Introdução:
O
maior desafio de nossa vida é vivê-la em plenitude. Este é
o anseio mais profundo da alma, ou como afirmou T. S. Elliot: “Onde está a vida
que perdi tentando encontrá-la?” No fundo de nossa existência, todos nós
queremos encontrar alegria e sentido. Na maior parte do tempo, porém, o que
encontramos é o vazio, o desencorajamento, as dúvidas, temores por dentro e por
fora. Neste texto o apóstolo revela percepções estando preso e condenado, e que
o livraram de pensar que estava num inferno, ajudando- a entender que a vida vale
a pena ser vivida. Se você tem vivido uma vida sem sentido e sem razão, vivendo
por viver, preste atenção neste texto da Palavra de Deus.
Psicólogos
reunidos elegeram Paulo como o homem mais feliz da terra, por causa da
declaração feita em Fp 4.11: “Aprendi a
viver contente e em toda e qualquer situação”. Quais foram as experiências
que ajudaram Paulo a encontrar alegria na vida?
1.
Paulo aprendeu que felicidade não é
algo inato – É
aprendizado! Paulo afirma: “Aprendi”.
Ele não diz que a alegria era uma característica natural de sua personalidade, do
seu temperamento e do seu humor, mas foi resultado de um aprendizado.
Vamos
pensar nas implicações disto para nossas vidas:
Descontentamento
é algo muito comum em nossos dias. Como temos vivido uma vida descontente... Apesar
de termos muito mais que nossos pais e avós, termos conforto, roupas confortáveis,
podermos viajar, estudar, comer em restaurante, mas continuamos vazios. Somos
uma geração infeliz, mau agradecida, murmuradora e triste. Isto é questão de
foco.
Um
antigo provérbio diz que dois homens se encontravam da janela da casa vendo a
chuva cair. Um olhou e viu lama, outro olhou e viu beleza. O que diferenciou?
Os olhares estavam colocados em lugares diferentes. Paulo se encontrava numa
prisão. O ambiente era hostil, foram espancados, estavam numa cela, e ali, seus
olhos foram postos em Deus e tudo mudou. A perspectiva dos céus encheu seus corações
de alegria. A diferença estava em seu coração. Questão de perspectiva.
Felicidade,
apreciação, gratidão e contentamento são coisas que desenvolvemos. Aprendemos a
viver assim. Paulo diz que, caminhando com Deus, aprendeu a viver contente.
Você
tem aprendido a viver contente, ou encontra-se derrotado na sua amargura, culpando
a vida e a Deus pelos fracassos? Quando entramos na estrada da ingratidão dificilmente
somos capazes de celebrar a vida e encontrar satisfação.
2.
Paulo aprendeu que relacionamentos são
mais importantes que coisas
- Ao escrever este texto, estava agradecendo a igreja de Filipos pela oferta haviam
enviado para seu sustento pessoal como missionário, mas deixa claro que o
dinheiro só era importante porque revelava o outro lado da moeda: revelava amor
e cuidado. “Não que eu procure donativos...”
(Fp 4.17)
O
problema é que vivemos conectados a coisas, e nos esquecemos das relações.
“Muitas
vezes sou bombardeado por pedidos urgentes, que exigem respostas urgentes,
a problemas urgentes,com consequências urgentes. Tenho a
impressão que o mundo deixará de girar em torno do seu eixo, a não ser que eu,
pessoalmente o movimente.
Quando paro para analisar
o significado destas coisas aparentemente urgentes, reconheço que há muita
palha, pouco trigo e uma imensa corrida atrás do vento” (Pg. 44).
Temos
necessidade de construir um tempo extra para conversar, para estar lá. Paulo
enfatiza de que possuía relações significativas com a Igreja de Filipos, e em
tempos de hostilidade isto estava lhe fazendo enorme diferença na sua historia
pessoal (Fp 4.15).
Nossa
vida é transformada quando encontramos vínculos significativos nos relacionamentos,
quando encontramos pessoas que se tornam referência e significado para nós.
Paulo admite que dependia e precisava daqueles irmãos. A maioria de nós vive
uma vida miserável porque virou gado, é gente só, isolada, meros agentes de
produção, gerando riquezas, trabalhando incansavelmente, mas sem
relacionamentos significativos.
3.
Paulo aprendeu a lidar com abundância e
escassez – Sua vida
não girava em torno de coisas ou situações favoráveis. Ele sabia que a vida
muitas vezes é instável e por isto não podemos nos tornar reféns de coisas para
encontrar alegria.
Paulo
conseguiu ter abundância sem culpa, e escassez sem amargura.
2.1.
Abundância sem culpa- “Sei estar honrado”
Paulo
celebrava a vida quando Deus lhe permitia ser honrado, não se sentia culpado quando
Deus lhe dava coisas boas e oportunidades agradáveis.
Precisamos
aprender a viver de bem com a vida quando Deus nos dá honra. Descansar sem
crise; ir à praia sem crise; dormir quando puder até mais tarde, sem crise; comer, quando
puder, sem crise. Não assumir uma vida
negativa, cheia de dor quando está diante de um prato de comida gostoso ou de
um banquete. Esta não é a hora de dizer: “Ah, os pobres da Etiópia” ou “Ah! O meu
regime!” ou “Estou gordo!”. Naturalmente precisamos viver estilo de vida
simples e assumir compromisso com os necessitados, cuidar de nossa saúde,
eventualmente fazer dieta, mas nada de deixar de celebrar honra e fartura.
Muitas pessoas tem crise porque tem.
Alguns
anos atrás, morando ainda nos Estados Unidos, fui convidado por um amigo que ocupava
um cargo muito importante numa empresa paulista, para fazer uma escala na
cidade de São Paulo e irmos almoçar juntos. Ele me falou que não deveria me
preocupar, porque seu motorista me apanharia no aeroporto. E ao chegar, uma
pessoa muito educada, me tratou como alguém importante e abriu a porta daquele
carro para eu entrar. Na hora fiquei meio encabulado, mas daí a pouco eu já
estava gostando de ser tratado assim e agradecendo a Deus, senti que aquele era
um momento em que Deus
estava cuidando de forma particular da minha vida. Era um presente de Deus para
minha vida.
2.2. Escassez
sem murmuração - “Sei estar humilhado”
Por
outro lado, Paulo afirma que aprendeu também a andar com contentamento em seu
coração, nos dias de aperto e dificuldade. Ele aprendeu a viver contente também
nestes dias, aprendeu a não se desesperar com os dias maus. Conseguia passar
por crise, reajustar as finanças, refazer o orçamento familiar, apertar o cinto,
vender o carro bom para pagar despesas, sem se desesperar, sem ter um ataque de
nervos, sem se afligir. Ele havia aprendido a lidar com escassez.
A
Bíblia nos mostra como situações difíceis podem determinar o coração das
pessoas. “As pessoas são como saquinhos de chá – nunca se sabe o que há dentro,
enquanto não derramar água fervendo”. Jó e sua esposa passam juntos por uma
situação desesperadora e a reação de cada um deles diante foi completamente
diferente. Diante das tragédias, a mulher de Jó afirma: “Ainda conservas a tua integridade, amaldiçoa a Deus e morre”. Jó
encontra-se na mesma circunstância adversa e pesada. Qual foi sua atitude: “Falas como doida; temos recebido o bem de Deus
e não receberíamos também o mal?” A mesma situação provoca reações
completamente diferentes.
Paulo
“aprendeu” a estar humilhado, a viver em situações de escassez, a ter atitude
de coragem e fé diante das provações. Precisamos aprender a lidar com a vida,
quando coisas essenciais faltam. Não será por isto que nossos cartões de
crédito estouram os limites facilmente, não conseguimos admitir que é preciso
viver com limites. Não conseguirmos lidar com as vacas magras?
4.
Paulo aprendeu a não condicionar sua
alegria aos elementos externos: Circunstâncias, situações e pessoas (Fp 4.12).
Uma
das coisas que mais roubam a alegria de nossa vida são as circunstâncias
adversas. O fato, porém, é que nenhum de nós tem controle sobre fatores
externos. Você não pode controlar o trânsito, o tempo, a reação dos outros, a
variação do dólar e da bolsa, ou a atitude dos filhos e cônjuge, mas pode lidar
com estes fatores externos de forma mais positiva. No entanto, nosso humor tem
dependido de situações, a alegria está condicionada aos fatores dos quais não
temos controle.
Certa
vez fui convidado para pregar na igreja de Vila Isabel, Rio de Janeiro, mas me
esqueci que teria que passar próximo ao maracanã num dia de Fla-Flu. Parado no
trânsito descobri que jamais chegaria a tempo de pregar. Então fiz o que era possível:
Telefonei para a Igreja e justifiquei minha ausência. Eu não podia alterar a
situação. Infelizmente não consigo lidar sempre com adversidades de forma tão positiva.
Infelizmente “as pessoas são o passatempo predileto das circunstâncias”.
5.
Paulo conheceu a Deus e o potencial que
nele existe
a.
Tudo
é possível em Deus.
“Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp
4.13). O texto não diz que podemos tudo em nós mesmos. Precisamos discernir a
fonte de nossa capacitação. O texto não está falando de confissão positiva, nem
de auto ajuda, mas que tudo podemos em Deus.
b.
Deus
supre toda necessidade – “E
o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir em cristo Jesus , cada
uma de vossas necessidades”(Fp 4.19). Deus é meticuloso - “cada uma”- Os recursos virão, na hora
certa, suprindo “cada necessidade”. Nenhuma delas será omitida ou esquecida. Deus
suprirá necessidades, não desejos. Confundimos o que queremos com
o que é necessário; o que precisamos com o que desejamos. Querer um carro
melhor é um desejo, mas é de fato uma necessidade? Deus às vezes nos dá um
presente excepcional, mas isto não é necessidade, ele não tem compromissos com
o nosso desejo. Você pode querer fazer uma viagem cara, comprar roupas melhores,
equipamentos mais sofisticados, mas isto é uma necessidade. Deus pode dar, mas
não é isto que ele promete.
Conclusão:
De
todas as coisas, porém, a mais importante e que pode realmente trazer alegria
para o nosso coração, é descrito neste texto. Paulo descobriu que a fonte de genuína
da alegria, encontra-se na relação pessoal e instransferível com Deus, por meio
de Jesus. Esta afirmação é feita por duas vezes:
ð
Fp
4.10: “Alegrei-me sobremaneira no Senhor”. Paulo afirma que sua
fonte extraordinária de alegria estava em Deus.
ð
Fp
4.10: “E o meu Deus, há de suprir em cristo Jesus , cada
uma de vossas necessidades”. Em Cristo. Quando
estamos em Jesus, haverá suprimento.
ð
Existem
muitos querendo alegria fora de Jesus. Mas, “separado de Deus, quem pode comer, ou quem pode alegrar-se?” (Ec 2.25). Mickey Mantle consagrou-se como o maior
batedor de beisebol de seu tempo, e certa vez, numa entrevista à consagrada
revista Sports illustrated afirmou: “As coisas vão melhorar, não bebo há oito
meses, estou tentando reconstruir minha vida, mas acho que está faltando alguma
coisa”.
As
pessoas estão vazias, interiormente solitárias. Sentem-se culpadas pelo passado
e ansiosas quanto ao futuro. Esgotaram seus recursos na busca por significado. Não
estão entendendo que “Deus colocou a eternidade no coração dos homens”. A
frustração resulta pelo fato de não terem sentido na vida. Você pode ter
conquistado tudo, e mesmo assim ainda ser o mais miserável dos seres humanos.
A
fonte de alegria de Paulo estava no Senhor (Fp 4.10).
[1] Patrick M. Morley - The seven reasons of a man’s life, traduzido em
português como Desafios da vida de um homem. São
Paulo, Edit Mundo Cristão, 1997.
Excelente meditação...
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