sexta-feira, 29 de abril de 2022

Fp 4.8-9 Pense nisto!

 


 


 

 

 

Pense nisto!

Fp 4.8-9

 

 

 

Introdução

 

Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” (Fp 4.8)

 

O homem é o que ele pensa.

 

Pensamentos errados levam a comportamentos errados. Somos aquilo que pensamos ser ou que cremos ser a verdade. Você não é o que dizem que você é, você é o que você pensa que é. A Bíblia diz: “como o homem imagina em sua alma, assim ele é.” (Pv 23.7). Santo Agostinho faz uma interessante declaração sobre o poder da mente: “A mente controla o corpo, mas a mente não controla a mente.”

 

Somos aquilo que registramos em nossa mente. O grande desafio do discípulo de Cristo é “levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo.” (2 Co 10.4-5). Ser discípulo de Cristo é aprender a pensar como Cristo pensa. Tem a ver com a cosmovisão, a forma como você vê e interpreta a vida e o mundo.

 

A mente humana foi originalmente criada por Deus para funcionar de forma plena e equilibrada, mas com o pecado foi infectada por um vírus, contaminada e modificada pelo diabo, sendo assim reprogramada produzindo todo tipo de pensamentos errôneos e nocivos e os homens passaram a dar mais valor às coisas corrompidas e estragadas.

 

Por esta razão, estamos constantemente gerando pensamentos corrompidos e mentirosos, que funcionam como fardos pesados que vão se acumulando. Muitos seres humanos tem sua vida completamente arruinada porque se alimentaram da mentira e passaram a crer em falsas esperanças e promessas.

 

A mente é um campo de batalha. Quando o inimigo deseja acorrentar alguém, ele começa com a mente comunicando mentiras, questionando e distorcendo a verdade, como fez com Adão e Eva no Éden. Ele não apenas perverte a verdade, mas tem um grande poder de gerar condenação e culpa, oprimindo as pessoas com sentimentos que podem destruir,

 

Por isto Paulo queria assegurar-se de que os filipenses colocassem suas mentes nas coisas certas. Quando um homem pensa em algo com frequência ou persistência chegará um momento em que não poderá deixar de pensar nisso; Por esta razão é precisamos pensar em coisas dignas.

Paulo está nos ensinando que o foco da mente cristã está em nutrir pensamentos virtuosos, pois eles glorificam a Deus, e elabora aqui uma lista dessas coisas dignas nas quais o homem deve colocar sua mente.

 

Nossa mente precisa ser ocupada

 

A primeira coisa que aprendemos neste texto é que nossa mente precisa ser ocupada. A mente não pode ficar vazia. O antigo ditado continua sendo verdadeiro: “mente vazia é oficina do diabo.”

 

Precisamos selecionar o que ocupará nossa mente

Não é bastante ocupar a mente, mas precisamos refletir sobre o que queremos que nossa mente se ocupe. Paulo dá uma lista de coisas que devem estar no coração. Assim como na nossa espiritualidade, sempre algo estará ocupando o lugar. Se não tivermos o Deus verdadeiro, que nos criou à sua imagem e semelhança, ocupando o coração, teremos deuses falsos, criados à nossa imagem para satisfazer nossos desejos fúteis. A questão não é se teremos um Deus, mas qual Deus teremos. Se Deus não ocupa nosso coração, os ídolos ocuparão.

 

Da mesma forma acontece quanto ao que pensamos. A questão não é se teremos pensamentos, mas que pensamentos teremos. Rick Warren afirma que se estamos sempre com os mesmos pensamentos destrutivos, acusatórios e neuróticos, precisamos mudar o piloto automático. É preciso mudar os hábitos arraigados e a mente é o ponto de partida para mudança. Por isto, aquilo que ocupa o seu pensamento é algo tão essencial e crucial.

 

1.     Tudo o que é verdadeiro

 

Nem Tudo o que ouvimos ou falamos é verdadeiro, e nem tudo o que pensamos também é verdadeiro. Sempre há lugar no coração do homem para a mentira e o engano. Ouvimos coisas falsas e pensamos serem verdadeiras e ouvimos verdades que desprezamos.

 

A verdade aqui pode ser colocada em oposição a duas cosias:

 

A.   Aquilo que é irreal e inconsistente

 

Dois exemplos:

i.               A ansiedade – Considere o tema do sermão anterior: a ansiedade, (baseado em Fp 4.6-7). Vimos que 90% do que consome nossa alma e gera sofrimento é irreal, mas nós cremos que é real. Sofremos por algo imaginário, mas que cremos ser verdadeiro.

ii.              A fantasia – considere ainda a fantasia. Trata-se da construção de um mundo imaginário.

Fábio Damasceno, conhecido psiquiatra evangélico, afirma que esta foi uma das grandes tentações de sua vida. A fantasia na criança é normal, mas quando se prolonga na fase adulta, faz a pessoa perder relação com a realidade (mentira). Você investe no lugar errado. Satanás te incentiva a viajar, você tem um "porre" de mentiras. O grande sucesso da fantasia reside no fato de que, com ela, nos tornamos o produtor, roteirista, diretor e artista principal. Mas tudo isto é imaginário e fantasioso, portanto, falso na sua essência.

 

Este texto de Filipenses nos diz: "tudo que é verdadeiro, ocupe o vosso pensamento." A verdade deve ocupar nossa mente. Na fantasia, ocupamo-nos da mentira. Para a fantasia ter gosto você tem que acreditar nela, colocar nela sua fé. Gastar sua fé na mentira é ficar sem cacife para a realidade e podemos até nos tornarmos intolerantes com a verdade, nos frustramos e nunca transformamos sonhos em projetos, muito menos em realizações.

 

B.    Aquilo é falso e mentiroso

 

Os Guiness, discípulo de Francis Schaeffer, afirma que “toda verdade é verdade de Deus”. Quando uma mentira é dita por um pregador, se é mentira, é contrária àquilo que é verdadeiro, portanto não é de Deus. Se é verdade, mesmo quando proferida por um filósofo ateu, é verdade e por isto é de Deus. O pai da mentira é o diabo, que vive mentindo desde o princípio. João diz: “Nós somos da verdade.”

 

Certa vez um jovem, que hoje é cineasta no Rio de Janeiro, e fora criado na igreja e dela havia se afastado, me disse com cinismo: “Daria tudo para crer nestas bobagens que o senhor crê.” E eu lhe disse: “Eu jamais perderia um minuto pregando uma mentira, porque eu sei que ela aprisiona as pessoas, me mantém no engano e desonra a Deus.” O Nosso Deus é Deus da verdade.

 

Neste mundo há muitas coisas enganosas e ilusórias que oferecem paz enganosa e  felicidade utópica. Devemos colocar os pensamentos nas coisas em que podemos confiar.

 

2.     Tudo o que é respeitável: grego “somnos”.

 

Outra versão traduz como “tudo o que for nobre.” (NVI) Internacional. Barclay afirma que este termo era aplicado aos deuses gregos, mas quando usado em relação ao homem descreve alguém que move-se dentro do mundo como se todo este fosse o templo de Deus. Isto é, trata as coisas com sacralidade. Não é vulgar nem desrespeitoso, não avilta a moral, mas trata as coisas com decoro. O cristão precisa ser respeitável na sua conversa, na sua linguagem, no seu comportamento. Estas coisas precisam ocupar o nosso pensamento.

 

3.     Tudo o que é justo. Grego “dikaios

 

O comentarista Hendriksen afirma que como o cristão recebeu a justiça imputada (aquela obra de Deus, graciosa e livre, com a qual somos perdoados e declarados justos diante de Deus), e a justiça comunicada, (este atributo de Deus que é dado ao seu povo), os cristãos devem viver em santidade e retidão.

 

4.     Tudo que é puro. Grego “hagnos

 

O termo hagnos descreve aquele que é moralmente puro e livre de manchas. O mundo está cheio de coisas impuras, vis e obscenas. Pode ser traduzido por aquilo que é puro nos seus motivos e propósitos. Este é um atributo de Deus. Ele é puro. Habacuque afirma que ele é tão puro de olhos que não pode ver o mal (Hc 1.13). trata-se de pureza na palavra e na ação.

 

As coisas puras, e não a imundície e a sujeira, precisam ocupar nosso pensamento. Precisamos ter uma mente que pense sem malícia, olhar para as pessoas sem luxúria e concupiscência.

 

5.     Tudo o que é amável. Grego “prosphiles

 

Literalmente pode ser traduzida por aquele que suscita o amor. Trata-se de pessoas que trazem alegria e leveza no ambiente onde se encontra. Muitas pessoas são uma espécie de “Edward mão de tesoura”, um filme que fala de um jovem que não tem mãos, mas pontas afiadas nas mãos, e que por isto, até para abraçar fere o outro. São mãos pontiagudas.

 

O comentarista F.F. Bruce afirma que tal atitude é como a de pessoas que transmitem uma fragrância preciosa. Eu e minha esposa gostamos de falar de pessoas “palatáveis”, aquelas que deixam sabor, são fáceis de serem amadas e não precisamos de fazer força para querer estar ao seu lado. Muitas pessoas, infelizmente são intragáveis, tóxicas e ferinas. A graça de Deus precisa alcançar para dar um coração abençoado e nos tornarmos amáveis e simpáticas com as outras pessoas.

 

Nosso pensamento pode ser diabólico, maquinar a vingança, e gerar amargura e medo nos outros. Muitas mentes são hábeis em criticar e censurar. O cristão deve colocar sua mente em coisas amáveis, buscando ser agradável. É isto que a Bíblia quer dizer ao afirmar que tudo o que é amável deve ocupar nosso pensamento.

 

6.     Tudo que é de boa fama – Grego “euphemos

 

O mundo gosta de promover aquilo que é vil e baixo. Algumas das pessoas mais influentes e ouvidas hoje, são pessoas que amam cantar vilezas e exaltar a baixa moral. O comentarista Barclay sugere que esta palavra provavelmente nos quer ensinar que o que deve ocupar nosso pensamento é aquilo que pode ser ouvido por Deus, sem causar desconforto.

 

Paulo está falando aqui daquelas coisas que são excelentes, como a virtude de um homem de quem todos falam bem. É necessário pensar nas verdadeiras grandezas da vida, naquilo que é digno e nobre, pois “o nobre projeta coisas nobres e na sua nobreza perseverará.” (Is 32.8) Não sei porque, mas esta palavra me leva a pensar em “elegância”, ao contrário de baixeza. Talvez eu esteja certo ao interpretar esta ideia desta forma.

 

7.     Se alguma virtude e se algum louvor existe.”

 

Embora saibamos que o cristão não deve desejar o louvor dos homens, a verdade é que coisas nobres trazem nobreza, excelência, dignidade e louvor. A forma como pensamos e agimos é virtuosa e traz louvor, reconhecimento e admiração. Consequência natural de uma vida de honradez.

 

Conclusão

 

Warren Wiersbe, no seu livro “Seja Alegre”, um comentário interessante de Filipenses, afirma que “Não é possível separar atos exteriores de atitudes interiores”, elas estão ligadas e interpenetradas, jungidas umas às outras. Por isto, há uma íntima conexão entre “Seja isto que ocupe o vosso pensamento” (Fp 4.8) e ”isto praticai” (Fp 4.9).

 

Quatro atitudes são descritas por Paulo:

            Aprendestes

                        Recebestes

                                    Ouvistes

                                                Vistes

 

Isto praticai!”

 

Uma coisa é receber, outra é assimilar e praticar. Não basta ter informações na cabeça, é preciso trazer isto ao coração e traduzir isto para o dia a dia, para a prática diária. Ter conhecimento sem prática não ajuda em nada. Como diz o músico brasileiro Beto Guedes: “A lição sabemos de cor, só nos resta aprender”. A questão não é apenas saber, mas viver de acordo com este saber.

 

Uma sugestão simples para encher nossa mente daquilo que é bom:

A.   Encha seu coração de boas literaturas, áudios, filmes, músicas. Qual tem sido o conteúdo que você tem “consumido?

 

B.    Se aproxime de pessoas que encorajem sua fé e te ajudam no processo de restauração. Infelizmente “gambá atrai gambá”, isto é, quando estamos “lascados”, procuramos nos acercar de pessoas que nos jogam ainda mais para baixo. A Bíblia afirma: “Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes.” (1 Co 15.33)

 

C.    Ocupe sua mente com a palavra de Deus. Paulo exorta a Timóteo: “Medita estas coisas, ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas.” (1 Tm 4.15-16).

 

D.   Ocupe sua mente com oração. Curiosamente o texto anterior, que exorta sobre a ansiedade nos ensina: “Não andeis ansiosos, antes, sejam conhecidas diante de Deus as vossas orações.” Devemos transformar nossa ansiedade em orações.

 

O zen budismo encoraja seus seguidores a esvaziar a mente. A Bíblia exorta seus seguidores a encherem a mente. “Seja isto o que ocupe o vosso pensamento”. O zen budismo encoraja a meditação (olhar para dentro de si, falar para si mesmo); o cristianismo, encoraja a oração olhar para cima, falar com Deus). A mente possui um arquivo de armazenamento, por isto suas memórias, reflexões e conceitos sempre ocuparão sua mente. A questão não é se algo tem ocupado nossa mente, mas o que a ocupa.

 

Vivemos em um mundo que constantemente nos bombardeia com mensagens, imagens, conceitos que se tornam a nossa cosmovisão (compreensão de mundo). Mesmo aqueles que amam a Jesus podem começar a pensar com categorias pagãs e seculares. Paulo nos exorta a rejeitar aquilo que pode ser destrutivo para nossa alma.

 

E.    Selecione o que ocupará sua mente. Encha sua mente com as verdades de Deus. Se praticarmos isto, poderemos enfrentar situações dolorosas, tentações e ameaças. O salmista diz: “Firme está o meu coração, ó Deus, o meu coração está firme; cantarei e entoarei louvores”. (Sl 57.7) por seu coração estar firme ele pode glorificar a Deus.

 

F.     Ore para que o Espírito Santo encha sua mente de aspirações, desejos, sentimentos, pensamentos que estejam alinhados ao seu pensamento. Devemos orar para que nosso coração esteja de conformidade com o coração do Pai.

 

O Salmo 119.10 diz algo interessante:

De todo o coração te busquei.

Não me deixes fugir aos teus mandamentos.”

 

A construção literária deste texto é interessante: Ele diz que buscava a Deus de todo coração, mas ainda assim percebe algumas sombras, que podiam tirar os olhos dos mandamentos do Senhor, e ele então ora para que Deus não permita que isto aconteça.

 

Paulo encerra este texto dizendo: “E o Deus da paz será convosco.” (Fp 4.9) Muitas pessoas estão querendo a paz de Deus, mas será que possuem o Deus da paz? É comum desejarmos as bençãos de Deus, mas não o Deus da benção. Isto é um grande perigo para a alma. Só com o Deus da paz, encontraremos a paz de Deus. Por isto o texto não diz: “a paz de Deus estará convosco”, mas o “o Deus da paz será convosco”. Só com o Deus da paz inundando nossa alma, experimentaremos a paz que ele deseja para todos, e não nos desesperaremos com as tribulações que temos de enfrentar.

 

Precisamos de cultivar pensamentos virtuosos, pedir a Deus para que nos ajude a pensar o bem, praticar o bem, viver o bem, ser amável, viver na verdade. Num mundo de tantas ilusões e promessas vãs, podemos desenvolver pensamentos equivocados e distorcidos, que não possuem qualquer virtude real.

 

É nossa responsabilidade, cuidar bem da manutenção da mente. Davi glorifica a Deus por este protegera sua cabeça no dia da batalha. “Ó Senhor, força da minha salvação, tu me protegeste a cabeça no dia da batalha.” (Sl 142 7) Ele  sabia o que significava ser atingido na cabeça num campo de guerra. Uma espada, uma flecha ou qualquer objeto batido na fronte do inimigo era fatal, por isto guerreiros usavam capacetes para proteger esta área sensível do corpo quando iam às batalhas.

 

Não podemos nos descuidar. Um pensamento, um sentimento, um comentário atravessado acerca de nós no dia em que se travam as mais duras lutas, pode ser fatal. Muitos caem porque a mente é atingida de forma mortal, não estavam protegidas no campo de batalha.

 

Paulo nos ensina a usar “o capacete da salvação” (Ef 6.17). O propósito é claro. A mente é o campo no qual Satanás atinge mortalmente os filhos de Deus. Quando passam por tristezas e grandes tribulações, um dos primeiros pensamentos que nos vem é de que não somos realmente filhos de Deus. Afinal, se ele permite que soframos tanto, então não devemos ser amados por ele.

 

Não permita que sua mente desprotegida seja alvo fácil do inimigo no dia da batalha. A mente é o lugar da guerra. Dentro de nós é que os pensamentos, emoções, vontade e percepções agem para nossa vitória ou derrota. Os homens passaram a pensar naturalmente em tudo o que é mal, tudo o que é mentiroso, tudo o que é desonesto, tudo o que é injusto, tudo o que é profano, tudo o que é corrupto, tudo o que é infame, tudo o que é vicioso, tudo o que é negativo, tudo o que é destrutivo, e assim por diante.

 

Precisamos organizar nossos pensamentos para que sejam um belo jardim que produza beleza e plenitude, transmita a essência da tranquilidade e exale o aroma da fé em qualquer situação. Não é sábio dizer, “não posso controlar minha mente.” Porque, se temos a ajuda do Espírito Santo, podemos ter expectativa de que ele vai transformar nossa forma de ver e interpretar a vida. Precisamos “levar cativo todo pensamento à obediência de Cristo.

 

Tudo isto é possível por causa de Cristo. Quando cremos, algo profundo acontece em nossa mente. Somos transformados pelo Espírito Santo, que, paulatinamente vai nos moldando, nos santificando, mudando a nossa velha natureza, despojando o velho homem, “que se corrompe segundo as concupiscências do engano” (Ef 4.22), e construindo um novo homem, “criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade.” (Ef 4.24).

 

Esta nova forma de pensar, este novo homem, não é resultado da mente humana, mas da obra de Cristo, que nos regenera e nos dá uma nova vida, nova criatura. É a obra de Deus que aos poucos vai trabalhando em nós, nos transformando, colocando em nós a nova forma de ser e agir, de pensar e praticar. Precisamos de uma mente pura, mas como conseguir isto se ainda somos dominados por uma natureza pecaminosa? O coração do problema, é o problema do coração. Sem a obra de Cristo, seremos incapazes de pensar como Deus deseja que pensamos, e praticar o que Deus deseja que pratiquemos.

 

Você já nasceu de novo?

Você já rendeu seu coração a Deus? Já pediu para que ele entrasse em sua vida e lhe fizesse um novo homem? Você já recebeu o Espírito Santo de Deus em sua vida? Você vê que Deus está cada dia tomando a sua mente e coração, para pensar o que é reto, amável, de boa fama e puro?

 

Peça a Jesus pra entrar em seu coração.

Deixe Jesus conquistar sua mente.

 

Pense nisto!!!

 

Que Deus o abençoe!

 

 

sábado, 23 de abril de 2022

Fp 3.17-21; 4.1-7 Quatro práticas cristãs indispensáveis

 






Introdução


Embora a vida cristã seja fruto da graça de Deus, que nos resgata de forma tão surpreendente e nos imputa a justiça de Cristo, precisamos ter cuidado para vivermos a vida cristã de forma que glorifique a Deus. Neste texto lemos que Paulo lida com um grupo da igreja de Filipos que parece se opor à santidade e conspirava contra a glória de Deus.


Não é difícil imaginar que os descrentes rejeitem e se oponham a Cristo, e se tornem inimigos da cruz de Cristo. A cruz é um escândalo para os judeus e loucura para os gentios (pagãos). Mas Paulo se assusta porque “muitos andam entre nós... que são inimigos da cruz de Cristo.” (Fp 3.18). Paulo se refere a pessoas da comunidade que frequentavam os cultos e haviam sido batizados, mas cujo estilo de vida era antagônico ao evangelho.


Muitas vezes ouço pessoas que se sentem desconfortáveis com o estilo de vida de pessoas que são membros de igreja. Na verdade, muitas vezes as pessoas rejeitam não a mensagem do evangelho, mas o comportamento dos cristãos. Mahtama Ghandi certa vez afirmou: "eu amo o Cristo que vocês pregam, mas detesto o cristianismo que vocês vivem." Muitos desprezam a fé evangélica por causa do fraco testemunho cristão. 


Para corrigir estas distorções, Paulo orienta a igreja de Filipos sobre seis atitudes indispensáveis para viver de forma compatível com o modelo deixado por Cristo.


1. Seja um cidadão na terra, com os olhos colocados nos céus. Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.” (Fp 3.20)


O que fez com que alguns membros daquela igreja se tornassem inimigas da cruz de Cristo? Elas transformaram o seu ventre em Deus: “O destino deles é a perdição, o deus deles é o ventre, e a glória deles está na sua infâmia, visto que só se preocupam com coisas terrenas.” (Fp 3.19). 


O que significa a expressão: “O seu deus é o seu ventre”?  


Refere-se a pessoas que adoram seus próprios apetites, são controlados pela autoindulgência e gratificações sensuais. Os inimigos da cruz cultuam a si mesmos e por isto tudo o que eles fazem é em seu próprio benefício. Sua fala gira em torno de si mesmos, ora como vítimas, ora como heróis. Falam de suas obras, realizações e conquistas. São o centro da atenção,  movidos por paixões e induzindo outros às mesmas paixões. 


Todo esforço de vida é dedicado em prol das coisas terrenas, não conseguem entender que são cidadãos dos dois mundos e não podem colocar todo seu esforço no estilo de vida terrena. Precisam ter um olhar para além da história. Pensar nas coisas celestiais.


Santo Agostinho é considerado um dos mais lúcidos escritores da Patrística. Ele gastou 13 nos para escrever sua obra prima, “A Cidade de Deus”. Na sua visão, toda existência humana, individual ou social, está, do princípio ao fim, tensionada, quando não dilacerada, entre dois amores – dois amores que fundaram duas Cidades. 


“O amor de si levado até o desprezo de Deus gera a cidade terrena; o amor de Deus levado até o desprezo de si gera a cidade celeste. Aquela aspira à glória dos homens, esta põe acima de tudo a glória de Deus. . . . Os cidadãos da cidade terrena são dominados por uma estúpida ambição de predomínio que os induz a subjugar os outros; os cidadãos da cidade celeste se oferecem um ao outro em serviço e espírito de caridade e respeitam docilmente os deveres da disciplina social.”


O cristão é uma pessoa com dupla cidadania. Ele se sente responsabilizado em produzir uma sociedade mais justa, menos desigual, humana, é responsável nas suas tarefas, é um bom funcionário, faz as coisas com excelência, mas sabe que, em última instância, a sua casa perene não é aqui. 


No funeral do meu sogro, um dos pastores presentes comentou: “Ele chegou à casa do pai!” Normalmente pensamos na morte como uma partida, mas ele fez uma consideração muito importante: “Ele não estamos partindo, mas está chegando”. Sua mansão celestial é o seu destino, sua pátria está nos céus.


Dr. Russel Shedd, (1929-2016) era filho de missionários americanos mas seu ministério foi exercido no Brasil impactando toda uma geração. No seu último depoimento gravado em vídeo, ela fala do seu câncer, já em estado terminal: “Eu me sinto desmamando do mundo e pronto para subir!”. Ele morreria pouco depois de completar aos 87 de idade. Para ele, o desmame significava o desprendimento desta vida e o encontro com Cristo.


Se quisermos viver de forma bíblica, precisamos entender que nossa cidade definitiva está nos céus, no qual nosso corpo abatido será transformado e glorificado, conforme lemos neste texto: “O qual transformará o nosso corpo de humilhação para ser igual ao corpo de sua glória, segundo o seu eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as coisas.” (Fp 3.21). Então, seja um cidadão na terra, com os olhos colocados nos céus.


2. Pratique a unidade cristã: “Rogo a Evódia e rogo a Síntique, pensem concordemente no Senhor” (Fp 4.2).


Não sabemos especificamente qual era a dificuldade destas duas irmãs que tinham liderança na igreja, mas infelizmente suas divergências estavam criando dificuldade para o bom andamento da igreja (Alguns sugerem que as duas faziam parte do ministério de louvor da igreja), mas o fato é que suas divergências estavam causando mau estar na igreja, e elas precisavam encontrar um lugar comum.


Paulo afirma que elas eram companheiras inestimáveis e grandes apoiadoras no ministério da Palavra. “Juntas se esforçaram comigo no evangelho” (Fp 4.3), mas apesar de tudo isto, o relacionamento entre as duas precisou de alguém para acompanhá-las. Paulo pede ao líder da igreja para que as auxiliasse. Algumas vezes as divergências assumem dimensão tão grande que sem a presença de uma terceira pessoa, o diálogo se torna insuportável, por isto Paulo orienta o líder da igreja de Filipos para ajudá-las, as duas não estavam encontrando este ponto de convergência e a igreja estava sofrendo com estas diferenças.


Eu posso imaginar algumas dificuldades entre as duas:

-Talvez estivesse relacionada ao estilo de liderança ou a luta de poder. Quando as pessoas querem as mesmas funções na igreja e não são contempladas, podem se sentir preteridas ou mesmo ofendidas. 

-Talvez tivessem dificuldade porque algum comentário infeliz tenha sido feito e elas se sentiram ofendidas e melindradas.


Quantas vezes temos que lidar com diferenças e predileções, estilo de pregação, estilo de liturgia, decisões tomadas pela liderança que não nos parecem corretas, condução dos ministérios, e assim por diante. Muitas coisas podem causas divergências e até conflitos insustentáveis. Paulo e Barnabé, grandes líderes na Igreja primitiva não conseguiram andar juntos por causa da discordância em torno de um conflito (At 15.36). 


Mas a Palavra de Deus diz algo essencial para desfazer as diferenças. “...pensem concordemente no Senhor.” O ponto central é colocar o evangelho em primeiro lugar, a glória de Deus antes de qualquer coisa. Quando o amor de Deus, o amor pelo reino e pela obra de Deus estão em primeiro lugar, quando Deus, e não a vaidade, poder e glória pessoal, controlam o ambiente, torna-se mais fácil desfazer as diferenças e mau entendido. 


A Nova versão Transformadora da Bíblia diz: "Agora, suplico a Evódia e a Síntique: tendo em vista que estão no Senhor, resolvam seu desentendimento."


3. Prática da alegria e contentamentoAlegrai-vos sempre no Senhor, outra vez digo, alegrai-vos” (Fp 4.4) 


Vivemos numa época de muita insatisfação pessoal. Nunca tivemos tanto, mas nunca nos sentimos tão vazios, angustiados, tristes, deprimidos e ansiosos. Provavelmente isto acontece porque não estamos atentos à fonte da verdadeira alegria e estejamos buscando alegria em fontes erradas. 


Paulo diz: “Alegrai-vos no Senhor”. O fundamento da alegria é Deus. Se a alegria está firmada em bases humanas, ela não será duradoura, e estará sujeita às variações das circunstâncias, ao desgaste e à rotina. Em Deus, a base da alegria é diferente, é de outra natureza. Ela não se desgasta, e mesmo em meio às adversidades é capaz de se sustentar.


Este texto é um imperativo, um mandamento, portanto não se trata de uma opção. É ordem de Deus! A ausência de alegria torna-se uma desobediência a Deus. Mas muitos podem argumentar: Mas o que faço se não sinto alegria? 


Talvez estejamos pensando na alegria como uma emoção, e eventualmente colocando nossa alegria em circunstâncias, pessoas e coisas, mas o texto nos ensina que a fonte de alegria é Deus: “alegrai-vos no Senhor”. Quando Paulo escreveu este texto ele não estava numa circunstância favorável, pelo contrário, estava preso em Roma. Mas sua alegria não estava firmada em situações favoráveis, mas em Deus. 


Alegrar-se no Senhor é fruto do reconhecimento da Sua bondade. Precisamos entender que nenhuma tragédia supera a sua graça. É um exercício de fé que nos conduz à verdadeira adoração e fortalece a nossa alma. Alegrar-se no Senhor alegra também a Deus, pois fomos feitos para reconhecer que o seu amor nos basta. A alegria do cristão é imperativa e ultracircunstancial por isto pode se manifestar apesar das circunstâncias, pessoas, coisas e preocupações.


4. Prática do equilíbrio e moderação - “Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.” (Fp 4.5).


A palavra moderação pode também ser traduzida por cortesia. Revela a importância de  ter paciência, saber suportar adversidades sem perder a razoabilidade. Normalmente a falta de moderação causa tristeza aos outros e se realmente amamos a Jesus, quando radicalizamos e nos tornamos duros, somos obrigados depois a pedir perdão. Deus deseja que a moderação seja uma característica marcante de cada crente. 


Feliz a igreja que tem pessoas sensatas e moderadas na sua liderança. Moderação tem a ver com sensatez. Existem pessoas que são radicais e extremas em suas posições, e por isto facilmente se isolam. Um antigo ditado diz que “prudência e caldo de galinha não faz mal a ninguém”. Muitas pessoas são radicais nas suas posições pessoais, mas mesmo assim são capazes de dialogar, de ouvir outras opiniões, outros, entretanto, rejeitam tudo aquilo que é contrário, e são incapazes de aceitar ideias diferentes. Isto gera polarização. 


A polarização politica tem se tornado um problema no meio de famílias e de igrejas. Existem famílias que estão divididas por causa da visão política, mas o mais lamentável em tudo isto é saber que existem igrejas que estão se dividindo por causa da visão politica. A moderação tem se tornado um artigo escasso e raro.


Outro aspecto que podemos observar é que algumas pessoas são radicais apenas em alguns pontos. Por exemplo, alguns são radicais na política, mas são moderadas em outras; alguns são radicais na alimentação, mas nas demais é comedido; alguns são radicais em alguns pontos doutrinários, mas em outras áreas são mais flexíveis. Mas seja em qual for a radicalidade, ela pode se transformar em alguma coisa dura e desamorosa. Nossa moderação precisa ser conhecida de todos.


Se tivermos de ser radicais, só temos o direito em duas áreas: 


Primeira, quando a glória de Deus está em risco; 


Segunda, quando pessoas estão sendo oprimidas e violentadas.  Em geral, pessoas radicalizam em áreas secundárias e por causa de sua posição extrema, perdem a dimensão comunitária, o respeito, e o amor que precisam desenvolver comunitariamente. Se tornam críticas, amargas, ferinas, se isolam, perdem a comunhão e machucam. 


A partir do vs. 6, A Bíblia falará ainda de outra prática de vida que deve ser desenvolvida: “Não andeis ansiosos”. Mas isto é assunto para um outro momento, e vamos dar uma pausa aqui.


Conclusão 

Consideramos quatro práticas cristãs fundamentais para nosso crescimento:


  • Seja um cidadão na terra, com os olhos colocados nos céus. Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.” (Fp 3.20)


  • Pratique a unidade cristã: “Rogo a Evódia e rogo a Síntique, pensem concordemente no Senhor” (Fp 4.2).


  • Exercite a alegria e o contentamentoAlegrai-vos sempre no Senhor, outra vez digo, alegrai-vos” (Fp 4.4) 


  • Exercite o equilíbrio e a moderação - “Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor.” (Fp 4.5).


Para você pensar: 

  • Tenho tido compreensão clara de minha dupla cidadania? Tenho colocado meus olhos nas coisas dos céus ou meu coração está arraigado demais nas coisas terrenas? Preciso me arrepender se minha ótica se torna demasiadamente mundana?


  • Como tem sido meus relacionamentos? Como aquelas duas irmãs da igreja de Filipos, será que eu não preciso reconsiderar meus pontos de vista para pensar de forma a manter a unidade da igreja de Cristo? É possível, por causa da unidade do corpo, por causa de Cristo, ser mais misericordioso e moderado?


  • Tenho sido uma pessoa grata em Cristo? Tenho tido contentamento nele e na sua bondade? Meu coração é grato ou um coração amargo e triste? Será que você não precisa se arrepender de seu mau humor e voltar seus olhos para Jesus?


  • Tenho sido moderado ou quero impor meus pontos de vista a todas as demais pessoas e não aceito a visão dos outros? Será que não preciso de me arrepender por estar tomando posições tão polarizadas em coisas que são secundárias? Minha moderação tem trazido unidade e fortalecido meus relacionamentos e minha igreja ou tenho sido duro demais e causado tristeza, distanciamento e separação? 




Samuel Vieira

Sep. 96- Boston

Refeito Anápolis, 2022