se
consagrarem mais e investirem suas vidas no reino de Deus.
Na China, na época de Mao Tsé
Tung, os comunistas perseguiram brutalmente a igreja. Os templos foram
transformados em lugares de propaganda do partido, e os pastores foram
colocados em cadeias ou executados. Acreditava-se que assim poderiam inibir os
discípulos de Cristo. A perseguição avançou e os crentes foram presos, mas ali
na cadeia começaram a orar e estudar com mais afinco a palavra de Deus. Os
líderes da revolução vermelha entenderam que haviam errado, já que juntos na
cadeia, sendo sustentados pelo dinheiro público, os cristãos se tornavam cada
vez mais fortes. Então resolveram dispersá-los, enviando-os a trabalhar como
carteiros nas províncias mais longínquas, dando-lhes salário para sua
sobrevivência. Transformaram os cristãos que estavam na cadeia em missionários
sustentados pelo comunismo. Resultado: estima-se que hoje, a igreja da China
seja a maior igreja do mundo, com cerca de 120 milhões de pessoas.
Igrejas saudáveis transformam
oposição em oportunidade.
2. Igrejas saudáveis colocam seus olhos no
mundo – “se espalharam até a Fenícia,
Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus...
alguns deles, porém... falavam também aos gregos, anunciando-lhes o evangelho
do Senhor Jesus”(At 11.19-20).
A igreja de Cristo, dispersa pela
soberana direção de Deus, precisa olhar adiante e ver os campos que já estavam
brancos para a colheita. Começaram anunciando aos judeus, por conveniência
cultural e linguística, e avançaram aos gentios. O mundo agora era o campo no
qual deveriam semear a Palavra. Saíram da província à qual estavam
circunscritos e adentraram um desafiador campo missionário, cumprindo assim, o
mandato de Cristo de que deveriam pregar o evangelho a todas as etnias, até os
confins da terra.
Eles foram para Fenícia, que
ficava ao Norte de Israel, margeando o mar Mediterrâneo, região das conhecidas
cidades do Novo Testamento: Tiro e Sidom; foram para Chipre, uma ilha que
ficava no mar Mediterrâneo e para Antioquia da Síria, cerca de 500 kms de Jerusalém,
onde acontece este avivamento descrito no texto que ora analisamos.
A mensagem agora extrapola os
limites de Jerusalém, Judeia e Samaria, chegando aos gentios. A obra de Deus
avança. O evangelho precisa ser anunciado ao mundo e a igreja coloca seus olhos
para fora de si mesmo e de sua zona de conforto. Esta é uma característica
presente em todas igrejas saudáveis. Elas não se limitam aos seus projetos
pessoais, mas avançam além de suas paredes e olham para fora, percebem as
necessidades do mundo que precisa da mensagem de salvação.
3. Igrejas saudáveis são agentes de Deus na
salvação de vidas – “A mão do Senhor
estava com eles, e muitos, crendo, se converteram ao Senhor” (At 11.21).
Não temos nenhuma dificuldade em
crer que salvação é obra exclusiva do Espírito Santo, e nem de crer que Deus
deseja instrumentalizar seu povo para trazer a salvação. As conversões
aconteciam porque a mão do Senhor estava com eles. A igreja é o agente de Deus
proclamando, pois “...como ouvirão se não
há quem pregue?” (Rm 10.14).
Antioquia da Síria experimenta o
mover do Espírito Santo e as pessoas se convertem a Cristo. Muitos ficam ainda
hoje impressionados com grandes movimentos de cura e libertação, mas a maior
obra que Deus realiza no coração do homem é sua salvação, livrando-o da ira
vindoura e dando-lhe uma vida eterna com Deus. A redenção ocorre quando o homem
deixa de confiar em si mesmo para salvação e coloca sua confiança na obra
redentora de Cristo Jesus. Por isto os discípulos “anunciavam o evangelho” (At 11.20), eles não anunciavam cura, mas
salvação.
4. Igrejas saudáveis mobilizam recursos para a
expansão do reino – (At 11.22). “A
notícia a respeito deles chegou aos ouvidos da igreja que estava em Jerusalém;
e enviaram Barnabé até Antioquia” (At 11.22).
Sabendo dos fatos, a igreja de Jerusalém
se mobiliza para apoiar o trabalho, e envia Barnabé, um líder maduro e amoroso,
para dar suporte à obra de Deus na cidade de Antioquia. Barnabé era um
discipulador excepcional, foi ele quem cuidou de Saulo quando, recém
convertido, chegou à igreja de Jerusalém e ninguém queria se aproximar dele por
causa da sua fama de perseguidor. Agora, a igreja considera e decide enviar
este homem caracterizado pela sua bondade, fé e por ser cheio do Espirito Santo
(At 11.24). A igreja envia o que ela tem de melhor, para cuidar dos novos
convertidos e da igreja recém surgida na Síria.
A igreja mobiliza seus recursos
pessoais e financeiros para apoiar o trabalho missionário. Enviando Barnabé
para cuidar dos novos convertidos. Esta é uma marca visível de igrejas
saudáveis. Cuidado e nutrição.
5. Igrejas saudáveis sentem alegria e nutrem
os novos convertidos – “Tendo ele
chegado e, vendo a graça de Deus, alegrou-se e exortava a todos a que, com
firmeza de coração, permanecessem no Senhor” (At 11.23).
Isto pode parecer o óbvio na vida
de todas igrejas, mas a realidade é que nem todas igrejas são acolhedoras e amáveis
para aqueles que chegam, algumas comunidades se tornam até mesmo hostis. Para alguns,
a chegada de novas pessoas gera certo desequilíbrio e desconforto. Fui pastor
de uma igreja que começou a ter um crescimento significativo, e uma distinta
senhora foi me reclamar porque estava chegando na igreja e não encontrando vazio
seu lugar onde sempre estava assentada.
Com ironia eu disse que isto não iria
acontecer mais, porque o conselho da igreja tinha decidido comunicar aos
visitantes, a partir do próximo domingo, que eles deveriam procurar outras
igrejas e não mais viessem à nossa porque estávamos tendo problema de espaço. Eu
perguntei o que ela achava, e ela riu meio desconcertada e disse: “acho meio
radical, mas ás vezes é necessário”. Ai então, tive oportunidade de falar um
pouco do que o evangelho nos ensina.
Quando Barnabé chega à Antioquia,
e vê aquelas pessoas se rendendo a Cristo, seu coração se alegrou. A igreja é
um organismo vivo, e por isto, uma das suas características é a reprodução,
outra é a nutrição. Esta igreja bíblica, se alegra com os novos convertidos e
encoraja a fé dos novos irmãos, “exortando
a todos que, com firmeza de coração, permanecessem no Senhor” (At 11.23).
A igreja precisa ter uma
mentalidade de cuidado para com aqueles que chegam. O diabo sempre se opõe,
veementemente, aos que tomam posição espiritual e assumem a fé em Cristo. Estas
pessoas precisam de apoio espiritual. Foi isto que Barnabé fez. Igrejas saudáveis
são amáveis e acolhedoras, prontas para receber e cuidar.
6. Igrejas saudáveis preocupam-se com os
marginalizados e dispersos – “E
partiu Barnabé para tarso, à procura de Saulo” (At 11.25)
Desde seu fracasso ministerial, Saulo
desapareceu do cenário. Sua impulsividade inicial trouxe oposição e colocou a
igreja em risco, e a igreja o despediu, e ele seguiu para as regiões desérticas
da síria e da Galácia e não era mais conhecido das igrejas da Judeia (Gl
1.21,22). Estudiosos afirmam que seu exilio forçado durou entre 12-14 anos. Paulo
não mais estava no ministério, carregando consigo o estigma do fracasso inicial
como pastor. Quando Barnabé chega a Antioquia, logo viu que aquela comunidade
precisava de uma estrutura teológica mais profunda, precisava de um mestre, e
ele sai à procura de Saulo, reintegrando ao ministério. Tarso ficava cerca de
150 km distante de Antioquia, e este trajeto poderia ser feito também através do
mar. O ministério de Paulo não seria conhecido se não houvesse a figura de Barnabé,
e juntos, por mais de um ano, ensinaram numerosa multidão (At 11.26).
7. Igrejas saudáveis imitam Cristo no seu
estilo de vida – “Em Antioquia foram
os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos” (At11.26).
O termo “cristão”, hoje
mundialmente adotado para designar aqueles que adotam o cristianismo como sua
fé, foi pela primeira vez usado fora de Israel.
Este termo não pretendia ser
elogioso, mas depreciativo. Cristãos significa, literalmente ”pequenos Cristos”.
Era uma forma de ironizar os discípulos, que tinham intenso desejo de imitar o
seu mestre, adotar o seu ensino e estilo de vida, a ponto de serem apelidados
de cristãos. Isto demonstra como esta igreja queria se parecer com Cristo. Igrejas
saudáveis procuram imitar Jesus, sua forma de falar, de agir e ser, são verdadeiros
seguidores de Cristo.
8. Igrejas saudáveis são generosas com seus
recursos – “Os discípulos, cada um
confome as sus posses, resolveram enviar socorro aos irmãos que moravam na Judeia”
(At 11.29).
O que
aconteceu aqui?
Um profeta chamado Ágabo, dava a entender pelo espirito que uma grande fome estava por vir, e então os irmãos de Antioquia, muitos deles novos convertidos, resolveram enviar recursos para que os presbíteros da igreja em Jerusalém pudessem cuidar dos necessitados.
Um profeta chamado Ágabo, dava a entender pelo espirito que uma grande fome estava por vir, e então os irmãos de Antioquia, muitos deles novos convertidos, resolveram enviar recursos para que os presbíteros da igreja em Jerusalém pudessem cuidar dos necessitados.
Este texto nos
aponta dois princípios sobre a generosidade com a obra de Deus:
a. Eles
se anteciparam com seus recursos – Não esperaram que a emergência surgisse.
A fome “estava para vir”, mas não era ainda uma realidade. Muitos não se
preocupam em que a igreja tenha provisão para responder às necessidades. A lição
que aprendemos aqui é que a igreja precisa de provisão, planejamento, ações
pastorais e missionárias, e que os recursos antecipados podem ajudar e
direcionar a ação da liderança.
b. Cada um,
contribuiu conforme as suas posses – temos aqui o princípio bíblico da
proporcionalidade. Precisamos aprender a contribuir conforme as posses que
temos. Aqueles que ganham mais precisam contribuir com valores mais significativos,
mas aos olhos de Deus o que vale não é o quanto você dá, mas o quanto você tem
deixado de dar. Deus o tem abençoado? Abençoe também! Deus o tem abençoado muito?
Abençoe muito também!
Muitas pessoas ficam discutindo se devem ou não dar o dizimo e eu particularmente acho esta discussão pobre. Dizimo é referência, precisamos dar mais que 10%, dízimos é ponto de partida. Infelizmente nunca vi alguém questionando o dizimo porque acha que deve dar mais, em geral vejo pessoas questionando porque acham que devem dar menos.
Muitas pessoas ficam discutindo se devem ou não dar o dizimo e eu particularmente acho esta discussão pobre. Dizimo é referência, precisamos dar mais que 10%, dízimos é ponto de partida. Infelizmente nunca vi alguém questionando o dizimo porque acha que deve dar mais, em geral vejo pessoas questionando porque acham que devem dar menos.
Conclusão
George Barna, no seu livro, Igrejas amáveis e acolhedoras, lista
algumas características do que, as igrejas acolhedoras NÃO FAZEM.
A. Não
limitam a Deus
B. Não
perdem tempo em discussões inúteis
C. Não
desprezam seus visitantes
D. Não
se afastam da sociedade
E. Não
tomam a rota segura. Não tem medo de ousar, de crer que novas e surpreendentes
coisas podem acontecer.
Estas são algumas marcas de
igrejas saudáveis.
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