quinta-feira, 10 de abril de 2014

Fp 4.10-20 Aprendi a viver contente



Introdução:

O maior desafio de nossa vida é vivê-la em plenitude. Este é o anseio mais profundo da alma, ou como afirmou T. S. Elliot: “Onde está a vida que perdi tentando encontrá-la?” No fundo de nossa existência, todos nós queremos encontrar alegria e sentido. Na maior parte do tempo, porém, o que encontramos é o vazio, o desencorajamento, as dúvidas, temores por dentro e por fora. Neste texto o apóstolo revela percepções estando preso e condenado, e que o livraram de pensar que estava num inferno, ajudando- a entender que a vida vale a pena ser vivida. Se você tem vivido uma vida sem sentido e sem razão, vivendo por viver, preste atenção neste texto da Palavra de Deus.
Psicólogos reunidos elegeram Paulo como o homem mais feliz da terra, por causa da declaração feita em Fp 4.11: “Aprendi a viver contente e em toda e qualquer situação”. Quais foram as experiências que ajudaram Paulo a encontrar alegria na vida?

1.       Paulo aprendeu que felicidade não é algo inato – É aprendizado! Paulo afirma: “Aprendi”. Ele não diz que a alegria era uma característica natural de sua personalidade, do seu temperamento e do seu humor, mas foi resultado de um aprendizado.
Vamos pensar nas implicações disto para nossas vidas:
Descontentamento é algo muito comum em nossos dias. Como temos vivido uma vida descontente... Apesar de termos muito mais que nossos pais e avós, termos conforto, roupas confortáveis, podermos viajar, estudar, comer em restaurante, mas continuamos vazios. Somos uma geração infeliz, mau agradecida, murmuradora e triste. Isto é questão de foco.
Um antigo provérbio diz que dois homens se encontravam da janela da casa vendo a chuva cair. Um olhou e viu lama, outro olhou e viu beleza. O que diferenciou? Os olhares estavam colocados em lugares diferentes. Paulo se encontrava numa prisão. O ambiente era hostil, foram espancados, estavam numa cela, e ali, seus olhos foram postos em Deus e tudo mudou. A perspectiva dos céus encheu seus corações de alegria. A diferença estava em seu coração. Questão de perspectiva.
Felicidade, apreciação, gratidão e contentamento são coisas que desenvolvemos. Aprendemos a viver assim. Paulo diz que, caminhando com Deus, aprendeu a viver contente.
Você tem aprendido a viver contente, ou encontra-se derrotado na sua amargura, culpando a vida e a Deus pelos fracassos? Quando entramos na estrada da ingratidão dificilmente somos capazes de celebrar a vida e encontrar satisfação.

2.       Paulo aprendeu que relacionamentos são mais importantes que coisas - Ao escrever este texto, estava agradecendo a igreja de Filipos pela oferta haviam enviado para seu sustento pessoal como missionário, mas deixa claro que o dinheiro só era importante porque revelava o outro lado da moeda: revelava amor e cuidado. “Não que eu procure donativos...” (Fp 4.17)
O problema é que vivemos conectados a coisas, e nos esquecemos das relações.
Patrick M. Morley no livro, The seven  reasons of a man’s life[1], afirma:
Muitas vezes sou bombardeado por pedidos urgentes, que exigem respostas urgentes, a problemas urgentes,com consequências urgentes. Tenho a impressão que o mundo deixará de girar em torno do seu eixo, a não ser que eu, pessoalmente o movimente.
Quando paro para analisar o significado destas coisas aparentemente urgentes, reconheço que há muita palha, pouco trigo e uma imensa corrida atrás do vento(Pg. 44).

Temos necessidade de construir um tempo extra para conversar, para estar lá. Paulo enfatiza de que possuía relações significativas com a Igreja de Filipos, e em tempos de hostilidade isto estava lhe fazendo enorme diferença na sua historia pessoal (Fp 4.15).
Nossa vida é transformada quando encontramos vínculos significativos nos relacionamentos, quando encontramos pessoas que se tornam referência e significado para nós. Paulo admite que dependia e precisava daqueles irmãos. A maioria de nós vive uma vida miserável porque virou gado, é gente só, isolada, meros agentes de produção, gerando riquezas, trabalhando incansavelmente, mas sem relacionamentos significativos.

3.       Paulo aprendeu a lidar com abundância e escassez – Sua vida não girava em torno de coisas ou situações favoráveis. Ele sabia que a vida muitas vezes é instável e por isto não podemos nos tornar reféns de coisas para encontrar alegria.
Paulo conseguiu ter abundância sem culpa, e escassez sem amargura.

2.1. Abundância sem culpa- “Sei estar honrado”

Paulo celebrava a vida quando Deus lhe permitia ser honrado, não se sentia culpado quando Deus lhe dava coisas boas e oportunidades agradáveis.
Precisamos aprender a viver de bem com a vida quando Deus nos dá honra. Descansar sem crise; ir à praia sem crise; dormir quando puder  até mais tarde, sem crise; comer, quando puder, sem crise.  Não assumir uma vida negativa, cheia de dor quando está diante de um prato de comida gostoso ou de um banquete. Esta não é a hora de dizer: “Ah, os pobres da Etiópia” ou “Ah! O meu regime!” ou “Estou gordo!”. Naturalmente precisamos viver estilo de vida simples e assumir compromisso com os necessitados, cuidar de nossa saúde, eventualmente fazer dieta, mas nada de deixar de celebrar honra e fartura. Muitas pessoas tem crise porque tem.
Alguns anos atrás, morando ainda nos Estados Unidos, fui convidado por um amigo que ocupava um cargo muito importante numa empresa paulista, para fazer uma escala na cidade de São Paulo e irmos almoçar juntos. Ele me falou que não deveria me preocupar, porque seu motorista me apanharia no aeroporto. E ao chegar, uma pessoa muito educada, me tratou como alguém importante e abriu a porta daquele carro para eu entrar. Na hora fiquei meio encabulado, mas daí a pouco eu já estava gostando de ser tratado assim e agradecendo a Deus, senti que aquele era um momento em que Deus estava cuidando de forma particular da minha vida. Era um presente de Deus para minha vida.

2.2.  Escassez sem murmuração - “Sei estar humilhado

Por outro lado, Paulo afirma que aprendeu também a andar com contentamento em seu coração, nos dias de aperto e dificuldade. Ele aprendeu a viver contente também nestes dias, aprendeu a não se desesperar com os dias maus. Conseguia passar por crise, reajustar as finanças, refazer o orçamento familiar, apertar o cinto, vender o carro bom para pagar despesas, sem se desesperar, sem ter um ataque de nervos, sem se afligir. Ele havia aprendido a lidar com escassez.
A Bíblia nos mostra como situações difíceis podem determinar o coração das pessoas. “As pessoas são como saquinhos de chá – nunca se sabe o que há dentro, enquanto não derramar água fervendo”. Jó e sua esposa passam juntos por uma situação desesperadora e a reação de cada um deles diante foi completamente diferente. Diante das tragédias, a mulher de Jó afirma: “Ainda conservas a tua integridade, amaldiçoa a Deus e morre”. Jó encontra-se na mesma circunstância adversa e pesada. Qual foi sua atitude: “Falas como doida; temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal?” A mesma situação provoca reações completamente diferentes.
Paulo “aprendeu” a estar humilhado, a viver em situações de escassez, a ter atitude de coragem e fé diante das provações. Precisamos aprender a lidar com a vida, quando coisas essenciais faltam. Não será por isto que nossos cartões de crédito estouram os limites facilmente, não conseguimos admitir que é preciso viver com limites. Não conseguirmos lidar com as vacas magras?

4.       Paulo aprendeu a não condicionar sua alegria aos elementos externos: Circunstâncias, situações e pessoas (Fp 4.12).

Uma das coisas que mais roubam a alegria de nossa vida são as circunstâncias adversas. O fato, porém, é que nenhum de nós tem controle sobre fatores externos. Você não pode controlar o trânsito, o tempo, a reação dos outros, a variação do dólar e da bolsa, ou a atitude dos filhos e cônjuge, mas pode lidar com estes fatores externos de forma mais positiva. No entanto, nosso humor tem dependido de situações, a alegria está condicionada aos fatores dos quais não temos controle.
Certa vez fui convidado para pregar na igreja de Vila Isabel, Rio de Janeiro, mas me esqueci que teria que passar próximo ao maracanã num dia de Fla-Flu. Parado no trânsito descobri que jamais chegaria a tempo de pregar. Então fiz o que era possível: Telefonei para a Igreja e justifiquei minha ausência. Eu não podia alterar a situação. Infelizmente não consigo lidar sempre com adversidades de forma tão positiva. Infelizmente “as pessoas são o passatempo predileto das circunstâncias”.

5.      Paulo conheceu a Deus e o potencial que nele existe
a.       Tudo é possível em Deus. “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13). O texto não diz que podemos tudo em nós mesmos. Precisamos discernir a fonte de nossa capacitação. O texto não está falando de confissão positiva, nem de auto ajuda, mas que tudo podemos em Deus.

b.       Deus supre toda  necessidade – “E o meu Deus, segundo a sua riqueza em glória, há de suprir em cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades”(Fp 4.19). Deus é meticuloso - “cada uma”- Os recursos virão, na hora certa, suprindo “cada necessidade”. Nenhuma delas será omitida ou esquecida. Deus suprirá necessidades, não desejos. Confundimos o que queremos com o que é necessário; o que precisamos com o que desejamos. Querer um carro melhor é um desejo, mas é de fato uma necessidade? Deus às vezes nos dá um presente excepcional, mas isto não é necessidade, ele não tem compromissos com o nosso desejo. Você pode querer fazer uma viagem cara, comprar roupas melhores, equipamentos mais sofisticados, mas isto é uma necessidade. Deus pode dar, mas não é isto que ele promete.

Conclusão:

De todas as coisas, porém, a mais importante e que pode realmente trazer alegria para o nosso coração, é descrito neste texto. Paulo descobriu que a fonte de genuína da alegria, encontra-se na relação pessoal e instransferível com Deus, por meio de Jesus. Esta afirmação é feita por duas vezes:
ð      Fp 4.10: “Alegrei-me sobremaneira no Senhor”. Paulo afirma que sua fonte extraordinária de alegria estava em Deus.
ð      Fp 4.10: “E o meu Deus, há de suprir em cristo Jesus, cada uma de vossas necessidades”. Em Cristo. Quando estamos em Jesus, haverá suprimento.
ð       
Existem muitos querendo alegria fora de Jesus. Mas, “separado de Deus, quem pode comer, ou quem pode alegrar-se?”  (Ec 2.25). Mickey Mantle consagrou-se como o maior batedor de beisebol de seu tempo, e certa vez, numa entrevista à consagrada revista Sports illustrated afirmou: “As coisas vão melhorar, não bebo há oito meses, estou tentando reconstruir minha vida, mas acho que está faltando alguma coisa”.
As pessoas estão vazias, interiormente solitárias. Sentem-se culpadas pelo passado e ansiosas quanto ao futuro. Esgotaram seus recursos na busca por significado. Não estão entendendo que “Deus colocou a eternidade no coração dos homens”. A frustração resulta pelo fato de não terem sentido na vida. Você pode ter conquistado tudo, e mesmo assim ainda ser o mais miserável dos seres humanos.
A fonte de alegria de Paulo estava no Senhor (Fp 4.10).




[1] Patrick M. Morley - The seven  reasons of a man’s life, traduzido em português como  Desafios da vida de um homem.  São Paulo, Edit Mundo Cristão, 1997.  

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