domingo, 2 de junho de 2013

Ap 3.14-21 Laodiceia: A igreja Morna



Introdução:

Conta-se que Rafael, grande pintor Renascentista, ao terminar os afrescos de Roma, foi criticado pelos que o contrataram porque, nas suas obras, as pessoas sempre estavam sempre com o rosto tão vermelho. Diante disto ele respondeu que elas estavam ruborizadas por saber nas mãos de quem estava a Igreja.
Um dos grandes problemas da igreja tem sido o tipo de cristianismo vivido. Ghandhi certa vez afirmou que “amava o Cristo, mas odiava a forma como os cristãos viviam”. A igreja sempre tem sofrido pelo tipo de cristianismo que as pessoas tem praticado. Como pastor, confesso, que algumas vezes tive constrangimento em afirmar que era pastor, pelo fato de que pastores são tantas vezes associados a escândalos financeiros e sexuais.

No cristianismo brasileiro, outros fatores se acrescentam. O cristão é receptivo, passivo, crédulo e ingênuo, facilmente acredita em mentiras, é seduzido por discursos de aproveitadores e pessoas inescrupulosas, são pessoas de fé simples e ao mesmo tempo simplória. É também extremamente místico e, por isto, facilmente seduzido pelo seu desejo de respostas imediatas e fáceis. Satanizam e divinizam facilmente os acontecimentos. Basta um pregador um pouco mais sedutor criar alguns jargões atraentes e as portas são escancaradas para que ele transite sem julgamento de valores éticos e bíblicos, criando assim uma espécie de "macumba evangélica" no ambiente de nossas igrejas. É caracterizado ainda pela perda da capacidade crítica, incapaz de se tornar agente ativo da história, com graves dificuldades de participar do momento político de sua nação, entender o que está acontecendo. É marcada ainda por líderes manipuladores da fé ingênua e simples do povo, e que inescrupulosamente não hesitam em criar artifícios para que o evangelho seja comprado como uma mercadoria barata nas feiras da vaidade.

Contexto:
Esta carta é a última das sete cartas que Jesus envia às suas igrejas. Cada uma destas igrejas possui crises e necessidades específicas. Deus faz um diagnóstico de cada uma delas. Neste texto, Jesus analisa a situação de Laodicéia, e mais uma vez começa suas avaliações com um forte "conheço". Ele tem consciência absoluta das realidades mais profundas que permeiam as entranhas de sua igreja, sabe de suas dores, de seus pecados, de suas virtudes. Seu termômetro é de precisão, conhece aquilo que acontece no meio de seu povo.

Ele analisa a carta a Laodicéia, fazendo algumas ponderações sobre ela, analisa seus problemas, e depois prescreve o remédio para a cura de suas mazelas.

I. Quais são os grandes problemas desta igreja?
Infelizmente, ao fazer o diagnóstico, Jesus não tem nada de bom para falar sobre ela. Laodicéia é uma igreja distante, e que incomoda ao Senhor pelo fato de não apresentar reações negativas ou positivas. Eis a análise que Jesus faz de sua realidade:

1.   Mornidão:Nem frio, nem quente". Era uma igreja caracterizada pela mornidão, indiferença, silêncio e apatia. É uma igreja numa cidade afluente sem entusiasmo ou antagonismo diante das questões espirituais. Talvez a igreja tenha assumido uma postura materialista e auto suficiente, porque morno é aquele que não sente a falta, a ausência, que não compreende o que lhe falta, que não aspira a nada, não espera nada, e tudo está bem.
Frio é aquele a quem falta muito, mas ele nem sempre sabe. É também apesar da percepção do seu próprio mal, não busca socorrem em Deus. Aquele que constata o seu fracasso, mas não busca solução para o problema. Quente é aquele que avança e age, que se dispõe, abre seu coração, se entrega ao Senhor. O morno, por se satisfazer com o que é, é levado a nada fazer para mudar, visto que a situação atual lhe parece satisfatória, ou, por ser indiferente e moralmente preguiçoso, satisfaz-se com a miséria do que tem. Não sente alegria nem dor, não tem entusiasmo nem qualquer sinal de vitalidade, vai levando sua vida do jeito que ela lhe levar.
O Morno assume uma posição neutra, é do tipo que não está “nem a favor nem contra, muito pelo contrário”. Parece com aquele apático homem que ao indagarem sua posição sobre um determinado assunto polêmico, respondeu com voz de sapiência: "Nada como tudo em matéria de principalmente, ora veja". Você nunca o que ele quer da vida, talvez ele também não saiba o que quer da vida, porque não tem desejos, sonhos ou projetos.
O morno confunde os que são e os que não são dentro do corpo de Cristo. Os que são se confudem com sua atitude, porque quando ele afirma que crê em determinadas verdades, sua atitude em relação a tais verdades é tão superficial e pálida que enfraquece o modelo bíblico de vida cristã. Confunde os que não são, porque os de fora do corpo, ao verem-no dentro, desconfiam da seriedade daquela comunidade, e isto gera distanciamento e cinismo.
Ele é do tipo “pó de asa de borboleta". Já ouviram falar que pó de asa de borboleta cega? Quantos de vocês já viram pessoas cegas porque tocaram em pó de asa de borboleta e depois colocaram nos olhos? Certamente ninguém. Mas ao mesmo tempo, pergunte quem tem coragem de colocar pó de asa de borboleta nos olhos para testar se cega ou não? Pelo sim, pelo não, continuamos crendo sem nunca sabermos se isto é uma fábula ou uma verdade.

Indiferença é uma situação na qual pessoas e coisas deixam de ser importantes. O grande problema da igreja não é a oposição, ou o fanatismo, mas sua indiferença espiritual. Grande parte da igreja não incomoda, não tem relevância alguma, simplesmente é neutra. Indiferença é um dos pecados mais duros de serem vencidos e a maior barreira a ser quebrada. Indiferença no casamento é um dos maiores pecados, filhos indiferentes, pais indiferentes, esposas e maridos indiferentes.
Muitos cônjuges não estão preocupados se existe ou não briga em casa, mas não suportam mais viver com uma pessoa ausente, passiva, neutra e que sempre vive numa relação de guerra fria. A pior atitude dentro que pode existir é a de que “não me importo…” É terrível para a esposa que aguarda uma manifestação, uma expressão de carinho do esposo e este não vem. É lastimável para o filho que percebe que seus pais não se interessam pela sua vida, pelos seus amigos, pelos seus estudos (Pais ausentes…), é lastimável para o marido que vive mendigando o cuidado de uma esposa que nunca o observa, que nunca o vê. “Mesmo uma aberta hostilidade seria preferível a esta ausência de entusiasmo, porque poderia sugerir, pelo menos, que a religião era algo a ser tratado de forma séria e intensa”.[1]
Barclay afirma que a “única atitude impossível para o cristianismo é a de neutralidade”[2]. Para ele, ser neutro é tornar-se um obstáculo para a Jesus Cristo. O fogo tem que continuar queimando. A chama não pode se apagar. Deus tem que colocar novamente fogo no nosso coração para tirar-nos da nossa zona de conforto e passividade.

2.    Falsa avaliação de si mesma – O segundo problema que Jesus vê nesta sua igreja, é a falsa avaliação que ela faz de si mesma. Não vê sua situação real diante de Deus.

Nós não somos como nos vemos, mas como Deus nos vê. O olhar de Deus cria a realidade do homem. Esta igreja ignora a verdade, ignora a si mesma. Isto é a definição evangélica de hipocrisia (que nem sempre é uma mentira consciente), mas nem por si isso deixa de ser mentira. O hipócrita nem sempre é o que finge, mas que não sabe quem ele é, por isto sempre demonstra um falso aspecto de si mesmo. Engana enganando-se, e neste jogo fecha-se numa situação de que não procura sair. Quem vê a realidade, pode lançar-se num esforço para sair dela, mas quem não a percebe, pode viver perigosamente nesta realidade, caminhando inconsciente para o inferno. Por isto Jesus diz: “Aconselho-te”.
A presunção, a cegueira espiritual leva o Senhor à não mais suportá-la. Era uma igreja vivendo num contexto de uma rica cidade. Esta cidade era lugar de pessoas famosas e milionárias. Numa determinada época da história deste povo, ela recusou dinheiro de Roma para sua reconstrução após um trágico terremoto, não queria depender de ninguém. Tinha teatros, estádios, ginásio com piscinas. Isto levava aquele povo a uma atitude vaidosa e arrogante. Eles se orgulhavam de sua riqueza, achavam que uma igreja rica era uma igreja abençoada por Deus, e que prosperidade financeira era sinal da benção espiritual. Jesus percebe esta atitude neles quando dizem: “Sou rico e abastado e não preciso de coisa alguma”. Os membros daquela igreja achavam que por terem recursos financeiros tinham tudo, e que nada mais era necessário, nem mesmo a comunhão com o Senhor Jesus.
O morno precisa se aconselhar com Deus, perguntar a Deus como ele se encontra diante de Deus, ouvir o que Deus diz acerca dele. Deus recomenda quem ele compre colírio, para que se veja como de fato ele é.

Laodicéia sente-se orgulhosa de sua vida em três áreas e Jesus questiona cada uma delas

i. Ela se acha rica - e é pobre!
O Senhor recomenda que ela compre ouro para se refinado em fogo. Riqueza pode fazer muitas coisas, mas existem coisas que riqueza não pode comprar. Riqueza não pode comprar felicidade, riqueza não pode dar a um homem um corpo ou uma mente saudável, riqueza não pode dar amigos para o solitário. Riqueza pode comprar um lugar na igreja, mas não um
Lugar no céu. Jesus afirma que esta igreja rica é pobre, e que Esmirna, uma igreja pobre,
Era rica. Ap.2:9  A forma como Jesus avalia sua igreja nem sempre é a mesma forma
Como que nos avaliamos a nós mesmos.

ii.  Imagina-se vestida  - e está nua.
Laodicéia se tornara famosa pelas lindas roupas que produzia e pelo luxo de seus habitantes, mas para Jesus, ela encontra-se espiritualmente nua. Nudez para o mundo antigo era sinal de humilhação e vergonha.

iii.  Pensa ter boa visão – e é cega.
Laodicéia possuía uma famosa escola de medicina que produzia um colírio que era exportado para muitas partes do mundo antigo. O Senhor recomenda que ela compra colírios para ver, porque o que ela usa, seu próprio remédio não é suficiente.

Nestas três áreas, esta igreja tem um conceito errado acerca de si mesma. Por isso Jesus anuncia julgamento profético - 3:16 Ele diz que está a ponto de vomitar esta igreja. “Vômito" é um termo pesado, refere-se a uma reação íntima, visceral provocada pelo organismo quando alguma coisa ameaça sua saúde, uma comida estragada, ou um alimento inadequado, e por provocar males, o estômago o repele.
M. L. King, conhecido pregador negro, forte defensor de coisas sociais nos Estados Unidos, certa feita sofreu violenta perseguição do Estado, por seu forte discurso, e foi parar numa cadeia.Recriminado pelos seus colegas pastores, da prisão escreveu um famoso manifesto chamado de "Cartas a amigos de bom senso". É uma carta pesada, na qual condena a hipocrisia da liderança cristã, e sua atitude neutra em relação a problemas  fundamentais como os Direitos Civis e a Justiça Social. King afirma que Deus vai julgar a igreja, “não apenas pelo que faz, mas pelo seu silêncio”.
Se Jesus Cristo foi tão duro e tão rigoroso com esta igreja, é porque ele deseja conduzi-la ao arrependimento e à lucidez, à tomada de consciência e conversão, à a mudança de orientação, e de perspectiva.O Senhor se apresenta como “O amém, a testemunha fiel e verdadeira”, para desmascarar a falsa espiritualidade daquela igreja

II.  Como Deus lida com a situação desta Igreja?

i.  Deus anuncia oportunidade - 3:18 Toda a dureza de Jesus tem um único objetivo: Arrependimento e restauração de seu povo. Curiosamente, ao mesmo tempo que anuncia que vai vomitá-la, promete restauração. Existe aqui uma ambivalência do próprio Deus: Condeno e repreendo a ti, mas, simultaneamente, bato à porta para que a abras e eu possa entrar. Ao mesmo tempo proclama a sua repulsa pela mornidão e hipocrisia e anuncia esperança e perdão.  Sua repreensão é fruto de seu amor - 3:19 Deus explica a razão de sua disciplina (Não precisava explicar, mas o fez).
Uma característica comum do povo de Deus deve ser uma atitude de constante arrependimento. A Segunda Confissão de Fé Helvética, distingue os seguintes elementos do arrependimento. “Por arrependimento entendemos (1) O retorno do pecador a uma mente restaurada, cujo despertamento se dá pela palavra do Evangelho e pelo Santo Espírito, e que é obtida por uma verdadeira fé, através da qual o pecador reconhece imediatamente sua corrupção inata; (2) Tristeza vinda do coração e não somente remorso, mas uma profunda vergonha diante de Deus pelo pecado; (3) Abominação tal pecado que o leva a odiar tal prática; (4) Uma consideração zelosa que o leve a corrigir seus caminhos e querer viver de forma pura diante de Deus.
Lamentavelmente nosso arrependimento, muitas vezes, é um simulacro de arrependimento. Não sentimos nenhum pesar pela nossa prática, nem estamos de fato arrependidos, pelo contrário, gostamos do mal que fizemos, amamos nosso pecado e até o cultivamos, mas com medo das conseqüências que poderão advir de tais práticas, e não por amarmos a Deus, dizemos estar arrependidos. Por isto o Espírito afirma pela boca do profeta Jeremias: "Serão envergonhados os que cometem abominação, sem sentir por isso vergonha. Nem sabem o que é se envergonhar”. Jr 6.15; 8.12.
Jesus recomenda à igreja de Laodicéia que compre ouro puro, símbolo de durabilidade e consistência. Jesus está exortando sua igreja a procurar as verdadeiras riquezas, ouro refinado pelo fogo, que não perde o seu brilho. Instrui sua igreja também a adquirir vestiduras brancas, símbolo de pureza, atos de justiça (Ap 19.8), A igreja precisa colocar vestes de pureza e santidade, para cobrir a vergonha de sua nudez e vergonha que deixavam vermelhos os afrescos de Rafael. Ela precisava também a adquirir colírio para tirar a cegueira espiritual que estava vivendo, precisava abrir os olhos, ter visão clara.

2.  Deus deseja conversão de seu povo – 3.20
Curiosamente este texto não é evangelístico, mas pastoral . Normalmente o usamos para falar a descrentes mostrando-lhes a necessidade de uma genuína conversão, demostrando-lhes a necessidade de deixarem que Jesus venha morar nos seus corações, porque o coração tem uma tranca e só se pode abri-lo de dentro para fora. Conquanto seja verdade que todos os homens precisem tomar esta decisão crucial, de abrir seu coração e sua mente para Deus, este texto não fala aos incrédulos, antes aos crentes e por mais estranho que pareça, Deus não está dentro, mas está fora da Igreja, batendo, pedindo para entrar.
Qual é o lugar que Deus ocupa em nossa comunidade? Às vezes tenho a impressão que, ainda hoje, Deus está à porta da Igreja, batendo, pedindo para entrar.. Não é a igreja que vem à porta do céu, esperando para entrar, é o Senhor Jesus que vem à porta da igreja tentando entrar e a encontra fechada.. Curiosamente é a esta igreja fechada e morna ele faz declaração de amor e anuncia a sua visita e seu desejo de jantar com ela. Em nenhuma destas cartas o Senhor fala com tanta ternura e emoção como nesta carta. O Senhor da igreja deseja estar dentro dela, penetrar no seu universo particular e tantas vezes tão sombrio. Quanta diferença faria se as igrejas que são chamadas cristãs, ao menos deixassem que o Senhor Jesus entrasse nela. “Eis que estou a porta,  se alguém abrir…”
Está a igreja com suas portas abertas para que o seu Senhor possa entrar nela?
Conta-se que uma pobre mulher se converteu freqüentando uma igreja muito burguesa e esnobe. Apesar da soberba daquela igreja, aquela mulher se apaixonou pela Palavra do Senhor e pelo Senhor da Palavra e entregou sua vida a Jesus. Procurando o pastor para ser batizada, viu uma profunda indiferença naquele homem pela sua vida. O tempo passou, aquela mulher se mudou de igreja, encontrando uma comunidade que pudesse acolhê-la e batizá-la. Certo dia, porém, se encontra com aquele pastor que lhe cumprimentou e para lhe ser agradável perguntou porque ela não mais o procurara para o batismo. Ao que ela respondeu: “Pastor, eu o procurei algumas vezes querendo me submeter a este sacramento divino, no entanto, o Senhor nunca se mostrou interessado. Certo dia voltei para casa, e orei ao Senhor porque estava me sentindo profundamente rejeitada e disse a Deus: ‘Senhor, porque não me deixam batizar naquela igreja?’ Ao que o Senhor me respondeu: “Não fique preocupada com isto, minha serva, eu também tenho tentado entrar nela a mais de vinte anos, e ainda não consegui”.

3. Deus procura nossa intimidade – 3.20
O Senhor afirma que deseja “cear” com a sua igreja. Uma tradução mais popular certamente substituiria o termo “cear” por “jantar”. O Senhor expressa o desejo de repartir de nossa intimidade e alegria, penetrar o nosso espaço mais recluso. Normalmente jantamos em nossas cozinhas, cozinha é lugar de intimidade, de celebração ao redor da mesa. Jesus não quer conversar conosco na nossa sala de visitas. Deus quer conversas ao redor do fogão. A sala de visitas é para visitantes formais e estranhos, lugar onde as pessoas ficam em atitude formal, com as pernas cruzadas, as palavras são medidas e não se tem muita intimidade. Quando não temos intimidade com alguém, normalmente o recebemos na sala de visitas, mas Jesus afirma que ele quer ir para nossa cozinha. Deus está cansado de ser estranho entre nós. Ele busca intimidade, quer habitar ricamente  Jesus fala em comer conosco, assentar-se à mesa. Ele busca intimidade, gente falando de coração para coração.
Pela minha herança luso-italiana, sempre imagino cozinha como um lugar de celebração e alegria. É nesta hora que todos se reúnem, o barulho dos talheres, crianças correndo agitadas, todos ao redor da mesa. É na cozinha, e não na sala de visitas que se come caqui, chupa-se manga. Já se imaginou comendo caqui na sala? Ou chupando uma manga macia assentado no sofá?
É neste espaço sagrado de nossa intimidade que ele deseja estar com seu povo. “Se alguém abrir, entrarei em sua casa, jantarei com ele, e ele comigo”.

4. Deus anuncia domínio ao vencedor - 3:21
Quem é o vencedor ? O abastado ? O auto suficiente ? Não. Paradoxalmente é aquele que se encontra fraco e busca força em Deus. O que se arrepende. O arrependido é o que se reconhece incapaz, cujos caminhos nem sempre são retos, por isto precisa de mudança de rota. O vencedor aqui é aquele que embora rico, sabe que precisa da riqueza de Deus, embora trajando ricas vestes, sente a sua nudez e a necessidade de uma vestimenta de pureza e santidade que só Deus pode providenciar para si. É aquele que tem poder para comprar ricos colírios, mas reconhece que só quando Deus abre nossos olhos espirituais é que podemos enxergar bem o que ele deseja nos mostrar.

Conclusão:
As pressões, desafios e condições que existiam nestas sete igrejas ainda existem hoje e tem existido sempre na igreja de Cristo. Eles são protótipos do povo de Deus em todos os tempos. Sempre existirão igrejas sendo espoliadas, perseguidas, arrogantes, heréticas, etc. Ao pregar estas cartas expositivamente, eu não via a igreja de lá, eu via a igreja da qual sou pastor atualmente e tentava situá-la no contexto daquele povo. Estas sete igrejas representam a igreja inteira durante a dispensação.
Em Sardes e Laodicéia, vemos que a igreja parecia ter perdido o senso de sua identidade e missão, vemos uma igreja morta, apática, neutra, frio, morna, apenas uma chama quase apagada. Em Éfeso vemos uma luz resplandecendo, no entanto esta chama está se consumindo.
Em Pérgamo e Tiatira vemos as igrejas sofrendo terríveis perseguições, situações quase quase impossíveis de resistir, mas se mantendo fiéis apesar de toda oposição e ameaça. Em Esmirna e Filadélfia, vemos a igreja de Cristo revelando o caráter de uma igreja que proclama fielmente o nome do seu Senhor, exercendo uma boa e verdadeira influência sobre o mundo.
Qual destas igrejas reflete melhor o nosso universo eclesiástico? Como Jesus nos vê? Estas são perguntas que devem ser respondidas com temor. Nossa oração é que Deus possa dizer palavras de encorajamento para nós, e não proferir juízo como fez para algumas delas. Quão bom seria se ele pudesse nos dizer: “Conheço a tua tribulação, a tua pobreza, mas tu és rico”, como disse a aqueles amados irmãos de Esmirna.




Sermão preparado em Belém 02.11.90
Mudanças feitas em Maio de 2000.
Cristo Rei - Boston, 07.05.00
Pregado em Anápolis dia 19 Maio 2013




[1] .Baird, G. B. – The revelation of St. John the Divine. Harper’s New Testament Commentaries, New York, Harper & Row Publishers, 1966, pg. 57
[2] . Barclay, William - The Revelation of John, I . Edinburgh, Saint Andrew Press, 2nd Impression, 1962, pg. 179.

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