domingo, 6 de abril de 2014

Rm 12.17-21 Amor: Fruto do sentimento ou da vontade?



Introdução:

Existem determinados paradigmas (formas de pensar estabelecidas e tidas como certas por uma determinada cultura) e mitos (crendices, superstições) que são socialmente instituídas, mas que a Bíblia rejeita.
Dois exemplos:

a)- “Ninguém tem controle sobre a ira” – A maioria das pessoas crê que a ira é uma reação espontânea e visceral, e que por isto, ninguém pode controlá-la. Tal pensamento torna-se a justificativa para muitos comportamentos inadequados de explosão e violência. A Bíblia fala de pessoas irascíveis (Pv 22.24; 29.22) e que o seu descontrole pode trazer graves consequências e levar-lhes a a fazer coisas das quais se arrependerão mais tarde. Na verdade, a ira pode ser controlada, e na maioria das vezes ela é pecaminosa. Por isto somos orientados a deixar a vingança de lado e deixar que Deus tome conta da situação. “Daí lugar à ira de Deus”(Rm 12.19), e não à sua ira. A verdade é que sempre nos achamos no direito de reagir às agressões e revidar, quando Deus nos pede para que lhe transfiramos nossos direitos. Vingança e retribuição são prerrogativas divinas. Ele é o “Deus das vinganças” (Sl 94).

b)- “Felicidade é algo inata” – O pensamento é que algumas nasceram para ser felizes, outras para viverem tristemente. Surge aqui uma espécie de determinismo e maktub islâmico (que afirma que está escrito e será assim). No entanto, Paulo afirma que “aprendeu a viver contente”, e isto nos mostra que “viver triste pode ser uma opção”. Muitas pessoas escolheram o caminho do mau humor, da amargura e da depressão, e precisam aprender que alegria e gratidão não são espontâneas na vida, e só é possível ser felizes quando deliberadamente decidem isto. Não dá para depender de coisas, de pessoas ou das circunstancias favoráveis ou não, mas de Deus, que “segundo a sua riqueza em glória, há de suprir em Cristo Jesus, cada uma de nossas necessidades” (Fp 4.19). Precisamos estar alertas para o fato de que a morbidez, a melancolia, a tristeza incurável e a “depressão” podem se tornar uma opção equivocado que nos leva a um estilo de vida pobre e angustiante.

Existe ainda um terceiro paradigma, que queremos explorar: O amor é fruto de sentimento ou da vontade? Parece tao óbvio que o amor seja fruto de sentimento. uma pessoa apaixonada sequer admite a possibilidade de que seja diferente. afinal, o que brotou tao espontâneo, surgiu tao de repente, este sentimento, é a causa do meu amor, ou por acaso não estava certo Flávio Venturini ao afirmar: "Foi assim, como ver o mar, a primeira vez, e ja era, momento de se gostar?"

O problema é que confundimos paixão e sentimento com amor. a lógica é simples: "Se eu sinto, eu amo; se eu não sinto, não amo". Esta lógica está correta? Uma paixão intensa pode não ser amor. Aliás, não é raro vermos pessoas, em nome da paixão, tendo cenas de ciúmes, controlando, vigiando, perseguindo, destruindo e matando o outro. Será que é porque “amava intensamente?” Isto é amor? Meu professor de teologia sistemática dizia “antigamente se morria de amor, hoje se mata de amor”.

Amor não é paixão, palavra que vem do grego “pathos”, daí o termo patologia. Paixão é um desvio emocional, perigoso. Amnon se apaixonou pela sua Irmã e por isto a estuprou. Ele a amava? A bíblia afirma que em seguida à sua desvairada paixão “Amnom sentiu por ela grande aversão, e maior era a aversão que sentiu por ela, que o amor que ele lhe votara” (2 Sm 13.15). Paixão é doença, é desequilíbrio, é febre! Quando você “sente” algo intenso por uma pessoa, você pode acreditar que se trata de amor, mas isto não é amor. Isto é paixão!

Outra confusão que fazemos é entre amor e sentimento, e aqui a confusão se intensifica ainda mais. Achamos que amor é algo emocional. Amor, porém, não é emoção, amor é mais que isto.

Se o amor se basear em emoções, será sempre algo inconstante, com muitos tons e grandes variações. Um dia você “sente” que “ama muito”, mas outro dia, tem a impressão de que “não ama mais!”. Muita causa de divórcio encontra-se exatamente nesta confusão. Seres emocionais sofrem alternâncias nos sentimentos. A cultura ocidental é influenciada profundamente pelo existencialismo que é profundamente sensorial e tenta nos convencer que só amamos se estamos sentindo.

No relacionamento entre um homem e uma mulher, esta crise está sempre presente. Se você é casado responda honestamente: “Você sempre “sentiu” amor por sua esposa?” Já não houve dias em que gostaria de separar dela, ou mesmo de “matá-la”? Certa vez perguntaram a Ruth Graham, esposa do famoso evangelista Billy Graham, se ela nunca havia pensado em se separar dele, e ela respondeu: “Separar não, mas matar já pensei umas cinco vezes”...

Seu cônjuge nunca o irritou, com suas implicâncias, seu jeito, sua indiferença, suas acusações? Nesta hora você tem vontade de separar e algumas vezes de “esganar”. Se lhe perguntarem então se você “sente” algo naquela hora, sua resposta será: “Sim, sinto ódio e vontade de matar!”. Certa vez tive uma briga com minha esposa, e eu sempre me esquivo da discussão, da confrontação, e ela sempre quer ir fundo no problema.  Naquele dia eu fiquei com tanta raiva, que decidi, literalmente decidi, na medida em que a arguição aumentava, que se necessário ficaria discutindo com ela a noite inteira. E eu sabia que seria, de fato, a noite inteira... nossa discussão não pararia. Depois de umas duas horas de ida e vinda, felizmente, como sempre, ela teve mais bom senso que eu, e miraculosamente parou de discutir. Eu até a provoquei para brigar mais, mas ela não quis...

Se você me perguntar se eu amo a minha mulher eu diria. Claro! Ela é a mulher da minha vida. Foi assim desde a primeira vez que a vi, e assim tem sido... no entanto, naquele dia eu estava com vontade de esganá-la... Se me perguntarem: Você deixou de amá-la? Após a briga direi que não... eu fiquei irritado, zangado, mordido, mas não deixei de amá-la.

Existe um axioma que pode resumir este pensamento: “Sentimento nem sempre gera fato, fato sempre gera sentimento!”. Esta frase é provocativa! No livro, “Cristianismo puro e simples”, ele C. S. Lewis tem um complicado capítulo chamado Love as if (ame, como se). Ele diz que o pensamento de Deus para seu povo não é que amemos porque sentimos, mas que devemos amar sempre. Ele afirma que muitas pessoas acham que amam porque sentem, mas não amam... uma pessoa que maltrata a outra, ainda que sinta algo por ela, não a alma realmente. Amor não é uma questão de sentimento, mas uma questão de atitude. Então, ame!

A palavra de Deus afirma: “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer, se teu inimigo tiver sede, dá-lhe de beber, porque fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça”. A equação é simples. “Você gosta do seu inimigo?”. A resposta óbvia é não. Ele é inimigo, opositor, a pessoa que está machucando você no trabalho, em casa. Se ele morrer de fome, ótimo. Não foi você quem causou sua morte... De sede, melhor ainda, porque vai morrer mais lentamente e o sofrimento será ainda maior. Não é este o seu sentimento em relação ao inimigo? Mas a recomendação bíblica para sua vida é completamente diferente.

A orientação bíblica é ame seu inimigo, orai pelos que vos perseguem, abençoai e não amaldiçoeis. Se amor é sentimento, você então dirá que não pode ser hipócrita, afinal não é isto que está sentindo, e que não fará nada porque o seu coração não pede, não é? Temos aqui um problema hermenêutico sério. Deus pede que você faça algo que você considera impossível de fazer. Se o que ele pede não é exeqüível, esbarramos na grande dificuldade de ser discípulo de Cristo: Seu ensino não pode, ou não deve ser seguido...
O problema está no fato de que consideramos amor como sentimento, e sentimentos nem sempre geram fatos. Gente que apenas sente, mas não faz, mesmo quando sente que deveria fazer, não está amando. Isto é mero sentimentalismo. Você pode ter dó de uma pessoa moribunda, de um pária social, de um mendigo, mas se o dó é mero sentimento, não vai te levar à prática da caridade, e apesar de todo seu sentimento, você não está amando. Você sentiu dó, sofreu, suas emoções eram favoráveis, mas você não amou, porque simplesmente porque não fez nada. Seu sentimento não gerou qualquer fato, nenhum ato de misericórdia ou bondade.
Agora, temos o outro lado da proposição. “Fato sempre gera sentimento”. Vamos imaginar que você não sentiu nada, mas resolveu fazer o que Deus manda. Seu inimigo estava com sede, você foi lá, e lhe deu água; ele sentiu fome, você lhe levou alimento. Você o amou ou não? A verdade é que independentemente de você estar sentindo ou não, você, de fato amou. Amor não é sentimentalismo, é prática!

C. S. Lewis afirma: Normalmente, a afeição natural deve ser encorajada. No entanto, seria um erro pensar que o caminho para se obter o amor consiste em sentar-se e tentar fabricar bons sentimentos. Certas pessoas são "frias" por temperamento; isso pode ser um azar para elas, mas é tão pecaminoso quanto ter problemas de digestão — ou seja, não é pecado. Isso não lhes tira a oportunidade nem as exime do dever de aprender a amar”.

Ele continua: “A regra comum a todos nós é perfeitamente simples. Não perca tempo perguntando-se se você "ama" o próximo ou não; aja como se amasse. Assim que colocamos isso em prática, descobrimos um dos maiores segredos. Quando você se comporta como se tivesse amor por alguém, logo começa a gostar dessa pessoa. Quando faz mal a alguém de quem não gosta, passa a desgostar ainda mais dessa pessoa. Já se, por outro lado, lhe fizer um bem, verá que a aversão diminui”.

“Existe, porém, uma exceção a essa regra. Se você lhe fizer um bem, não para agradar a Deus e obedecer à lei do amor, mas para lhe mostrar como você é uma pessoa capaz de perdoar, para lhe deixar em dívida e para sentar-se à espera de manifestações de "gratidão", provavelmente vai decepcionar-se. (As pessoas não são bobas: elas têm um olho clínico para todas as formas de exibicionismo ou condescendência paternalista.) Sempre, porém, que fizermos o bem ao próximo por ser ele um "eu" igual a nós, criado por Deus, que deseja sua própria felicidade como nós desejamos a nossa, teremos aprendido a amá-lo um pouco mais ou, no mínimo, a desgostar dele um pouco menos”.

Conseqüentemente, apesar do amor cristão parecer frio para as pessoas cujas cabeças estão cheias de sentimentalismo, e apesar de ser bem diferente da afeição, ela nos conduz a este sentimento. A diferença entre um cristão e um ímpio não é que este tem afeições e gostos pessoais ao passo que o cristão só tem o "amor". O ímpio trata bem certas pessoas porque "gosta" delas; o cristão, tentando tratar a todos com bondade, tende a gostar de um número cada vez maior de pessoas no decorrer do tempo — inclusive de pessoas de quem ele não poderia imaginar que um dia fosse gostar.

A mesma lei espiritual funciona de maneira terrível no sentido oposto. Pode ser que os alemães, de início, maltratassem os juDeus porque os odiassem; depois, passaram a odiá-los ainda mais por tê-los maltratado. Quanto mais cruel você é, mais ódio você terá; quanto mais ódio tiver, mais cruel será - e assim para sempre, num círculo vicioso perpétuo.
O Bem e o Mal aumentam ambos à velocidade dos juros compostos. E por isso que as pequenas decisões que eu ou você tomamos todos os dias têm tanta importância. O menor gesto de bondade feito hoje garante a conquista de um ponto estratégico a partir do qual, em alguns meses, você poderá alcançar vitórias nunca sonhadas.

Não estou certo de quem é esta expressão, mas acredito ser de Martin Luther King Jr. “Não podemos gostar de todos, mas devemos amar a todos”. Deus não está pedindo que você goste de todos, mas que você ame a todos. Existem pessoas “gostáveis”, e existem outros “chatos, detestáveis”, que fazem tudo para serem realmente antipáticas.... e se ela já aceitou Jesus no seu coração, você vai morar no céu com elas, mas elas continuam sendo antipáticas. É fácil gostar de cheio “gostável”, mas existem pessoas que são difíceis de se gostar. Elas são “inapreciáveis”. Ame-as, mesmo assim.

PARA PENSAR
As pessoas são irracionais, ilógicas e egocêntricas, ame-as, mesmo assim.
Se fizer o bem, as pessoas vão acusá-lo de interesseiro. Faça o bem, mesmo assim.
Se fizer sucesso, terá falsos amigos e inimigos de verdade. Seja honesto e sincero, mesmo assim.
Honestidade e franqueza vão torná-lo vulnerável. Seja honesto e franco, mesmo assim.
O bem que fizer hoje será esquecido amanhã. Faça o bem, mesmo assim.
As melhores pessoas, com as melhores idéias podem ser derrubadas pelas piores pessoas de mais ínfima
mentalidade. Tenha grandes idéias, mesmo assim.
As pessoas torcem pelos mais fracos mas seguem os mais fortes. Lute pelos mais fracos, mesmo assim.
O que você passa anos construindo pode ser destruído em um dia. Construa, mesmo assim.
Dê ao mundo o melhor de si mesmo e será esbofeteado. Dê ao mundo o melhor de si, mesmo assim.
(Autor desconhecido).

Por isto, sempre é bom lembrar. “O que sustenta nossa relação no casamento não é amor (sentimento), mas compromisso”. Eu decidi amar, eu escolhi amar, eu vou amar esta pessoa para o resto de minha vida. Como sugeriu Rubem Alves: “Antes de se casar, pergunte a si mesmo, se esta é a pessoa com a você deseja passar o resto de sua vida”. Se você respondeu positivamente, comece a cuidar, proteger, amparar, estender a mão, ser gentil, bondoso – não é uma questão de sentimento, de emoções, mas da vontade.  Se você depender das suas variações de humor, do seu “estado de espírito”, dos sentimentos e emoções, você nunca vai levar adiante o seu casamento. Ele vai parar no primeiro embate. Você vai achar que não as ama mais.

C. s. Lewis afirma que isto também se aplica ao relacionamento de um homem com Deus.

 “As pessoas... Ouviram dizer que devem amar a Deus, mas não encontram esse amor dentro de si. O que devem fazer? A resposta é a mesma de antes. Aja como se você amasse. Não fique sentado tentando fabricar esse sentimento. Pergunte a si mesmo: "Se estivesse certo de que amasse a Deus, o que eu faria?" Quando encontrar a resposta,vá e faça.
No geral, o amor de Deus por nós é um tema muito mais seguro que o nosso amor por ele. Ninguém consegue ter sempre o sentimento de devoção: e, mesmo que conseguisse, não são os sentimentos que mais importam a Deus. O amor cristão, seja para com Deus, seja para com os homens, é um assunto da vontade. Se nos esforçamos para obedecer à sua vontade, estamos cumprindo o mandamento "Amarás o Senhor teu Deus". Ele nos dará o sentimento do amor se assim desejar. Não podemos criá-lo por nós mesmos nem podemos exigi-lo como se fosse um direito nosso. Porém, a grande coisa a se lembrar é que, apesar de nossos sentimentos irem e virem, o amor dele por nós não se altera. Não se desgasta por causa dos nossos pecados nem por nossa indiferença.
Logo, é inflexível em sua determinação de que seremos curados desses pecados custe o que custar, seja para nós, seja para ele.

Para concluir, gostaria de me apropriar de um conceito muito difundido nos tempos de ABU, pela Cruzada Estudantil e Profissional para Cristo (Bill Bright). Nós sempre o usávamos quando começávamos o discipulado dos novos convertidos. Bill Bright afirma que o Evangelho possui conceitos transferíveis. O que aprendemos e recebemos, devemos transmitir a outros, portanto, o que estamos aprendendo deve ser comunicado aos outros.
A discussão sempre girava acerca do lugar que a fé, emoção e razão ocupavam na nossa vida espiritual. Então usávamos o seguinte diagrama:


è                     RAZÃO è          EMOÇÃO



Todos três fazem parte da vida cristã. Deus nos fez seres pensantes e seres emocionais. Mas o que acontece se sua fé depende apenas da razão?
Agostinho é considerado um dos maiores pensadores do cristianismo. Ele foi o primeiro intelectual cristão que possibilitou uma síntese entre fé e razão, e converteu-se ao Cristianismo no ano 386 da era cristã, aos 32 anos de idade. Para Agostinho, a fé e a razão complementam-se na busca da felicidade e da beatitude. A razão relaciona-se duplamente com a fé. É necessário compreender para crer, e crer para compreender. ("Credo ut inteligam et inteligo ut credam.")  A filosofia era apenas um instrumento destinado a um fim que transcende seus próprios limites: a Teologia e a Mística. Para Ele, a fé deve iluminar a razão, porque esta tornou-se gravemente ferida pelo pecado, de maneira que o homem não pode conhecer a Deus se não estiver sob o influxo da graça que o ilumina. Se a razão não for iluminada pela fé, não consegue conhecer a Verdade, que é Deus em última instância. E a fé não pode crescer se não for alimentada pela inteligência. A razão é básica, a fé é mais elevada. A fé pressupõe a razão, no entanto há verdades que a razão não pode alcançar, então ela se rende à fé, que estende sua mão para que a razão possa enxergar.
Espiritualidade possui dimensão de mistério que não pode ser explicado. Muitas vezes paramos estupefatos diante de realidades que vão além de nossa lógica e filosofia, estamos diante do mistério das verdades espirituais: A Trindade, por exemplo, é um destes grandes mistérios da fé cristã.
A emoção, também, não é um porto seguro, porque varia muito de um momento para outro. A espiritualidade não pode depender dos sentidos ou dos sentimentos. A fé na palavra de Deus é a base sólida de uma espiritualidade sadia. Se você não mudar seus princípios e valores, terá apenas emocionalismo! Fé não é emoção! Você tem fé, ou apenas emoções? Jesus quer pessoas de fé seguindo-O. Fé não é sentimento. É certeza, convicção. Por meio da dela, nosso espírito tem acesso a Deus e ao mundo espiritual.
Certa vez um novo convertido me perguntou: “Pastor, esta alegria que sinto no coração por Jesus vai acabar? Algumas pessoas dizem que com o passar do tempo a gente perde isto”. Ela já era casada por vários anos, e então lhe perguntei: “-Você ama seu marido do mesmo jeito que o amou quando conheceu?”- E ela respondeu: “Não, eu o amo mais!”. Eu lhe perguntei: - “Do mesmo jeito?” Ela disse: -“Não, de forma diferente, mais madura”. Então eu lhe disse, -“É isto que acontece com a fé. Com o passar do tempo, nossas emoções ligadas à fé, podem até diminuir, mas estamos sempre encontrando uma nova disposição no coração para amar a Deus”.
Conclusão:
Muitas pessoas procuram não a salvação, a vida Eterna, mas apenas sensações agradáveis, emoções que as façam sentir-se bem consigo mesmas. Esta visão sentimentalista, também compromete nossa visão de amor. Amor não é sentimento, mas fruto da vontade. Quem ama, pode até experimentar momentos de muita emoção, de êxtase, mas não deve condicionar amor às emoções.  Mesmo quando não sentir, ame! Amor é bondade, cuidado, disposição em servir, ajudar, abençoar. E quando se ama desta forma, como afirmou C. S Lewis:

“Apesar do amor cristão parecer frio para as pessoas cujas cabeças estão cheias de sentimentalismo, e apesar de ser bem diferente da afeição, ela nos conduz a este sentimento. A diferença entre um cristão e um ímpio não é que este tem afeições e gostos pessoais ao passo que o cristão só tem o "amor". O ímpio trata bem certas pessoas porque "gosta" delas; o cristão, tentando tratar a todos com bondade, tende a gostar de um número cada vez maior de pessoas no decorrer do tempo — inclusive de pessoas de quem ele não poderia imaginar que um dia fosse gostar”.


Tente colocar isto na sua prática diária. Nesta semana, faça o bem, aja de forma cuidadosa e bondosa em casa, porque entendeu que este é o desejo de Deus. Este amor, que ama incondicionalmente, é o amor transformador, capaz de gerar no outro, os sentimentos mais libertadores e abençoadores que possam existir. Afinal, a recomendação bíblica é que não nos deixemos vencer do mal, mas devemos vencer o mal com o bem. Este amor divino, traz grandes transformações na nossa história. Foi através deste amor, incondicional, constrangedor, doador, que fomos alcançados pela obra de cristo. Paulo afirma que “o amor de cristo nos constrange”. Afirma ainda que “ele nos amou, sendo ainda pecadores”. Ele nos amou livremente, até o fim. E este amor transformou o nosso coração. 

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