“Quanto a
vós outros, servos, obedecei a vosso senhor segundo a carne com temor e tremor,
na sinceridade do vosso coração, como a Cristo, não servindo à vista, como
para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a
vontade de Deus; servindo de boa vontade, como ao Senhor e não como a homens,
certos de que cada um, se fizer alguma coisa boa, receberá isso outra vez do
Senhor, quer seja servo, quer livre. E vós, senhores, de igual modo procedei para
com eles, deixando as ameaças, sabendo que o Senhor, tanto deles como vosso,
está nos céus e que para com ele não há acepção de pessoas”.
Introdução:
As relações trabalhistas são um
grande ponto de tensão em todas as sociedades humanas, marcadas por lutas de
poder e revoluções.
No antigo Egito vemos o povo de Deus
e outros povos sendo explorados e escravizados pelo poderoso império. Na
Babilônia, jovens eram castrados, acorrentados, e levados para servirem nos
palácios.
A escravidão foi uma das maiores
afrontas contra a humanidade, e também um dos problemas mais sérios na época
que esta carta foi escrita. Na Roma Antiga, praticamente todo trabalho era
feito por escravos, uma alta porcentagem da população consistia em escravos.
Fala-se em termos de 60 milhões de escravos no Império Romano, isto é, 50% da
população. Muitos eram médicos, professores e administradores. O conceito sobre escravo era deprimente, e roubava toda a dignidade do homem, criado à imagem
e semelhança de Deus. Aristóteles lastimavelmente afirmou que “escravo era uma
ferramenta viva, assim como a ferramenta é um escravo inanimado”.
A questão sobre a visão bíblica
sobre a escravatura, é ainda um das mais debatidos até hoje. Deveria a igreja
cristã se manifestar de forma mais objetiva e clara sobre as questões da
escravatura? A Igreja não teria sido omissa ao se silenciar sobre este tema?
Por que os textos neo-testamentários não são mais enfáticos sobre o assunto?
Antes de julgar a visão cristã de
fascista ou omissa, precisamos ler com cuidado o texto que estamos observando e
especialmente a carta de Paulo a Filemon, para entendermos como a visão cristã
diferia abertamente do conceito daqueles dias, sendo em muitos aspectos
absolutamente revolucionário.
Ultimamente, mais do que nunca, as
relações trabalhistas se tornaram pivô de graves conflitos históricos. Assim temos
a revolução industrial, a marcha dos operários, a lutas de classes insufladas
pelo marxismo e as tensões presentes em torno das condições do trabalho,
salários e benefícios aos trabalhadores. Certamente a discussão sobre este
assunto precisa ser considerada com cuidado pela igreja.
O pensamento da Reforma sobre o
trabalho precisa também ser considerado, quando consideramos este texto. De uma
forma subliminar esta passagem bíblica demonstra como a visão cristã reconhecia
o valor dos escravos e sua humanidade. Ele faz recomendações bíblicas para
ambos: servos e senhores. E se observarmos ele é profundamente diferente da
visão antropológica de seus dias, e transformador em seu conteúdo.
A Reforma do Século XVI, abriu
importante discussão sobre o valor e significado do trabalho. “A Reforma Protestante
muda radicalmente a visão sobre o trabalho conduzindo-o a um pleno
reconhecimento. Será através da Reforma, que o trabalho assumirá
verdadeiramente um status de importância e contribuirá decisivamente
para uma outra subjetividade manifesta no trabalho. Quem melhor traduziu o
impacto das reformas protestantes, na valorização religiosa do trabalho,
foi Weber em A ética protestante e o espírito do
capitalismo” [1905] (Cesar Sanson).
Diante
da grave situação dos escravos o apóstolo Paulo se dirige aos servos e senhores
para demonstrar qual a visão do Evangelho. Quando ele se dirige aos “servos”,
está falando a uma classe sem voz e direitos em seus dias. Sua carta não se
dirige a pessoas protegidas por leis e sindicatos, com carteira assinada e
plano de aposentadoria, mas a pessoas que eram párias sociais, uma classe
sub-humana, sem direito à liberdade, sem possibilidade de emitir sentimentos, e
expressar sua vontade, considerado moeda e objeto de posse de seu senhor. As relações sociais no
Império Romano eram bem diferentes das relações ocidentais dos últimos
séculos. Sem compreendermos bem tais relações dificilmente entenderemos este texto.
A escravidão não era
baseada em etnias ou “raças”. Qualquer ser humano poderia se tornar um escravo
e alguns escravos conseguiam se tornar livre. Homens livres e escravos viviam e
trabalhavam juntos no século I e eram, socialmente, distinguidos por seu status
social de escravo ou livre.
O que a Palavra de
Deus procura demonstrar neste texto de Efésios é que tanto escravos quanto
senhores deveriam viver, como cristãos, no contexto social, pagão e
secularizado em que se encontravam.
Quanto a vós servos...
Alguns princípios
podem ser extraídos deste texto:
A. O trabalho do cristão não pode ser feito causa por fiscalização humana – Tudo deve ser feito para a
glória de Deus - “não servindo à vista,
como para agradar a homens, mas como servos de Cristo, fazendo, de coração, a
vontade de Deus; servindo de boa vontade, como ao Senhor e não como a homens”.
“Servir à vista vem do grego oftalmodoulian (Ef 6.6), cuja raiz da palavra
é “oftalmo”, bem conhecida em português. O trabalhador cristão não deve
produzir para ser visto, ou porque há vigilância e controle. Trabalho é
oportunidade de testemunho, e por isto deve ser feito com sinceridade e esmero.
Há uma insistência nos
versos 5 a 7 de que a obediência é antes de tudo a Cristo e não ao homem, tendo
como fim principal a glória de Deus. Assim, a razão pela qual um servo obedece
a seu senhor não é o medo da punição ou a recompensa, mas para exaltar o nome
de Deus, sendo realizado para demonstrar quem governa nossas vidas.
Dizem que o olho do dono que engorda o gado. Ou seja, se o patrão não ficar em cima o serviço não sai. Isto não pode ser verdade para o crente, já que ele serve ao Senhor. Aquele que “serve à vista” é o que trabalha com empenho somente na presença do chefe ou apenas para causar uma boa impressão. Ele finge que trabalha.
O trabalhador cristão, precisa ter uma ética clara do trabalho: diligência é um destes aspectos. Produzir bem no seu trabalho, ser eficiente, excelente. Isto tem a ver com a espiritualidade cristã. Ética de vida. Outro aspecto prático é a honestidade. Seja íntegro, estando ou não presente o seu chefe ou o proprietário da empresa. O mesmo princípio se aplica aos que trabalham em autarquias públicas. Existem muitos trabalhadores desonestos no uso do seu tempo, ao fazerem as coisas pela metade, ao administrarem de forma desonesta o seu tempo.
Dizem que o olho do dono que engorda o gado. Ou seja, se o patrão não ficar em cima o serviço não sai. Isto não pode ser verdade para o crente, já que ele serve ao Senhor. Aquele que “serve à vista” é o que trabalha com empenho somente na presença do chefe ou apenas para causar uma boa impressão. Ele finge que trabalha.
O trabalhador cristão, precisa ter uma ética clara do trabalho: diligência é um destes aspectos. Produzir bem no seu trabalho, ser eficiente, excelente. Isto tem a ver com a espiritualidade cristã. Ética de vida. Outro aspecto prático é a honestidade. Seja íntegro, estando ou não presente o seu chefe ou o proprietário da empresa. O mesmo princípio se aplica aos que trabalham em autarquias públicas. Existem muitos trabalhadores desonestos no uso do seu tempo, ao fazerem as coisas pela metade, ao administrarem de forma desonesta o seu tempo.
B. A Sacralidade do trabalho - Tudo o que fizermos deve ser feito
com excelência, porque deve ser feito para Deus. “Quer comais, ou bebais, ou
façais qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Co 10.31). Servos de Cristo,
devem servir de boa vontade, pois o que fazem torna-se uma liturgia e
adoração a Deus ainda que seus senhores não se agradem, e eventualmente não
reconheçam seu esforço ou a qualidade do que você faz, e nem nos elogiem, Deus
observa e recompensará você.
A obediência do servo deve ser com
temor e tremor, e por sua vez, os senhores temporais, precisam reconhecer que
há um senhor acima deles. O patrão nos dias de Jesus tinha o poder de decisão e
suas ordens deveriam ser obedecidas, mas o patrão temente a deus devia fazer
com temor.
No início de meu ministério tive uma
ovelha proveniente de uma família muito humilde, mas cujo caráter e integridade
estava acima de qualquer prova. Marta começou a trabalhar numa loja, cujo
patrão era extremamente desconfiado, e por isto centralizava tudo o que se
referia a dinheiro em suas mãos. Ele dizia que “não confiava nem na sua
mulher”. Um dia, porém, pediu que ela depositasse uma certa quantia no banco,
serviço que ele fazia pessoalmente, e Marta foi ao banco, com o depósito e o
dinheiro, mas ao chegar lá, observou que o patrão tinha colocado dinheiro a
mais. Ela fez um novo depósito, com valor mais alto e trouxe ao patrão dizendo
o que havia acontecido. Na semana seguinte, ele pediu novamente para que
o depósito fosse feito, e mais uma vez, ele errou o valor. Quando ela fez a
correção e lhe mostrou, ele disse: “Eu estava precisando de uma pessoa para
trabalhar de caixa na empresa, mas não confiava em ninguém, e por isto colocava
dinheiro a mais porque eu estava fazendo um teste contigo, mas você, por duas
vezes, provou que é digna de confiança, eu quero lhe dar uma promoção e colocar
você com a responsabilidade de cuidar da tesouraria da empresa”.
Você tem glorificado a Deus no seu trabalho?
Empregados e patões, numa sociedade pagã como Roma, ou nos dias atuais onde a lei do "tenha lucros" é tão imperativa, precisam se esforçar para discernir a sacralidade do que fazem.
Você tem glorificado a Deus no seu trabalho?
Empregados e patões, numa sociedade pagã como Roma, ou nos dias atuais onde a lei do "tenha lucros" é tão imperativa, precisam se esforçar para discernir a sacralidade do que fazem.
C. Trabalho é considerado vocação –
“fazendo, de coração, a vontade de Deus” (Ef 6.6). O trabalho cumpre um plano de Deus. Faz parte de seu propósito. Por
isto Faça seu trabalho para o Senhor (Ef
6.7).
Trabalhar
é visto biblicamente como a “vontade de Deus” para nossas vidas. Não existe
diferença entre trabalho sacro e secular. Este foi uma das coisas mais
revolucionárias da Reforma Protestante do Século XVI, as pessoas viam a vocação
sacerdotal como superior às demais vocações, mas a reforma insistiu que todo
trabalho glorifica a Deus, quando feito para Deus. Na ética do trabalho, Lutero (1483-1546) e Calvino
(1509-1564) afirmavam que o homem cumpria sua vocação através do trabalho. Não
há lugar para ociosidade. Por esta razão, Lutero preferiu traduzir a palavra
"beruf" para trabalho, em lugar de "arbeit", porque acentuava
mais a vocação que o trabalho.
Calvino, diz: “Se seguirmos fielmente nosso chamamento divino, receberemos o consolo de saber que não há trabalho insignificante ou impuro que não seja verdadeiramente respeitado e importante ante os olhos de Deus".
Calvino defendeu ainda três princípios éticos fundamentais:
Trabalho,
Poupança
Frugalidade.
Calvino, diz: “Se seguirmos fielmente nosso chamamento divino, receberemos o consolo de saber que não há trabalho insignificante ou impuro que não seja verdadeiramente respeitado e importante ante os olhos de Deus".
Calvino defendeu ainda três princípios éticos fundamentais:
Trabalho,
Poupança
Frugalidade.
Todo trabalho que o
servo de Deus realiza é um serviço que visa a glória de Deus, e por isto deve
ser feito “de coração”. Nem todo trabalho que fazemos é agradável de se
fazer, mas precisa ser feito de coração, glorificando o Senhor.
Todo trabalho glorifica a Deus quando feito para Deus!
Todo trabalho glorifica a Deus quando feito para Deus!
D.
Trabalho recebe recompensa de Deus - “Certos de que cada um, se fizer alguma coisa boa, receberá isso outra
vez do Senhor, quer seja servo, quer livre (Ef 6.8).
Esta é outra razão
para sermos servos competentes e excelentes naquilo que nos é dado a fazer. Há
uma promessa para aqueles que agirem bem. O galardão do próprio Deus. Deus
vê a todos e recompensa a cada um. Esta recompensa que vem do Senhor (Ef 6.8).
Naquela época, os escravos eram tratados como objetos, e o que faziam nunca era
apreciados e valorizados. Um escravo que se convertia muitas vezes recebia um
tratamento mais áspero ainda por causa da sua fé. A única motivação que
poderiam encontrar ao fazer as coisas com excelência e esmero era a compreensão
de que estavam fazendo para Deus. Eles precisavam entender que estavam servindo
a Cristo, e não aos homens e a recompensa por sua vez, viria de Cristo.
Como isto se aplica
aos nossos dias?
Quantas vezes fazemos as coisas, nos esforçamos, sem nunca termos reconhecimento do trabalho ou uma palavra de elogio ou encorajamento. Eventualmente olhamos para os lados e vemos pessoas menos competentes sendo premiadas e promovidas, e temos uma sensação de abatimento e desgaste. O que pode motivar fazer bem as coisas? Compreensão de que a recompensa do que fazemos vem de deus, para quem estamos fazendo as coisas. Então, pare de fazer olhando para os lado, olhe para cima!
Quantas vezes fazemos as coisas, nos esforçamos, sem nunca termos reconhecimento do trabalho ou uma palavra de elogio ou encorajamento. Eventualmente olhamos para os lados e vemos pessoas menos competentes sendo premiadas e promovidas, e temos uma sensação de abatimento e desgaste. O que pode motivar fazer bem as coisas? Compreensão de que a recompensa do que fazemos vem de deus, para quem estamos fazendo as coisas. Então, pare de fazer olhando para os lado, olhe para cima!
E
vós senhores...
"De igual modo"...
temos aqui um princípio de justiça e equidade, completamente antagônico à visão
daqueles dias. Paulo agora fala àqueles que antes de conhecerem a Jesus
acreditavam que tinham direito de fazer o que desejassem, já que eram donos de
seus escravos. O que a Bíblia determina é que ajam com respeito, sem o conceito
de superioridade que massacrasse os servos.
Eis alguns princípios:
A.
Senhores e servos são iguais aos olhos de Deus – “Para com Deus
não há acepção de pessoas”. Aristóteles
afirmava que não seria possível amizade entre um escravo e um senhor, porque
não tinham nada em comum. Um conhecido advogado romano chamado Gaius, nas suas Institutas escreveu: “É universalmente
aceito que o mestre possui o poder da vida e da morte sobre o escravo”.
A visão cristã se opõe frontalmente
ao pensamento secular daqueles dias.
Na carta a Filemon, Paulo escreve a
um patrão cristão cujo escravo havia fugido de casa e agora estava preso e que
também se converteu ao cristianismo. Ambos agora eram cristãos e Paulo o envia
de volta dizendo o seguinte: “...Receba-o, não como escravo antes, muito acima
de escravo, como irmão caríssimo, especialmente de mim e, com maior razão de
ti, quer na carne, quer no Senhor” (Fm 16). Considere como a visão cristão e do
pensamento secular são diferentes.
Esta posição precisa ser atualizada
ainda hoje, numa sociedade capitalista e mercantilista, não é muito difícil que
as pessoas confundam posição social com valor diante de Deus. Aos olhos do
Senhor não há diferença. A sociedade pode criar castas humanas e fazer
diferença entre as pessoas com recursos e sem recursos financeiros, mas para
Deus, “não há acepção de pessoas”. Se dispensarmos favor a uma pessoa rica em
detrimento de uma pessoa pobre, isto se torna uma agressão aos olhos de Deus.
Estabelecer diferença por causa da situação financeira ou status social agride a Deus!
Estabelecer diferença por causa da situação financeira ou status social agride a Deus!
B.
Deixe as ameaças – “E vós, senhores...de
igual modo procedei para com eles, deixando as ameaças...” 6:9 Ao patrão, cumpre gerar um ambiente de tranquilidade,
fraterno, que retira a pressão do trabalhador, que reconheça que o funcionário
é um ser humano.
Este texto adverte contra o abuso da
posição de autoridade.
Ameaça é a arma que muitos poderosos usam contra os indefesos, que chefes de departamentos empregam contra os funcionários que estão numa condição hierárquica inferior. Aqueles que se encontram em posição de chefia não devem abusar de sua autoridade. Nos tempos antigos, o castigo era usado como forma de controlar os escravos. Hoje em dia, a ameaça e o constrangimento tornam-se armas dos fortes contra os sem poder.
Ameaça é a arma que muitos poderosos usam contra os indefesos, que chefes de departamentos empregam contra os funcionários que estão numa condição hierárquica inferior. Aqueles que se encontram em posição de chefia não devem abusar de sua autoridade. Nos tempos antigos, o castigo era usado como forma de controlar os escravos. Hoje em dia, a ameaça e o constrangimento tornam-se armas dos fortes contra os sem poder.
Os escravos viviam ameaçados e eram
até mesmo executados por causa dos caprichos e destemperos emocionais de seus
patrões, tanto de mulheres quanto de
homens. Graças ao sistema trabalhista que temos, este nível de tortura não é
mais possível, mas muitas empresas e patrões ainda hoje mantém funcionários num
sistema de medo e tortura mental, ameaças constantes de demissões, fragilizando
pessoas que dependem do trabalho para sua manutenção e que são impotentes em
meio a relações trabalhistas abusivas.
Stephen Kanitz relata o fato acontecido em Harvard num curso de MBA. Certo professor de Administração trouxe o caso de uma empresa que estava com sérios problemas financeiros, e entregou aos alunos para que discutissem o material e trouxessem um parecer sobre quais medidas deveriam ser adotadas para que a empresa tivesse um equilíbrio nas contas. Um dos alunos colocou em primeiro lugar o corte de funcionários, efetuando uma demissão em massa. Ao ouvir o relatório, o funcionário falou para o aluno para que saísse da sua sala e não voltasse mais. Todos ficaram chocados com a rispidez do professor, e o aluno parecia não estar entendendo o que acontecia e toda sala ficou num silêncio e espantada. Quando o aluno finalmente entendeu que seu professor estava falando sério, pegou seu laptop, juntou suas folhas e ia saindo cabisbaixo da classe quando seu professor o chamou de volta e lhe disse: "Me perdoe pelo que fiz! Eu sei que causei profundo constrangimento a você e toda a sala. Volte!" Então, começou a dizer: "Vocês viram como foi duro o que fiz? Imagine agora a situação real de um funcionário, aplicado, que serviu a empresa por longos anos, mas agora é mandado de volta para sua casa e precisa justificar isto a sua esposa, filhos e amigos, e ainda precisam administrar sua situação financeira sem terem agora o seu trabalho! Esta deve ser a última opção quando analisamos situação financeira da empresa, e não a primeira".
Stephen Kanitz relata o fato acontecido em Harvard num curso de MBA. Certo professor de Administração trouxe o caso de uma empresa que estava com sérios problemas financeiros, e entregou aos alunos para que discutissem o material e trouxessem um parecer sobre quais medidas deveriam ser adotadas para que a empresa tivesse um equilíbrio nas contas. Um dos alunos colocou em primeiro lugar o corte de funcionários, efetuando uma demissão em massa. Ao ouvir o relatório, o funcionário falou para o aluno para que saísse da sua sala e não voltasse mais. Todos ficaram chocados com a rispidez do professor, e o aluno parecia não estar entendendo o que acontecia e toda sala ficou num silêncio e espantada. Quando o aluno finalmente entendeu que seu professor estava falando sério, pegou seu laptop, juntou suas folhas e ia saindo cabisbaixo da classe quando seu professor o chamou de volta e lhe disse: "Me perdoe pelo que fiz! Eu sei que causei profundo constrangimento a você e toda a sala. Volte!" Então, começou a dizer: "Vocês viram como foi duro o que fiz? Imagine agora a situação real de um funcionário, aplicado, que serviu a empresa por longos anos, mas agora é mandado de volta para sua casa e precisa justificar isto a sua esposa, filhos e amigos, e ainda precisam administrar sua situação financeira sem terem agora o seu trabalho! Esta deve ser a última opção quando analisamos situação financeira da empresa, e não a primeira".
Patrões devem parar de tratar os
funcionários de forma abusiva “sabendo
que o Senhor, tanto deles como vosso, está nos céus, e que para com ele não há
acepção de pessoas” (Ef 6.9).
C.
Reconheça que, do ponto de vista espiritual, não há
diferença para Deus entre o que tem poder e o que não tem poder – A tradução Living Bible afirma: "Deus não tem
favoritos”.
Os patrões precisam reconhecer que também
são servos, de um senhor acima deles. Pessoas com poder e bens tem dificuldade
para aceitar o senhorio de Cristo, acostumaram a mandar e não querem aprender a
obedecer. Se você quer ser um cristão, o princípio da submissão é essencial.
Conclusão: Algumas aplicações.
Primeira, A Bíblia muitas vezes recomenda o cuidado com órfãos e
viúvas. O que isto significa? Num sistema sem planejamento social, sem garantias
trabalhistas, uma vez morto o marido, filhos e esposas eram abandonados à
miséria e à prostituição. A igreja de Cristo é desafiada a olhar com compaixão
os desempregados, os que não tem condições de trabalhar e precisam de cuidado.
Tenho encorajando empresários a considerarem a possibilidade de criarem empresas que tenham pouco lucro, mas causem impacto social. Muitas regiões pobres do Brasil estão precisando não de assistência social, mas de trabalho. São hordas de desempregados, gente honesta e íntegra, que precisam de oportunidade de trabalho. A igreja precisa olhar com cuidado esta possibilidade.
Tenho encorajando empresários a considerarem a possibilidade de criarem empresas que tenham pouco lucro, mas causem impacto social. Muitas regiões pobres do Brasil estão precisando não de assistência social, mas de trabalho. São hordas de desempregados, gente honesta e íntegra, que precisam de oportunidade de trabalho. A igreja precisa olhar com cuidado esta possibilidade.
Segunda, Por outro lado, precisamos ter uma visão clara do
trabalho como uma dimensão espiritual. Muitas vezes o trabalho é considerado de maneira
ambivalente. Mas desde a Reforma, especialmente em Lutero, a fórmula ora et labora demonstra que os dois
modos de vida não são antagônicos. Calvino afirma que “o trabalho profissional deve formar uma muralha contra a
preguiça, todos devem trabalhar – quem não trabalha não deve comer”. Na
concepção calvinista, “não somente a religião concernia a toda a vida –
econômica, profissional, familiar –, mas tudo devia concorrer para a glória
de Deus (…) e Calvino afirmará que ‘dentre todas as coisas deste mundo, o
trabalhador é o mais semelhante a Deus’” (WILLAIME, 2005: 70).
Na visão de Calvino, o trabalho é um sinal de graça.
Terceira, O lugar de trabalho é um dos ambientes mais hostis e competitivos, numa sociedade capitalista onde a regra número 1 é "tenha lucros!" mas
paradoxalmente, mais profícuos para que patrões e funcionários demonstrem seu
amor a Cristo. Patrões e funcionários cristãos devem criar ambiente de cuidado
no qual demonstram sua fé de forma genuína e graciosa. Funcionários devem
revelar seu chamado fazendo com excelência e integridade suas tarefas.
Numa época de tanta suspeita e desconfiança, de malandragens e desonestidade, é fácil enrolar no trabalho, fazer as coisas de forma desleixada e medíocre. Esta é a forma mais fácil de desonrar a Deus e deixar de revelar ao mundo a beleza do evangelho.
Numa época de tanta suspeita e desconfiança, de malandragens e desonestidade, é fácil enrolar no trabalho, fazer as coisas de forma desleixada e medíocre. Esta é a forma mais fácil de desonrar a Deus e deixar de revelar ao mundo a beleza do evangelho.
Samuel Vieira
Medford, 30.4.00
Atualizado em Anápolis
04 Novembro 2017
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