sábado, 2 de abril de 2022

Fp 3.2-11 O Grande currículo

 




 

 

Introdução

 

Reputação é algo que aspiramos intensamente. Provérbios afirma que “mais vale o bom nome que muitas riquezas e o ser estimado é melhor do que a riqueza e o ouro.” (Pv 22.1). Por esta razão procuramos construir um currículo moral durante toda a vida, apesar de sabermos que todo o nome que você construiu a vida inteira pode ser manchado e destruído num instante, por um pecado, um escândalo ou um desvio de comportamento. Por isto, toda pessoa de bem procura manter seu nome limpo e sua reputação inquestionável. Todos procuramos construir um grande currículo.

 

Além da preocupação normal que temos em construir um nome diante dos homens, temos ainda outro desejo: construir um nome e uma ficha limpa diante de Deus. Na verdade, construir uma imagem diante das pessoas é mais fácil, porque as pessoas julgam apenas o exterior, aspectos externos e não conseguem enxergar nossos motivos e intencionalidades. Contudo, Deus observa não apenas o que fazemos, mas porque fazemos e como fazemos o que fazemos.

 

O homem vê o exterior, Deus vê o interior, ele sonda o coração. Quando Samuel foi ungir um dos filhos de Jessé para ser o futuro rei em Israel, ele se impressionou muito com o porte atlético de Eliabe, “porém o Senhor disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a sua altura, porque o rejeitei; porque o Senhor não vê como vê o homem. O homem vê o exterior, porém o Senhor , o coração.”(1 Sm 16.7).


A reputação pode se tornar idolátrica e uma armadilha para nossas vidas. É fácil se tornar um fariseu vivendo com uma reputação apenas diante dos homens, esquecendo-se de que o mais importante não é a forma como as pessoas nos vêem, mas como Deus nos vê. É fácil ficarmos ofendidos quando nossa reputação diante dos homens corre perigo, mas será que temos a mesma preocupação quando, diante de Deus, estamos vivendo sem trazer glória ao seu nome?


O ser humano tem a tendência de fazer as coisas para promoção de si mesmo, em busca da aceitação, aprovação e aplausos humanos. Este risco é imenso, porque podemos dar esmolas e fazer obras sociais, mas estamos interessados em reconhecimento. Quem está no centro é o EU. Fazemos as coisas para que os holofotes sejam colocados sobre nós. Até mesmo as orações podem se tornar auto centradas, como Jesus demonstrou no Sermão da Montanha.


Neste texto de Filipenses, Paulo mostra como os homens procuram construir seu currículo diante de Deus, baseado em performances, tradições, família e história. Ele inicia este texto, de forma bem dura:  “Acautelai-vos dos cães! Acautelai-vos dos maus obreiros! Acautelai-vos da falsa circuncisão!” (Fp 3.1). O problema básico é que o nosso coração tende ao mal, e nos afastamos da glória de Deus. Apenas quando nos colocamos diante da santidade de Deus é que somos capazes de perceber nosso pecado. Apenas a luz pode denunciar nossas manchas.

 

De que Paulo está falando? Qual era o assunto? Quem são estes cães? Certamente Paulo não estava se referindo aos animais domesticados que eventualmente se tornam agressivos, rosnam e latem contra as pessoas e até mordem. Ele estava se referindo aos falsos obreiros que pregavam a fé cristã de forma contrária ao que Jesus havia ensinado. Estes cães estavam no meio da igreja, deturpando as verdades claras do evangelho. Certamente esta terminologia não é muito amável, e isto nos leva a crer que Paulo estava furioso com o comportamento destes pregadores.

 

Ele está tão espantado quanto Paulo César, líder do grupo Logos, ao escrever:

 

Eu sinto verdadeiro espanto no meu coração

Em constatar que o evangelho já mudou.

Quem ontem era servo agora acha-se Senhor

E diz a Deus como Ele tem que ser ...

 

Mas o verdadeiro evangelho exalta a Deus

Ele é tão claro como a água que eu bebi

E não se negocia sua essência e poder

Se camuflado a excelência perderá!

 

Paulo chama de cães aqueles tais obreiros. Eles eram obreiros, mas eram falsos, vendiam um produto falso, traziam uma mensagem e uma esperança falsa. O que eles estavam anunciando? Eles diziam que o cristianismo era resultado de controles externos, e que a salvação dependia de determinados rituais, como a  “circuncisão”, o ritual judaico a que todo israelita deveria se submeter para confirmar que faziam parte do judaísmo. Os pregadores da mensagem do evangelho estavam associando a salvação ao ritual da circuncisão, e assim tirando os olhos da verdadeira mensagem de Cristo.

 

O problema básico destes obreiros: confiança na carne. O que significa isto? Trata-se do perigo de acreditar que somos capazes de fazer e realizar por nós mesmos as obras de Deus. É o risco de colocar a confiança na performance espiritual. Paulo fala do fundamento da fé cristã: “Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.” (Fp 3.3)

Para checar se sua fé está baseada no evangelho, este é o primeiro teste. Você se glória nas suas realizações, naquilo que você faz e no seu currículo moral e espiritual ou você tem aprendido a colocar sua confiança na obra de Cristo? Isto faz toda diferença. Quando colocamos nossa confiança na carne não dependemos da obra de Cristo, mas de nossa capacidade de fazer as coisas para Deus. A confiança em nós mesmos é o maior inimigo do Evangelho. Nada pode se opor mais ao Evangelho que a presunção de confiar no que somos capazes de fazer. Por isto a justiça própria é a inimiga numero 1 do Evangelho.

 

A essência do Evangelho encontra-se em deixar de colocar a confiança em nós mesmos, e confiar apenas na obra substitutiva de Cristo. Não podemos nos salvar por esforço próprio, o céu não é mérito, é dádiva; não é conquista, é através da graça. Somos salvos por Deus pelos méritos de Cristo, e incapazes de realizar as coisas por nós mesmos. Nossa salvação é obra de Cristo, nossa justiça própria não é suficiente para nos justificar diante de Deus. É Deus quem nos justifica e santifica. Não temos justiça em nós mesmos. O resultado de toda pessoa que confia em si mesmo é o orgulho e a vaidade espiritual; exclusivismo, preconceito e perda da confiança na obra de Cristo. A pessoa tira os olhos da obra de Cristo e coloca nos seus méritos, performance e conquista pessoal.

 

Um dos grandes problemas da raça humana é a carne. (do grego, sarx). A carne opõe-se a Deus. Em Gálatas, Paulo menciona usa o termo carne em dois sentidos:

 

q  Obras explícitas da carne. Resultados da licenciosidade, devassidão e decadência espiritual. “Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdiasdissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas.” (Gl 5.19-21).

 

q  Obras travestidas de espiritualidade. A carne, no sentido mais sutil, se esconde nas atitudes espirituais. Veja como Paulo faz uma pergunta sutil sobre este assunto: “Sois assim insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando na carne?” (Gl 3.3). Esta é a estratégia da carne, que agora é citada não como as atitudes pecaminosas explícitas, mas agora é uma carnalidade mais aperfeiçoada, mais elaborada, sutil, quando os gestos são travestidos de religiosidade, tem forma espiritual, roupagem eclesiástica, gestos educados, mas servem à promoção exclusiva do EU. São usadas para nossa auto-promoção e estão relacionadas à reputação e aprovação que buscamos dos outros.

 

Para você analisar melhor como sua carne pode levá-lo a aparentar humildade mas revelar orgulho, pergunte a você mesmo: O que eu fiz de bom na última semana, e que não contei a ninguém? Em Gálatas, as pessoas se tornaram cristãs, mas estavam se aperfeiçoando ainda na carne. As coisas não eram feitas para a glória de Deus, mas se transformavam numa exaltação do eu. Jesus demonstrou que as coisas mais espirituais como oração e generosidade, podem na verdade se transformar numa forma de sermos vistos pelos homens (Mt 6.1-6). Este é um claro exemplo da espiritualidade carnal.

 

Em Colossenses, Paulo tenta desmascarar as tentativas de manipulação de um grupo de irmãos que vendia uma imagem de serem muito espirituais. O texto parece ter sido escrito em nossos dias por causa da grande relevância e contemporaneidade. Paulo estava denunciando a espiritualidade gnóstica.

 

Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo. Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal, e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem-vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus.” (Co 2.18-23).

 

Seus gestos eram aparentemente espirituais, tinham aparência de sabedoria, davam a impressão de serem muito espirituais, falavam de experiências pentecostais “cultos dos anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal.” Tinham jeito de piedade, linguagem mística e sobrenatural, mas ainda estavam agindo de forma carnal, era uma forma de auto promoção, o EU estava no centro.

 

A verdadeira circuncisão, o cerne do Evangelho desmascara a carne, alerta para que não confiemos na carne”. Sendo assim, podemos fazer todas as coisas espirituais, e ainda assim sermos carnais, pois a glória que buscamos é da carne.

 

Paulo desafia seus leitores a partir do vs. 4, onde começa a descrever suas credenciais, seu currículo:

 

  1. Circuncidado ao oitavo dia: Este era o selo que afirmava a identidade do povo de Deus. Os judeus levavam seus filhos ao oitavo dia para ser circuncidados. Eles entendiam que o pacto que Deus tinha com ele incluia seus filhos, era um pacto geracional. Os filhos eram herdeiros da promessa.

Este é o mesmo argumento que usamos ainda hoje no batismo infantil. Deus faz uma aliança com a família, ele afirma ainda hoje como afirmou no passado: “seus filhos são meus.” Os pais de hoje dizem: “Porque batizar crianças se elas nada entendem?” A resposta é: Será que as crianças judias entendiam alguma coisa ao oitavo dia?

 

Não! As crianças não eram batizadas por entenderem o pacto. O pacto é representativo. Os pais apresentam seus filhos diante de Deus e respondem espiritualmente por eles. Deus fez este pacto com o povo judeu, e todos os pais se submetiam a ele. Jesus foi circuncidade ao oitavo dia, porque José era um judeu piedoso e praticante. É o pacto do povo de Deus com o povo e com seus filhos.

 

A primeira credencial que Paulo usa para demonstrar que se alguém poderia se gloriar de alguma coisa foi a sua circuncisão. Ele fazia parte do povo de Deus. Mas Paulo tenta demonstrar que isto não lhe dá o currículo necessário para se orgulhar diante de Deus. A circuncisão é insuficiente.

 

  1. Da linhagem de Israel: Este é a segunda credencial que ele apresenta. Ele era da linhagem de Israel, o povo eleito de Deus! O povo judeu era tão vaidoso e cheio de si, e o é ainda hoje, que por isso possuem um conceito de um deus tribal. O Deus deles, o Todo-Poderoso, Criador dos céus e da terra, só tem real interesse no povo judeu.

 

Paulo esvazia esta arrogância espiritual. Ele diz: “Bem que eu poderia confiar também na carne. Se qualquer outro pensa que pode confiar na carne, eu ainda mais:
circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel.
” (Fp 3.4,5). Mas Paulo demonstra que ser da linhagem israelita não é suficiente para justificá-lo diante de Deus.

 

  1. Da tribo de Benjamin: Esta era a tribo mais orgulhosa e arrogante. Antes de tudo, porque deles saiu o primeiro rei de Israel. Esta tribo era tão soberba que certa vez foi quase totalmente destruída, porque alguns rapazes desta tribo cometeram uma atrocidade e a tribo resolveu acobertar o crime deles e se recusaram a trazê-los para serem julgados. O evento foi de tal magnitude que três capítulos do livro de Juizes são dedicados a este fato. (Jz 19,20,21)

 

  1. Hebreu de hebreus: Em outras palavras, Paulo tenta mostrar que ele era sangue puro. Criado por grandes mestres do judaísmo, e na sua idade já sobrepujava a muitos pelo seu saber acerca de seu povo e sua religião. Ele era mestre no Judaísmo, conheceu as leis, aprendeu ao pés de Gamaliel e se destacou pelo conhecimento da sua religião. Ele não era superficial nas suas convicções, pelo contrário, tinha conhecimento pleno e profuno.

 

  1. Fariseu: Nenhum grupo religioso era tão cuidadoso e zeloso quanto na observância da lei quanto os fariseus. Nós temos um conceito muito ruim acerca deste grupo, porque Jesus condenou de forma direta a hipocrisia de seus gestos religiosos, mas nenhum grupo era melhor, espiritualmente falando que os fariseus, seria mais ou menos como se fosse um pentecostalzão avivado, ou um batista do peito amarelo, ou um calvinista puritano e reformadão, orgulhoso de suas credenciais teológicas. Os fariseus eram ordeiros, trabalhadores, cumpridores da lei, mantinham o jardim de sua casa em ordem, pagavam bem as contas. O problema deles era o ego inflado. Por serem extremamente zelosos se distanciaram de Deus e das pessoas. Confiavam na carne e não em Jesus.

 

  1. Zeloso: Além de tudo isto, era zeloso, fazia as coisas com muita seriedade, era um bom religioso, gente séria naquilo que fazia. Por ser zeloso, suas convicções o levaram a perseguir o povo cristão que ameaçava a fé judaica. Ao fazer isto, só tinha uma coisa em mente: promover a glória de Deus. Muitas vezes podemos ter zelo sem entendimento, e isto é um fracasso espiritual. Foi isto que aconteceu com o povo judeu.

 

Porque lhes dou testemunho de que eles têm zelo por Deus, porém não com entendimento. Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus.” (Rm 10,2,3). Como o zelo sem entendimento pode ser trágico.

 

  1. Quanto à justiça que há na lei, irrepreensível – As pessoas não conseguiam apontar defeitos. Ele não podia ser julgado por nada. Uma pessoa irrepreensível não pode ser censurada por nada porque faz tudo dentro da lei. Você conhece alguém irrepreensível?

 

O grande currículo

 

Com todo este currículo invejável, Paulo joga tudo isto para o alto. Ele considera tudo como perda.Mas o que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo.” (Fp 3.7,8).


Coloque isto na perspectiva de sua vida. Quais são, as suas grandes credenciais? Você pode basear na sua performance, no respeito social adquirido, na sua reputação e credenciais, para se apresentar diante de Deus? Paulo diz que tudo aquilo no qual ele poderia se gloriar, ao chegar ao entendimento e comprender a beleza da obra de Cristo, ele considerei de nenhum valor. Ele considerou perda.

 

Na verdade, outras traduções traduzem o termo “perda”, como “esterco”, “refugo”ou “lixo”. Tudo o que temos é frágil e insuficiente diante de Deus.

 

Alguns podem indagar: Existe algum problema em ter uma atitude moral correta, em ser apreciado pela sua honestidade e pelas boas coisas que faz? Não! O problema é que estas coisas podem enganar e nos levar a pensar que não precisamos de Jesus e do seu sacrifício. Perdemos a perspectiva de Cristo e a colocamos em nossas conquistas, méritos e currículo moral. Veja como isto é perigoso: “Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres?” (Mt 7.22)

 

Max Lucado, ao comentar este texto afirma:

 

“Estas pessoas se colocarão em pé diante de Deus, exaltando suas virtudes. A grande trombeta soou, e eles ainda estão tocando suas próprias trombetas. Ao invés exaltarem o Cordeiro, eles exaltam a si mesmos. Ao invés de adorar a Deus, eles querem ler seus próprios currículos. Quando eles deveriam estar sem palavra, eles falam. Diante da glória do Rei, eles gloriam a si mesmos. Fica uma pergunta: O que é pior neste caso  – a arrogância ou a cegueira?” [1]

 

Paulo diz que ele considerou tudo como esterco e refugo para ganhar a Cristo. (Fp 3.8) Ele despreza o seu currículo e suas credenciais. Todas suas conquistas espirituais, de nada valiam para salvação. Todo o currículo formidável, e sua performance, nada valiam. Ele tenta demonstrar que tais coisas são fascinantes, mas tendem a nos desviar da obra de Cristo na cruz. Jesus teve que morrer na cruz, por causa da nossa absoluta incapacidade de salvarmos a nós mesmos.

 

Qual é o objetivo então de Paulo?

 

Paulo então, procura mostrar onde estão os seus olhos, e o que significa o evangelho. Ele queria “Ser encontrado em Cristo, não tendo justiça própria”. (Fp 3.9) Paulo retira de si toda a confiança nas suas obras e confia exclusiva e absolutamente na obra de Jesus.

 

Onde você tem colocado sua confiança para salvação?

 

Paulo diz: Quando eu chegar no céu, a única coisa que desejo ter a cobertura do Filho de Deus para minha salvação, nada mais. Eu não ponho a minha fé senão na graça de Jesus. Quando eu chegar no céu Deus não vai estender o tapete vermelho e dizer para mim: Que pessoa maravilhosa você é, antes vai me olhar pelo crivo da cruz, pela marca do sangue de seu Filho. E Paulo diz: “quero ser encontrado nele, não tendo justiça própria.” Eu não levo as minhas credenciais diante de Deus para convencê-lo de minha bondade e virtude, mas eu me apresento diante dele com minha roupa lavada no sangue do Cordeiro.

 

O problema humano é querer comprar o favor de Deus. Por isto o céu parece ser uma conquista, resultado de méritos pessoais, caridade e obras. Nos sentimos melhor pensando na possibilidade de fazer algo para Deus e assim nos justificarmos. Ainda cremos que somos salvos pelas obras, apesar de estarmos dentro de uma igreja evangélica. Se não orarmos, se não viermos a igreja, se não dermos o dizimo, se não dermos testemunho, não seremos salvos.

 

A salvação está fundamentada em quem? Naquilo que você faz ou naquilo que Cristo fez? Quem garante a sua salvação? Paulo indaga: Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” (Gal 3.2)

 

O conceito da graça não envolve troca. Graça é espontânea, não retributiva, unilateral, Deus não depende da sua resposta para ser amoroso. Graça é favor não merecido.

 

Então, o que posso fazer para Deus?

Para sua salvação? Nada! Para expressar sua gratidão, tudo!

 

Todos que entendem a obra de Cristo se tornam dispostos a servi-lo. O autor aos Hebreus fala do “sacrifício de louvor”. (Hb 13.16). O que é isto? Que sacrifício devo dar a Deus? Este é o sacrificio de gratidão, um coração grato. O que fazer? O único sacrifício possível é o de muito obrigado! Eu me rendo a seu amor.

 

Fazemos as coisas para Deus não para impressionar, nem para convencê-lo de que merecemos sua atenção, ou por qualquer razão meritória. Quando entendemos a mensagem das Escrituras e a correta motivação, as coisas mudam radicalmente. Isto é o Evangelho!

 

Paulo inicia este texto dizendo: “alegrai-vos no Senhor” (Fp 3.1). O que gera alegria em nós é a vivência da graça, a lei pode ser muito sedutora, mas ela não consegue dar aquilo que precisamos: alegria/contentamento/paz interior, e muito menos ainda: Não pode nos dar salvação. Não ganhamos salvação. A Salvação nos alcançou gratuitamente por meio de Cristo.

 

Este é o grande curriculo que precisamos ter: A justiça de Cristo!!!

 

 

Samuel Vieira

Anápolis 17.01.03

Chácara do Billy – 71o graus

 

 

 



[1] Lucado, Max – The applause of heaven, pg.29

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