Muitas vezes ficamos chocado com
a realidade quase inexorável de pessoas que insistem em se manter no mesmo
estado de auto destruição, de maldade e insensibilidade para as coisas mais
essências da vida. Chegamos a acreditar que as pessoas não mudam. No entanto, o
evangelho fala de um poder transformador que pode mudar nossa história. Deus
pode mudar o coração de pedra e colocar um coração de carne em nós. Deus pode
transformar pessoas rejeitadas, com histórico destrutivo em pessoas abençoadas.
O livro de Jeremias fala porque
as pessoas geralmente não mudam. Este profeta é conhecido na bíblia como
profeta chorão!
Na verdade, seu choro era
profundamente coerente, fruto de uma alma sadia. Como ser profeta num contexto
de desobediência declarada, vendo a tragédia e o exilio se aproximando e ainda
assim o povo se recusando a se arrepender de seus pecados, se converter ao
Senhor e ter a história de suas vidas transformadas.
O profeta é chamado a anunciar
que a destruição seria iminente. A fome, a peste e a espada viriam sobre o povo
(Jr 18.21), todas estas terríveis manifestações viriam sobre Israel. Apesar das
constantes advertências, as pessoas se recusavam à mudança, mesmo diante de
todas as evidências, eles resistiam a voltar para deus. Por que as mudanças não
ocorriam? Por que as não mudavam?
Na medida em que lemos o profeta,
vemos várias razões:
1. As
pessoas construíram segurança fora de Deus – (Jr 17.9). Quando lemos
este texto somos tentados a pensar que não dá para confiar em ninguém, que
todos nos trairão, que não podemos confiar, mas o que o texto está dizendo é
que não podemos substituir nossa segurança em Deus, colocando-a nos homens. Por
isto o texto seguinte diz: “Bendito o
homem que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor” (Jr 17.7)
Infelizmente o povo de Israel
colocava sua confiança em outras coisas e pessoas, e não em Deus. Quando isto
acontece nos recusamos a mudar. Acreditamos que nossas habilidades e
relacionamentos serão suficientes para nos livrar.
Qual tem sido a fonte de nossa
confiança? Bens, trabalho, herança, saúde? Qualquer segurança posta fora de Deus
é arriscada. “Deus é o nosso refúgio e
fortaleza, socorro bem presente nas tribulações?” (Sl 46.1).
2. Falsa sensação de segurança – O povo
desenvolveu uma falsa sensação de paz, negando os fatos e as profecias.
O livro de provérbios afirma que a
falsa impressão de bem estar que construímos pode nos destruir (Pv 1.32).
Jeremias também adverte: “Enganoso é o
coração mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto, quem o
conhecerá?” (Pv 17.9).
O povo de Israel não percebia o
mal que praticava. “Cometem abominação,
sem sentir por isso vergonha, nem sabem que coisa é envergonhar-se” (Jr
6.15). Jeremias se apavora com isto e pede a Deus sensibilidade para seu
coração. “Provas o que sente o meu
coração para contigo” (Jr 12.3). Talvez ele estivesse refletindo sobre a
situação do povo e pensando que ele pudesse também estar equivocado em relação
às suas percepções. Entretanto, o povo tinha outra visão: “Somos livres, jamais tornaremos a ti” (Jr 2.31) e ainda: “Como dizes, não estou maculada?” (Jr
2.23) e “estou inocente” (Jr 2.35).
Quando confrontados diziam: “Que fiz eu?” (Jr 8.6) e “Por que nos sobrevieram estas coisas?” (Jr 13.22)
3. As pessoas não mudavam por causa da dureza
de coração – Apesar das constantes advertências proféticas, o povo se
recusava a ouvir o Senhor e continuavam seguindo seu coração maligno (Jr 11.8).
Deus convida seu povo ao arrependimento, a andar nos seus caminhos para serem
curados (Jr 12.16).
Mesmo assim, havia uma rebeldia
declarada e aberta (Jr 6.16,17). A Palavra de Deus é hostilizada (Jr 6.10) e “Não quiseram voltar” (Jr 5.3). Uma
opção declarada de confronto e oposição.
4. Liderança espiritual – Outro aspecto
percebido por Jeremias foi a derrocada da liderança espiritual, boa parte dos
problemas acontecia porque os líderes reforçavam a rebeldia e se recusavam a
ouvir. As pessoas não mudavam porque os líderes espirituais reforçavam a ideia
de que nada precisava ser feito.
Em Jr 12.19 lemos: “muitos pastores destruíram a minha vinha”.
Aqueles que deveriam proteger, destruíam. Nada pode ser mais devastador para a vida
da igreja que uma liderança infiel, porque o problema vem de dentro para fora.
O liberalismo teológico destruiu o cristianismo na Europa e causou enormes
danos nos EUA, principalmente no Nordeste daquele país.
Jeremias denuncia a ganância e a
falsidade dos líderes em Jerusalém: “tanto
o profeta como o sacerdote usam a falsidade” (Jr 8.10). O profeta denuncia
suas respostas vazias (Jr 8.11), curando superficialmente as feridas do povo
(Jr 6.13-14). Denuncia ainda sua atitude politiqueira (Jr 5.31), fazendo as
coisas de acordo com o desejo do povo. A liderança corrompida vai rapidamente
destruindo os valores e a fé genuína. (Jr 2.8). Pastores corruptos induzem as
pessoas ao erro (Jr 23.1-2)
5. A inclinação natural do povo para o mal. O problema,
como aponta Jeremias, não era apenas da indução dos líderes. É que, os líderes
corruptos encontravam terreno fértil no coração do povo que tinha impulso para
o mal. “Eu amo o pecado” (Jr 2.25). Jeremias
fala do coração incircunciso que precisa ser convertido a Deus (Jr 9.26). O
profeta afirma que tal geração era como uma planta degenerada (Jr 2.21).
O que Deus pede ao povo?
A.
Arrependimento
sincero – Jr 4.1,4 e 14
B.
Retorno
à Palavra – “Se diligentemente
aprenderem” (Jr 12.16)
C.
Conversão
– Jr 18.11
O livro de jeremias ainda adverte
o fato de que as pessoas não desejam e não querem mudar. O que acontece quando
não mudanças necessárias e urgentes não acontecem?
i.
A falta de
mudança atinge diretamente os sentidos. A ausência de temor gera certo trágico
estado de torpor espiritual, endurecimento e cinismo– Jr 13.23. Paulo fala
daqueles que cauterizam a própria consciência, obedecendo a ensino de demônios
(1 Tm 4.1).
ii.
A falta
de mudança afeta diretamente a família – Em Jr 10.19-20. Deus ordena que
Jeremias não tenha filhos (Jr 16.1-4), porque as famílias seriam destroçadas
(Jr 14.16). O pecado traria graves consequências sobre as gerações, e os filhos
sofreriam as consequências deste endurecimento.
iii.
A falta
de mudança em direção a Deus atinge a sociedade – Mexe com as estruturas da
nação. (Jr 14.17-18). O povo de Israel seria levado cativo, como de fato
aconteceu. A nação israelita é varrida do mapa por causa do seu pecado e por
terem abandonado a deus.
iv.
Gera
perda de alegria e esperança – O cântico do noivo e da noiva não seria mais
cantado. Estas canções são associadas às festividades solenes do povo, e também
às festas de casamento judaicas que eram muito celebrativas. A alegria
desapareceria das praças, o luto substituiria o regozijo.
Conclusão
Certo pregador afirmou
acertadamente que só existem duas coisas que podem mudar a nossa vida: A
primeira é o pecado, a segunda é a graça.
O pecado gera efeitos deletérios
no caráter, na família e na sociedade. O pecado destrói a dignidade, os valores
humanos e nos afasta de Deus, e lentamente vamos nos tornando pessoas
insensíveis sem sequer percebemos o lamentável estado de nossa alma.
A graça, entretanto, gera o
efeito reverso. Ela nos transforma, gera em nós desejo de Deus e das coisas
eternas, muda nossas prioridades, valores e agendas. A graça de Deus tem o
poder de transformar o homem mais vil e sem esperança, em alguém valoroso e
útil nas mãos de Deus.
Que nosso coração seja
transformado diariamente, gerando contrição e arrependimento, pela ação
maravilhosa do Espírito em nossa vida.
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