quinta-feira, 26 de setembro de 2019

1 Co 9.4-7 Igrejas relevantes numa cultura desorientada e confusa IV





Introdução


Este é o quarto sermão que pregamos sobre este assunto a partir da 1 Carta de Paulo aos Coríntios. Ao todo, dezesseis valores que julgamos tornar uma igreja socialmente relevante. Inspirado pelo Espírito de Deus, Paulo escreve esta carta para nortear a recém nascida igreja, que vivia numa sociedade depravada, a como cuidar das coisas de Deus se tornando relevante para a sociedade onde estavam vivendo.

Vamos considerar mais cinco destes elementos.

Décimo primeiro, igrejas relevantes cuidam bem de seus pastores – “Não temos nós o direito de comer e beber? Não temos nós o direito de levar conosco uma esposa crente como fazem os outros apóstolos, os irmãos do Senhor e Pedro? Ou será que apenas eu e Barnabé não temos o direito de deixar de trabalhar para termos sustento? Quem serve como soldado às suas próprias custas? Quem planta uma vinha e não come do seu fruto? Quem apascenta um rebanho e não bebe do seu leite?” (1 Co 9.4-7).

Paulo está fazendo aqui uma defesa do pastorado.

É bom lembrar que a Igreja de Corinto foi a que causou mais angústia pastoral em Paulo. Alguns questionaram seu ministério (1 Co 9.2), e ele se defendeu dizendo que outras pessoas até poderiam questionar sua vocação, menos esta igreja, já que muitos de seus membros haviam conhecido Jesus através de sua vida. Alguns questionaram seu salário e Paulo usa quatro figuras para exemplificar seu direito de receber da igreja embora ele mesmo não recebesse daquela igreja pois vivia do seu trabalho manual de fazer tendas e de ofertas que vinham da Igreja de Filipos, que era sensível ao cuidado pastoral (Fp 4.15-16).

A.   A Figura do Soldado“Quem serve como soldado às suas próprias custas” (1 Co 9.7). As pessoas de Corinto conheciam bem esta figura e sabiam que todo soldado, ao ser destacado para a guerra, recebia seus soldos da nação que os enviava. Qual cidade enviaria seus valentes à guerra e não os sustentaria? Contrataria o soldado mas não lhe pagaria o salário?

B.    A figura do agricultor –Quem serve como soldado às suas próprias custas? Quem planta uma vinha e não come do seu fruto?” (1 Co 9.7). “Não é certamente por nossa causa que ele o diz? Sim, isso foi escrito em nosso favor. Porque "o lavrador quando ara e o debulhador quando debulha, devem fazê-lo na esperança de participar da colheita". Se entre vocês semeamos coisas espirituais, seria demais colhermos de vocês coisas materiais?” (1 Co 9.10,11).
Outra figura bem conhecida daquele povo. A subsistência do lavrador só é possível e ele só realiza tal trabalho por causa da recompensa que recebe. Por isto todo lavrador trabalha duro, lavra a terra, planta a vinha, porque sabe que a semente sempre gera fruto. Não deveria o semeador da palavra esperar que aqueles que fossem abençoados pela palavra, sustentassem o trabalhador?  

C.    A figura do pecuarista – “...Quem apascenta um rebanho e não bebe do seu leite?” (1 Co 9.7).
Esta outra figura é retirada do mesmo contexto agropastoril. Quando um trabalhador retira o leite da vaca isto é algo desumano e incorreto? Igualmente o trabalhador deveria receber sua parte, ao servir o seu rebanho.

D.   A figura do sacerdote do Antigo Testamento“Vocês não sabem que aqueles que trabalham no templo alimentam-se das coisas do templo, e que os que servem diante do altar participam do que é oferecido no altar? Da mesma forma o Senhor ordenou àqueles que pregam o evangelho, que vivam do evangelho.”

O Antigo Testamento tinha regras muito claras sobre o sustento dos sacerdotes e levitas. Manter o templo com suas estruturas era algo difícil e caro, e o sustento vinha dos dízimos e ofertas especiais que o povo trazia ao templo, ofertando-o como expressão de culto a Deus. Uma pessoa que não trazia ofertas era tida como infiel. Davi expressa isto de forma bem direta: “Não oferecei sacrifícios ao Senhor que não custe nada” (2 Sm 24.24). A lógica aqui é bem simples: “fé que não custa nada, não vale nada!”. Se você não aprendeu a contribuir a obra do Senhor, deveria se perguntar seriamente: Por que não tenho disposição em servir a Deus com meus bens?

Orientações quanto ao cuidado pastoral:

1.     Devolva humanidade ao seu pastor – É isto que Paulo argumenta aqui. “Não temos nós o direito de levar conosco uma esposa crente como fazem os outros apóstolos, os irmãos do Senhor e Pedro?” (1 Co 9.5).

Paulo defende seu direito de casar, de formar família. Parece que até na sua área afetiva a igreja estava dando palpites. Ajude o seu pastor a ser humano, a namorar, a criar seus filhos, a ter tempo de férias, a descansar, a desfrutar sem culpa sem lazer, a criar seus filhos sem neurose. Existem muitos pastores que criam uma falsa ilusão de que são seres angelicais ou semi-deuses, algumas igrejas até mesmo criam certa aura mística sobre a figura pastoral, não é sem razão que tantos pastores se tornam enrijecidos, neurotizados, dominadores, esquizofrenizados. Scott Peck afirma: “Santos precisam dormir e até mesmo os profetas precisam brincar”.

2.     Dê salário digno ao seu pastor – Veja quantas vezes este texto nos ensina sobre isto.
ü  Não temos nós o direito de comer e beber? (1 Co 9.4).
ü  Ou será que apenas eu e Barnabé não temos o direito de deixar de trabalhar para termos sustento? (1 Co 9.6).
ü  Pois está escrito na Lei de Moisés: "Não amordace o boi enquanto ele estiver debulhando o cereal". Por acaso é com bois que Deus está preocupado? (1 Co 9.9)
ü  Da mesma forma o Senhor ordenou àqueles que pregam o evangelho, que vivam do evangelho. (1 Co 9.14).

Durante muito tempo vivia do ministério sonhando com o tempo em que não precisaria receber salário da igreja para exercer meu ministério e para minha sobrevivência, era um sentimento meio de culpa, talvez de orgulho, mas basta ler a palavra de Deus para ver como as Escrituras Sagradas tratam deste tema de forma natural.

3.     Valorize seu pastor – Paulo emprega a figura do boi. “Não digo isso do ponto de vista meramente humano; a Lei não diz a mesma coisa?
Pois está escrito na Lei de Moisés: "Não amordace o boi enquanto ele estiver debulhando o cereal". Por acaso é com bois que Deus está preocupado? Não é certamente por nossa causa que ele o diz? Sim, isso foi escrito em nosso favor. Porque "o lavrador quando ara e o debulhador quando debulha, devem fazê-lo na esperança de participar da colheita". Se entre vocês semeamos coisas espirituais, seria demais colhermos de vocês coisas materiais
? (1 Co 9.8-11).

Ele usa um texto lá do Antigo Testamento, no qual Deus fala de como as pessoas deveriam tratar seus animais. O boi que trabalhava, não poderia ter a boca fechada. Muitos faziam isto porque o boi, quando fazia seu trabalho, comia dos restolhos que caiam e os lucros diminuiam e Deus considerou esta atitude como algo perverso. Por isto dá recomendações de cuidado ao animal. Paulo diz: Não deveríamos ter a mesma preocupação com aqueles que se afadigam na obra do Senhor? Não deveriam eles também receber sustento e cuidado daqueles que recebem os benefícios de seu trabalho? Então, pare de amordaçar o boi, de restringir seu alimento.

Não trate o animal com mesquinhez. Não trate seu pastor com mesquinhez. Muitas igrejas não querem um pastor humilde, mas um pastor humilhado.

Igrejas relevantes cuidam bem de seus pastores. Nunca vi uma igreja próspera que não cuidasse bem de seus obreiros. Igrejas que tratam mau os seus obreiros perdem a benção de Deus sobre suas vidas. Se vocês querem igrejas fortes e saudáveis, tenham liderança forte e saudável.

Décimo segundo, Igrejas relevantes aprendem com a história“Porque não quero, irmãos, que vocês ignorem o fato de que todos os nossos antepassados estiveram sob a nuvem e todos passaram pelo mar. Em Moisés, todos eles foram batizados na nuvem e no mar. Todos comeram do mesmo alimento espiritual e beberam da mesma bebida espiritual; pois bebiam da rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo.” (1 Co 10.1-4).

O que vemos em todo este capítulo, é uma recapitulação da história de Israel. Paulo descreve os pontos nos quais seus antepassados falharam, e começa a enumerar seus vários erros:

ü  Não sejam idólatras, como alguns deles foram, conforme está escrito: "O povo se assentou para comer e beber, e levantou-se para se entregar à farra".
ü  Não pratiquemos imoralidade, como alguns deles fizeram — e num só dia morreram vinte e três mil.
ü  Não devemos pôr o Senhor à prova, como alguns deles fizeram — e foram mortos por serpentes.
ü  E não se queixem, como alguns deles se queixaram — e foram mortos pelo anjo destruidor.
ü  Por isso, meus amados irmãos, fujam da idolatria.
ü  Ninguém deve buscar o seu próprio bem, mas sim o dos outros.
ü  Assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus.
ü  Não se tornem motivo de tropeço, nem para judeus, nem para gregos, nem para a igreja de Deus.

Igreja precisa ter memória, para não cometer os mesmos erros do passado. Nos dias de Belsazar, filho de Nabucodonor, o império babilônico caiu nas mãos dos Medos e Persas. Daniel fez uma análise dura sobre o descaso de Belsazar e sua leviandade ao tratar a história. “Tu, Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o coração, ainda que sabias tudo isto” (Dn 5.22).

Belsazar desconsiderou a história. Pela forma como responde ao rei, temos a impressão nítida da irritabilidade de Daniel com a maneira que as coisas foram conduzidas no império, porque quando o rei fala dos prêmios que ele iria receber, caso interpretasse os sonhos, Daniel os recusa veementemente.
O rei viu o que aconteceu com seu próprio pai por ter desprezado a Deus. Ele sabia dos fatos, no entanto, insistiu nos mesmos erros. Quantas vezes agimos assim?
Belsazar desprezou as lições da história Esta é a triste realidade de muitos que sabem de tudo, mas ignoram as implicações da história, rejeitam a Deus e fazem opção pelo pecado. Desprezar a história, pode ser fatal, tanto para culturas, nações, igrejas, famílias e indivíduos. Isto aconteceu a Belsazar.

Muitas igrejas hoje são irrelevantes, porque não conseguem aplicar as lições da história na sua metodologia, insistem em cometer os mesmos equívocos, caminhar pelos velhos sistemas sem perceber as mudanças na sociedade ao seu redor. Continuam a manter a mesma atitude de pecado e opções legalistas, obtusas, pecaminosas, que a igreja já cometeu no passado, quando deveríamos ter aprendido que fazer as coisas do mesmo jeito nos levam para os mesmos resultados, como diz o poeta brasileiro: “a lição sabemos de cor, só nos resta aprender”.

Uma igreja relevante não pode se dar ao luxo de continuar cometendo os mesmos erros de outrora. Precisa aprender.

Décimo terceiro, igrejas relevantes possuem uma esfera de acolhimento e amor. 
Quando Paulo fala da ceia do Senhor (1 Co 11.17-34), ele inicia a perícope censurando a atitude de descaso da comunidade. “Nisto, porém, que vos prescrevo, não vos louvo, porquanto vos ajuntais não para melhor, e sim para pior” (1 Co 11.17).

A igreja de Corinto era uma igreja insensível e fria nos seus relacionamentos. Em alguns casos, como Paulo cita durante a Ceia do Senhor, o tratamento que era até mesmo de descaso. A igreja estava repetindo o mesmo padrão mundano, de pessoas que desprezavam os pobres. Então, quando iam participar da ceia, as pessoas mais ricas que traziam melhores comidas, pegavam sua melhor parte e não dividiam com as pessoas mais pobres, que traziam coisas mais baratas, um cardápio menos rebuscado.

Muitas igrejas excluem da comunhão aquelas pessoas que cometeram algum pecado público e escandaloso. Eu não sei se há fundamento bíblico para isto. Se entendemos a ceia como um dos meios de graça, a inclusão na ceia seria um meio de fortalecer o irmão fraco, ou aquele que está lutando contra a tentação e tentando vencer seus pecados. Portanto, uma pessoa que demonstra arrependimento pelo seu pecado deveria ser perdoada e participar da ceia. Obviamente a ceia não deve ser ministrada àqueles que “não se examinam” e fazem as coisas levianamente. Curiosamente, a grande censura que existe no texto, porém, não é àqueles que cometeram pecados públicos, mas àqueles que não possuem simpatia com os demais irmãos da comunidade. “pois quem come e bebe sem discernir o corpo, come e bebe juízo para si” (1 Co 11.29).

O que significa não discernir o corpo?
Isto tem a ver com a incapacidade de sermos acolhedores e amáveis para os demais membros da comunidade, de sermos indiferentes e distantes com aqueles que são mais simples. Isto significa ignorar, tratar com mesquinhez, não acolher o outro em meu coração, insistir em viver uma vida distanciada do amor e da sensibilidade para com o próximo.
Existem muitas igrejas amáveis e acolhedoras, que se tornam relevantes por causa do seu amor, preocupação com o pobre, cuidado, proteção, atenção e disposição em abraçar o outro e acolhimento aos seus membros. Numa sociedade impessoal, individualista, despersonalizada, como a nossa, igrejas serão relevantes quando se mostrarem amáveis.

Igrejas acolhedoras são relevantes em seu ministério. Impactam cidades, influenciam pessoas, abençoam vidas. Não sem razão, Paulo escreve todo o capitulo 13 desta carta para falar do amor. Nenhuma igreja será relevante se não aplicar os valores relacionados ao afeto na sua vivencia diária.

Décimo quarto. Igrejas relevantes entendem a importância dos dons espirituais.

Dois capítulos inteiros foram escritos para regulamentar os dons espirituais na igreja de Corinto. Na verdade foram três, se considerarmos o capitulo 13 de Corinto em toda esta unidade literária que vai de 1 Co 12.1 até 1 Co 14.40. Alguém já afirmou que o capitulo treze é como a salsicha que deve ficar entre as duas partes de um pão para fazer o cachorro quente. Dons espirituais nunca devem ser estudados sem uma profunda reflexão sobre o amor, para que não se transforme numa questão de vaidade pessoal e falsa superioridade espiritual.

Na verdade, parece que Paulo não estava tão preocupado com os dons espirituais em si. Para muitos, esta é a grande discussão do texto. Se  considerarmos sua introdução a este tema, vemos que a preocupação de Paulo não era com os dons, mas com a forma como os dons estavam sendo usados, tanto é que ele não proíbe os dons, antes “proíbe proibir” (1 Co 14.39), e os regulamenta para uso no culto público.

Em 1 Co 12.1 Paulo introduz o assunto dizendo: “A respeito dos dons espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”. Traduzindo literalmente, a expressão grega “peri de ton pneumatikon”, dá ideia de “a respeito dos espirituais”. O problema não eram os dons espirituais, mas os espirituais.

Paulo aplica a metáfora do corpo para falar sobre os dons. Isto facilita tremendamente a compreensão das verdades relacionadas aos dons. “Ora, assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpo, assim também com respeito a Cristo”. (1 Co 12.12). Neste corpo espiritual, todos membros são úteis e necessários, todos tem seu valor e seu lugar. Ninguém pode ser descartado.

Um dos maiores problemas das igrejas são as pessoas que não exercem seus dons. Você pode ter uma grande comunidade, de pessoas acomodadas, sem envolvimento, distantes. Igrejas relevantes encorajam e apoiam os ministérios leigos. As pessoas encontram seu lugar no corpo e aprendem a servir e a se tornar efetivas no exercício de seus talentos. Muitas pessoas com grande poder de mobilização e cooperação, tornam-se inúteis no corpo de Cristo, sobrecarregando outros membros, eventualmente menos capacitados. A tragédia de pessoas sem envolvimento e participação é facilmente percebida. Em geral, apenas 20% das pessoas trabalham, enquanto outras assistem, e eventualmente criticam, aqueles que estão envolvidos.

Nas Igrejas relevantes as pessoas sabem seu lugar no corpo e cooperam para o crescimento, qualidade ministerial, planejamento, execução e envolvimento comunitário. O poder da força de um grupo mobilizado é uma grande benção, e isto faz a diferença entre igrejas efetivas e não efetivas.

Décimo quinto, igrejas relevantes não negociam doutrinas fundamentais – A Igreja de Corinto estava enfrentando um problema doutrinário profundo e essencial: Algumas pessoas na igreja estavam colocando em xeque uma das doutrinas essenciais do cristianismo: A ressurreição dos mortos.

Um grupo dizia: Jesus ressuscitou, mas isto não tem nada a ver conosco.
Outro grupo dizia: Jesus não ressuscitou. Esta afirmação é um mito e deve ser desconsiderada.

Paulo, como pastor e plantador desta igreja, faz um longo discurso apontando a seriedade da ressurreição no escopo da fé cristã.

Paulo ensina porque a igreja precisa crer na ressurreição:
1.     Porque a ressurreição está fundamentada no testemunho de centenas de pessoas: Apareceu a Cefas e aos doze (1 Co 15.5); depois, foi visto por mais de 500 discípulos de uma vez em Betânia (1 Co 15.6), por Tiago (1 Co 15.7) e depois pelo próprio Paulo. Todas estas aparições se deram num espaço de 40 dias e nunca mais. Não poderiam ser alucinações coletivas – porque elas não acontecem numa hora e desaparecem. Não havia predisposição entre os discípulos de crer, portanto não era fruto de sugestão psicológica.

2.     Porque a doutrina da ressurreição sustenta nossa fé (1 Co 15.14.17). Se a ressurreição pudesse ser provada como falsa, a fé cristã não se sustentaria;

  1. Porque se a ressurreição não aconteceu, não apenas criamos um embuste, mas estamos contra Deus, pois asseveramos contra Deus que ele fez, quando ele não fez. Isto é fraude (1 Co 15.15).

  1. Porque sem ressurreição, a vida não tem coerência (1 Co 15.19). o que seria a vida humana se tudo terminasse num túmulo frio. Que coerência e sentido teríamos em nossa vida?

5.     A ressurreição nos motiva a adoração e ao serviço. 58 “Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil” (1 Co 15.58).

Igrejas relevantes não negociam doutrinas essenciais.

Em nome do pensamento moderno, ou pela influência liberais que se infiltram na igreja, corre-se o risco de abandonarmos a fé simples e genuína. “Porque eu recebi do Senhor, o que também vos entreguei” (1 Co 11.23). Temos que entregar o que recebemos. O envelope pode ser diferente, a metodologia com outra roupagem, os meios adaptáveis, mas jamais podemos suprimir ou negar a eficácia das grandes verdades do evangelho.

Historicamente, igrejas sempre perderam seu poder na história e sua relevância, exatamente porque abriram mão dos pressupostos simples e poderosos do evangelho. Não podemos negociar, sublimar aquilo que a fé simples do evangelho nos trouxe. Devemos entregar o que recebemos.

Décimo sexto, igrejas relevantes são afetivas nos seus relacionamentos. Grande parte do que ocupa o capítulo 16 desta carta são as exortações finais e as saudações que Paulo faz àquela igreja.

Apesar de ter sido maltratado e questionado, acusado injustamente, não vemos um Paulo amargo e desiludido, mas vemos um homem carregado de afetividade no trato com as pessoas. Ele demonstra preocupação pessoal com o bem estar de Timóteo, que era conhecido por sua timidez; de Apolo, líder apaixonado pelo evangelho, os obreiros que de forma direta cuidavam daquela igreja (1 Co 16.10-12).

Paulo fala carinhosamente de Estéfanas, cuja família foi a primeira a se converter na Acaia, fala da alegria que sente pela sua vinda acompanhado de Fortunato e Acaico, que trouxeram refrigério para sua alma. Muitos colegas de ministério trazem agonia e angústia aos nossos corações, mas Paulo fala de forma carinhosa de todos eles (1 Co 16.15-18).

E conclui esta epistola falando da graça de Deus, do amor entre todos e encorajando-os a saudarem uns aos outros com ósculo santo. Como dissemos anteriormente, esta era uma forma cultural dos homens cumprimentarem entre si, ela, não necessariamente precisa ser exercitada da mesma forma em todas as culturas, mas seu princípio segue inegociável: é proibido ser frio. Se vivemos em comunidade, precisamos olhar o outro com atenção. Não há espaço para a indiferença.

Igrejas relevantes aprendem a viver este estilo de vida que a igreja de Cristo possui. Tornam-se efetivas porque aplicam as verdades do evangelho em suas vidas.

Conclusão:
Chegamos ao final desta série de sermões sobre a Igreja relevante no meio de uma sociedade desorientada e confusa. Este é o grande desafio da igreja em todas as épocas.

A sociedade pode mudar na sua abordagem, mas sabemos pela palavra de Deus, que a inclinação natural do homem é se afastar de Deus, se perder em seus raciocínios falazes, em sua auto glorificação, esquecer-se de Deus e construir seus ídolos. O resultado quando o homem se afasta de Deus é impiedade, perversão e confusão. O homem de Deus perde sua referência e significado, por isto cria outros deuses. Como consequência, se perde também em seus afetos naturais, nas suas emoções, nos seus corpos e nas suas mentes como bem descreve os versículos iniciais da carta de Paulo aos Romanos.

O resultado é cansaço, desilusão, tristeza, perda do Sagrado.

A igreja de Cristo existe exatamente para isto. Seu propósito é “anunciar as virtudes daquele que nos chamou das trevas para sua preciosa luz”. Precisamos de autoridade, santidade, verdade e amor para que nosso testemunho não se enfraqueça, antes se torne poderoso, para que a sociedade atual, confusa e desorientada, seja impactada de forma eficaz pelo testemunho de igrejas relevantes.

Que Deus nos abençoe!!!



















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