segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Ex 20.7 “Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão”.


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Introdução: 

O Catecismo de Fé das Igrejas Reformadas pergunta: Qual é o terceiro mandamento?

E a resposta é:

-"Não tomarás o nome to Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar em vão o nome do Senhor seu Deus” (Ex 20.7);

E o que se exige no terceiro mandamento?
-“No terceiro mandamento exige-se que o Nome de Deus, os seus títulos, atributos, ordenanças, a Palavra, os sacramentos, a oração, os juramentos, os votos, as sortes, suas obras e tudo quanto por meio do quê Deus se faz conhecido, sejam santa e reverentemente usados em nossos pensamentos, meditações, palavras e escritos, por uma afirmação santa de fé e um comportamento conveniente, para a glória de Deus e para o nosso próprio bem e o de nosso próximo”.

O terceiro mandamento nos adverte a não usarmos o nome de Deus de forma vã, irreverente, profana, supersticiosa ou ímpia; a blasfêmia, o perjúrio, toda abominação e juramentos ímpios; a violação dos nossos votos, quando lícitos, e o cumprimento deles, se por coisas ilícitas; o abuso das criaturas ou de qualquer coisa compreendida sob o nome de Deus, para encantamentos ou concupiscências e práticas pecaminosas; a defesa da religião por hipocrisia ou para fins sinistros.

Tomar o nome de Deus em vão é associar sua santidade a qualquer projeto meramente humano e vazio. Na história da humanidade o nome de Deus tem sido usado para justificar gestos e atitudes profanas e até mesmo luciféricos. Usa-se o seu nome para instrumentalizar a injustiça, praticar o mal, explorar o pobre, roubar e matar, associando-o à mentira e malandragem. Quantas coisas malignas tem sido feitas em nome de Deus?

O nome de Deus tem sido usado em vão, na boca dos blasfemos e insolentes, no linguajar do profano e negligente, mas infelizmente também tem sido usado na boca dos religiosos para justificar atos que não tem nada espiritual. A pior forma de dessacralizar este santo nome encontra-se na religiosidade e liderança inescrupulosas, em falsos profetas disfarçados de ovelhas. Por isto surgem as guerras santas, navios negreiros, inquisições religiosas, queima de bruxos e hereges, projetos megalomaníacos de líderes auto centrados e altares de sacrifícios humanos em nome de Deus. Em seu nome se fazem romarias da impiedade e cultos a demônios, “profetadas” são dadas como supostas profecias, interpreta-se a Bíblia para justificar o mal e a intolerância, cantam-se hinos para ocultar a perversidade e faz-se orações para auto promoção.

Tais atitudes, feitas por ignorância ou cinismo, desprezam intencionalmente ou não a advertência de que “o Senhor não terá por inocente aquele que tomar em vão o nome do Senhor seu Deus” (Ex 20.7).

O nome de Deus era tão sagrado para os judeus piedosos que alguns usavam uma pena exclusiva só para escrever o tetragrama IHWH, cuja tradução melhor em português seria Javé. Deus se apresenta a Moisés como “Eu sou o que sou”, mas a conjugação verbal poderia ser “Eu sou aquele que é”. Por isto, a falsidade, a mentira, a vaidade, não podem estar associadas ao nome de Deus.
Este mandamento proíbe toda profanação e abuso das coisas por meio das quais Deus se dá a conhecer. Portanto, não usemos seu nome para proteger a mentira e levar vantagem pessoal. O nome de Deus é santo!

Qual é principio presente neste mandamento?
  • A Santidade do nome de Deus – O nome dele precisa ser honrado.

  • Não fazer juramentos baratos, não compromete o nome de Deus.

  • Não dizer coisas em nome de Deus, quando ele não nos autorizou a falar.

Tome-se por exemplo:

A.     As manipulações do sagrado – gente que fala em nome de Deus, assume posições em nome de Deus, sacraliza atitudes e gestos pecaminosos e coloca Deus como o parceiro de suas iniqüidades.
Certo pastor nos contou o caso de um empresário que durante muito tempo oprimiu sua família e esposa. Depois de anos de oração da esposa pela sua conversão, este homem se juntou à igreja. Sua atitude autoritária não mudou, pelo contrário, tornou-se ainda mais acentuada. Com um agravante: Transformou Deus em seu aliado. Justificava seus gestos autoritários usando e manipulando o sagrado. Este é o pior tipo de tirania. Gente que sacraliza sua impiedade em nome de Deus. “Tem forma de piedade, mas não possuem o poder de Deus”. Jesus censurou gravemente tal atitude: “ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque devorais as casas das viúvas e, para o justificar, fazeis longas orações: por isso, sofrereis juízo muito mais severo” (Mt 23.15).

B.     As articulações da sobrenaturalidade em nome de profecias, gurus e profetisas. Gente que afirma que Deus falou quando Deus não falou. Usam gestos espiritualizantes para enganar pessoas e atrair pessoas desesperadas, carentes de um sentido maior. Gente que traz profecias que Deus nunca deu. Faz curas fictícias, transformam púlpito em palco. Isto é algo muito grave aos olhos de Deus.

Considere o seguinte: Você já esteve envolvido numa situação na qual seu nome é envolvido e exposto? Gente que fala em seu nome mas que depõe contra você? Como você se sentiu? Como você acha que Deus se sente?

Os judeus levavam muito a sério o nome de Deus. Este nome Javé (ou seja lá qual for o seu som...) era impronunciável pelos hebreus. Você pode olhar em sua Bíblia, o nome Yaveh vem em letras capitais e havia uma pena especial para o seu nome.

Por que não banalizar? Não levar em vão o seu nome?
Porque tal atitude dessacraliza o sagrado. Esvazia o nome.

Por isto o terceiro mandamento chama nossa atenção para que, quando nos referirmos a Deus façamos de forma séria. É interessante ver a gravidade que Deus impõe ao uso de seu nome: "Não tomarás o nome to Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente aquele que tomar em vão o nome do Senhor seu Deus” (Ex 20.7). Não faça piadas com o nome de Deus nem com as coisas de Deus.

Algumas formas de usar o nome de Deus em vão:
  1. Uso irreverente– Deus é usado na boca dos infiéis, dos ímpios, para piadas e uso profano. Gente que faz brincadeira com Deus.

  1. Uso supersticioso – Gente que diz: “Deus me livre” e bate três vezes na madeira...

  1. Uso blasfemo – Fala insolências contra Deus. O Sl 73.7,9: “Daí a soberba que os cinge como um colar, e a violência que os envolve como manto... Motejam e falam maliciosamente; da opressão falam com altivez”.

  1. Perjúrio – Quando tomamos Deus como testemunha para jurar falsamente. Dizemos, “Deus é minha testemunha”, ou “eu juro por Deus”quando Deus nunca poderá testemunhar a sua mentira. Por medo da pena dos homens você envolve o nome de Deus.

  1. Toda abominação e juramentos ímpios – Gente que em rituais macabros faz citações em nome de Deus. Gente pagã que acredita poder manipular forcas espirituais usando o nome de Deus.

  1. votos – A violação dos mesmos, quando lícitos, e o cumprimento deles, por coisas ilícitas; Gente que cita o nome de Deus para autenticar determinados compromissos e depois não cumpre, ou gente que cita o nome de Deus em coisas que Deus não poderia estar envolvido.

  1. O abuso das criaturas ou de qualquer coisa compreendida sob o nome de Deus, para encantamentos ou concupiscências e práticas pecaminosas.

  1. A defesa da religião por hipocrisia ou para fins sinistros.

  1. Podemos usar o nome de Davi em vão quando o acusamos de alguma tragédia e não conseguimos superar a perda de alguém ou algo, e desta forma, desenvolvemos uma amargura e raiva contra o Sagrado.

Como usar o nome de Deus apropriadamente?

  1. Quando precisamos de sua ajuda e a ele recorremos – Esta é a forma correta de usar o nome de Deus. Quando sabemos que só ele pode nos socorrer e a ele dirigimos nossas preces.

  1. Quando queremos glorificar o seu nome e o exaltamos, naquilo que falamos sobre ele, naquilo que dizemos a ele, e naquilo que testemunhamos aos outros sobre Deus.

  1. Quando reconhecemos nossa necessidade de perdão e salvação e a ele recorremos

Conclusão

Dois personagens bíblicos podem ilustrar isto que falamos. Foram os dois ladrões na cruz.

O primeiro, insolente, blasfemava e gritava: “Se és Filho de Deus, desça desta cruz, salva-te a ti mesmo e a nós”. Sua forma de referir a Jesus não apenas era agressiva, mas desrespeitosa.

O segundo, contrito e quebrantado afirmava: “Nós, pelo menos, estamos aqui porque merecemos pela nossa culpa, mas este, nada fez...” e clama: “Senhor, lembra-te de mim quando estiveres no teu reino”, e a resposta pronta de Jesus foi: “Hoje mesmo estarás comigo no paraíso”.

O nome de Deus foi usado por ambos, mas em situações diferentes. Um, usou o nome de Jesus em vão, apenas para ironizar e fazer insolências. O segundo, usou para clamar pelo perdão e pela graça de Deus sobre sua vida.

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