segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Ex 20.3 Não terás outros deuses diante de mim


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Introdução:

Curiosamente o primeiro mandamento não adverte contra o ateísmo, mas contra o politeísmo. Isto faz um enorme sentido: O grande problema do homem não é a descrença de Deus, mas a incapacidade de viver sem deuses.

Plutarco afirmou que podemos encontrar cidades sem paredes, sem literatura, reis, casas ou dinheiro, sem ginásios ou teatros, mas nunca veremos uma cidade sem templo e deuses.

Não existe nenhuma nação tão bárbara ou raça tão bruta que não esteja imbuída da convicção de que há um Deus. O problema não é o “a-teísmo”, mas o “poli-teísmo”.

A pergunta que surge é: “Por que não ter outros deuses se não existe outro Deus além do Deus único e verdadeiro? Por que proibir a adoração de outros deuses se estes não passam de imaginação ou projeção de temores e desejos do coração humano?”.

O fato é que facilmente forjamos outros deuses. Caso você queira saber se possui outros deuses que tem governado sua vida, basta perguntar a si mesmo: “existe algo ou alguma coisa que temo, sirvo, confio e amo mais que a Deus?” Se sua resposta é afirmativa, certamente existe outro “deus" governando sua vida. São os ídolos de nossos corações. Precisamos tomar consciência da natureza, poder e extensão da idolatria em nossa vida

Os deuses que governam nossas vidas se apropriam de muitas máscaras e faces, recebem diferentes nomes, mas cada um deles exige, a seu modo, adoração, liturgia e cultos apropriados. Onde você coloca seu coração é exatamente onde se encontra o nicho de sua divindade. E isto atinge a todos: protestantes, católicos, espíritas, ateus, agnósticos. Todos nós construímos altares aos deuses que controlam nossa vida.

Por isto, neste primeiro mandamento, é como se o Deus único e verdadeiro estivesse a nos dizer: “procure que somente Eu seja o teu Deus e não busque a nenhum outro. Os bens que te faltam, espera-os de mim (...) Não faça o teu coração depender de nada, nem confies em nada que não seja Eu mesmo, nenhum ídolo deste mundo: o dinheiro, a erudição, o poder, outros homens (Lutero)”.

Os dois primeiros mandamentos, possuem uma conexão direta com a adoração que devemos dar a Deus:
Ø  Não terás outros deuses diante de mim. Ex 20.3
Ø  Não farás para ti imagem de escultura. Ex 20.4-5

Quando estudamos a história de Israel, quais são os pecados que eles mais comumente praticam?

A idolatria (Ex 32.1-35).

Por que a idolatria é tão fascinante para este povo, uma vez que o Deus verdadeiro se revela de forma tão marcante no meio deles? A resposta está no fato de que, no coração humano, existe um fascínio para os ídolos, eles nos atraem.


Através dos ídolos, tentamos fazer deuses à nossa imagem e semelhança, que possam ser manipulados por nós. Tentamos criar deuses que reflitam nossas fraquezas de caráter e que não nos faça nenhuma pergunta sobre nossa atitude moral, decisões éticas e espirituais.

O ídolo fascina porque nos faz crer que precisamos dele para nossa felicidade, para satisfazer nossa vida e preencher o vazio.

Um ídolo surge quando desejamos alguma coisa além de Jesus. Quando tememos coisas mais que a Deus, quando adoramos a nós mesmos mais que a Cristo, quando colocamos a nossa confiança em alguma coisa além de Jesus.

A razão pela qual nós nos identificamos com ídolos é compreensível.
Quando nós nos separamos de Deus, experimentamos um sentimento de vazio, de necessidade, de deficiência e alienação e para preenchermos nossas necessidades, corremos para os ídolos. Assim, amamos, desejamos, confiamos, tememos, adoramos outras coisas além de Deus para nos dar alegria, paz, liberdade, identidade, controle, felicidade, segurança, realização, riqueza, prazer, significado, aceitação e respeito.

Algumas vezes nossos ídolos são claramente errados.
Contudo, as coisas que desejamos freqüentemente são boas em si mesmas, como ter uma criança com um bom comportamento, reputação, respeito de outras pessoas, mas mesmo coisas boas freqüentemente passam a governar nossas vidas podendo se transformar em nossos ídolos. A obsessão por emagrecimento, beleza, conforto e bem estar, ou por estabilidade financeira, podem controlar nosso coração de uma tal forma que nos esquecemos que só precisamos mesmo de Deus.

Os ídolos se apresentam disfarçadamente e nos fazem pensar que não podemos viver sem eles. Existem por aí muitos substitutos de Deus.

Alguns exigem sacrifícios tremendos e mesmo assim nós os atendemos; reclamam devoção, ofertas e nos dão a impressão de que não podemos viver sem eles. Por isto, o primeiro mandamento fala da exclusividade de Deus.

Deixe-me dar uma lista de exemplos de idolatrias sutis, voltando à pergunta que fizemos assim:

a.     Medo – A quem ou o que tememos?

b.     Confiança – Em que ou em quem colocamos nossa confiança?

c.     Desejo – O que tem se tornado o objeto de meu desejo?

d.     Amor – Quais são as coisas que mais amo, que tem assumido primazia, acima de Deus, em minha vida.

Por exemplo,
Um medo obsessivo de que meu filho não saia bem na vida pode me governar e me dominar completamente, de tal maneira que posso viver constante manipulando-o, controlando-o, preocupado e até mesmo irado.

Eu não o confio a Deus, mas passo a ser mentalmente dominado por este medo que passa a exercer o controle minha vida.

Quando estávamos nos mudando dos Estados Unidos para o Brasil, no final de 2002, minha esposa, Sara Maria, foi tomada de uma grande aflição, quando minha filha Priscila nos pediu para ficar lá e terminar o High School. No meio desta ansiedade em ter que deixar nossa filha para trás, Deus lhe trouxe uma compreensão muito clara ao coração: "Eu sempre cuidei dela, pode ser que você esteja pensando que a responsabilidade era sua, mas eu apenas a dei a você, para que você estivesse com ela estes anos, mas quem sempre cuidou dela fui eu". Isto acalmou seu coração. Compreendeu que existia um Deus acima, e pode colocar sua confiança não mais nos seus recursos, nem no seu domínio, nem naquilo que julgava ser sua responsabilidade, para colocar em Deus.

O desejo por segurança e estabilidade financeira.
Queremos tanto ter uma vida tranqüila, sossegada, recursos financeiros disponíveis, que passamos a colocar nosso coração nisto, e se algo ameaça este nosso ídolo, nos desesperamos, perdemos o controle, porque achamos que o ídolo do dinheiro é que pode controlar minha vida. Por isto não sou capaz de ser liberal com meus recursos, não trago meu dizimo à igreja, não contribuo para a obra de Deus. Morro de medo de ficar sem dinheiro. Por isto a Palavra nos ensina que o “o amor ao dinheiro é idolatria”.

Uma senhora idosa, aos 90 anos de idade andava muito preocupada, e seu filho procurou saber o que estava acontecendo com ela. Ela respondeu: “Tenho medo de que meu dinheiro não seja suficiente para mim até o dia da minha morte”. Como ela tinha muitos bens e uma situação financeira tranqüila, o filho colocou no papel tudo o que ela possuía e disse: “mamãe, a senhora pode viver neste estilo de vida, por mais 15 anos, sem faltar absolutamente nada para a senhora”. E ela respondeu: “E depois dos 15 anos?”.

Qual medo domina sua vida? Quando confiamos no sistema ou nossos métodos, na nossa onipotência e não em Deus isto é sinal de idolatria. Quem você pensa que controla sua vida? Os ídolos nos fazem crer que circunstâncias, controles externos é que fazem isto, e tiramos assim os nossos olhos de Deus.

É bom entender que tais categorias não são estáticas, mas dinâmicas.
Por exemplo, temer que o dinheiro vá faltar e ficar dominado pelo pensamento de que não terá no futuro para as suas necessidades, faz você pôr seu coração e sua confiança nos bens que possui. Confiar no dinheiro e em posses para sua paz pode revelar onde está o seu tesouro.

Dinheiro pode se tornar um ídolo ao qual passamos a servir e obedecer. Jesus afirmou que o dinheiro é uma entidade espiritual, um ser com vida própria, chamou-o de mamom, e sendo ele espiritual exigirá sempre de nós adoração.

Considere os tipos de comportamentos ou pecados de superfície que podem virar ídolos em nossos corações. Pense nos pontos acima: A quem eu amo, temo, confio e desejo mais que a Deus?
Considere novamente a avareza, que é idolatria. Um dos ídolos de nossa cultura e de nossa geração. Como você pode saber que isto é um ídolo em sua vida? Como funciona seu desejo, confiança e medo em relação a ele?

Lutero afirmou que normalmente quebramos os outros mandamentos por causa da quebra deste primeiro.

É por acharmos que outros deuses podem nos dar prazer mais que o Deus verdadeiro é que nos submetemos a eles e o adoramos. Quem perde o temor, confiança e amor ao Deus verdadeiro, pratica toda espécie de sordidez. “Um ídolo não é somente uma estátua, um fetiche, mas pode ter muitas formas e disfarces, porém uma coisa é comum aos ídolos: eles cegam os homens e não deixam que vejam a verdade, tiram a liberdade e sacrificam vidas”.

Quais são os ídolos mais comuns?
Não apenas confiamos em outras coisas para nos abençoar, mas confiamos muitas vezes em nós mesmos. Nos colocamos no trono e nos vemos como deuses. Veja o que podemos fazer com a idolatrização de nosso Eu.

q  Eu tento controlar o meu mundo (as coisas nunca podem sair erradas que eu me desespero)
q  As pessoas precisam prestar atenção concentrada em mim (eu mereço respeito!)
q  Eu tenho o direito de julgar os outros;
q  Eu falo e as coisas têm que acontecer, assim como Deus fala e as coisas acontecem;
q  As pessoas precisam me respeitar e honrar.
q  Eu glorifico a mim mesmo (sei de tudo, sou sábio, minhas opiniões são sábias e corretas);
q  Eu faço tudo que me agrada (o mundo e as coisas estão a meu serviço: TV, comida, sexo, compras, férias, igreja, pastor, empregados).
q  Eu preciso parecer santo (especialmente pastores), nem que viva o conflito de médico e monstro.
q  Eu não presto contas a ninguém (se alguém exigir isto de mim, fico irritado).
q  Eu devo ser independente
q  As pessoas precisam me amar
q  As pessoas precisam me servir
q  A vida gira em torno de mim (preciso ser o centro de minha família, trabalho e igreja)
q  Eu preciso estar no topo (ganhar no trabalho, esporte e jogos)
q  Eu faço minhas próprias leis.

Conclusão: Bebendo água do mar

A diferença entre confiar em ídolos e confiar em Jesus, é a mesma entre beber água salgada e água fresca. Duas coisas acontecem quando você bebe água do mar: você fica com mais sede e começa a enlouquecer. Idolatria é como água do mar. Sua visão da realidade torna-se embotada. Coisas que pareciam tão erradas no passado tornam-se aceitáveis agora, mas mesmo assim, você não está satisfeito. Um deus falso é apenas um deus falso. Ele mente. Promete vida, mas traz morte. Somente o nosso Deus pode nos abençoar e nos encher com vida. Somente Jesus é a água da vida, água fresca que sacia a nossa sede. Por isto ele afirma: “Todos os que tem sede, venham a mim e bebam, porque se alguém crer em mim, como diz as Escrituras, do seu interior fluirão rios de água viva”. Nossa insatisfação interior vem do fato de que estamos cavando cisternas rotas para saciar nossa sede de significado, sentido e valor, coisas estas que só poderão ser encontradas em Deus.

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