segunda-feira, 27 de junho de 2011

Mc 1.16-20 - O chamado de Cristo

Introdução:Um dos conhecidos clássicos da literatura evangélica é Para todo sempre, de Catherine Marshal, esposa de Peter Marshal, capelão do Congresso Americano, que narra suas experiências de fé e alguns sermões que o mesmo escreveu. Peter tinha uma grande erudição e piedade, e um dos seus famosos sermões foi “cristãos de auditório”. Nele, o autor usa sua imaginação criativa para considerar como teria sido o chamado de Pedro e João, se os mesmos vivessem em Nova York e Jesus se encontrasse com eles nos seus comércios na 5ª Avenida.
O Chamado de Cristo é surpreendente nas Escrituras.
O que significa esse chamado? Para que Deus nos chamou?
Em 1 Ts 2.12, lemos que fomos chamados para o seu “reino e glória”. Assim, se você foi chamado para viver no reino de Deus, foi ele quem o capacitou; foi ele quem lhe colocou no caminho que ele mesmo estabeleceu.
Em Col 1.13, vemos a afirmação de que Deus nos transportou “do império das trevas para o reino do filho de seu amor”. Só podemos ir até Deus se ele nos chamar e conduzir conforme o seu meio que é o sangue do libertador, seu Filho unigênito, nosso Senhor Jesus Cristo. Somente a obra de Cristo é suficiente para nos justificar (Rm 8.30).
O chamado de Deus é também um chamado para a vida. Por isso, quando você ler o verbo “chamar” ou o substantivo “chamado” no Novo Testamento, lembre-se de que o termo aponta para o privilégio de sair de um estado de trevas e morte e vir para a luz. Mas o chamado de Deus também fala de um projeto no qual Deus deseja que vivamos. Um chamado para “ser alguém” (Identidade), mas também para “fazer algo” (missão). Neste caso, o chamado envolve uma comissão.
Em Mc vemos isto claramente:
Jesus “chamou os que ele mesmo quis” (Mc 3.13), e então, “designou doze para estarem com ele e para os enviar a pregar” (Mc 3.14).

Este texto nos fala de algumas características deste chamado:
1. O chamado é pessoal e único – Quantos pescadores existiam na Galileia? Jesus chamou apenas Simão e André.
O chamado não é genérico, mas especifico. Quem desperta e dá consciência a estes pescadores é o próprio Jesus.
Por acaso estes homens foram chamados porque eram pessoas excepcionais? Não! 1 Co 1.26-29 lemos: “Irmãos, pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento. Mas Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as desprezadas e as que nada são, para reduzir a nada as que são, para que ninguém se vanglorie diante dele. É, porém, por iniciativa dele que vocês estão em Cristo Jesus, o qual se tornou sabedoria de Deus para nós, isto é, justiça, santidade e redenção, para que, como está escrito: "Quem se gloriar, glorie-se no Senhor".
O grande princípio do chamado de Deus é: “Deus não chama os qualificados, mas qualifica os chamados”.

2. O chamado desestabiliza – Simão e André encontram-se no seu trabalho, lançando as redes. Jesus os chama, e aquilo que fazia perdeu completamente o valor. Mais adiante, encontra-se com Tiago e João, que também perderam completamente a razão de continuarem consertando as redes. Mateus está na coletoria, era funcionário publico, e Jesus o chama e ele “levantou-se e o seguiu” (Mc 2.13-14).
Este Simão (Shimon), tem um nome que reflete sua personalidade, já que no hebraico este termo significa areia. Ele era frágil e inconstante, mas Jesus o chama para ser petros, que no grego significa pedra. Alicerce, fundamento, solidez.
É este Pedro que nega Jesus três vezes, mas que prega um poderoso sermão no dia do Pentecostes em que três mil pessoas se convertem e são batizadas (At 2).
O texto afirma como Jesus os chama:
“Caminhando junto do mar da Galileia viu André e Simão” (Mc 1.16)
“Mais adiante, viu Tiago e João” (Mc 1.19).
“Quando ia passando, viu a Levi, filho de Alfeu” (Mc 1.14)
É Deus quem nos vê e nos percebe no meio da multidão. Chamado é obra de Deus, privilégio.
É pessoal. Para você. Não para outro.
Deus não busca outro profeta quando Jonas se esquiva do chamado. Quem não quer ir de camelo, pelo deserto, em direção a Nínive, mas escolhe ir por outro caminho, acaba andando de submarino.
O chamado desestabiliza e inquieta. Deus chama pessoas trabalhando. Por que não chama os ociosos?

3. O chamado redireciona – Dá sentido mais profundo ao que fazemos. Dá um senso de missão e objetivo.
Eram pescadores – mas agora são pescadores de homens.
Jose Borges dos Santos Jr. – Todos temos uma vocação, embora tenhamos várias profissões. Nossa profissão se torna significativa quando a colocamos a serviço da obra de Deus.
Esta é a diferença entre o homem que quer viver para Deus e aquele que não reconhece Deus em sua vida. O homem de Deus vê um significado maior naquilo que faz. Não trabalha apenas para ganhar seu pão, mas trabalha para glorificar a Deus. Ele vê teleos em seu trabalho.
Paul Meyers foi um homem de negócios na área de seguros bem sucedido nos Estados Unidos. Ele dizia que Deus o havia capacidade a ganhar dinheiro, então resolveu colocar seus bens a serviço da obra de Deus. Então, passou a sustentar a obra do Instituto Haggai, e até sua morte, em 2010, foi o maior contribuinte individual para treinar líderes do 3º. Mundo para serem testemunhas de Jesus em seu país. Foram milhões de dólares neste projeto.
Dr. Gordon, medico a serviço do reino em Rio Verde- GO. Era um membro de sua igreja nos Estados Unidos, fiel nos seus compromissos, até que um dia ouviu falar que Deus poderia usar seus dons no campo missionário. Deixou sua cidade nos Estados Unidos e 60 anos atrás iniciou a construção do Hosp. Evangélico de Rio Verde, que abençoou milhares de pessoas naquela região ainda esquecida do Brasil de então.
O chamado redireciona.
Em Junho 2011, passei por um carro que tinha a seguinte placa: “Propriedade de Jesus!” e logo abaixo escrito: “Vende-se!”. Liguei de brincadeira para o proprietário brincando: “Como você pode querer vender aquilo que não é sua propriedade?”.
Deus nos aponta para uma vocação mais sublime.

4. O chamado implica em ruptura – “Então eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram” (Mc 1.18). Em seguida o texto nos diz: “Deixando eles no barco a seu pai... seguiram a Jesus” (Mc 1.20). Ambos deixaram pessoas, posições e privilégios. Mateus fez o mesmo. Muitos projetos e planos são deixados quando um novo e maior chamado se interpõe.
Chamado desestabiliza e causa ruptura. Prioridades são redirecionadas.
Tiago e João tinham uma empresa de pesca, agora abandonam as redes.

5. O Grande chamado de Deus aponta para resgate de vidas – Deus nos chama para sermos “pescadores de homens”. Ministério tem a ver com a vida. Às vezes corremos o risco de achar que o ministério basta a si mesmo. Você ama o ministério ou as pessoas? Pergunte sempre: O Meu ministério tem impactado vidas?
Corremos o risco de termos um ministério burocrático e técnico, mas o chamado de Deus é para desembocar em vidas.
Quando resolvemos construir o predio de educacao religiosa de nossa igreja, com 3 mil m2 de área construida, o Conselho da igreja tomou algumas decisoes:
a. Nenhum projeto missionário será substituído ou deixado de lado para investir em tijolos. Se Deus quiser nos dar, ele nos dará com as sobras. Não vamos nos distrair.
b. Nosso prédio será usado para a obra de Deus. Investimento em gente, missões.
No primeiro andar, que será alugado, todo recursos será usado para plantação de novas igrejas. O Conselho entende que o sustento da igreja local é compromisso de seus membros. Todas igrejas que resolveram viver de rendas, tiveramo muitos problemas com o envolvimento financeiro de seus membros.
c. Filosofia: O melhor investimento da igreja não é em prédios, nem estruturas, mas em gente. O alvo da igreja são os seres humanos.
c. Como utilizar as salas de aula, durante a semana, para abencoar e atingir pessoas da nossa vizinhança e a cidade? Que ministério será adequado às estruturas que temos? Como abençoar famílias e a sociedade? Como trazer Jesus para a vida destas pessoas?
d. Alvo final: Investimento em gente. Pescadores de homens.

Conclusão:
O chamado de Cristo é um privilégio. É um chamado que muda radicalmente nossa ver de ver a vida, de considerar nossos projetos, de investir nossos recursos, talentos e tempo. Este projeto envolve toda nossa vida.
Como reagimos quando ele nos chama? Se estivéssemos hoje, lançando nossas redes ao mar, ou quem sabe, consertando as redes, ou, como funcionários públicos como reagiríamos ao seu chamado que diz: “Vem e segue-me”?

Nenhum comentário:

Postar um comentário