Introdução:
O
Catecismo de Fé das Igrejas Reformadas pergunta: Qual é o terceiro
mandamento?
E a resposta é:
-"Não
tomarás o nome to Senhor teu Deus em vão, porque o Senhor não terá por inocente
aquele que tomar em vão o nome do Senhor seu Deus” (Ex 20.7);
E o que se exige no terceiro
mandamento?
-“No terceiro mandamento
exige-se que o Nome de Deus, os seus títulos, atributos, ordenanças, a Palavra,
os sacramentos, a oração, os juramentos, os votos, as sortes, suas obras e tudo
quanto por meio do quê Deus se faz conhecido, sejam santa e reverentemente
usados em nossos pensamentos, meditações, palavras e escritos, por uma
afirmação santa de fé e um comportamento conveniente, para a glória de Deus e
para o nosso próprio bem e o de nosso próximo”.
O
terceiro mandamento nos adverte a não usarmos o nome de Deus de forma vã,
irreverente, profana, supersticiosa ou ímpia; a blasfêmia, o perjúrio, toda
abominação e juramentos ímpios; a violação dos nossos votos, quando lícitos, e
o cumprimento deles, se por coisas ilícitas; o abuso das criaturas ou de
qualquer coisa compreendida sob o nome de Deus, para encantamentos ou
concupiscências e práticas pecaminosas; a defesa da religião por hipocrisia ou
para fins sinistros.
Tomar
o nome de Deus em vão é associar sua santidade a qualquer projeto meramente
humano e vazio. Na história da humanidade o nome de Deus tem sido usado para
justificar gestos e atitudes profanas e até mesmo luciféricos. Usa-se o seu
nome para instrumentalizar a injustiça, praticar o mal, explorar o pobre,
roubar e matar, associando-o à mentira e malandragem. Quantas coisas malignas
tem sido feitas em nome de Deus?
O
nome de Deus tem sido usado em vão, na boca dos blasfemos e insolentes, no
linguajar do profano e negligente, mas infelizmente também tem sido usado na
boca dos religiosos para justificar atos que não tem nada espiritual. A pior
forma de dessacralizar este santo nome encontra-se na religiosidade e liderança
inescrupulosas, em falsos profetas disfarçados de ovelhas. Por isto surgem as guerras
santas, navios negreiros, inquisições religiosas, queima de bruxos e hereges,
projetos megalomaníacos de líderes auto centrados e altares de sacrifícios
humanos em nome de Deus. Em seu nome se fazem romarias da impiedade e cultos a
demônios, “profetadas” são dadas como
supostas profecias, interpreta-se a Bíblia para justificar o mal e a
intolerância, cantam-se hinos para ocultar a perversidade e faz-se orações para
auto promoção.
Tais
atitudes, feitas por ignorância ou cinismo, desprezam intencionalmente ou não a
advertência de que “o Senhor não terá por
inocente aquele que tomar em vão o nome do Senhor seu Deus” (Ex 20.7).
O
nome de Deus era tão sagrado para os judeus piedosos que alguns usavam uma pena
exclusiva só para escrever o tetragrama IHWH, cuja tradução melhor em português
seria Javé. Deus se apresenta a Moisés como “Eu sou o que sou”, mas a
conjugação verbal poderia ser “Eu sou aquele que é”. Por isto, a falsidade, a
mentira, a vaidade, não podem estar associadas ao nome de Deus.
Este
mandamento proíbe toda profanação e abuso das coisas por meio das quais Deus se
dá a conhecer. Portanto, não usemos seu nome para proteger a mentira e levar
vantagem pessoal. O nome de Deus é santo!
Qual
é principio presente neste mandamento?
- A Santidade do nome de Deus – O nome dele precisa
ser honrado.
- Não fazer juramentos baratos, não compromete o
nome de Deus.
- Não dizer coisas em nome de Deus, quando ele não
nos autorizou a falar.
Tome-se
por exemplo:
A. As manipulações do sagrado – gente que fala em nome de
Deus, assume posições em nome de Deus, sacraliza atitudes e gestos pecaminosos
e coloca Deus como o parceiro de suas iniqüidades.
Certo
pastor nos contou o caso de um empresário que durante muito tempo oprimiu sua
família e esposa. Depois de anos de oração da esposa pela sua conversão, este
homem se juntou à igreja. Sua atitude autoritária não mudou, pelo contrário,
tornou-se ainda mais acentuada. Com um agravante: Transformou Deus em seu
aliado. Justificava seus gestos autoritários usando e manipulando o sagrado.
Este é o pior tipo de tirania. Gente que sacraliza sua impiedade em nome de Deus.
“Tem forma de piedade, mas não possuem o poder de Deus”. Jesus censurou
gravemente tal atitude: “ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque
devorais as casas das viúvas e, para o justificar, fazeis longas orações: por
isso, sofrereis juízo muito mais severo” (Mt 23.15).
B. As articulações da sobrenaturalidade em nome de
profecias, gurus e profetisas. Gente que afirma que Deus falou quando Deus não
falou. Usam gestos espiritualizantes para enganar pessoas e atrair pessoas
desesperadas, carentes de um sentido maior. Gente que traz profecias que Deus
nunca deu. Faz curas fictícias, transformam púlpito em palco. Isto é algo muito
grave aos olhos de Deus.
Considere
o seguinte: Você já esteve envolvido numa situação na qual seu nome é envolvido
e exposto? Gente que fala em seu nome mas que depõe contra você? Como você se
sentiu? Como você acha que Deus se sente?
Os
judeus levavam muito a sério o nome de Deus. Este nome Javé (ou seja lá qual
for o seu som...) era impronunciável pelos hebreus. Você pode olhar em sua Bíblia,
o nome Yaveh vem em letras capitais e havia uma pena especial para o seu nome.
Por
que não banalizar? Não levar em vão o seu nome?
Porque
tal atitude dessacraliza o sagrado. Esvazia o nome.
Por
isto o terceiro mandamento chama nossa atenção para que, quando nos referirmos
a Deus façamos de forma séria. É interessante ver a gravidade que Deus impõe ao
uso de seu nome: "Não tomarás o nome to Senhor teu Deus em vão, porque
o Senhor não terá por inocente aquele que tomar em vão o nome do Senhor seu Deus”
(Ex 20.7). Não faça piadas com o nome de Deus nem com as coisas de Deus.
Algumas
formas de usar o nome de Deus em vão:
- Uso irreverente– Deus
é usado na boca dos infiéis, dos ímpios, para piadas e uso profano. Gente
que faz brincadeira com Deus.
- Uso supersticioso –
Gente que diz: “Deus me livre” e bate três vezes na madeira...
- Uso blasfemo – Fala
insolências contra Deus. O Sl 73.7,9: “Daí a soberba que os cinge como um
colar, e a violência que os envolve como manto... Motejam e falam
maliciosamente; da opressão falam com altivez”.
- Perjúrio – Quando tomamos
Deus como testemunha para jurar falsamente. Dizemos, “Deus é minha
testemunha”, ou “eu juro por Deus”quando Deus nunca poderá testemunhar a
sua mentira. Por medo da pena dos homens você envolve o nome de Deus.
- Toda abominação e
juramentos ímpios – Gente que em rituais macabros faz citações em nome de Deus.
Gente pagã que acredita poder manipular forcas espirituais usando o nome
de Deus.
- votos – A violação
dos mesmos, quando lícitos, e o cumprimento deles, por coisas ilícitas; Gente
que cita o nome de Deus para autenticar determinados compromissos e depois
não cumpre, ou gente que cita o nome de Deus em coisas que Deus não
poderia estar envolvido.
- O abuso das
criaturas ou de qualquer coisa compreendida sob o nome de Deus, para
encantamentos ou concupiscências e práticas pecaminosas.
- A defesa da religião
por hipocrisia ou para fins sinistros.
- Podemos usar o nome
de Davi em vão quando o acusamos de alguma tragédia e não conseguimos
superar a perda de alguém ou algo, e desta forma, desenvolvemos uma
amargura e raiva contra o Sagrado.
Como usar o nome de Deus
apropriadamente?
- Quando precisamos de sua
ajuda e a ele recorremos – Esta é a forma correta de usar o nome de Deus.
Quando sabemos que só ele pode nos socorrer e a ele dirigimos nossas
preces.
- Quando queremos glorificar o
seu nome e o exaltamos, naquilo que falamos sobre ele, naquilo que dizemos
a ele, e naquilo que testemunhamos aos outros sobre Deus.
- Quando reconhecemos nossa
necessidade de perdão e salvação e a ele recorremos
Conclusão
Dois
personagens bíblicos podem ilustrar isto que falamos. Foram os dois ladrões na
cruz.
O
primeiro, insolente, blasfemava e gritava: “Se és Filho de Deus, desça desta
cruz, salva-te a ti mesmo e a nós”. Sua forma de referir a Jesus não apenas era
agressiva, mas desrespeitosa.
O
segundo, contrito e quebrantado afirmava: “Nós, pelo menos, estamos aqui porque
merecemos pela nossa culpa, mas este, nada fez...” e clama: “Senhor, lembra-te
de mim quando estiveres no teu reino”, e a resposta pronta de Jesus foi: “Hoje
mesmo estarás comigo no paraíso”.
O
nome de Deus foi usado por ambos, mas em situações diferentes. Um, usou o nome
de Jesus em vão, apenas para ironizar e fazer insolências. O segundo, usou para
clamar pelo perdão e pela graça de Deus sobre sua vida.
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