Introdução
“Minha paróquia é o mundo” ´é uma clássica frase atribuída a John Wesley. Com isto ele queria demonstrar que sua igreja era muito maior do que os membros de sua comunidade local. Estou convencido de que este é um dos grandes desafios de pastores e da visão de uma igreja inserida na comunidade. Lamentavelmente muitos ministérios se tornam intramuros, ensimesmados, criando um gueto e esquecendo de olhar com maior abrangência o chamado de Deus para suas vidas.
Estou convencido de que a pregação do evangelho é um desafio enorme, mas Jesus nos encoraja a pregar com confiança na colheita: “Não dizeis vós que ainda ha quatro meses até a ceifa? Erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa” (Jo 4.35). Isto exige um olhar para a seara, capacidade de abrir as janelas e ter uma visão maior do que aquela que teremos se insistirmos em ficar em torno dos próprios problemas sem um vislumbre maior do potencial do chamado que temos recebido de Cristo.
Ao colocar a pregação da palavra em segundo lugar, o faço intencionalmente. Todos sabemos que a missão essencial da igreja é glorificar a Deus, e faz parte da obediência e glória a Deus, o anúncio do Evangelho. A pregação não pode ser feita sem oração que a potencializa. Sem a oração, a evangelização e a missão perdem seu poder de impacto na vida dos pecadores. Pregação deve ser antecedida e acompanhada por oração. Elias orou antes de enfrentar os profetas de Baal, orou para que Deus mandasse fogo do céu e orou depois da manifestação no Monte Horebe.
A oração é fundamental para que pregadores anunciam a graça salvadora de Cristo com ousadia e poder. Pregação é exclusividade da igreja. Nenhuma outra associação ou entidade pode fazer isto. A cidade possui muitas ONGs, agências sociais e associações que procuram minimizar os grandes conflitos sociais, criando ações sociais para mitigar o sofrimento humano, mas nada é tão essencial, urgente, crucial que a pregação do Evangelho. Apenas a igreja tem o poder de anunciar a eterna salvação através do Sangue de Cristo.
Quando Jesus designou seus discípulos de dois em dois para o preceder em cada cidade e lugar aonde pretendiam chegar, “lhes fez a seguinte advertência: A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara” (Lc 10.2). Cada cidade se tornaria um desafio para os discípulos de Jesus, que o precederiam, assim como as cidades de hoje precisam de pregadores, plantadores de igreja, evangelistas, para anunciar a obra de Cristo realizada na cruz. Precisamos orar para que haja um número grande de pessoas que sintam amor pelos perdidos e que preguem a palavra. A seara é grande. Os desafios são imensos. Precisamos pedir àquele que vocaciona e chama as pessoas, que “mande trabalhadores para a sua seara”.
As forças espirituais da cidade
Apenas no livro de Atos dos Apóstolos, a palavra “cidade” aparece 42 vezes, e isto revela como este livro tem um foco eminentemente urbano. A igreja avança com uma estratégia definida em alcançar cidades estratégicas da Ásia Menor, aproveitando três elementos que foram propulsores da missão:
(a)- Os contatos com os judeus da diáspora, que em quase todas cidades estabeleciam suas sinagogas;
(b)- A universalidade da língua grega, já que quase todos eram poliglotas
(c)- O domínio do Império Romano, que destruiu as barreiras que existiam entre etnias e culturas, criando a pax romana com suas restrições naturais nas fronteiras.
As cidades eram o alvo principal na obra missionária, porque atraiam as pessoas em necessidade constante de compra e venda, e que precisavam de outros produtos para a sobrevivência nas pequenas aldeias. Através das cidades era mais fácil irradiar o evangelho, porque as cidades foram e são, os grandes centros formadores de opinião. Estrategicamente, os discípulos procuravam as cidades mais relevantes, por isto se dirigiram para as mais importantes como Corinto, Efésios e Roma.
Em todas cidades para onde se dirigiam, os discípulos enfrentaram grandes e fortes oposições.
A primeira cidade alcançada, depois que saíram de Jerusalém, foi Samaria, até mesmo por uma questão geográfica e por possuírem a mesma língua. A influência religiosa judaica estava muito presente nesta cidade que fora por muitos anos a capital do Reino do Norte, quando o povo judeu estava dividido em dois reinos.
Os samaritanos se consideravam judeus embora os judeus o rejeitassem afirmando que eram religiosos espúrios e apóstatas. Várias controvérsias religiosas existiam entre estes dois grupos e um se recusava a receber e conversar com o outro. Quando Filipe chegou a Samaria ele teve que lidar com uma estrutura religiosa dominante e com a superstição daquele povo. Certo homem, chamado Simão, era o líder espiritual deles, e com sua prática ilusionista, enganava o povo que o considerava um grande vulto, e “todos lhe davam ouvidos, do menor ao maior, dizendo: Este homem é o poder de Deus, chamado o grande poder” (At 8.10). Aquela cidade tinha uma liderança espiritual definida. Em quase todas as cidades por onde passaram, esta era uma realidade presente.
Quando Paulo chegou a Salamina, na ilha de Pafos, na Primeira Viagem missionária também se encontrou com forças espirituais que dominavam a cidade. Ali havia um judeu, chamado Barjesus, que era falso profeta, tinha muita influência na cidade. Onde Paulo o encontra? Ao lado do procônsul Sérgio Paulo, que era um oficial preposto de Roma. Seu domínio ia até à sede do Império Romano da região. Na medida em que Paulo tenta falar do evangelho, “opunha-se Elimas, o mágico (porque assim se interpreta o seu nome), procurando afastar da fé o procônsul” (At 13.8).
Barjesus tem amizade e exerce influência espiritual sobre aquele oficial romano. Ele se opõe a Paulo, questiona, zomba, ridiculariza. Paulo lança sobre ele uma imprecação e só assim a batalha espiritual acaba, com a conversão também daquele homem. O Evangelho precisa romper com sistemas de idolatria e feitiçaria, que muitas vezes dominam uma região por muitos anos. Toda vez que estivermos orando por uma cidade e saindo para plantar uma igreja ou anunciar a obra de Deus numa outra região, é importante se preparar para oposição espiritual.
Oposição semelhante vamos encontrar ainda em Antioquia da Pisídia (At 13.14). Depois de dar o testemunho do seu encontro com Jesus, Paulo encontra resistência, não dos gentios e pagãos, mas dos religiosos judeus. Estes “instigaram as mulheres piedosas de alta posição e os principais da cidade e levantaram perseguição contra Paulo e Barnabé, expulsando-os do seu território” (At 13.50). As autoridades e as mulheres piedosas se opuseram a eles. Eles foram literalmente expulsos. Não puderam mais ficar na cidade, ainda que muitos gentios, ao ouvirem as boas novas “regozijaram-se e glorificavam a palavra do Senhor, e creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (At 13.48). A benção de pregar o evangelho é saber que, em todos os lugares, existem os eleitos que ouvirão a palavra de Deus e crerão.
A oposição também é encontrada em Icônio, onde mais uma vez tiveram que fugir para não serem apedrejados (At 14.5-7); Igualmente foram rechaçados também em Listra logo depois de curarem um paralítico. Nesta cidade, em poucas horas deixaram de ser deuses e se tornaram vilões e apedrejaram a Paulo que só não morreu porque alguns corajosos discípulos enfrentaram a multidão controlada pelos opositores e o tiraram dali (At 14.8-21).
Em Atos 16, na cidade de Filipos, Paulo se defronta com uma adivinhadora, possessa de um espírito maligno, que inicialmente parecia estar aliada ao seu ministério e até mesmo se tornou sua marqueteira. Ela era admirada por ter um espirito de adivinhação, havia todo um sistema de pessoas que ganhava dinheiro em cima disto, e quando viu os discípulos, ela os seguia pela rua gritando: “Estes homens são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação. Isto se repetia por muitos dias” (At 16.17,18a).
Se você estivesse pensando em plantar uma igreja numa determinada cidade pagã e encontrasse uma aliada destas, qual seria sua atitude? Ela estava promovendo o ministério de Paulo, e parece que os discípulos acharam isto positivo, pois ela fez isto por vários dias sem ser confrontada. Mas a igreja de Cristo não pode se impressionar nem ficar interessada em ter o diabo no Departamento de Marketing. Depois que Paulo, indignado, repreendeu o espírito maligno e confrontou aquela força dominante na cidade, foi que as coisas se complicaram, pois os homens o arrastaram para a praça, e na presença das autoridades, os denunciaram por desordem pública e eles foram acoitados com varas e atirados no calabouço.
O que fazer deve fazer o missionário quando Deus o envia para pregar numa cidade como Pérgamo? Naquela cidade o diabo reinava soberanamente, e quem faz esta afirmação é o próprio Jesus. “Conheço o lugar em que habitas, onde está o trono de Satanás”(Ap 2.13). O que fazer se Deus nos envia para uma cidade que já tem um histórico de perseguição religiosa e martírio, já que Antipas, a fiel testemunha de Jesus havia sido morto por causa de sua fé?
Seja qual for o seu campo, qual seja a cidade para onde Deus lhe mandar não se esqueça. Haverá oposição espiritual ao seu ministério. Não é fácil refletir sobre o que Jesus falou: “Ide! Eis que eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos” (Lc 10.3), eu preferiria muito mais uma inversão destas imagens: “eu vos envio como lobo para o meio das ovelhas”. A única coisa boa de tudo isto, porém, é saber que, apesar de sermos frágeis ovelhas, temos um grande pastor. Ele cuidará de nós e estará conosco até a consumação dos séculos.
O impacto do Evangelho na cidade
Se por um lado, podemos esperar oposição, confronto, perseguição, por outro lado, podemos estar certo das manifestações maravilhosas da graça de Deus por meio do Evangelho. Basta ler com atenção o livro de Atos para observar como a obra de Deus impactava as cidades.
É o poder do Evangelho! A palavra de Deus nunca voltará vazia, mas fará tudo quanto apraz a Deus. A semente do Evangelho tem o poder em si mesmo, já que Jesus afirma que a terra por si mesmo frutifica:
“Disse ainda: O reino de Deus é assim como se um homem lançasse a semente à terra; depois, dormisse e se levantasse, de noite e de dia, e a semente germinasse e crescesse, não sabendo ele como. A terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga. E, quando o fruto já está maduro, logo se lhe mete a foice, porque é chegada a ceifa.” (Mc 4.26-29). É o poder da mensagem quando é pregada com fidelidade.
Como diz o antigo hino:
Cai a semente no bom frescor,
Cai outras vezes do sol no ardor.
Cai na doçura da viração,
Cai na tristeza da escuridão.
Oh! Qual será a colheita além, A colheita além?
Seja lançada com força ou langor,
Com ousadia, com medo e temor,
Já ou nas eras do mundo por vir,
Certo a colheita, a colheita nos tem de vir.
O que aconteceu em Samaria?
“...os espíritos imundos de muitos possessos saiam gritando e alta voz; e muitos paralíticos e coxos foram curados. E houve grande alegria naquela cidade” (At 8.7,8).
Sou professor de Missão Urbana na faculdade de teologia, e em todo início do curso levo os alunos a lerem At 8.8. “E houve grande alegria naquela cidade”. Este é o lema da uma igreja que ama a cidade. Ela espera ver a obra de Deus frutificando. A obra de Deus na cidade, que é realizada pelo povo de Deus, sempre traz grande alegria. Em Samaria, o povo foi liberto da mentira e superstição presentes na enigmática figura de Simão, o mágico.
Em Salamina, acontece a conversão do procônsul Sérgio Paulo, “maravilhado com a doutrina do Senhor” (At 13.12). Este homem, depois de prestar seu serviço militar naquela região, provavelmente voltou para Roma, onde seria testemunha do Evangelho. Em Antioquia da Pisídia, lemos sobre um grupo de gentios que ouvindo a palavra de Deus, regozijaram-se na palavra do Senhor, e quando saem da cidade, os discípulos encontram-se transbordante de alegria e do Espírito Santo.
A nota que prevalece não é a oposição, mas o regozijo, a alegria decorrente da obra missionária. Muitos de nossas crises ministeriais e teológicas seriam resolvidas se nos arriscássemos mais na obra do Senhor e nos entregássemos mais a ela. Precisamos pregar com ousadia, crendo no poder da Palavra de Deus para resgatar as pessoas das trevas, da superstição, do engano e do diabo.
A cidade é impactada pela pregação do Evangelho.
Em todas estas cidades, uma coisa se torna clara.
Era necessário o estabelecimento de uma igreja local.
O conteúdo da Mensagem: Centrada em Cristo
Quando pensamos na pregação, não podemos deixar de considerar o conteúdo da mensagem a ser pregada. Isto pode parecer redundante, mas infelizmente o Evangelho puro tem sido muito pouco pregado nos púlpitos cristãos.
Pastores podem pregar uma mensagem bíblica e ainda assim não pregarem o Evangelho. Sua pregação pode falar de vida vitoriosa, usar exemplos de pessoas que fracassaram na Bíblia, usar elementos de psicologia e história, auto-análise e auto-ajuda, mas ainda assim não anunciar o Evangelho. Outras tantas vezes anunciam curas divinas, libertação de demônios, pregam teologia da prosperidade, teísmo aberto (teologia relacional), coaching, psicologia e política, menos a essência do evangelho. Muitas destas igrejas se consideram bíblicas e que até mesmo se autodenominam reformadas. Será que o evangelho está sendo realmente anunciado?
A mensagem do Evangelho só é compreendida pelo ser humano quando ele entende sua total incapacidade de salvar a si mesmo e o significado da morte de Cristo. Se em algum momento a mensagem está sendo pregada e a pessoa ainda acha que pode se salvar por algum esforço, ele está perdendo o evangelho. Se ele crer que 1% da salvação depende dela, a graça está se diluindo, porque ainda não entendeu a gravidade da sua condição humana, incapaz de responder a Deus pela sua vontade, a não ser que ela seja regenerada.
Este foi o tema do primeiro livro de Lutero: “A escravidão da vontade”[1]. Lutero afirma que o pecado impossibilita o homem a alcançar sua própria salvação, pois são completamente incapazes de se aproximarem de Deus, desta forma, não há livre-arbítrio para o homem, que está sob a influência do pecado e morto em seus delitos e pecados. Pessoas mortas não possuem capacidade de reação, sua mente e vontade são escravas do pecado, por isto Deus precisa redimir o homem por inteiro, inclusive a sua vontade. A salvação, diz Lutero, é o trabalho unilateral de Deus em mudar o coração de uma pessoa.
Calvino defendia a total depravação da raça humana. O ser humano é incapaz de buscar a Deus, a não ser que o Espírito de Deus opere em sua vida, por isto, na ordo salutis, a eleição, obra gratuita e exclusiva de Deus, surge em lugar tão proeminente na teologia calvinista.
Portanto, antes das boas novas, o homem precisa ouvir as “más novas”. A morte de Cristo é necessária porque o homem, por si mesmo, é incapaz de cumprir a lei. Ele está morto em seus delitos e pecados. Este é um grande desafio da pregação numa época em que as pessoas se acham tão boas e eticamente corretas. Jack Miller afirma que “o inimigo número um do evangelho é a justiça própria”. Se o homem não entender a gravidade do seu pecado, ele jamais entenderá a beleza e grandeza da graça.
O homem precisa também entender o amor de Deus. Quando o homem reconhece seu fracasso, ele olha para a cruz, caso contrário, só lhe resta o desespero. A graça foca naquilo que Deus é e naquilo que ele faz. O sangue de Jesus atende todos os requisitos de Deus para a salvação, ele morre expiatoriamente, e assume o lugar do pecador na cruz, trazendo-lhe redenção.
A obra de Cristo é cabal, plena e completa. Nada pode ser feito para merecer ou ganhar a salvação a salvação a não ser estender as mãos vazias e aceitar a oferta da graça que é oferecida em Cristo. A resposta humana é o sim a Deus, que por sua vez, é gerado pela ação do Espírito Santo que nos converte a ele mesmo, ao nos eleger e nos aceitar graciosamente. Cristo é o autor e consumador da fé (Hb 12.2). Ele não apenas inicia a salvação, mas a conclui.
-“Estou plenamente certo de que aquele que começou boa obra em vós, há de completá-la até ao Dia de Cristo Jesus”(Fp 1.6).
-“Não que por nós mesmos sejamos capazes de pensar alguma coisa, como se partisse de nós; pelo contrário, a nossa suficiência vem de Deus” (2 Co 3.5).
-“Ora, tudo provém de Deus que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação” (2 Co 5.18).
“O Evangelho é antes de tudo, a “proclamação de um arauto”. Este é o sentido original de Kerigma. Trata-se de uma boa notícia que gera uma vida de amor, mas a vida de amor não é o evangelho. O evangelho não é tudo o que cremos , fazemos ou dizemos. O evangelho tem de ser primeiramente entendido como boa notícia, e a notícia é menos sobre o que temos de fazer e mais sobre o que foi feito. O evangelho e acima de tudo um relato sobre a obra de Cristo a nosso favor – salvação conquistada para nós”.[2]
John Stott compara a comunicação cristã à construção de uma ponte que liga a Bíblia, escrita há dois mil anos atrás, ao mundo contemporâneo, e alguns sermões parecem uma ponte para o nada e deixam de ligar a verdade bíblica ao coração das pessoas e às questões da vida. A contextualização correta traz a doutrina bíblica para o tempo presente, expressando-a de maneira coerente com uma cultura específica”[3]
A Igreja tem o grande desafio de tornar a Palavra de Deus compreensível ao homem moderno, ao mesmo tempo que depende totalmente de Deus para que esta palavra chegue com vida ao coração do homem sem Deus. A cidade é o campo no qual somos constantemente desafiados a anunciar a maravilhosa obra da salvação, realizada por Cristo através de sua morte na cruz.
A estratégia do Kerigma no Novo Testamento
O conteúdo básico de evangelização no livro de Atos consistia em testemunho, anúncio da soberania de Cristo, sua morte e ressurreição, enquanto que a estratégia e metodologia consistiam no batismo dos novos convertidos, plantação de igrejas e treinamento de liderança autóctones para as igrejas locais. A primeira e a segunda viagem missionária de Paulo são marcadas por esta ênfase. Era necessário plantar igrejas nos grandes centros urbanos.
A plantação de igrejas dava solidez à obra missionária. Era necessário evangelizar, discipular, nutrir, integrar, treinar, enviar e sustentar novas frentes missionárias. Fazer missão sem ter a ideia de plantar igreja não fazia sentido: “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em ordem as coisas restantes, bem como, em cada cidade, constituísses presbíteros, conforme te prescrevi” (Tito 1.5).
Já ouvi candidatos ao campo missionário erroneamente afirmando: “Não gosto de ser pastor, quero ser missionário!”. É bom lembrar que, embora, lamentavelmente, nem todo pastor é um missionário, mas todo missionário tem que ser pastor. Vai cuidar de ovelhas, de pessoas feridas, cativas, enfermas, e que precisam da graça, redenção e cura que somente o Evangelho pode trazer.
A presença da igreja na cidade causa transformação e impacto na vida pessoal, em famílias e na sociedade. Onde a verdadeira igreja de Cristo foi estabelecida, muitas mudanças positivas foram geradas. Quantas pessoas foram livradas do paganismo, e da idolatria. Quantas escolas, orfanatos, hospitais, creches e asilos foram estabelecidos pelas igrejas ao penetrarem numa determinada cidade? E quanto alívio a presença da igreja tem trazido às cidades?
Este é o resultado do evangelho. Por isto a nota de alegria está sempre presente, em meio a confrontos, lutas, oposição e até mesmo morte. “Qualquer chegada à cidade também pode ser vista como uma oportunidade de sacrifício individual para o bem de muitos” (Cavaco, pg 39).
Não plantar igrejas, além de ser a quebra de um princípio bíblico de expansão missionária, revela uma profunda falta de estratégia da igreja de Cristo. Quem sustenta missionários e mantém a denominação são as igrejas, e denominações serão fortes, na medida em que estiverem crescendo e se expandindo. Uma igreja que não se expande, enfraquece toda sua espinha dorsal do ministério da Palavra.
Alguns critérios são importantes para estabelecimento de novas igrejas:
1. Crie igrejas que possam reproduzir novas igrejas
2. Antes de pensar na plantação de uma nova igreja, pense num movimento de plantação de igrejas;
3. Escolha, não necessariamente o bairro mais rico, mas aquele que possui maior potencial de expansão e crescimento;
4. Pense na possibilidade de criar igrejas que possam ser auto sustentáveis.
5. Não pense em plantar igrejas via instituição, mas via networks (redes de contactos). Igrejas irmãs deveriam se unir para consolidar trabalhos em determinadas áreas. Plantação de igrejas via instituição tornam-se dispendiosas e burocratizadas.
6. Selecione o candidato certo. É melhor pagar um bom salário a um plantador de igreja eficiente, que economizar para ter uma igreja cheia de vícios e cacuetes futuros.
7. Lembre-se: fundamentos são eternos. Você pode mudar a fachada, mas os fundamentos continuarão. Uma fundação de casa mal feita, dará sempre dores de cabeça ao seu proprietário.
8. É mais fácil reproduzir filhas que se pareçam com as igrejas-mães, embora deva existir espaço para comunidades alternativas.
9. A regra número um de plantação de igrejas é: Plante igrejas onde outras estão florescendo!
10. Lembre-se que, metodologia, estratégia e projeto, nunca podem ser substitutos da dependência de Deus. Por isto, ore! Ore! Ore! Crie grupos de sustentação para interceder, faça reuniões específicas para orar pelo obreiro. Convide a igreja, nos cultos regulares a se colocar na brecha pelo novo obreiro. Plantação de igrejas é uma grande batalha espiritual.
Tentando encontrar uma síntese
1. A mensagem de Jesus sempre tinha o kerigma nos seus fundamentos:
a. Ensinando, pregando, cuidando e expulsando demônios. (Mt 4.23-24)
b. Pregar e expulsar demônios (Mc 3.13-15)
c. Cura e anúncio (Lc 10.9)
2. A didática da Igreja Primitiva sempre incluía a centralidade da pregação
a. Pregando a Palavra (At 8.4)
b. Exorcismo e cura. At 8.7
c.
3. Podemos encontrar diferentes termos para pregação da Palavra no livro de Atos, que descrevem ênfases e estratégias, mas todos eles tinham uma ideia central: trazer a persuasão do evangelho ao coração do homem
a. Ensinando – At 18.11
b. Pregando – At 28.31
c. Anunciando – At 13.5; 14.17; 17.3; 26.20.
d. Dissertando – At 24.25 (dialogemai)
e. Contendendo – (apologética?) grego, Simbaloh
f. Persuadir – At 13.43; 19.8; 18.4; 28.23 grego: Peitoh
4. A Estratégia apostólica
a. Usando estruturas prontas: Sinagogas - At 18.5; At 19.8
b. Pregando em espaços abertos: Praças – At 17.17
c. Utilizando Escola de Pensamento Livre (Éfeso): At 19:9-10
d. Em toda cidade anunciavam...
5. Pregação e o estabelecimento de novas igrejas - No cerne da Grande Comissão (Mt 28.18-20) encontra-se a ordem de estabelecer novas igrejas
a. ir
b. Fazer discípulos
c. Batizar
d. Ensinar
6. Treinamento: Seminário Internacional de Éfeso.
a. Intenso – At 20.2,3; At 20.7,11
b. Profundo – At 19.10 : Equivalente a um curso de Mestrado
c. Focado – Equipar e enviar
d. Supervisionado:
Estratégias: Como ser efetivo na pregação hoje?
A. Relacionamentos intencionais com os descrentes
B. Novas igrejas
C. Descobrindo oportunidades
a. Funerais
b. Hospitais
c. Escolas
d. Associações
e. Mídias sociais
f. Presídios
D. Atos de Misericórdia
a. Demonstrando o evangelho através de uma vida de cuidado
E. Pregação relevante
a. Como pregar de forma efetiva a um mundo secularizado?
b. Como retraduzir o Evangelho para a linguagem do homem moderno?
F. Manifestações do Poder de Deus
a. Como a intervenção de Deus é um forte aliado no impacto da pregação?
Rev.Samuel Vieira.
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