sábado, 1 de setembro de 2018

Por que as pessoas não mudam?



Muitas vezes ficamos chocado com a realidade quase inexorável de pessoas que insistem em se manter no mesmo estado de auto destruição, de maldade e insensibilidade para as coisas mais essências da vida. Chegamos a acreditar que as pessoas não mudam. No entanto, o evangelho fala de um poder transformador que pode mudar nossa história. Deus pode mudar o coração de pedra e colocar um coração de carne em nós. Deus pode transformar pessoas rejeitadas, com histórico destrutivo em pessoas abençoadas.

O livro de Jeremias fala porque as pessoas geralmente não mudam. Este profeta é conhecido na bíblia como profeta chorão!

Na verdade, seu choro era profundamente coerente, fruto de uma alma sadia. Como ser profeta num contexto de desobediência declarada, vendo a tragédia e o exilio se aproximando e ainda assim o povo se recusando a se arrepender de seus pecados, se converter ao Senhor e ter a história de suas vidas transformadas.

O profeta é chamado a anunciar que a destruição seria iminente. A fome, a peste e a espada viriam sobre o povo (Jr 18.21), todas estas terríveis manifestações viriam sobre Israel. Apesar das constantes advertências, as pessoas se recusavam à mudança, mesmo diante de todas as evidências, eles resistiam a voltar para deus. Por que as mudanças não ocorriam? Por que as não mudavam?

Na medida em que lemos o profeta, vemos várias razões:

1.       As pessoas construíram segurança fora de Deus – (Jr 17.9). Quando lemos este texto somos tentados a pensar que não dá para confiar em ninguém, que todos nos trairão, que não podemos confiar, mas o que o texto está dizendo é que não podemos substituir nossa segurança em Deus, colocando-a nos homens. Por isto o texto seguinte diz: “Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor” (Jr 17.7)

Infelizmente o povo de Israel colocava sua confiança em outras coisas e pessoas, e não em Deus. Quando isto acontece nos recusamos a mudar. Acreditamos que nossas habilidades e relacionamentos serão suficientes para nos livrar.

Qual tem sido a fonte de nossa confiança? Bens, trabalho, herança, saúde? Qualquer segurança posta fora de Deus é arriscada. “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações?” (Sl 46.1).

2.       Falsa sensação de segurança – O povo desenvolveu uma falsa sensação de paz, negando os fatos e as profecias.

O livro de provérbios afirma que a falsa impressão de bem estar que construímos pode nos destruir (Pv 1.32). Jeremias também adverte: “Enganoso é o coração mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o conhecerá?” (Pv 17.9).

O povo de Israel não percebia o mal que praticava. “Cometem abominação, sem sentir por isso vergonha, nem sabem que coisa é envergonhar-se” (Jr 6.15). Jeremias se apavora com isto e pede a Deus sensibilidade para seu coração. “Provas o que sente o meu coração para contigo” (Jr 12.3). Talvez ele estivesse refletindo sobre a situação do povo e pensando que ele pudesse também estar equivocado em relação às suas percepções. Entretanto, o povo tinha outra visão: “Somos livres, jamais tornaremos a ti” (Jr 2.31) e ainda: “Como dizes, não estou maculada?” (Jr 2.23) e “estou inocente” (Jr 2.35). Quando confrontados diziam: “Que fiz eu?” (Jr 8.6) e “Por que nos sobrevieram estas coisas?” (Jr 13.22)

3.       As pessoas não mudavam por causa da dureza de coração – Apesar das constantes advertências proféticas, o povo se recusava a ouvir o Senhor e continuavam seguindo seu coração maligno (Jr 11.8). Deus convida seu povo ao arrependimento, a andar nos seus caminhos para serem curados (Jr 12.16).

Mesmo assim, havia uma rebeldia declarada e aberta (Jr 6.16,17). A Palavra de Deus é hostilizada (Jr 6.10) e “Não quiseram voltar” (Jr 5.3). Uma opção declarada de confronto e oposição.

4.       Liderança espiritual – Outro aspecto percebido por Jeremias foi a derrocada da liderança espiritual, boa parte dos problemas acontecia porque os líderes reforçavam a rebeldia e se recusavam a ouvir. As pessoas não mudavam porque os líderes espirituais reforçavam a ideia de que nada precisava ser feito.

Em Jr 12.19 lemos: “muitos pastores destruíram a minha vinha”. Aqueles que deveriam proteger, destruíam. Nada pode ser mais devastador para a vida da igreja que uma liderança infiel, porque o problema vem de dentro para fora. O liberalismo teológico destruiu o cristianismo na Europa e causou enormes danos nos EUA, principalmente no Nordeste daquele país.

Jeremias denuncia a ganância e a falsidade dos líderes em Jerusalém: “tanto o profeta como o sacerdote usam a falsidade” (Jr 8.10). O profeta denuncia suas respostas vazias (Jr 8.11), curando superficialmente as feridas do povo (Jr 6.13-14). Denuncia ainda sua atitude politiqueira (Jr 5.31), fazendo as coisas de acordo com o desejo do povo. A liderança corrompida vai rapidamente destruindo os valores e a fé genuína. (Jr 2.8). Pastores corruptos induzem as pessoas ao erro (Jr 23.1-2)

5.       A inclinação natural do povo para o mal. O problema, como aponta Jeremias, não era apenas da indução dos líderes. É que, os líderes corruptos encontravam terreno fértil no coração do povo que tinha impulso para o mal. “Eu amo o pecado” (Jr 2.25). Jeremias fala do coração incircunciso que precisa ser convertido a Deus (Jr 9.26). O profeta afirma que tal geração era como uma planta degenerada (Jr 2.21).

O que Deus pede ao povo?

A.      Arrependimento sincero – Jr 4.1,4 e 14

B.      Retorno à Palavra –Se diligentemente aprenderem” (Jr 12.16)

C.      Conversão – Jr 18.11

O livro de jeremias ainda adverte o fato de que as pessoas não desejam e não querem mudar. O que acontece quando não mudanças necessárias e urgentes não acontecem?

i.                     A falta de mudança atinge diretamente os sentidos. A ausência de temor gera certo trágico estado de torpor espiritual, endurecimento e cinismo– Jr 13.23. Paulo fala daqueles que cauterizam a própria consciência, obedecendo a ensino de demônios (1 Tm 4.1).

ii.                   A falta de mudança afeta diretamente a família – Em Jr 10.19-20. Deus ordena que Jeremias não tenha filhos (Jr 16.1-4), porque as famílias seriam destroçadas (Jr 14.16). O pecado traria graves consequências sobre as gerações, e os filhos sofreriam as consequências deste endurecimento.

iii.                  A falta de mudança em direção a Deus atinge a sociedade – Mexe com as estruturas da nação. (Jr 14.17-18). O povo de Israel seria levado cativo, como de fato aconteceu. A nação israelita é varrida do mapa por causa do seu pecado e por terem abandonado a deus.

iv.                 Gera perda de alegria e esperança – O cântico do noivo e da noiva não seria mais cantado. Estas canções são associadas às festividades solenes do povo, e também às festas de casamento judaicas que eram muito celebrativas. A alegria desapareceria das praças, o luto substituiria o regozijo.

Conclusão

Certo pregador afirmou acertadamente que só existem duas coisas que podem mudar a nossa vida: A primeira é o pecado, a segunda é a graça.

O pecado gera efeitos deletérios no caráter, na família e na sociedade. O pecado destrói a dignidade, os valores humanos e nos afasta de Deus, e lentamente vamos nos tornando pessoas insensíveis sem sequer percebemos o lamentável estado de nossa alma.

A graça, entretanto, gera o efeito reverso. Ela nos transforma, gera em nós desejo de Deus e das coisas eternas, muda nossas prioridades, valores e agendas. A graça de Deus tem o poder de transformar o homem mais vil e sem esperança, em alguém valoroso e útil nas mãos de Deus.
Que nosso coração seja transformado diariamente, gerando contrição e arrependimento, pela ação maravilhosa do Espírito em nossa vida.

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