quarta-feira, 3 de junho de 2015

A Liberdade em Cristo Jo 8.36



Introdução:

J. Jacques Rousseau no seu clássico O Contrato Social afirma: “O homem é um ser livre, mas por toda a parte encontra-se a ferros”. Esta é uma verdade também teológica, apesar do ceticismo de Rousseau: O ser humano vive acorrentado. Por isto Jesus afirma neste texto: “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36).
O Evangelho de João é um denso teologicamente. Ao contrário dos evangelhos sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas que procura falar da vida de Cristo, João dá uma ênfase maior nos discursos.
Neste texto, Jesus estava conversando com os juDeus, e o diálogo não foi nada fácil. Jesus tenta mostrar que havia uma força que os prendia, aprisionava, mas eles não conseguiam ver. Na medida em que lemos o texto, vamos percebendo alguns destes elementos que aprisionam a vida das pessoas:

1.       Falsos conceitos – Os judeus que discutiam com Jesus tinham determinados pressupostos que os mantinham cativos. Eles pressupunham que suas tradições religiosas, que o legado dos patriarcas, que a Lei de Moisés, os impediam magicamente de serem pessoas escravizadas. Mas Jesus afirma que seus pressupostos, sua forma de enxergar a vida, os mantinha cativos.
Nada escraviza mais o ser humano que concepções equivocadas, ideologias.
Certa vez Jesus afirmou: “Errais, não conhecendo as Escrituras nem o poder de Deus” (Mt 22.26). O que cremos determina emoções e comportamentos. Ética é resultante de nossas convicções. Os homens parecem com seus Deuses, as pessoas agem de acordo com seus valores e pensamentos. Reagimos de acordo com convicções. Por exemplo, diante da morte, podemos agir com fé e isto trazer esperança; ou com incredulidade, e isto trazer desespero. O quadro é o mesmo, mas a leitura deles influencia radicalmente nossas atitudes e emoções.
Somos o que pressupomos. Falsos conceitos nos escravizam. Ideologias nos matam e nos fazem matar. Em nome de Deus, quantas pessoas já foram massacradas? Em nome da política, de um sistema de governo, convicções filosóficas...
Certo soldado Japonês foi descoberto nas selvas da Coreia, depois de 36 anos. Ele vivia solitário e se evadindo, escondendo, com medo de uma guerra que já havia acabado muitos anos antes. O falso pressuposto manteve sua vida alijada da família e sociedade. Ele queria se proteger da violência da guerra que já havia acabado muitos anos antes.
Os genros de Ló foram advertidos quanto ao juízo que Deus exerceria sobre Sodoma e Gomorra. Sabem como reagiram? Eles achavam que Ló gracejava com eles (Gn 19.14), e zombaram de Ló. Resultado? Morreram por causa de suas convicções.
Os homens do dia de Noé, o viram anunciando o dilúvio e a catástrofe decorrente do juízo de Deus, mas desprezaram-no e achavam que ele estava louco.
Ainda hoje, milhões de pessoas são escravas, desprezando as advertências de Cristo: “Eis que venho sem demora!”. A cegueira espiritual e filosófica mata. O profeta Oséias afirma que o povo de Deus estava sendo destruído porque lhe faltava conhecimento (Os 4.6).

2.       Culpa – somos uma sociedade culpada, desesperadamente negando o conceito de valores. Ela afirma que não existe certo e errado, e que cada um faz como deseja fazer, e que não há juízo moral ou teológico, é tudo uma questão de perspectiva (relativismo, subjetivismo). No entanto, paradoxalmente, é uma sociedade doente. Ela sabe que algo está errado, mas não sabe objetivamente o que. Sente-se culpada, mas como não existe “pecado”, e cada um faz o que quer, inconscientemente percebe o incômodo papel da consciência.
Hospitais psiquiátricos estão cheio de pessoas que não resolveram a questão básica da culpa. Por isto, depois do Microvlar (anticoncepcional), o Rivotril (tarja preta), é o remédio mais consumido no Brasil. Algo não está bem no coração humano, e precisa ser solucionado. Não existe pecado real, portanto não pode existir culpa real – e isto traz a grave implicação de que não existe também perdão real. Somos prisioneiros da culpa.
Os homens são mais “liberados”, tem uma ética mais frouxa, mas isto não os torna livres nem resolve seus dilemas da consciência. Jay Adams afirma que 50% dos pacientes psiquiátricos sairiam dos hospitais se pelo menos pudessem receber o perdão dos pecados, se soubessem que foram perdoados.
A Bíblia diz que “o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus” (Rm 6.23). Jesus rasgou o escrito de dívidas que era contra nós e nos absolveu da culpa real e do pecado real. Por esta razão, muitas pessoas, depois de receberem a Jesus em seus corações, falam de uma maravilhosa sensação de alivio e graça. A alma reconciliada com Deus, experimenta grande alegria. “Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”.

3.       Do pecado – Jesus estava falando aos judeus exatamente sobre este assunto. Quando lhes disse que eram escravos afirmaram: “Somos filhos de Abraão e jamais fomos escravos de alguém”, mas Jesus afirmou: “Aquele que prática pecado é escravo do pecado” (Jo 8.34).
A Bíblia nos fala de uma força que domina o ser humano e o leva a agir contra as verdades de Deus. Lutero afirmava que “nossa vontade é escrava”, e por esta razão, sempre nos distancia de Deus. Paulo afirma que antes de sermos alcançados pela graça de Deus andávamos “segundo o curso deste mundo, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos, e éramos, por natureza, filhos da ira, como também os demais” (Ef 2.3)
Na carta aos Romanos, Paulo afirma que esta vontade escraviza o ser humano, é este impulso para pecar. Não se trata de atitudes morais, mas de um princípio moral. “Vejo nos meus membros outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente me faz prisioneiro da lei do pecado que está em meus membros. Desventurado homem que sou. Quem me livrará o corpo desta morte? (Rm 7.23m24), para depois considerar a obra de Cristo em sua vida e declarar:
“Graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor. De maneira que, de mim mesmo, sou escravo da lei de Deus, mas segundo a carne, da lei do pecado” (Rm 7.25).
Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36).

4.       Do Diabo – Jesus é bem direto sobre este assunto. Os judeus afirmavam sua pretensa liberdade, eram herdeiros da promessa, filhos de Abraão, mas Jesus diz que eles estava debaixo do domínio de outra realidade espiritual: “Vós sois do Diabo, que é o vosso pai, e quereis satisfazer-lhe os desejos” (Jo 8.44).
Na carta aos Colossenses, ao falar da maravilhosa obra de Cristo, Paulo afirma: “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do filho do Seu amor” (Col 1.13). Existe aqui uma terminologia interessante. No mundo espiritual há uma operação militar em andamento. Império aponta para uma sociedade dominada por usurpação e força. Nos dias de Paulo, os judeus estavam debaixo do império romano, que invadiu a Judéia e a subjugou. “Reino”, ao contrário, aponta para algo legitimo, que existe por direito.
Estávamos sob o domínio das trevas e de Satanás, Jesus nos arrancou deste ambiente e desta geografia, e nos trouxe para um reino de amor.
Do império para o Reino
Das trevas para a luz
Do diabo para Deus
DA opressão para o amor
Para que isto acontecesse, Jesus “despojou principados e potestades” (Col 2.14-15). Outro termo militar. Ele tirou as armas do inimigo, subjugou e tirou suas riquezas e bens, esvaziou sua autoridade. Fomos libertos do diabo.

5.       Do Inferno – Inferno é um conceito muito impopular. As pessoas possuem uma visão romântica de que Deus, por ser amor, não pode condenar ninguém e que vai salvar a todos, mas a Bíblia afirma que ele também é juiz. Um juiz que visse o mal e o crime, e o não o condenasse não seria bom, mas seria iniquo.

Deus tem o poder de julgar e condenar. Isto é prerrogativa da sua soberania e divindade.
A Bíblia afirma que o inferno foi criado para “o diabo e seus anjos”. Nos últimos dias, a tríade maligna, a besta, o falso profeta e o anti-Cristo serão atirados para o logo de fogo ardente (Ao 20.1). Jesus é enfático ao afirmar que no dia dos julgamento, os ímpios irão para o castigo eterno e os justos para a vida eterna (Mt 24.51; 25.30,46). O conceito de inferno não foi criado pela igreja, mas foi ensinado por Jesus. O mundo será julgado com justiça e os povos, mediante a sua equidade.
A obra de Cristo nos resgata da condenação do inferno. “Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34). Só tem um caminho para a vida eterna, Jesus: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao pai, senão por mim” (Jo 14.6).

Conclusão:
Se o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8.36).
É necessário reconhecer que estamos perdidos, acorrentados, escravizados, dominados, sem que o Filho nos liberte. Os judeus não viam seu estado de perdição, estavam equivocados. E nós?
Será que já chegamos à situação em que sentimos a urgente necessidade de sermos libertados do nosso obscurantismo, do poder das trevas, da força do pecado?

É imprescindível que haja uma ação do Filho de Deus a nosso favor. Abrir sua vida para receber aquele que tem todo poder e que disponibiliza este poder a nosso favor. Só ele pode trazer plena e completa liberdade.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário