sexta-feira, 28 de setembro de 2018

At 13.16 Eternas e sobrenaturais verdades


Antes de ler o sermão:
Iniciei postagem de uma forma mais organizada em um site que comecei a formar. Ele ainda está sendo elaborado, mas ajudará na sua pesquisa, caso esteja acompanhando, a exposição de meus sermões. Agora estou expondo o livro de Atos.
dê uma olhada lá. Sua disposição será bem mais fácil de pesquisar que no Blog. 
samuelvieira.com




Introdução

Uma das formas de desfrutar bem da leitura da Bíblia é fazendo perguntas do tipo:
a.     Há alguma promessa do texto?
b.     Há um novo ensinamento?
c.      Algum pecado a ser abandonado?
d.     Alguma verdade que eu não conhecia?

Alguns textos são ricos de princípios, e precisamos aprender com a Palavra de Deus e orientarmos nossa vida sob este prisma. Este texto é repleto de verdades eternas que precisamos não apenas ter conhecimento delas, mas aprendermos a viver orientados por tais verdades.

1.     O Evangelho não se dá num vácuo histórico, mas dentro de um grande projeto de Deus para a humanidade.

Esta é uma verdade que Paulo tenta demonstrar.
Sua narrativa vai de Abraão, passa pelo Egito a conquista da terra, o tempo dos juízes, incluindo Samuel; os reis, ele cita Saul e Davi, até a vinda de João Batista, como evento profético e o Messias e redentor, Jesus.
A vinda de Cristo faz parte de um grande projeto de Deus na história: Os profetas anunciaram (estima-se que haja cerca de 600 profecias messiânicas no Antigo Testamento que se cumpriram em Cristo). Isto tudo demonstra que a história está nas mãos de Deus, segue um plano e um cronograma divino. Não é uma série de eventos isolados e desconexos, mas estão todos dentro de uma direção sobrenatural. Deus não apenas age na história mas é Senhor da história.

2.     Os eventos mais dramáticos e chocantes, como a morte de Cristo, não estão fora do controle de Deus – “Quando o condenaram, cumpriram as profecias” (At 13.27).

Esta compreensão da soberania de Deus nos eventos históricos nos faz olhar para tudo que acontece com uma dimensão cósmica e sagrada. Os fatos temporais estão atrelados a um projeto divino, como enfatiza o conhecido hino:

Os seus intentos cumpre Deus, no decorrer dos anos
Ele executa o seu querer, de acordo com seus planos

Paulo afirma em Rm 11.29 que “Os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis”. Os eventos aparentemente isolados se encaixam perfeitamente numa perspectiva mais ampla, Deus não perde o controle, os céus não se surpreendem.
Tal compreensão é tão transformadora que muda até mesmo nossas orações. Veja o exemplo de At 4.27-29
A igreja primitiva via a morte de Cristo, e até mesmo a perseguição, como atos soberanos de Deus, e por isto sabem que os atos políticos, como a intervenção de Herodes e Pilatos, dos religiosos judaicos e dos pagãos em ajuntar-se num complô contra Jesus, transcendia a esfera dos eventos controlados pelos homens sem uma ação de Deus, ante se ajuntaram “para fazerem tudo o que a tua mão e teu propósito predeterminaram”(At 4.28). Por esta razão, ao invés de orarem pedindo livramento, e que as circunstâncias de oposição fossem controladas, eles pediram para que Deus lhes desse ousadia, a fim de que, neste tempo dirigido por Deus, eles fossem ousados para pregar a Jesus.
A igreja primitiva entendia que os homens fazem a vontade de Deus mesmo quando fazem aquilo que é contra o prazer de Deus. O homem pode fazer a sua vontade porque deseja agradá-lo, e farão a sua vontade mesmo quando se levantam contra sua santidade. Então, é possível fazer a vontade de Deus mesmo quando se opõe a Deus, porque não se pode conspirar contra os decretos de Deus e nao se pode mudar a disposição do coração do homem por rebeldia e maldade. O fato do homem ignorar a Deus, blasfemar contra ele, afrontá-lo, não o faz menos Deus. Ele continua sendo Deus.

Por isto Paulo diz que as autoridades e habitantes de Jerusalém, não conhecendo Jesus nem os ensinos dos profetas “quando o condenaram, cumpriram as profecias”(At 15.27). Isto é, a rebelião tornou-se aliada para cumprir os propósitos de Deus.

A cruz de Cristo é o evento central de Deus, e os homens, sem o saber o executaram por inveja e ódio, cumprindo assim o que Deus dissera pelos profetas. Os homens não deixam de ser responsáveis por seus atos, ao agir de forma leviana e injusta, mas nunca consegue sublevar ou subverter os decretos de Deus.
Pilatos num julgamento de farsa condenou Jesus, mesmo depois de declarar sua inocência (At 13.28), mas ao agir assim de forma tão injusta e inescrupulosamente, estava cumprindo o que fora dito pelos profetas. “Depois de cumprirem tudo o que a respeito dele estava escrito (...) puseram-no em um túmulo” (At 13.29). observe quantas vezes o cumprimento profético é citado neste texto (At 13.27,29,33).

3.     Cristo é o centro do propósito de Deus – Paulo coloca os olhos de toda a convergência história e profética de Israel para a manifestação de Cristo.
a.     A história de Israel aponta para Cristo (At 13.37) – Abraão, os juízes, incluindo Samuel; os reis, citando Saul e Davi e o recente fenômeno Joao Batista, que aparece no deserto falando da vinda do Messias.

b.     As profecias se cumprem em Cristo – Como citamos, as três referencias textuais falando do cumprimento profético (At 13.27.29.33).

c.     A obra de Cristo tinha propósito duplo (At 13.38-39).

                                               i.     Remissão dos pecados – Paulo sempre usa as expressões redenção e remissão.

Redenção significa o ato de soltura de um escravo mediante pagamento de preço. Pela morte de Cristo, nós fomos libertos da condenação e culpa. Ele nos comprou com o preço de seu sangue.

Remissão significa o perdão de nossas dívidas. Deus providenciou um meio para que fossemos absolvidos da nota promissória que não tínhamos condições de pagar. Fomos libertos da falência e ficamos livres da condenação que merecíamos. A remissão se dá por meio de Jesus. Este fato era até então desconhecida daqueles israelitas da diáspora que moravam na Antioquia da Pisídia (atual Turquia), até então e que se reuniram naquela manhã na sinagoga para lerem a Torah. Paulo demonstra que Jesus não ficou na sepultura, nem seu corpo vira corrupção, sua obra de remissão fora completa.

                                             ii.     Completo perdão dos pecados – Paulo fala em At 13.39 que Jesus nos justificou, isto é, nos declarou justos diante de Deus. Não mais culpa e condenação, não mais acusação. A lei não conseguiu isto, os esforços e boas intenções humanos são insuficientes, mas Cristo fez isto por nós.

Conclusão
Diante da pregação de Paulo, as pessoas apresentam várias reações (At 13.42-25). Assim como, os que ouvem esta mensagem reagem de forma diferente. Para a vida ou para a condenação.

Primeira reação, o grupo desejoso de conhecer mais de Deus- Por isto mal podiam esperar para voltar no sábado seguinte e refletir sobre as boas novas. Quando a Palavra de Deus opera no coração do homem, ele passa a ter desejo de ouvir e aprender mais. Por isto é bom questionar a conversão de pessoas que não desenvolvem sede pela palavra. Desconfie da conversão genuína de uma pessoa que não demonstra interesse pelas coisas de Deus. A obra de Deus em nossos corações gera sede e desejo de intimidade.

Segunda reação, um grupo impactado impactando outros – O texto registra que “no sábado seguinte, afluiu quase toda a cidade” (At 13.44). Por que os outros também vieram? Só existe uma explicação: os que foram compartilharam o que vieram, gerando curiosidade ou desejo no coração das pessoas.
Assim acontece com o Evangelho. Quem pode falar do que Deus está fazendo é  aquele que experimenta a ação de Deus em sua própria vida. Por isto Jesus disse ao Gadareno, depois de liberto: “Vai, volta para os teus e diga tudo quanto Deus lhe fez”. O mundo não é atraído para o Evangelho porque não falamos daquilo que temos ouvido e aprendido.
Você tem compartilhado o que Deus tem feito em sua vida?

Terceira reação, oposição à palavra – O texto fala de pelo menos cinco tipos de oposição ao Evangelho:

i.      Inveja – Isto parece não ter nada a ver com o Evangelho em particular, mas os líderes religiosos se opunham porque deixaram de ser o centro da atenção da comunidade. Perderam o poder.

ii. Blasfêmia – Neste caso, trata-se da atitude de satanizar o que estava acontecendo. Provavelmente falando que aquilo era heresia, ou que o que ensinava era oposto à lei;

iii. Contradição – São aqueles que desejam encontrar alguma incoerência na mensagem e ficam levantando questões filosóficas para provar seu argumento.

iv. Rejeição – Neste caso, uma atitude clara de que o que ouviram não lhes interessava, e por isto não tinham interesse em aprofundar e se comprometer com o evangelho.

v. Perseguição – Os que rejeitam podem simplesmente dizer não e virar as costas, mas sempre encontraremos pessoas que se tornaram antagônicas por causa do evangelho. Elas vão perseguir e ameaçar.

Estas atitudes de reação e oposição sempre se manifestaram na história, e estão mais presentes que nunca quando o assunto é a pregação do evangelho. Paulo afirma que, ao fazerem isto, eles estavam rejeitando a vida eterna, a oferta de amor e graça que lhes fora oferecido por meio da obra de Cristo.
Você se encaixa em algum destes? Você tem se oposto à Palavra de Deus?

Quarta reação, Alegria, regozijo e louvor a Deus (At 13.48,52).
A mesma palavra gera reações diferentes.
Muitos rejeitaram, blasfemaram, perseguiram, mas muitos creram. Nem todos creram, como o texto afirma: “Creram todos os que haviam sido destinados para a vida eterna” (At 13.48).
Esta verdade bíblica gera reações de alergia em alguns, mas o texto é claro: só os eleitos creram. Os que haviam sido destinados para a vida eterna.
Esta verdade bíblica gera reações de alergia em alguns, mas o texto é claro: só os eleitos crerão! A fé não é para todos, e não é de todos, mas para aqueles que são destinados desde a eternidade para a vida eterna.

Muitos ficam enfurecidos e irritados com esta doutrina, e quando eu tenho que falar deste assunto tão claro nas escrituras pedem que eu explique, e minha resposta é clara: Eu não explico predestinação, eu apenas exponho.

A palavra de Deus é clara sobre o assunto e eu quero ser simples, claro e direto. Negar ou suprimir as verdades do Evangelho nunca foram bom princípio. Não podemos deixar de crer porque achamos difícil de entender. Honestamente creio que parar de crer em nós mesmos e colocar nossa confiança na obra substitutiva de Cristo para nossa salvação, crer que fomos perdoados, redimidos e justificados pelo sangue, parece ser algo mais difícil que crer na eleição. Apesar disto, esta doutrina me traz alegria, regozijo e louvor para o nome de Deus.

O texto diz que o povo, “transbordava da alegria do Espírito Santo” (At 13.52). quem entende o sacrifico de Cristo e aceita a verdade de que foi aceito e justificado diante de Deus pelo sangue do Cordeiro de Deus, não pode ter outra reação a não ser de alegria interior e louvor a Deus.




quinta-feira, 20 de setembro de 2018

At 13.1-4 A Igreja Missionária.Um olhar para o mundo






Introdução:

A Igreja de Antioquia é a primeira igreja realmente missionária na Bíblia. A Igreja de Jerusalém fez missões, mas de forma contingencial. Foi uma resposta a uma situação de perseguição, e não fruto de uma visão do seu colegiado. Na verdade, mesmo quando toda a igreja se dispersou por causa da perseguição dos líderes judaicos, uma observação da Bíblia chama a atenção: “Todos foram dispersos, exceto os apóstolos”.

Por que a liderança ainda continuou em Jerusalém?
Várias respostas podem ser dadas, entre elas a de que estavam numa confortável situação de uma igreja que crescia, e não tinham colocado sua visão nos confins da terra, como Jesus designara (At 1.8). A visão de mundo ainda não estava no DNA, da igreja. Pedro foi duramente questionado por ter se atrevido a entrar na casa de um gentio. A luta de Pedro em Atos 10, tinha uma razão clara, além do próprio bloqueio que sua cultura e religiosidade impunha. Ele sabia que teria que enfrentar o julgamento dos irmãos que ficaram em Jerusalém e que faziam parte da liderança. Não sem razão, Pedro levou consigo seis testemunhas citadas por ele quando faz sua defesa.

A igreja de Antioquia, portanto, se torna o protótipo da igreja missionária moderna. Este movimento se deu em torno do ano 46 d.C., já que a morte de Herodes Agripa I (At 12), se deu no ano 44 d.C.
Ela nasce de um avivamento, e se lermos atentamente o texto veremos que boa parte disto se deu por causa da visão e envolvimento dos irmãos que já estavam vivendo fora da Judeia, pois eles vieram de Chipre e de Cirene. Diante das manifestações e conversões, a igreja de Jerusalém resolve enviar Barnabé, o mais despreconceituoso de todos e que tinha mais facilidade de se aproximar de pessoas diferentes (At 9.26-30). Ao chegar ali, ele se alegrava ao entrar em contato com os novos convertidos, exortando-os a que permanecessem firmes na graça de Deus.

Como aquela igreja se tornou missionária?
Antes de mais nada, ela estava numa confortável situação:

a.     Uma igreja em franco crescimento. O texto fala de “muitos convertidos”(At 11.21) e seu crescimento era exponencial já que “numerosa multidão” estava sendo alcançada (At 11.26).

b.     Uma igreja com um refinado padrão de pastores – “Havia na igreja pastores e mestres” (At 13.1) e a educação religiosa desta igreja era intensa e por “todo um ano” (At 11.26) tiveram oportunidade de aprender de Barnabé e Paulo. Isto é que era beber na fonte. Tinham na igreja uma verdadeira academia bíblica, com aprendizado intensivo.

c.     Uma comunidade com um belíssimo mosaico de diversidade cultural
                                                i.     O líder, Barnabé. Companheiro, sensível, filho da consolação, missionário enviado pela igreja mãe para ser o sênior pastor, por causa de seus dons.

                                               ii.     Saulo, um dos rabinos mais preparados dos seus dias, recebendo instrução acurada de Hillel, escola conservadora do judaísmo. Antes de se converter, Saulo tornou-se muito respeitado pelos judeus, por causa de seu conhecimento e zelo. Não sem razão, se tornou um dos maiores apóstolos do cristianismo.

                                              iii.     Simeão, “por sobrenome níger” – Ele recebeu um sobrenome que poderia ser ofensivo para alguns, mas que no contexto bíblico parece apontar mais para algo afetivo. “Negão”. Era africano, provavelmente oriundo da Etiópia. Se isto lhe causa arrepios, quero dizer para vocês que um dos pastores de nossa igreja, o Rev. Edson, é chamado pela maioria da igreja de “Black”, e até onde sei, ele não parece achar isto preconceituoso e ofensivo.

                                              iv.     Lúcio, de Cirene – Este também era oriundo do Norte da África, provavelmente da Líbia. Durante o período da construção do Segundo Templo, muitos judeus viviam fora de Israel, e Cirene, ao Norte da África, foi um dos principais centros da Diáspora. Acredita-se que Cirene esteja situada na vizinhança da moderna Shahhat, na Líbia. 

                                               v.     Manaém, colaço de Herodes – Este parece proceder de uma ascendência mais nobre, fazendo parte da burguesia palaciana, já que foi irmão de leite de Herodes. Provavelmente foi amigo de infância de Herodes Antipas, que foi o tetrarca da Galileia, que estava no governo da Judeia durante o ministério de Jesus.

Igrejas com diversidade cultural tendem a se tornar mais criativas e expressam de forma teológica, a melhor visão do evangelho. É bom considerar que “o prato colorido é sempre mais saudável”. Igrejas com unidades homogêneas parecem ser a tendência, mas aqui está uma igreja cujos relacionamentos eram formados de pessoas com matizes distintas, culturas, nível social e línguas diferentes, e que trouxe muita glória ao nome de Jesus.


Uma igreja jamais pode ser refém de seu conforto.

O que caracteriza uma igreja missionária?

Primeiramente, sua vida de piedade e devoção. A relação entre igreja e missões é colocada de forma bem clara. “Servindo eles e jejuando, disse o Senhor: Separai-me a Barnabé e a Saulo para a obra missionária a que tenho chamado” (At 13.3). A liderança estava preocupada em ter intimidade com Deus. A verdade é que não precisamos de mais programas e estratégias, mas precisamos de mais devoção e santidade.

Em segundo lugar, Uma liderança comprometida – “Estes servindo e jejuando” (At 13.3). Eram os líderes mas estavam empenhados no projeto de adorar e servir ao Senhor com fidelidade. Tinham vida piedosa, de oração e serviço.

É muito importante considerar isto, porque nenhuma igreja vai além de sua liderança. Se quisermos envolvimento da igreja, os líderes precisam estar pagando o preço do compromisso com a comunidade. Muitas igrejas não são generosas com seus recursos, e muitas vezes, a razão encontra-se na falta de modelos e exemplos daqueles que lideram as comunidades.

Todos estes fatores nos levam a imaginar que esta não seria uma igreja com visão missionária. Igrejas consolidadas, com estabilidade na liderança, podem bastar-se a si mesmas e se tornarem um fim em si mesmas. Os recursos tendem a serem empregados intramuros, e para construções e reformas locais, perdendo a capacidade de olhar adiante, para além de si mesmas, cumprindo assim o imperativo de Cristo. Mas esta igreja surpreende.


Em terceiro lugar, a capacidade de discernir a voz de Deus. Sua vida de oração os capacita a ouvirem a Deus. Eles não apenas discernem, mas obedecem. Eles teriam que ceder dois de seus melhores líderes, mas não passaram por crise neste processo. Era Deus quem mandava, e Deus supriria a necessidade do rebanho.
Era uma igreja sensível à direção do Espírito. Missões nascem no coração de Deus. É Deus quem inicia o processo. Ele separa, capacita e impulsiona a obra missionária. Este é o primeiro axioma das missões: “Deus é o autor de missões”. O segundo segue na mesma direção: “Deus chega ao campo antes do missionário”.

Quarto, dá o melhor de si para o campo missionário – O Espírito Santo separou os líderes mais experimentados e frutíferos e não pessoas imaturas e desqualificadas. Muitas vezes  jovens bem intencionados, mas sem experiência pastoral e com pouco conhecimento bíblico e cultural, são enviados para campos transculturais. Alguns nunca tiveram coração missionário em sua própria igreja, nunca demonstraram maturidade cristã e o resultado é um desastre. São missionários aventureiros. As consequências já são bem conhecidas.

Quinto, Compromisso com os missionários. “Impondo sobre eles as mãos, os despediram” (At 13.3).

Missionários precisam estar debaixo da autoridade da igreja e submissa à esta liderança. Eles precisam de apoio, sustento e oração. Um missionário não se “auto designa”, mas ele é recomendado. Tem que estar debaixo da autoridade, não se trata de um ato individual e solitário que se lança num projeto sem reconhecimento e aprovação da liderança.
Este texto nos mostra o que acontece quando alguém se candidata sem chamado. Joao Marcos não foi chamado por Deus, mas foi inserido no projeto missionário, por causa de sua relação de parentesco com Barnabé (ele era sobrinho). O resultado não foi positivo. Logo na primeira dificuldade em Perge da Panfília, ele abandona os missionários, e Paulo fica muito irritado com sua atitude infantil (At 13.13), e sua relação com o grupo posteriormente se tornará pivô de um dos maiores conflitos de liderança relatados no Novo Testamento. Em Atos 15.36 lemos que Barnabé e Saulo enfrentaram graves problemas por causa de João Marcos: “Houve tal desavença entre eles que vieram a separar-se”. A linguagem bíblica é amena, mas indica que algo muito sério aconteceu. Barnabé e Saulo, dois homens de Deus não conseguiram mais trabalhar na mesma equipe.

Missionários precisam ser enviados pela igreja local.
É privilégio e responsabilidade da igreja. Em Fp 4.15 Paulo se refere carinhosamente ao cuidado que recebeu da Igreja de Filipos. Ele fala que aquela igreja se “associou” ao seu ministério. Obreiros precisam de associação.

Quando concluíram sua viagem missionaria, Paulo e barnabé retornaram a Antioquia, onde estava a base de sua missão, para dar testemunho e relatório das atividades (At 15.25), e como era de se esperar, dali saíram duas equipes missionarias. Barnabé, levando a João Marcos e Paulo, tendo como companheiro a Silas. É digno de nota que todas as três viagens missionarias registradas em Atos, tiveram a igreja de Antioquia com base (At 13.1; 15.36; 18.22). 

Édson Queiroz, no seu conhecido livro, Igreja Local e Missões, faz as seguintes observações sobre o papel da igreja com missões.

A.   A Igreja reconhece o chamado – A Igreja vê o fruto e identifica o dom, porque está convivendo e trabalhando com a pessoa. É muito difícil quando pessoas se candidatam a um projeto missionário sem darem testemunho de vida cristã na sua igreja local.

B.    A Igreja treina o candidato – Esta tese é defendida por Queiroz, embora muitas prefiram delegar tal tarefa a institutos, seminários e agências missionárias.

C.    A igreja envia o missionário – Este envio pode ser feito de forma direta ou em parceria com agências missionárias.

D.   A igreja cuida do missionário – Qualquer problema no campo deve ser da responsabilidade da igreja. Neste sentido, estar associado a uma agência missionária facilita muito porque eles sabem como lidar melhor com a imprevisibilidade.
Quando a igreja não tem envolvimento e vinculo com o missionário, ela não sabe como orar e contribuir, e não raramente se sente desestimulada a investir na obra missionária.

Conclusão:

Um olhar para o mundo tira a igreja da zona do conforto.
Mas, honestamente, qual igreja deseja pagar este preço?
Certa vez estava com um presbítero visitando uma igreja toda muito bem estruturada, bancos confortáveis e ar condicionado, e nossa igreja, naquela época, não tinha ar condicionado. Em épocas de calor, com todos seus assentos ocupados, era fácil fazer sauna.
Então, aquele presbítero brincou: “É pastor, esta igreja está bem na nossa frente!”. Embora eu respeite muito aquela igreja, eu sabia que eles não tinham nenhuma congregação, enquanto estávamos plantando três igrejas com salario integral de dois obreiros. Então lhe disse: “Não é muito difícil, basta interrompermos um dos projetos missionários, que no final do ano teremos dinheiro para o ar-condicionado. Muito querido, como sempre foi, ele me respondeu: “Não precisava apelar, né pastor?”
Na verdade,  ser uma igreja missionária não significa que não poderemos melhorar nossas estruturas físicas, o templo e o Departamento Infantil. Mas no mínimo, precisamos entender que, ter os olhos postos no mundo implicará em uma compreensão maior acerca da missão e do chamado da igreja local. Na verdade, a piedade, as orações, serão suficientes para ouvirmos a voz do Espírito e discernirmos sua voz dizendo: “Ide por todo mundo, e pregai o Evangelho a toda criatura”.