domingo, 18 de abril de 2021

Joel 1.2 Aconteceu isto em vossos dias?

 



 

 

Introdução


"O Livro de Joel inicia com uma pergunta muito atual, adequada para os dias que vivemos, dirigida de forma direta aos habitantes mais antigos de Jerusalém: "Aconteceu isto em vossos dias, ou nos dias de vossos pais?". O que estava acontecendo naqueles dias era algo excepcional. 


Assim como naqueles dias, estamos vivendo dias singulares e excepcionais na história da humanidade.

 

Quem poderia viver dias tão estranhos e distintos como os nossos:


ü  Antigamente, se entrássemos num banco mascarado, seriamos presos; hoje, se tentarmos entrar sem máscara, seremos presos.


ü  A grande maioria das nações ocidentais foram obrigadas a um brutal isolamento social e lockdown. De repente fomos distanciados de amigos, familiares e igreja. Certa pessoa chegou a colocar num grupo de what’s up: “Se eu sair do grupo, por favor, me coloquem de novo. É a vontade de sair para algum lugar”.


ü  Quem poderia prever que um simples vírus poderia fechar academias, shoppings, centros comerciais, galerias, e até mesmo templos, impedindo que as pessoas pudessem se congregar?


ü  Quem poderia prever que as empresas mudariam sua forma de trabalho, e mandariam seus funcionários para trabalhar em casa, virtualmente? As pessoas talentosas, de qualquer lugar do mundo, podem demonstrar suas competências via online. Isto traz impactos imobiliários e profissionais, e  revela um novo e radical estilo de vida.


ü  Quem poderia imaginar que teríamos que nos afastar dos pais e avós, e seríamos impedidos de abraçá-los? Meu irmão mais velho, chegou de uma viagem, e estava com tanta vontade de abraçar meus pais que arrumou um plástico daqueles que envolvem colchões, se cobriu, e meus pais saíram de casa para receber seu abraço.


ü  Quem poderia afirmar que algumas pessoas ficariam mais de um ano sem poder receber a santa ceia, sem poder participar de um culto, e que nossas crianças seriam confinadas em casa sem poder participar de escolas e do ministério infantil durante todo este tempo?


ü  O Seminário no qual dou aula em Goiânia, decidiu no início de 2021 que voltaríamos às aulas presenciais, depois cancelou novamente por causa de uma nova onda do vírus, mesmo tempo feito reformas para reiniciar as aulas. Com certa relutância decidiram finalmente que todas as aulas deste semestre seriam virtuais, porque estava difícil fazer o planejamento acadêmico.

 

Quantas coisas estranhas e excepcionais nestes tempos de pandemia.

O profeta Ageu, nos seus dias, faz exatamente esta pergunta, estranhando eventos que aconteciam em seu tempo: “Ouvi isto, vós, velhos, e escutai, todos os habitantes da terra: Aconteceu isto em vossos dias? Ou nos dias de vossos pais?”

O que há o profeta Ageu via de excepcional naqueles dias?

 

Ele afirma que o evento excepcional de seus dias traria algumas consequências:

 

A.   Uma peste assolaria a terra.

 

Narrai isto a vossos filhos, e vossos filhos o façam a seus filhos, e os filhos destes, à outra geração. O que deixou o gafanhoto cortador, comeu-o o gafanhoto migrador; o que deixou o migrador, comeu-o o gafanhoto devorador; o que deixou o devorador, comeu-o o gafanhoto destruidor.” (Jl 1.4).


Muitos pregadores que estão sempre dispostos a usar o método alegórico procuram identificar quais seriam estes gafanhotos em nossos dias. E com um pouco de imaginação podemos dizer o que acharmos interessante, mas não precisamos tentar encontrar neste texto qualquer mensagem oculta ou escondida. gafanhotos eram pragas avassaladoras, um fenômeno muito presente naquela região, mas que agora tinha vindo de forma exagerada, e assolado o país.

 

B.    O culto deixaria de acontecer

 

Cortada está da Casa do Senhor a oferta de manjares e a libação; os sacerdotes, ministros do Senhor, estão enlutados.” (Jl 1.9)

 

 “Cingi-vos de pano de saco e lamentai, sacerdotes; uivai, ministros do altar; vinde, ministros de meu Deus; passai a noite vestidos de panos de saco; porque da casa de vosso Deus foi cortada a oferta de manjares e a libação.” (Jl 1.13).


O texto aponta para o fato de que o povo deixaria de ir aos cultos, as igrejas não poderiam receber mais os adoradores, os sacrifícios não poderiam mais ser oferecidos. em resumo, uma calamidade para o povo judeu. Não haveria mais oferendas, nem cânticos, nem celebrações a Deus. Não é esta uma figura similar à realidade que experimentamos atualmente? Quem já viu coisas similares? Em tempos de aflição, as pessoas correm para os templos e santuários, e nestes dias de pandemia, fomos obrigados, por uma questão de saúde e controle da enfermidade, a nos afastarmos do templo.

 

C.    Os projetos de casamentos seriam cancelados.

 

Lamenta com a virgem que, pelo marido da sua mocidade, está cingida de pano de saco.” (Jl 1.8).

 

O texto é estranho porque fala da virgem chorando pelo seu marido. É importante lembrar que as pessoas se casavam e só depois de algum tempo, iam morar juntas. Lembra-se de Maria, que era “casada” com José, sem que tivessem juntos? 

 

A profecia bíblica afirma que os casamentos deixariam de existir. As pessoas teriam que adiar seus projetos e sonhos, que eventualmente numa aconteceriam por causa da calamidade que viria sobre Israel. Qualquer semelhança com nossos dias, não é mera coincidência...Quantas pessoas adiaram seus projetos por causa da situação atual?



D.   A economia seria profundamente afetada.

 

O que deixou o gafanhoto cortador, comeu-o o gafanhoto migrador; o que deixou o migrador, comeu-o o gafanhoto devorador; o que deixou o devorador, comeu-o o gafanhoto destruidor.” (Jl 1.4).

 
Haveria prejuízos na produção agrícola, uma área essencial na economia do povo judeu. O campo está assolado, e a terra, de luto, porque o cereal está destruído, a vide se secou, as olivas se murcharam. Envergonhai-vos, lavradores, uivai, vinhateiros, sobre o trigo e sobre a cevada, porque pereceu a messe do campo. A vide se secou, a figueira se murchou, a romeira também, e a palmeira e a macieira; todas as árvores do campo se secaram, e já não há alegria entre os filhos dos homens.” (Jl 1.10-12).


Se compararmos à situação atual, veremos como este texto se aplica à economia. A queda do PIB no Brasil foi de 4.1% em 2020, a pior em 24 anos. Isto é uma tragédia em termos de alimentos, desemprego, e atinge especialmente os pobres. O PIB da Europa reduziu em 6.8%, sendo que na França foi de 8.3% e na Espanha chegou a assustadores, 11.1%.

 

Joel afirma que a alegria e o regozijo seriam banidos (Jl 1.16).

 

E.    A população seria psicologicamente afetada. “...e já não há alegria entre os filhos dos homens” (Jl 1.12).

 

Cansaço emocional, tristeza, perdas, depressão, desânimo, angústia, medo. Assim como naqueles dias, o aumento de suicídio ansiedade e depressão tem impactado profundamente as pessoas em nossos dias.

 

O profeta Joel afirma que a excepcionalidade era uma forma de julgamento divino. Por isto ele é conhecido como o profeta do dia da Ira. Ele fala que o acerto de contas chegou. Veja quantas vezes aparece a expressão, “o Dia do Senhor”, ou “O dia de Yahweh”:

 

Ah! Que dia! Porque o Dia do Senhor está perto e vem como assolação do Todo-Poderoso.” (Jl 1.15).

 

“Tocai a trombeta em Sião e dai voz de rebate no meu santo monte; perturbem-se todos os moradores da terra, porque o Dia do Senhor vem, já está próximo; dia de escuridade e densas trevas, dia de nuvens e negridão! Como a alva por sobre os montes, assim se difunde um povo grande e poderoso, qual desde o tempo antigo nunca houve, nem depois dele haverá pelos anos adiante, de geração em geração.” (Jl 2.1,2).

 

“O Senhor levanta a voz diante do seu exército; porque muitíssimo grande é o seu arraial; porque é poderoso quem executa as suas ordens; sim, grande é o Dia do Senhor e mui terrível! Quem o poderá suportar?” (Jl 2.11).

 

“Multidões, multidões no vale da Decisão! Porque o Dia do Senhor está perto, no vale da Decisão.” (Jl 3.14).

I.

A excepcionalidade é uma

forma de julgamento:

 

Que julgamento é este? Duas compreensões necessárias:

 

Primeira, perigo da relação de causa e efeito.

 

a)- Se algo de ruim acontece é porque Deus quer nos castigar,

b)- Ou, se uma tragédia nos alcança é porque Deus quer nos punir.

 

É muito comum encontrarmos pessoas passando por perdas e lutos e tentando descobrir porque Deus permitiu que uma pessoa querida da família morresse. Quando isto acontece, além do sofrimento pela perda da pessoa, ainda surge outro tipo de sofrimento psicológico, relacionado à culpa. O que fiz (ou o que fizemos de errado)?

 

Veja como Jesus respondeu a estas questões:

 

1.     Em Lc 13.1-5 Os discípulos tentam fazer esta associação, porque isto fazia parte da teologia judaica:

 

Naquela mesma ocasião, chegando alguns, falavam a Jesus a respeito dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios que os mesmos realizavam. Ele, porém, lhes disse: Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas? Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis. Ou cuidais que aqueles dezoito sobre os quais desabou a torre de Siloé e os matou eram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não eram, eu vo-lo afirmo; mas, se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.” (Lc 13.1-5)

Jesus não permitiu que seus discípulos abrigassem esta cruel equação em seus corações: Se algo de errado acontece é porque fiz algo de errado. Ainda que o pecado seja uma causa de grande sofrimento, muitas vezes sofremos pelo fato de vivermos num mundo caído, onde o mal, a dor, a morte e o luto estarão sempre presentes.

 

2.     Em João 9, mais uma vez os discípulos tentam explicar o sofrimento usando a equivocada equação causa/efeito.

 

Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus
.” (Jo 9.1-3).

 

Mais uma vez, vemos os discípulos usaram o mesmo raciocínio, e Jesus rechaça a sua forma de pensar. Apesar dos mistérios relacionados ao mal, a dor e ao luto, Deus usa todas estas coisas para seu propósito e para sua glória. Nem todo sofrimento é resultado do pecado.


Apesar de ser necessário vigiar para não reproduzir esta estranha equação, "sofrimento é resultado do pecado", não podemos, entretanto, deixar de entender que Deus, a seu modo, e de acordo com seus propósitos e soberania, executa juízo através de tragédias e calamidades. 


A Revista Ultimato fez uma consideração que pode bem ser citada aqui: "Todas as vezes que tentamos incluir ou excluir Deus de alguma situação, nos tornamos indecentemente arrogantes. Os chamados fundamentalistas religiosos tem o costume de Incluir Deus em tudo. Os chamados fundamentalistas secularistas tem o costume de excluir Deus de tudo". (Ultimato, Março-Abril 2005). 

 

Segunda compreensão,

crises são sempre, de alguma forma, um meio que Deus usa para trazer arrependimento, contrição, mudança de valores e prioridades.

 

Que isto fique bem claro:

Ninguém passa pela dor e pela perda e continua a mesma pessoa. A pandemia pela qual atravessamos hoje vai nos levar a novas compreensões, e a reações positivas ou negativas em relação à vida. Sofrimento pode endurecer ou amolecer. “O mesmo sol que derrete a cera, endurece o barro”. Muitas pessoas ao passar para dor, são transformadas, energizadas, adquirem novas e mais profundas compreensões. Outros, entretanto, ao passar pela dor, se tornam vítimas e vitimizadas pelo sofrimento. Portanto, use a sua dor para te levar para uma nova compreensão do reino de Deus e da vida, para que você cresça em maturidade neste tempo.

 

 

II.

A excepcionalidade nos desafia

à revisão e à conversão

 

Durante os dias de Joel, Deus estava chamando o povo à conversão.

Que tipo de conversão?

Curiosamente, Deus dirige o apelo de conversão ao seu povo, portanto, não é uma mensagem destinada aos pagãos para que abandonem suas tolas pressuposições e seus estranhos ídolos, e se convertam ao Deus verdadeiro, mas Deus está exortando seu povo ao arrependimento. É uma conversão daqueles que já são convertidos.

 

“Ainda assim, agora mesmo, diz o Senhor: Convertei-vos a mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, com choro e com pranto. Rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal.” (Jl 2.12,13).

 

Precisamos entender que convertidos precisam de conversão. A igreja de Cristo precisa se converter. Muitas vezes Deus exorta o seu povo a uma “re-conversão”. Muitas vezes nós precisamos retornar nossos afetos a Deus, abandonar os sofisticados ídolos que construímos. Não se trata apenas de se voltar a Deus, mas sermos novamente transformados interiormente por Deus.

 

Isto “re-conversão” ou nova conversão, traz resultados profundos. Deus usa este nosso retorno para aprofundar nossa fé e a compreensão de quem ele é:

 

Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor, entre o pórtico e o altar, e orem: Poupa o teu povo, ó Senhor, e não entregues a tua herança ao opróbrio, para que as nações façam escárnio dele. Por que hão de dizer entre os povos: Onde está o seu Deus?” (Jl 2.17). Deus está pedindo para que os sacerdotes, pastores, líderes, sejam quebrantados. Deus está pedindo à igreja para que se converta.

 

Esta conversão do povo de Deus a Deus, é fundamental porque impacta o testemunho do povo de Deus na história. Traz glória a Deus. O profeta ora a Deus para que o povo dele não seja disperso, porque está preocupado com a glória de Deus. “Por que hão de dizer entre os povos: Onde está o seu Deus?” 

 

Portanto, neste excepcional tempo de pandemia, onde o mundo foi colocado de pernas para o ar, podemos igualmente entender que Deus está nos convidando a uma renovar nossos compromissos com sua obra e sua igreja, a entender quem ele é, a retornarmos a ele. É tempo de revisão, tempo de quebrantamento, tempo de conversão.

 

III.

A excepcionalidade é tempo de Deus anunciar

um novo tempo na história

 


Curiosamente, o livro de Joel, que fala de tempos excepcionais, do Dia da Ira do Senhor, e do juízo de Deus na história, é o livro que fala do derramamento do Espírito. Não é maravilhoso considerar que a promessa do Espírito Santo que se cumpriu no Pentecoste, tenha sido feita por este profeta naqueles dias tão estranhos?

 

Isto nos leva a pensar sobre o significado destes excepcionais dias aos olhos de Deus. Para onde ele quer nos levar, o que ele deseja fazer? Que promessas podemos esperar de Deus nestes tempos que atravessamos? Como ter sensibilidade para interpretar o mover de Deus neste tempo confuso?

 

Crises históricas sempre foram oportunidade de avivamento. O que Deus fará à sua igreja neste momento da história? Os dias tem sido confusos demais. Mas assim era nos dias do profeta Joel.

 

Deus anuncia três coisas fundamentais ao profeta:

 

1.     Deus derramaria seu Espírito sobre seu povo. “E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões” (Jl 2.28).

 

A vinda do Espírito Santo traria resultados profundos em todas as gerações. na juventude e na velhice. É fácil imaginar que os jovens tenham visões, e construam utopias, mas nem sempre vemos esta mesma dimensão nos idosos. Tenho considerado muito isto para quem, assim como eu, já se encontra na terceira idade. Não podemos perder a expectativa de que Deus quer nos usar para sua glória e deseja nos dar sonhos, construir em nós profundas compreensões de sua graça em relação ao tempo que virá.

 

2.     O Espírito Santo impactaria todos povos. “E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (Jl 2.32). Esta é uma promessa missionária.

 

Não apenas os judeus seriam impactados, mas o Espírito renovaria as nações. No Novo Testamento, o apóstolo Paulo citará este texto para falar da salvação de Deus a todos os povos. Trata-se, portanto, de um anúncio missiológico. “Pois não há distinção entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, rico para com todos os que o invocam. Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.” (Rm 10.12,13).

 

3.     O Espírito traria plena restauração.

 

Seria uma restauração psicológica

Alegrai-vos, pois, filhos de Sião, regozijai-vos no Senhor, vosso Deus, porque ele vos dará em justa medida a chuva; fará descer, como outrora, a chuva temporã e a serôdia.” (Jl 2.23).


Por esta razão, num contexto tão pesado quanto o do Livro de Joel, este mesmo profeta falará de forma tão enfática da alegria. Vou usar a linguagem contemporânea da tradução de Eugene Peterson: "Não tenha medo, terra! Esteja feliz e celebre! O Eterno fez grandes coisas!" (Jl 2.23). "Filhos de Sião, celebrem! Alegrem-se no seu Eterno" (Jl 2.24). "Que o fraco estufe o peito e diga: "Eu sou valente, sou um lutador!" (Jl 2.24). "Que dia! vinho escorrendo das montanhas, leite fluindo dos montes, água correndo por todos os lugares em Judá. Uma nascente jorrando no santuário do Eterno, irrigando todos os vales e jardins" (Jl 3.18). 
 

Seria uma restauração econômica

Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós outros. Comereis abundantemente, e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor, vosso Deus, que se houve maravilhosamente convosco; e o meu povo jamais será envergonhado.” (Jl 2.25,26).


Os anos de escassez, de humilhação, de carência, passariam. Deus renovaria a história de seu povo. Esta é uma mensagem de esperança para aqueles que hoje, se sentem desamparados, esquecidos, sofrem privações de todos os tipos, mas que podem olhar para sua história com esperança de tempos abençoados, de colheitas abundantes. 

 

Seria uma restauração espiritual

“...até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias.” (Jl 2.29)


Portanto, tempos de excepcionalidade não apontam para o caos, mas para a novidade que o Espírito traz ao povo de Deus.

Tenho pensado muito e orado constantemente por este assunto.

Quero entender, o que Deus deseja fazer conosco nesta situação.

 

Um vírus surge do nada, contamina o mundo, gera 3 milhões de mortes (de Fev 2020 até Abril 2021), afeta a economia mundial, transtorna o modus operandis do mundo, fecha as igrejas, distancia as pessoas amigas... o que será que estes tempos excepcionais querem nos ensinar? O que Deus deseja fazer ao permitir que a realidade destes conturbados e caóticos dias traga para seu plano sábio e eterno? O que Deus está querendo fazer neste tempo?


Deus está anunciando aquela que é sua maior promessa. Um novo tempo, que começaria com o ministério de Cristo, e que seria completada com a obra do Espírito Santo. Honestamente irmãos e irmãs, eu não sei se existe alguma promessa maior que esta para nossa vida. Será que precisamos de mais alguma coisa, quando nosso coração está encharcado da ação poderosa do Espírito Santo em nossa história? 

 

Conclusão

 

Ao pensar em excepcionalidade, não posso deixar de refletir sobre a cruz de Cristo. Jesus viveu em tempos de dominação, onde o povo judeu não tinha voz, na qual um homem, se autoproclamava e se considerava Deus, chamando-se Augustus, que um título relacionado à divindade. Jesus se manifestou na história caótica, opressiva, violenta de Roma, na desconhecida região da Judeia.

 

Neste caos, Jesus é levado por um tribunal injusto, que o declara inocente e ainda assim o condena. Na justiça brasileira, vemos o contrário: As pessoas são declaradas culpadas, mas ainda assim o réu é absolvido. Jesus é declarado justo e inocente: “Não vejo neste homem crime algum”, mas é colocado na cruz.

 

Certa vez, perguntaram a C.S. Lewis, qual era o diferencial do cristianismo em relação às demais religiões, e ele respondeu: “A Graça!” Em todas outras religiões, as pessoas são salvas pelos méritos e conquistas morais, no cristianismo, a salvação vem pela graça. Nenhuma religião do mundo fala desta forma. Em Cristo, surge a excepcionalidade. Ele morre pelos pecadores e os absolve da condenação. Que coisa estranha e revolucionária. Que fato excepcional é este!

 

O profeta Joel, via que algo de absolutamente distinto estava acontecendo em seus dias: Ouvi isto, vós, velhos, e escutai, todos os habitantes da terra: Aconteceu isto em vossos dias? Ou nos dias de vossos pais?”. Da mesma forma, estamos lidando com a pandemia, que é algo excepcional na história.

 

Mas nenhum momento foi tão excepcional como aquele, quando Jesus é colocado numa cruz, para nos absolver de nossa culpa e condenação. Deus anda conosco nos dias ordinários, mas se revela surpreendente em tempos de excepcionalidade.

 

Que Deus nos abençoe!

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