Introdução
Este é o quarto sermão que
pregamos sobre este assunto a partir da 1 Carta de Paulo aos Coríntios. Ao
todo, dezesseis valores que julgamos tornar uma igreja socialmente relevante.
Inspirado pelo Espírito de Deus, Paulo escreve esta carta para nortear a recém
nascida igreja, que vivia numa sociedade depravada, a como cuidar das coisas de
Deus se tornando relevante para a sociedade onde estavam vivendo.
Vamos considerar mais cinco
destes elementos.
Décimo primeiro, igrejas relevantes cuidam bem de seus pastores – “Não temos nós o direito
de comer e beber? Não temos nós o direito de
levar conosco uma esposa crente como fazem os outros apóstolos, os irmãos do
Senhor e Pedro? Ou será que apenas eu e
Barnabé não temos o direito de deixar de trabalhar para termos sustento?
Quem serve como soldado às suas próprias custas?
Quem planta uma vinha e não come do seu fruto? Quem apascenta um rebanho e não
bebe do seu leite?” (1 Co 9.4-7).
Paulo está fazendo aqui uma
defesa do pastorado.
É bom lembrar que a Igreja de
Corinto foi a que causou mais angústia pastoral em Paulo. Alguns questionaram
seu ministério (1 Co 9.2), e ele se defendeu dizendo que outras pessoas até
poderiam questionar sua vocação, menos esta igreja, já que muitos de seus
membros haviam conhecido Jesus através de sua vida. Alguns questionaram seu
salário e Paulo usa quatro figuras para exemplificar seu direito de receber da
igreja embora ele mesmo não recebesse daquela igreja pois vivia do seu trabalho
manual de fazer tendas e de ofertas que vinham da Igreja de Filipos, que era
sensível ao cuidado pastoral (Fp 4.15-16).
A. A Figura do Soldado – “Quem
serve como soldado às suas próprias custas” (1 Co 9.7). As pessoas de Corinto
conheciam bem esta figura e sabiam que todo soldado, ao ser destacado para a
guerra, recebia seus soldos da nação que os enviava. Qual cidade enviaria seus
valentes à guerra e não os sustentaria? Contrataria o soldado mas não lhe pagaria
o salário?
B. A figura do agricultor – “Quem
serve como soldado às suas próprias custas? Quem planta uma vinha e não come do
seu fruto?” (1 Co 9.7). “Não é
certamente por nossa causa que ele o diz? Sim, isso foi escrito em nosso favor.
Porque "o lavrador quando ara e o debulhador quando debulha, devem fazê-lo
na esperança de participar da colheita". Se entre vocês semeamos coisas
espirituais, seria demais colhermos de vocês coisas materiais?” (1 Co
9.10,11).
Outra figura bem conhecida daquele povo.
A subsistência do lavrador só é possível e ele só realiza tal trabalho por
causa da recompensa que recebe. Por isto todo lavrador trabalha duro, lavra a
terra, planta a vinha, porque sabe que a semente sempre gera fruto. Não deveria
o semeador da palavra esperar que aqueles que fossem abençoados pela palavra,
sustentassem o trabalhador?
C. A figura do pecuarista – “...Quem
apascenta um rebanho e não bebe do seu leite?” (1 Co 9.7).
Esta outra figura é retirada do mesmo
contexto agropastoril. Quando um trabalhador retira o leite da vaca isto é algo
desumano e incorreto? Igualmente o trabalhador deveria receber sua parte, ao
servir o seu rebanho.
D. A figura do sacerdote do Antigo
Testamento
– “Vocês não sabem que aqueles que
trabalham no templo alimentam-se das coisas do templo, e que os que servem
diante do altar participam do que é oferecido no altar? Da mesma forma o Senhor ordenou àqueles que pregam o
evangelho, que vivam do evangelho.”
O Antigo Testamento tinha regras
muito claras sobre o sustento dos sacerdotes e levitas. Manter o templo com
suas estruturas era algo difícil e caro, e o sustento vinha dos dízimos e
ofertas especiais que o povo trazia ao templo, ofertando-o como expressão de
culto a Deus. Uma pessoa que não trazia ofertas era tida como infiel. Davi
expressa isto de forma bem direta: “Não
oferecei sacrifícios ao Senhor que não custe nada” (2 Sm 24.24).
A lógica aqui é bem simples: “fé que não custa nada, não vale nada!”. Se você
não aprendeu a contribuir a obra do Senhor, deveria se perguntar seriamente:
Por que não tenho disposição em servir a Deus com meus bens?
Orientações quanto ao cuidado
pastoral:
1. Devolva humanidade ao seu pastor – É isto que Paulo argumenta
aqui. “Não temos nós o direito de levar conosco
uma esposa crente como fazem os outros apóstolos, os irmãos do Senhor e Pedro?” (1 Co 9.5).
Paulo defende seu direito de casar, de
formar família. Parece que até na sua área afetiva a igreja estava dando
palpites. Ajude o seu pastor a ser humano, a namorar, a criar seus filhos, a
ter tempo de férias, a descansar, a desfrutar sem culpa sem lazer, a criar seus
filhos sem neurose. Existem muitos pastores que criam uma falsa ilusão de que
são seres angelicais ou semi-deuses, algumas igrejas até mesmo criam certa aura
mística sobre a figura pastoral, não é sem razão que tantos pastores se tornam
enrijecidos, neurotizados, dominadores, esquizofrenizados. Scott Peck afirma:
“Santos precisam dormir e até mesmo os profetas precisam brincar”.
2. Dê salário digno ao seu pastor – Veja quantas vezes este texto
nos ensina sobre isto.
ü Não temos nós o direito de comer e beber?
(1 Co 9.4).
ü Ou será que apenas eu e Barnabé não temos
o direito de deixar de trabalhar para termos sustento? (1 Co 9.6).
ü Pois está escrito na Lei de Moisés:
"Não amordace o boi enquanto ele estiver debulhando o cereal". Por
acaso é com bois que Deus está preocupado? (1 Co 9.9)
ü Da mesma forma o Senhor ordenou àqueles
que pregam o evangelho, que vivam do evangelho. (1 Co 9.14).
Durante muito tempo vivia do
ministério sonhando com o tempo em que não precisaria receber salário da igreja
para exercer meu ministério e para minha sobrevivência, era um sentimento meio
de culpa, talvez de orgulho, mas basta ler a palavra de Deus para ver como as
Escrituras Sagradas tratam deste tema de forma natural.
3.
Valorize
seu pastor – Paulo emprega a figura do boi. “Não digo isso do ponto de vista meramente humano; a Lei não
diz a mesma coisa?
Pois está escrito na Lei de Moisés: "Não amordace o boi enquanto ele estiver debulhando o cereal". Por acaso é com bois que Deus está preocupado? Não é certamente por nossa causa que ele o diz? Sim, isso foi escrito em nosso favor. Porque "o lavrador quando ara e o debulhador quando debulha, devem fazê-lo na esperança de participar da colheita". Se entre vocês semeamos coisas espirituais, seria demais colhermos de vocês coisas materiais? (1 Co 9.8-11).
Pois está escrito na Lei de Moisés: "Não amordace o boi enquanto ele estiver debulhando o cereal". Por acaso é com bois que Deus está preocupado? Não é certamente por nossa causa que ele o diz? Sim, isso foi escrito em nosso favor. Porque "o lavrador quando ara e o debulhador quando debulha, devem fazê-lo na esperança de participar da colheita". Se entre vocês semeamos coisas espirituais, seria demais colhermos de vocês coisas materiais? (1 Co 9.8-11).
Ele usa um texto lá do Antigo Testamento,
no qual Deus fala de como as pessoas deveriam tratar seus animais. O boi que
trabalhava, não poderia ter a boca fechada. Muitos faziam isto porque o boi,
quando fazia seu trabalho, comia dos restolhos que caiam e os lucros diminuiam
e Deus considerou esta atitude como algo perverso. Por isto dá recomendações de
cuidado ao animal. Paulo diz: Não deveríamos ter a mesma preocupação com
aqueles que se afadigam na obra do Senhor? Não deveriam eles também receber
sustento e cuidado daqueles que recebem os benefícios de seu trabalho? Então,
pare de amordaçar o boi, de restringir seu alimento.
Não trate o animal com mesquinhez. Não
trate seu pastor com mesquinhez. Muitas igrejas não querem um pastor humilde,
mas um pastor humilhado.
Igrejas relevantes cuidam bem de seus
pastores. Nunca vi uma igreja próspera que não cuidasse bem de seus obreiros.
Igrejas que tratam mau os seus obreiros perdem a benção de Deus sobre suas
vidas. Se vocês querem igrejas fortes e saudáveis, tenham liderança forte e
saudável.
Décimo segundo, Igrejas relevantes
aprendem com a história – “Porque não quero,
irmãos, que vocês ignorem o fato de que todos os nossos antepassados estiveram
sob a nuvem e todos passaram pelo mar. Em
Moisés, todos eles foram batizados na nuvem e no mar. Todos comeram do mesmo alimento espiritual e beberam da mesma bebida espiritual; pois bebiam da
rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo.” (1 Co 10.1-4).
O que vemos em todo este capítulo, é uma recapitulação da história de Israel. Paulo descreve os pontos nos quais seus antepassados falharam, e começa a enumerar seus vários erros:
ü
Não
sejam idólatras, como alguns deles foram, conforme está escrito: "O povo
se assentou para comer e beber, e levantou-se para se entregar à farra".
ü
Não
pratiquemos imoralidade, como alguns deles fizeram — e num só dia morreram
vinte e três mil.
ü
Não
devemos pôr o Senhor à prova, como alguns deles fizeram — e foram mortos por
serpentes.
ü
E
não se queixem, como alguns deles se queixaram — e foram mortos pelo anjo
destruidor.
ü
Por
isso, meus amados irmãos, fujam da idolatria.
ü
Ninguém
deve buscar o seu próprio bem, mas sim o dos outros.
ü
Assim,
quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória
de Deus.
ü
Não
se tornem motivo de tropeço, nem para judeus, nem para gregos, nem para a
igreja de Deus.
Igreja
precisa ter memória, para não cometer os mesmos erros do passado. Nos dias de
Belsazar, filho de Nabucodonor, o império babilônico caiu nas mãos dos Medos e
Persas. Daniel fez uma análise dura sobre o descaso de Belsazar e sua
leviandade ao tratar a história. “Tu,
Belsazar, que és seu filho, não humilhaste o coração, ainda que sabias tudo
isto” (Dn 5.22).
Belsazar desconsiderou a história. Pela
forma como responde ao rei, temos a impressão nítida da irritabilidade de
Daniel com a maneira que as coisas foram conduzidas no império, porque quando o
rei fala dos prêmios que ele iria receber, caso interpretasse os sonhos, Daniel
os recusa veementemente.
O rei viu o que aconteceu com seu
próprio pai por ter desprezado a Deus. Ele sabia dos fatos, no entanto,
insistiu nos mesmos erros. Quantas vezes agimos assim?
Belsazar desprezou as lições da
história Esta é a triste realidade de muitos que sabem de tudo, mas ignoram as
implicações da história, rejeitam a Deus e fazem opção pelo pecado. Desprezar a
história, pode ser fatal, tanto para culturas, nações, igrejas, famílias e
indivíduos. Isto aconteceu a Belsazar.
Muitas igrejas hoje são
irrelevantes, porque não conseguem aplicar as lições da história na sua
metodologia, insistem em cometer os mesmos equívocos, caminhar pelos velhos
sistemas sem perceber as mudanças na sociedade ao seu redor. Continuam a manter
a mesma atitude de pecado e opções legalistas, obtusas, pecaminosas, que a
igreja já cometeu no passado, quando deveríamos ter aprendido que fazer as
coisas do mesmo jeito nos levam para os mesmos resultados, como diz o poeta
brasileiro: “a lição sabemos de cor, só nos resta aprender”.
Uma igreja relevante não pode se
dar ao luxo de continuar cometendo os mesmos erros de outrora. Precisa
aprender.
Décimo terceiro, igrejas relevantes possuem uma esfera de acolhimento
e amor.
Quando Paulo fala da ceia do
Senhor (1 Co 11.17-34), ele inicia a perícope censurando a atitude de descaso
da comunidade. “Nisto, porém, que vos
prescrevo, não vos louvo, porquanto vos ajuntais não para melhor, e sim para
pior” (1 Co 11.17).
A igreja de Corinto era uma
igreja insensível e fria nos seus relacionamentos. Em alguns casos, como Paulo
cita durante a Ceia do Senhor, o tratamento que era até mesmo de descaso. A
igreja estava repetindo o mesmo padrão mundano, de pessoas que desprezavam os
pobres. Então, quando iam participar da ceia, as pessoas mais ricas que traziam
melhores comidas, pegavam sua melhor parte e não dividiam com as pessoas mais
pobres, que traziam coisas mais baratas, um cardápio menos rebuscado.
Muitas igrejas excluem da
comunhão aquelas pessoas que cometeram algum pecado público e escandaloso. Eu
não sei se há fundamento bíblico para isto. Se entendemos a ceia como um dos
meios de graça, a inclusão na ceia seria um meio de fortalecer o irmão fraco,
ou aquele que está lutando contra a tentação e tentando vencer seus pecados.
Portanto, uma pessoa que demonstra arrependimento pelo seu pecado deveria ser
perdoada e participar da ceia. Obviamente a ceia não deve ser ministrada àqueles
que “não se examinam” e fazem as coisas levianamente. Curiosamente, a grande
censura que existe no texto, porém, não é àqueles que cometeram pecados
públicos, mas àqueles que não possuem simpatia com os demais irmãos da
comunidade. “pois quem come e bebe sem
discernir o corpo, come e bebe juízo para si” (1 Co 11.29).
O que significa não discernir o
corpo?
Isto tem a ver com a incapacidade
de sermos acolhedores e amáveis para os demais membros da comunidade, de sermos
indiferentes e distantes com aqueles que são mais simples. Isto significa
ignorar, tratar com mesquinhez, não acolher o outro em meu coração, insistir em
viver uma vida distanciada do amor e da sensibilidade para com o próximo.
Existem muitas igrejas amáveis e
acolhedoras, que se tornam relevantes por causa do seu amor, preocupação com o
pobre, cuidado, proteção, atenção e disposição em abraçar o outro e acolhimento
aos seus membros. Numa sociedade impessoal, individualista, despersonalizada,
como a nossa, igrejas serão relevantes quando se mostrarem amáveis.
Igrejas acolhedoras são
relevantes em seu ministério. Impactam cidades, influenciam pessoas, abençoam
vidas. Não sem razão, Paulo escreve todo o capitulo 13 desta carta para falar
do amor. Nenhuma igreja será relevante se não aplicar os valores relacionados
ao afeto na sua vivencia diária.
Décimo quarto. Igrejas relevantes entendem a importância dos dons
espirituais.
Dois capítulos inteiros foram
escritos para regulamentar os dons espirituais na igreja de Corinto. Na verdade
foram três, se considerarmos o capitulo 13 de Corinto em toda esta unidade
literária que vai de 1 Co 12.1 até 1 Co 14.40. Alguém já afirmou que o capitulo
treze é como a salsicha que deve ficar entre as duas partes de um pão para
fazer o cachorro quente. Dons espirituais nunca devem ser estudados sem uma
profunda reflexão sobre o amor, para que não se transforme numa questão de
vaidade pessoal e falsa superioridade espiritual.
Na verdade, parece que Paulo não
estava tão preocupado com os dons espirituais em si. Para muitos, esta é a
grande discussão do texto. Se considerarmos sua introdução a este tema,
vemos que a preocupação de Paulo não era com os dons, mas com a forma como os
dons estavam sendo usados, tanto é que ele não proíbe os dons, antes “proíbe
proibir” (1 Co 14.39), e os regulamenta para uso no culto público.
Em 1 Co 12.1 Paulo introduz o
assunto dizendo: “A respeito dos dons
espirituais, não quero, irmãos, que sejais ignorantes”. Traduzindo
literalmente, a expressão grega “peri de
ton pneumatikon”, dá ideia de “a respeito dos espirituais”. O problema não
eram os dons espirituais, mas os espirituais.
Paulo aplica a metáfora do corpo
para falar sobre os dons. Isto facilita tremendamente a compreensão das
verdades relacionadas aos dons. “Ora, assim como o corpo é uma unidade,
embora tenha muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um
só corpo, assim também com respeito a Cristo”. (1 Co 12.12). Neste corpo espiritual,
todos membros são úteis e necessários, todos tem seu valor e seu lugar. Ninguém
pode ser descartado.
Um dos maiores problemas das igrejas são as pessoas que não exercem seus dons. Você pode ter uma grande comunidade, de pessoas acomodadas, sem envolvimento, distantes. Igrejas relevantes encorajam e apoiam os ministérios leigos. As pessoas encontram seu lugar no corpo e aprendem a servir e a se tornar efetivas no exercício de seus talentos. Muitas pessoas com grande poder de mobilização e cooperação, tornam-se inúteis no corpo de Cristo, sobrecarregando outros membros, eventualmente menos capacitados. A tragédia de pessoas sem envolvimento e participação é facilmente percebida. Em geral, apenas 20% das pessoas trabalham, enquanto outras assistem, e eventualmente criticam, aqueles que estão envolvidos.
Nas
Igrejas relevantes as pessoas sabem seu lugar no corpo e cooperam para o
crescimento, qualidade ministerial, planejamento, execução e envolvimento
comunitário. O poder da força de um grupo mobilizado é uma grande benção, e
isto faz a diferença entre igrejas efetivas e não efetivas.
Décimo quinto, igrejas
relevantes não negociam doutrinas fundamentais
– A Igreja de Corinto estava enfrentando um problema doutrinário profundo e
essencial: Algumas pessoas na igreja estavam colocando em xeque uma das
doutrinas essenciais do cristianismo: A ressurreição dos mortos.
Um
grupo dizia: Jesus ressuscitou, mas isto não tem nada a ver conosco.
Outro
grupo dizia: Jesus não ressuscitou. Esta afirmação é um mito e deve ser
desconsiderada.
Paulo,
como pastor e plantador desta igreja, faz um longo discurso apontando a
seriedade da ressurreição no escopo da fé cristã.
Paulo
ensina porque a igreja precisa crer na ressurreição:
1.
Porque
a ressurreição está fundamentada no testemunho de centenas de
pessoas: Apareceu a Cefas e aos doze (1 Co 15.5); depois, foi visto por mais de
500 discípulos de uma vez em Betânia
(1 Co 15.6), por Tiago (1 Co 15.7) e depois pelo próprio
Paulo. Todas estas aparições se deram num espaço
de 40 dias e nunca mais. Não poderiam ser alucinações
coletivas – porque elas não acontecem numa hora e desaparecem. Não
havia predisposição entre os discípulos
de crer, portanto não era fruto de sugestão
psicológica.
2.
Porque
a doutrina da ressurreição sustenta nossa fé
(1 Co 15.14.17). Se a ressurreição pudesse ser provada como falsa, a fé
cristã não se sustentaria;
- Porque se a ressurreição não aconteceu, não apenas criamos um embuste, mas
estamos contra Deus, pois asseveramos contra Deus que ele fez, quando ele
não fez. Isto é fraude (1 Co 15.15).
- Porque sem ressurreição, a vida não tem coerência (1 Co 15.19). o que seria a vida
humana se tudo terminasse num túmulo frio. Que coerência e sentido teríamos em nossa vida?
5.
A
ressurreição nos motiva a adoração e ao serviço. 58 “Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre
dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil” (1 Co 15.58).
Igrejas relevantes não negociam
doutrinas essenciais.
Em nome do pensamento moderno, ou
pela influência liberais que se infiltram na igreja, corre-se o risco de
abandonarmos a fé simples e genuína. “Porque
eu recebi do Senhor, o que também vos entreguei” (1 Co 11.23). Temos que
entregar o que recebemos. O envelope pode ser diferente, a metodologia com
outra roupagem, os meios adaptáveis, mas jamais podemos suprimir ou negar a
eficácia das grandes verdades do evangelho.
Historicamente, igrejas sempre
perderam seu poder na história e sua relevância, exatamente porque abriram mão
dos pressupostos simples e poderosos do evangelho. Não podemos negociar,
sublimar aquilo que a fé simples do evangelho nos trouxe. Devemos entregar o
que recebemos.
Décimo sexto, igrejas relevantes são afetivas nos seus
relacionamentos.
Grande parte do que ocupa o capítulo 16 desta carta são as exortações finais e
as saudações que Paulo faz àquela igreja.
Apesar de ter sido maltratado e
questionado, acusado injustamente, não vemos um Paulo amargo e desiludido, mas
vemos um homem carregado de afetividade no trato com as pessoas. Ele demonstra
preocupação pessoal com o bem estar de Timóteo, que era conhecido por sua
timidez; de Apolo, líder apaixonado pelo evangelho, os obreiros que de forma
direta cuidavam daquela igreja (1 Co 16.10-12).
Paulo fala carinhosamente de
Estéfanas, cuja família foi a primeira a se converter na Acaia, fala da alegria
que sente pela sua vinda acompanhado de Fortunato e Acaico, que trouxeram
refrigério para sua alma. Muitos colegas de ministério trazem agonia e angústia
aos nossos corações, mas Paulo fala de forma carinhosa de todos eles (1 Co
16.15-18).
E conclui esta epistola falando
da graça de Deus, do amor entre todos e encorajando-os a saudarem uns aos
outros com ósculo santo. Como dissemos anteriormente, esta era uma forma
cultural dos homens cumprimentarem entre si, ela, não necessariamente precisa
ser exercitada da mesma forma em todas as culturas, mas seu princípio segue
inegociável: é proibido ser frio. Se vivemos em comunidade, precisamos olhar o
outro com atenção. Não há espaço para a indiferença.
Igrejas relevantes aprendem a
viver este estilo de vida que a igreja de Cristo possui. Tornam-se efetivas
porque aplicam as verdades do evangelho em suas vidas.
Conclusão:
Chegamos ao final desta série de
sermões sobre a Igreja relevante no meio de uma sociedade desorientada e
confusa. Este é o grande desafio da igreja em todas as épocas.
A sociedade pode mudar na sua
abordagem, mas sabemos pela palavra de Deus, que a inclinação natural do homem
é se afastar de Deus, se perder em seus raciocínios falazes, em sua auto
glorificação, esquecer-se de Deus e construir seus ídolos. O resultado quando o
homem se afasta de Deus é impiedade, perversão e confusão. O homem de Deus
perde sua referência e significado, por isto cria outros deuses. Como
consequência, se perde também em seus afetos naturais, nas suas emoções, nos
seus corpos e nas suas mentes como bem descreve os versículos iniciais da carta
de Paulo aos Romanos.
O resultado é cansaço, desilusão,
tristeza, perda do Sagrado.
A igreja de Cristo existe
exatamente para isto. Seu propósito é “anunciar
as virtudes daquele que nos chamou das trevas para sua preciosa luz”. Precisamos
de autoridade, santidade, verdade e amor para que nosso testemunho não se
enfraqueça, antes se torne poderoso, para que a sociedade atual, confusa e
desorientada, seja impactada de forma eficaz pelo testemunho de igrejas
relevantes.
Que Deus nos abençoe!!!