segunda-feira, 16 de abril de 2012

Mc 10.13-16 Jesus e as crianças

Introdução:

O texto "Crianças aprendem o que vêem" é extremamente sábio.

"Crianças aprendem o que vivenciam. 
Se uma criança vive com crítica, aprenderá a condenar. 
Se uma criança vive com hostilidade, aprenderá a lutar. 
Se uma criança vive com vergonha, aprenderá a culpa. 
Se uma criança vive com tolerância, aprenderá a ser paciente. 
Se uma criança vive sendo ridicularizada, aprenderá a ser tímida. 
Se uma criança vive sendo encorajada, aprenderá a ser confiante. Se uma criança vive com honestidade, aprenderá justiça. 
Se uma criança vive com segurança, aprenderá a ter fé. 
Se uma criança vive com aprovação, aprenderá a gostar de si mesma. 
Se uma criança vive com aceitação, aprenderá amizade. 
E aprenderá a achar amor no mundo. 

Este texto de Marcos nos fala do relacionamento de Jesus com as crianças.
Muitos poucos sermões sobre o ministério de Jesus e seu relacionamento com as crianças tem sido pregados. Como estamos expondo o livro de Marcos, não podemos fugir nem deixar de aprender ricas lições sobre o cuidado que devemos ter com as crianças.

Em Lc 15, Jesus conta a história da dracma perdida.
Por que aquela mulher perdeu sua preciosa moeda dentro de casa?
Esta parábola é uma referência à nossa vida. O texto demonstra como nós, de forma desatenta, podemos perder coisas de grande valor, dentro de nossa casa, como aconteceu àquela mulher perdeu. Talvez por descuido, por considerar insignificante... isto pode acontecer com coisas preciosas de nossa vida como nosso filhos. Como é possível perdê-los dentro de casa? Na hora de passar a tocha da fé, na nossa incapacidade de transmitir o evangelho da graça.

Os dias são maus: cansaço, hora intensa de trabalho, deixamos de orar com os filhos e terceirizamos sua salvação.
Filhos tem se perdido dentro das casas. O texto parece demonstrar que Jesus deseja tocar as crianças, mas os discípulos as hostilizam. Não consideram a importância de que os filhos se aproximem de Cristo.
Esta muitas vezes pode ser a atitude da igreja, e assim perdemos nossos filhos dentro da igreja, como a dracma que se perdeu dentro de casa.

A Bíblia afirma: “Ensina a criança o caminho em que deve andar, e ainda quando for velho, não se desviará dele”. O texto não diz: “ensina o jovem”, mas “ensina a criança”.

Podemos, entretanto, tratar com descaso as crianças. Tanto no âmbito doméstico quanto eclesiástico, corremos o mesmo risco de descaso e menosprezo.

Alguns departamentos infantis são horríveis, verdadeiros depósitos de móveis velhos. Conteúdo mal preparado, falta de investimento. Não criamos ambiente para acolher nossos filhos, muitas vezes usamos os piores ambientes e estruturas para os colocarmos ali. Muitas vezes a programação da igreja não contempla este espaço para os filhos.

Alguém afirmou que “Uma criança pode se desviar mais cedo do que você imagina, cair mais rápido que você pensa, e sofrer mais que você considera”.

Os discípulos “repreendiam as crianças”. (Mc 10.13).
“Repreender” não lhe soa um conceito agressivo? Não é um termo forte?

Muitas vezes tenho a impressão de que não estamos preocupados em termos uma igreja para nossos filhos, mas queremos uma igreja para nós. Que satisfaça a nossa cultura, nosso gosto, nosso estilo, nossa formação, a forma como gostamos dos cultos, mas não consideramos se nossos filhos estão participando da comunidade. E se começássemos a pensar numa igreja que tivesse a linguagem para nossos filhos e não para nós que estamos passando?

Honestamente, entre uma igreja que atenda as suas necessidades e uma igreja que atenda a necessidade de seus filhos e netos, o que você preferiria. Tome cuidado para não dar uma resposta “politicamente correta”.

Será que você realmente está preocupado com seus filhos e netos?
Quantos filhos estão ficando, quantos estão saindo? Na igreja que freqüentei durante a minha mocidade, posso afirmar sem medo, que não mais que 25% dos filhos permaneceram na fé. Alguns não só se distanciariam, mas são cínicos e incrédulos quanto às verdades espirituais que pregamos.

Certo presbítero de uma igreja no litoral Sul de São Paulo afirmou que se tivessem apenas mantido os filhos, e não tivessem evangelizado ninguém mais, ela seria, 3 vezes maior do que é hoje. Pense nos recursos financeiros da igreja: Eles contemplam os filhos?
Que esforço intencional temos feito para acolhê-los bem? Nossa liturgia e estilos de cultos estão considerando suas necessidades? Vamos continuar usando flanelógrafos enquanto nossos filhos são expostos a todos os recursos virtuais e teorias modernas de pedagogia?

Este texto nos mostra algumas atitudes (movimentos) de Jesus diante do descaso dos discípulos:

1. Ele demonstra indignação com a falta de sensibilidade para com as crianças – “Jesus, porém, vendo isto, indignou-se”. (Mc 10.14).

Indignação é um termo muito duro.
A Bíblia diz que Jesus se “indignou” com os mercadores no templo que estavam vendendo sacrifícios e transformando a casa de Deus em casa de negociatas... qualquer semelhança com nossos dias é mera coincidência;
Mostra ainda outra situação na qual ficou indignado, em Mc 3, ao ver a dureza do coração das pessoas no incidente com o homem da mão ressequida.
O Evangelista está usando esta mesma palavra para demonstrar como Jesus reagiu ao ver o comportamento de seus discípulos, ao tratar de forma estranha as crianças que dele se aproximavam. 

2. Jesus ensina os discípulos – “E disse-lhes: Deixai vir a mim os pequeninos, não os embaraceis, porque dos tais é o reino de Deus” (Mc 10.14).

Jesus ensina se aproxima das crianças para demonstrar qual deve ser a atitude de seus seguidores. Crianças não eram menos importantes. Crianças participam do culto doméstico. Crianças espalham a boa semente mais que imaginamos, podem crescer conhecendo a Cristo, tem disposição para trabalhar por Cristo, crianças aprendem conceitos de vida cristã quando são ainda muito novas.

Precisamos ainda nos preocupar com as crianças, porque podem sofrer irreversivelmente, para o resto da vida. Porque crianças tem fome, 4000 crianças são assassinadas por ano no Brasil. Crianças podem nunca saber o que é infância e podem ter futuro, ou não, dependendo muito de nós e de nosso compromisso com elas.

 3. Jesus exorta a não “embaraçarmos” as crianças. (Mc 10.14), já parou para considerar o significado desta palavra? A ideia de que me à mente é de um rolo de linha de anzol. Você pode praticar pesca esportiva usando dois tipos de material: carretilha ou molinete. Este último não tem uma performance tão boa, mas é bem mais fácil de operar, enquanto o primeiro, exige um determinado treinamento.

Ao jogarmos a linha, precisamos manter pressão com o dedo, para que ela não corra demais e se enrole. Um erro de arremesso de uma carretilha embola tanto a linha, que dificilmente você a desembaraça, e mesmo que consiga fazê-lo, a linha vai ficar toda “viciada”. Como podemos embaraçar as crianças?
O mau testemunho em casa ou na igreja podendo trazer grande dificuldade para o coração das crianças. Aos poucos o evangelho vai se afastando de seus corações, tornando-as descrentes e cínicas.  – crianças vão formando sua concepção de divindade e de sagrado, a partir daquilo que vêem. Na Europa, temos hoje a geração pós cristã, os filhos estão rejeitando as igrejas.

Por causa do descrédito institucional, história de autoritarismo e desmandos. Filhos vomitam a educação contraditória da fé, quando a vivência não é coerente dentro de casa.

 4. Jesus as toma nos braços – (Mc 10.16). Esta figura é muito linda. Atitude de acolhimento, proteção, colo, segurança, ternura. Enquanto os discípulos as espantam e repreendem, Jesus as acolhe e as coloca nos seus braços. De alguma forma precisamos toma-la em nossos braços.

5. Jesus impõe as mãos sobre as crianças – (Mc 10.16).
Aqui vemos a idéia de proteção espiritual, de unção.
Nossos filhos precisam ser espiritualmente protegidos.
Orar por eles e com eles. Entrar nos seus quartos de madrugada e orar por eles. Diariamente nossos filhos são expostos a cenas de violência na televisão, a abusos e bullying, será que estamos atentos sobre os ataques espirituais que nossos filhos sofrem? 6. Jesus as abençoa – (Mc 10.16). Precisamos sempre que abençoar é o contraditório de amaldiçoar. Abençoar vem do latim benedicere, que significa “afirmar o outro”. Reconhecer o valor do outro e afirmar tal valor. Facilmente depreciamos a simplicidade e alegria do coração das crianças.
Já viram como pré-adolescentes e adolescentes já tem sofrido tantos distúrbios psiquiátricos ainda tão jovens? No fundo temos aí crianças vivendo além de suas possibilidades. O que está acontecendo com esta geração?

Conclusão:
No inicio do meu ministério, preparamos a igreja para uma conferencia evangelística. Toda a igreja esteve envolvida, fizemos convites, oramos pelo evento e convidamos um pregador de fora para nos trazer a mensagem. No final do culto, 9 pessoas, entre elas uma criança, aceitaram o convite para entregarem sua vida a Jesus. Depois de conversar com “os adultos”, conversei com aquela menina de apenas 9 anos, e lhe perguntei: “Por que você se levantou e veio até à frente?”. E ela, emocionada me respondeu: “Por que Jesus me tocou?”.

Envergonhado devo admitir, que a melhor e mais abrangente resposta que recebi naquela noite, foi a de uma criança, sendo tocada por Jesus.
Não devemos nunca subestimar o que uma criança tocada por Jesus é capaz de experimentar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário