Introdução
Os últimos tempos tem sido bem confusos, para dizer o mínimo. Talvez a palavra caos defina melhor o que tem acontecido. As pessoas foram privadas da liberdade de ir e vir por causa da transmissão do vírus, muitos perderam seus empregos, alguns tiveram que repensar de forma urgente o novo jeito de fazer as coisas, as relações interpessoais, as regras de convivência e a dinâmica da vida. As perdas financeiras foram enormes e a de preciosas vidas, ainda muito mais dramáticas. Não há ninguém que não conheça alguém que morreu por covid, e alguns destes que partiram eram amigos pessoais ou parentes próximos.
Quando confrontado pela tragédia da destruição de Jerusalém, o profeta Jeremias afirma: “Quero trazer à memória aquilo que me dá esperança. As misericórdias do Senhor não tem fim, renovam-se a cada manhã. Grande é a sua fidelidade.” (Lm 3.22,23). Jeremias evoca alguns pressupostos de sua fé, que foram capazes de sustentá-lo no caos e na calamidade.
Hoje estudaremos o texto de Jeremias 29 que serve para nossa reflexão, também foi escrito num contexto de confusão, perdas e dor. O povo tinha sido exilado, e não estava entendendo nem conseguia assimilar todo impacto do caos que se instalou na nação judaica como um todo e de forma particular na vida de cada um daquele que haviam perdido parentes na guerra, foram privadas da sua vida pessoal, foram levados como escravos para uma terra estranha, e ainda precisavam manter fé em um Deus que simplesmente parecia não fazer mais sentido na calamidade.
Foi neste contexto que Deus envia sua palavra ao povo exilado, através de seu velho profeta Jeremias. Este texto foi escrito no meio do caos e da tragédia, mas é um texto de esperança, de orientação, de vida, dada por Deus ao seu sofrido povo.
Pelos menos sete verdades foram frisadas por Deus para o seu povo, e estas verdades deveriam conduzir o povo de Deus, deveriam guiar seus corações e mentes. Creio que estas sete verdades são fundamentais quando temos que passar por perdas e tragédias.
Que verdades são estas?
1. Precisamos saber quem é o nosso Deus – “Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel, a todos exilados que eu deportei de Jerusalém para a Babilônia” (Jr 29.4).
De forma interessante, as duas revelações que Deus faz de si mesmo ao povo, neste momento são aparentemente paradoxais.
A. Deus se apresenta como “o Senhor dos Exércitos”. Isto pressupõe que Deus reina sobre todos porque ele é o Deus que tem a força. Ele é Senhor imbatível que tem supremacia sobre todos os exércitos, tem o domínio sobre todos, e a história do povo de Deus revela esta verdade diante de tantos embates e guerras que tiveram que enfrentar. Deus é o Senhor dos exércitos, não apenas de Israel, mas de todas as nações.
Então, poderiam pensar os judeus: Por que fomos derrotados? Como é que aquele que tem todo o poder é simplesmente massacrado por um exército pagão como a Babilônia? Você já se sentiu assim? Como Deus, que tem todo poder, não exerce seu poder e parece tão silencioso e impotente diante de tanta provocação, tragédia, dor e calamidade? Por que aquele que tem o poder não exerce o poder?
B. Deus se apresenta como “o Deus de Israel” . Mais uma vez isto parece não fazer sentido. Neste exato momento da história, parece que o Deus de Israel não consegue proteger Israel. Não é outra ironia? Qual era a vantagem deste Deus de Israel se um povo estranho consegue entrar em Jerusalém e destruir a cidade, assolar o templo, e levar escravo o povo de Deus?
Algumas vezes você não se sentiu assim? Parece que os deuses pagãos são mais efetivos... Não temos uma falsa impressão tantas vezes de que os vitoriosos não são os seguidores de Yahweh, nem os discípulos de Cristo, mas aqueles que conspiram contra a igreja de Cristo?
Entretanto, Deus se apresenta assim ao seu povo: “Assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel”. Precisamos lembrar que Deus é muitas vezes misterioso, mas ele é o Deus dos deuses, o Senhor dos exércitos. “Àquele que está sentado no trono, e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelo séculos dos séculos.” (Ap 7.13) Em época de crise, precisamos lembrar que é o nosso Deus! Ele está sentado no trono: A ele toda honra, glória e louvor.
2. Precisamos saber que Deus sabe da nossa real situação – “... a todos exilados que eu deportei de Jerusalém para a Babilônia” (Jr 29.4).
Deus sabia da situação do povo, e o que tinha causado esta catástrofe. Ele mesmo permitiu e ordenou que isto acontecesse. Ele sabia da situação do seu povo, distanciado de sua terra, orfanados, abandonados, exilados. Deus sabia da real situação do seu povo.
Muitas vezes não sabemos que Deus sabe! Deus parece distante e alheio à nossa realidade. Será que Deus realmente sabe? Esta insinuação vem dos descrentes: “E diz: como sabe Deus? Acaso há conhecimento no Altíssimo?” (Sl 73.11) e outras vezes dos crentes: “Digo a Deus, minha rocha: Por que te olvidaste (esquecestes) de mim?” (Sl 42.9). O Povo de Deus parece não saber que Deus sabe de suas lutas e necessidades, e erroneamente pensa que Deus se encontra distante, alheio e distanciado de suas dores. Por isto Deus se apresenta ao povo afirmando que conhecia a real situação do seu povo, que ele mesmo os havia deportado de Jerusalém para a Babilônia, porque ele mesmo queria que isto acontecesse. Ele conhecia, ele sabia...
Recentemente ouvi uma antiga entrevista com Clarice Lispector, e o repórter a perguntou como ela definiria uma pessoa adulta, e ela disse com os olhos vagos e tristes: “A pessoa adulta é uma pessoa solitária. Triste solidão”.
Muitas vezes o próprio povo de Deus está indagando: Será que Deus sabe de tudo o que estou enfrentando? Precisamos saber que Deus nos vê, e não pode ser um mero conhecimento filosófico e teológico. Uma das coisas mais abençoadas da vida quando enfrentamos calamidade é ter aquele conhecimento da fé profunda de Jó: “Porque eu sei que o meu redentor vive, e por fim se levantará sobre a terra!” (Jó 19.25).
3. Precisamos saber que Deus não perdeu o controle da história – “... a todos exilados que eu deportei” (Jr 29.4).
Esta declaração de Deus ao seu povo é surpreendente: “A todos que eu deportei”. As pessoas estavam na Babilônia porque Deus queria que elas estivessem ali. Na verdade a ideia é ainda mais intensa: Estavam ali, porque Deus as colocou naquela terra.
Isto traz outro problema hermenêutico: Por que Deus levou o povo a passar por todo este sofrimento? O texto afirma que Deus era o causador último daquela tragédia. O momento histórico e caótico que viviam tinha a ver com a ação de Deus, com seu propósito. Deus os havia enviado para a Babilônia.
Isto nos leva a entender que Deus não perdeu o controle da história. Podemos discordar dos seus métodos e da sua pedagogia, podemos reclamar da forma como ele nos trata, mas não podemos deixar de saber que as coisas não perderam o controle. Todos os fatos da história seguem um cronograma divino, uma agenda divina, um propósito divino. Deus não apenas age na história, mas ele é Senhor da história.
Eugene Peterson afirma: “A soberania de Deus é um dos aspectos mais difíceis de por em prática no cotidiano das pessoas de fé. Mas não temos escolha: Deus é soberano. Ele reina, não só sobre os afazeres particulares, mas também sobre todo o Universo. Não só sobre nossos momentos e locais de culto, mas também nos prédios empresariais, nas questões políticas, nas fábricas, nas universidades, nos hospitais e até mesmo nos bastidores dos bares e dos concertos de rock. Sem dúvida, essa é uma noção estranha e extravagante. Mas não há outro aspecto nas Escrituras que seja defendido com tanta ênfase e tanta frequência.” (The Message, introdução 1 & 2 Reis).
Vamos considerar a quarta verdade essencial que precisamos saber para enfrentar o caos.
4. Precisamos saber que a vida só acaba, quando acaba! Deus dá projetos ao seu povo exilado.
Deus dá projetos ao seu povo.
Quando o povo já estava na linha de desistência, achando que nada mais deveria ser feito, que a morte era melhor para suas vidas, que não haveria mais nenhum projeto, Deus ordena grandes coisas para serem realizadas pelo seu povo:
“Edificai casas e habitai nelas; plantai pomares e comei o seu fruto. Tomai esposas e gerai filhos e filhas, tomai esposas para vossos filhos e dai vossas filhas a maridos, para que tenham filhos e filhas; multiplicai-vos aí e não vos diminuais. Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz.” (Jr 29.5-7).
Seria normal que o povo estivesse agora sem chão, sem lugar firme onde pisar. Todos seus fundamentos desmoronaram... O que fazer da vida? Este é o retrato de tantas pessoas que ao enfrentar a tragédia ficam sem capacidade de continuar vivendo, morrem antes da hora. São sepultados com sua dor e com suas perdas.
Recentemente ouvi o testemunho da Nathalia Youssef, de Roraima, filha de meu querido amigo Samuel Coutinho, que foi uma das recentes vítimas da Covid. “Eu tenho que voltar ao trabalho com a força de Deus... choro algumas vezes mas tenho na minha mente que preciso continuar a história do papai.” Com a força de Deus eu volto ao trabalho! O luto é necessário no processo de restauração, mas a vida precisa continuar.
Deus olha para seu povo abatido e desanimado e dá uma dimensão nova, mostrando de que a vida precisava continuar. Deus ordena três coisas ao seu povo:
a)- Façam projetos duradouros – “Edificai casas e habitai nelas; plantai pomares e comei o seu fruto.”
Construir casa é um grande projeto. Aqueles que se envolveram na tarefa de construir uma casa sabem do que estou falando. Mas Deus ordena ainda outra ação necessária. Ele manda que seu povo plante pomares. Ele não ordena plantar hortaliças, um projeto bem mais rápido e simples. Pomares levam tempo para serem formados. Antigamente, havia um provérbio que dizia: “Quem planta tamareiras não colhe tâmaras”, porque um pé de tâmaras levava 80 anos para produzir. Deus ordena que seu povo construa casas e plante pomares. A vida continua. Quem planta um pé de jaboticabeira, sem os recursos tecnológicos e híbridos da agricultura moderna, sabe que são (ou eram) necessários, 12-14 anos para esta árvore produzir um fruto.
b)- Façam projetos que envolva a família – “Tomai esposas e gerai filhos e filhas, tomai esposas para vossos filhos e dai vossas filhas a maridos, para que tenham filhos e filhas; multiplicai-vos aí e não vos diminuais.”
Uma nova geração chegaria e precisava ser cuidada, protegida. Apesar da tragédia, ainda precisavam pensar em formar famílias e continuar a vida. O projeto de vida deles tinha que levar em consideração os filhos que estavam chegando. Era necessário casar, construir famílias, a nova geração precisa se estabelecer e firmar suas raízes, ainda que em terra estranha.
c)- Façam projeto para abençoar outros – “Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai por ela ao Senhor; porque na sua paz vós tereis paz.”
Esta ordem é até esdrúxula. Deus não diz para que eles busquem a paz de Jerusalém, a cidade amada, mas lhes ordena que se imiscuam na vida de uma cidade pagã, idólatra, e tenham uma participação política, engajamento social, buscando sua paz e orando por ela. Que grande projeto Deus dá ao povo. Interceder pelos pagãos!
No meio de tudo isto precisamos nos lembrar, desta quarta verdade: “Precisamos saber que a vida só acaba, quando acaba!” Deus continua nos dando projetos e ordenando que continuemos a fazer as coisas que precisamos fazer. A vida não acabou para nós ainda.
5. Precisamos tomar cuidado para não alimentarmos nossa vida de falsas ilusões e fantasias – “Porque assim diz o Senhor dos Exércitos, o Deus de Israel: Não vos enganem os vossos profetas que estão no meio de vós, nem os vossos adivinhos, nem deis ouvidos aos vossos sonhadores, que sempre sonham segundo o vosso desejo.” (Jr 29.8).
No meio do caos, se levantaram vozes, criando falsas esperanças. Quanto maior é o sofrimento, mais tendemos a alimentar a alma de ilusões. O povo estava espiritualizando, falando em nome de Deus, criando falsas expectativas, talvez afirmando que em breve retornariam para Jerusalém, o que só aconteceria 70 anos depois. Deus alerta o povo a não colocar a confiança em promessas utópicas.
Ideias fantasiosas não ajudam. Existem muitas coisas que geram falsa esperança. O ser humana faz isto inconscientemente numa tentativa de amenizar o sofrimento, mas a realidade é que muitas coisas na vida são brutais e duras, e temos que enfrentar com solidez e coragem, não com fuga e fantasia. Nem mesmo quando tais promessas surgem em nome de Deus. Vejo muitas pessoas correndo atrás de profetisas e mensageiros de Deus no meio do sofrimento, porque não querem lidar de frente com sua dor, e ali recebem mensagens que são placebos, paliativos, mensagens de paz quando as coisas continuam duras e pesadas. É necessário enfrentar com fé e coragem os dias maus. Olhando para Deus, entendendo que ele tem planos para isto tudo e que a aflição vai passar.
Quais são os riscos de colocarmos nossa confiança em falsas promessas?
a)- Criamos a ilusão de que nossos desejos serão atendidos. “nem deis ouvidos aos vossos sonhadores, que sempre sonham segundo o vosso desejo”.
Sonhadores e videntes, profetas daqueles dias, falavam aquilo que havia no desejo dos corações das pessoas em sofrimento. Deus não diz o que queremos ouvir, ele diz o que é verdadeiro. Os profetas falsos agem de forma diferente. É fácil confundir nossos desejos com vontade de Deus, mas Deus não tem compromissos com nossos desejos. Ele promete suprir, em Cristo Jesus, cada uma de nossas necessidades, e não cada um de nossos desejos.
b)- Espiritualizamos nossos desejos – “Porque falsamente vos profetizam eles em meu nome; eu não os enviei, diz o Senhor.” (Jr 29.9).
Como isto é atual: pessoas que dão respostas em nome de Deus quando Deus nada disse, Deus não se pronunciou, Deus não falou. Basta ler um pouco do livro do Profeta Jeremias para perceber como a presença de falsos profetas no meio do povo de Deus era sempre tão presente. Todo capítulo 23 de Jeremias fala das fontes da falsa profecia. Em Jr 23.16 vemos que os profetas falavam em nome de Deus, “as visões do se coração”, e em Jr. 23.26 há uma forte afirmação sobre tais profetas: “Falam do engano do próprio coração”. Era auto-engano. Estavam espiritualizando seus anseios.
A sexta verdade essencial para enfrentar o caos é a seguinte:
6. Não perca a visão de que os planos de Deus são sempre de bem e não de mal- “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz e não de mal, para vos dar o fim que desejais.” (Jr 29.11).
Este texto é bem conhecido do povo de Deus, mas infelizmente as pessoas não consideram em que contexto ele foi escrito. Nós o usamos fora do lugar. Ele foi escrito a um povo no meio de tragédias, perdas e lutos. Neste momento de desesperança e dor, Deus vem confirmar o seu amor, porque é bem possível que muitos já estivessem com forte suspeita sobre o amor de Deus por suas vidas.
Deus vem afirmar que mesmo quando seu povo passa por perdas e calamidades, o seu propósito era de bem e não de mal. Deus tinha propósitos de bençãos para o seu povo exilado.
Será que somos capazes de entender que as intenções de Deus são boas para nossa vida quando estamos passando por estradas sinuosas e ameaças? Quando toda nossa segurança e estabilidade é colocada em xeque?
E por último, a sétima verdade essencial para enfrentar o caos:
7. Nunca se esqueça que Deus pode ser invocado e encontrado, em qualquer situação inóspita, qualquer condição adversa e mesmo numa terra estranha. “Então, me invocareis, passareis a orar a mim, e eu vos ouvirei. Buscar-me-eis e me achareis quando me buscardes de todo o vosso coração. Serei achado de vós, diz o Senhor, e farei mudar a vossa sorte; congregar-vos-ei de todas as nações e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao lugar donde vos mandei para o exílio.” (Jr 29.12-14).
Provavelmente o povo de Israel, estivesse condicionando a presença e a manifestação de Deus apenas para aquele lugar que consideravam sagrado, o templo de Jerusalém. Talvez estivesse reduzindo a compreensão de um Deus que está em todo lugar, em todo tempo. Deus pode ser invocado em todo tempo, em todo lugar, em qualquer situação, no meio da mais profunda solidão e dor, em meio aos escombros.
O segredo para resgatar a dimensão da grandeza de deus é simples e direto: “Buscai a Deus de todo o vosso coração”.
Você já buscou a Deus de todo coração?
Você tem buscado a Deus de todo coração?
Suas orações são viscerais?
Gosto de uma frase que diz:
“Ore até que você ore!”
De forma mais ampla, o grande pregador Spurgeon declarou: “Rogue pela oração - ore até que consiga orar, ore para ser ajudado a orar e não abandone a oração porque não consegue orar, pois nos momentos em que você acha que não pode orar, é que realmente está fazendo as melhores orações. As vezes quando você não sente nenhum tipo de conforto em suas súplicas e seu coração está quebrantado e abatido, é que realmente está lutando e prevalecendo com o Altíssimo.”
Quando vamos aconselhar pessoas, seja em crise pessoal ou relacionada ao seu casamento, uma das perguntas essenciais para orientar o coração dos filhos de Deus é a seguinte: “como vai sua vida devocional?” Quase sempre a resposta nestes contextos é evasiva, vaga, superficial. Será que temos buscado a Deus de “todo o nosso coração?” Qual foi a última vez que você derramou sua alma diante de Deus? Eu, honestamente, não sei se temos buscado a Deus de todo o nosso coração...
No caos, precisamos saber que Deus ouve nossas orações, então, precisamos intensificar nossa oração. Enfrenta-se o caos com consagração, com derramamento de alma, buscando o Senhor de todo coração.
Conclusão
É sempre bom considerar toda reflexão à luz do Evangelho. Como Cristo lidou com o caos, a confusão, a oposição e dor? Nos Evangelhos, vemos Jesus se dirigindo de forma intencional para a cruz. Lugar de trevas, de sombras pesadas, a ação visível do diabo ronda o Calvário... Poderes religiosos, políticos e espirituais todos alinhados contra o Filho de Deus.
A cruz está carregada de violência, caos, injustiça. Lugar de desencontro. Jesus sendo moído pelos pecados. O Filho de Deus, verdadeiro Deus, é abandonado por Deus. Que paradoxo! “Meu Deus, meu Deus, por que me desamparastes!” É o brado de dor do Filho de Deus. A calamidade parece dominar.
Naquela cruz, entretanto, Deus estava reorientando a humanidade que havia se distanciado dele. “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo mesmo o mundo”. Deus, o ofendido, se aproxima da sua criatura, ofensora, para resgatá-la da sua confusão e desorientação.
Na cruz vemos o caos se instalando...
Mas o que é o caos?
Na verdade, o Deus da Bíblia é um Deus que intervém no caos. Esta é a primeira da ação do Deus criador revelado nas Escrituras Sagradas. “No princípio criou Deus os céus e a terra. A terra, porém, estava sem forma e vazia. Havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas.” (Gn 1.1,2). A Palavra abismo no hebraico é teom, que seria melhor traduzida por "caos". Ali vemos Deus dando ordem ao caos.
É exatamente isto que vemos na cruz. No meio de todas contradições e equívocos, no meio da calamidade, da brutalidade, da dor e do caos, o Filho de Deus estava reconciliando o pecador com Deus. “O castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”. Não há caos, onde contemplamos a presença de Jesus. A dor mais profunda, a perda mais significativa, a tragédia mais avassaladora é vencida no nome de Cristo.
Sem palavras para expressar minha gratidão por este estudo...Jesus te abençoe Pastor Samuel
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