Introdução
Existem duas formas clássicas de se levar a vida:
Com paixão
ou com apatia.
Vivendo na apatia
Quando optamos pela apatia, assumimos a filosofia do Zeca
Pagodinho: “Deixa a vida me levar, vida leva eu”, ou do “Akuna Matata”, “não há
preocupação, tudo vai dar certo”. Esta é a atitude de muitos que desistiram de
sonhar, vivem cada dia do jeito que der, sem desejo de avançar. Aliás, numa
entrevista recente, Zeca Pagodinho afirmou: “Se eu vivesse apenas deixando a vida
me levar, seria um caos”. Entretanto, muitos levam a vida desta maneira.
Vivem sem entusiasmo, desanimados, desencorajados,
frustrados com a sua história e sem perspectiva. Este é o “modus operandis” da
apatia. As características comuns da apatia são o desânimo, a busca incessante
por entretenimento, desistência, vontade exagerada de dormir e comer, ou
dependendo do caso, não comer.
Vivendo com paixão
A outra forma de viver é com paixão. Para muitos a vida é
cheia de oportunidades, e embora seja Deus quem faz todas as coisas, este mesmo
Deus encoraja o trabalho, condena a indolência e a indiferença, e a Bíblia está
cheia de advertências contra a preguiça.
Pessoas assim vivem apaixonadamente. De certa forma há
sempre uma descarga de adrenalina movendo o coração, são carregadas de
entusiasmo, e vêem a vida com expectativa e esperança.
A palavra “paixão” é, etmologicamente, uma palavra
pesada, já que vem do grego “pathos”,
cuja raiz é “patologia” (doença, enfermidade). Negativamente falando,
paixão pode ser algo desbalanceado, que desequilibra as emoções e a mente. A
Bíblia chega até a afirmar que “a loucura
é mulher apaixonada, ela é ignorante e não sabe coisa alguma” (Pv 9.13).
Paixão enlouquece e é ignorante. Neste sentido, paixão é negativa.
A palavra paixão, contudo, pode ser empregada em vários
sentidos positivos, e é assim que a quisermos empregar. Pode-se falar de
“paixão pelas almas”, que foi o tema de um dos livros Oswald Smith, um dos
maiores evangelistas do cristianismo, e que inspirou muitos pregadores mundo
afora. Podemos falar de “paixão pelos perdidos”, ou “paixão pela vida”. Jurgen
Molltman escreveu seu mais importante livro, “Paixão Pela Vida” sobre este
assunto. A falta de paixão destrói a criatividade e se transforma numa morte
antecipada. A falta de paixão tira o entusiasmo e o brilho dos olhos.
É muito comum, e em alguns casos, desesperador, observar
como falta entusiasmo e paixão pela vida. Não é raro encontrarmos pessoas
completamente cansadas, esgotadas, desencorajadas e frustradas. Perderam a
motivação para realizar a obra, estão caminhando no automático, sem alegria,
sem vibração, sem entender sequer o que foram chamados a fazer e o que deveriam
estar fazendo.
Estudos apontam um exacerbado cansaço na geração moderna.
Além do estresse estar cada vez mais presente na vida das pessoas, ele também
está chegando cada vez mais cedo. Dados da pesquisa IBOPE Inteligência apontam
que 98% dos brasileiros dizem ter algum nível de cansaço físico ou mental. Os
jovens entre 20 e 29 anos são os mais cansados e 99% afirmam estar exaustos.
São muitas pessoas com esgotamento, Síndrome de Burnout,
cansados de estarem cansados. Há uma exaustão social que atinge o corpo, a
mente e as emoções no contexto onde se dá a robotização da vida. O filósofo
coreano Byung-Chul Han disse bem: estamos na “era do cansaço.”
Um provérbio oriental afirma: “homens fortes criam tempos
fáceis, e tempos fáceis geram homens fracos, mas homens fracos criam tempos
difíceis, e tempos difíceis geram homens fortes.
Desânimo é uma das armas mais sutis do diabo, e um dos
sentimentos mais comuns da raça humana. De tempo em tempo somos confrontados
com experiências que nos leva à depressão e geram em nós um sentimento de
fracasso. Satanás sabe que o entusiasmo para viver e lutar é o dinamismo básico
de Deus para nos dar vitórias. Aliás a palavra entusiasmo é bastante sugestiva,
já que ela vem de dois termos gregos, en (dentro), e Theos (Deus).
Etmologicamente significa, Deus dentro de nós. No texto lido, Elias é
pressionado e passa por uma forte crise de desânimo. A pior falência de uma
pessoa é a perda do entusiasmo.
Para nossa reflexão, vamos analisar a vida do profeta
Elias, um dos profetas mais impressionantes das Escrituras.
Ele era um homem poderoso em palavras e atos, e
representa todo o ministério profético do Antigo Testamento. Contudo, este
texto revela que mesmo homens tão fortes, podem jogar a toalha e desistir da
vida.
A realidade do desencorajamento
1. Desencorajamento pode acontecer no auge do sucesso, não apenas em
tempos de crises.
O texto de 1 Rs 18 mostra o poder de Deus operando na
vida de Elias, quando desafiou e confrontou um sistema de falsa religião que
havia se tornado a religião oficial de Israel. Os profetas e sacerdotes ligados
a Baal, tinham livre acesso ao palácio, por causa da influência nociva de
Jezabel, e comiam na sala do palácio. Nem os profetas de Deus tiveram
tratamento assim em nenhum momento da história de Israel. Às vezes acho que a
igreja não trata com honra tão grande os seus pastores e líderes, quanto o
mundo trata seus sacerdotes pagãos e feiticeiros.
Ainda no capítulo 18 vemos Elias profetizando chuva,
depois de um longo periodo de seca sobre Israel. A experiência é
impressionante, porque quando ele anunciou que a chuva viria, havia apenas uma
pequena nuvem nos céus, e a chuva veio abundantemente, revelando a graça de
Deus sobre o ministério de Elias.
Estes dois episódios revelam que o desencorajamento do
profeta não veio em tempos de aflição e queda, mas no apogeu da sua carreira,
por isto podemos afirmar que desencorajamento
pode acontecer no auge. Muita depressão, doença, acusação, oposição, pode se
dar quando tudo vai bem. Afinal, “sucesso gera competição, fracasso gera
comunidade” (Rick Warren).
Você pode ser um sucesso, profissionalmente admirado por
muitos, mas estar com a vida sendo solapada pelo cansaço, stress, burnout, com
seu mundo psicológico desmoronando, pensando até mesmo em tirar a vida. Nunca
houve tanto suicídio no mundo e os países que apresentam o maior número de
suicidios não são países pobres, onde as pessoas sofrem carência e
necessidades, mas em países com alto índice de IDH. Na Noruega há mais
suicídios que assassinatos. Alguma coisa vai mal no coração do homem,
roubando-lhe as expectativas, alegrias e sonhos. Grandes e bem sucedidos homens
de negócios no mundo de Wall Street, são tentados ao suicídio. Kurt Conbaim
tirou sua vida com um tiro na cabeça, aos 27 anos, quando sua banda Nirvana
vendia milhões de cópias atraindo multidões.
2. Desencorajamento pode ser resultado de falsas expectativas.
A história da obra de Deus na vida de Elias é
surpreendente. Ele desmascarou os profetas de Baal demonstrando a fragilidade
do deus em quem estavam colocando sua confiança e revelou o poder do Deus de
Israel, que eles estavam abandonando.
Logo a seguir, ele ainda manda um recado ao rei Acabe
dizendo que era para ele correr para Jezreel, porque Deus estava mandando uma
forte chuva depois de três anos de seca. Quando ele disse isto, não havia
sequer uma pequena nuvem no céu, e foi o que aconteceu. “Dentre em pouco, os céus enegreceram com nuvem e vento, e caiu grande
chuva. Acabe subiu ao carro e foi para Jezreel” (1 Rs 18.45).
Se lermos com atenção, veremos que quando o rei se
dirigiu para Jezreel, Elias também foi correndo, como um maratonista, em
direção ao local que ficava o palácio de Acabe.
Fico sempre indagando o porque dele ter corrido para
Jezreel. Ele sempre fora uma persona non
grata naquela cidade. Por que então ele corre chegando à cidade antes mesmo
do rei? O que Elias teria em mente? Alguma pretensão de reconhecimento? Ele que
sempre vivia fugindo da realeza? Será que Elias em algum momento considerou a
possibilidade de que agora eles entenderiam seu ministério e chamado e lhe
dariam honra?
Talvez sim, talvez não.
Se não, então, porque se dirigiu a Jezreel?
Não podemos explicar claramente.
Olhando intuitivamente para o texto, a partir do meu
coração idolátrico sempre buscando aprovação das pessoas e reconhecimento pelo
meu trabalho, acho que Elias estava buscando um tempo de refrigério e descanso.
Talvez ele tivesse imaginado que finalmente a maligna rainha Jezabel cairia em
si e ele poderia sossegar de tanta perseguição, e quem sabe, até se tornar
agora o homem de referência daquele reinado que até então se opunha tanto a
Deus.
Apesar de todos os acontecimentos, Jezabel endureceu
ainda mais seu coração e se tornou ainda mais ameaçadora. Ela está cheia de
ódio e raiva. Às vezes criamos expectativas em relação à vida, aguardamos
reconhecimento das pessoas, queremos aplausos, mas estas coisas não acontecem,
e então ficamos ainda mais desanimados. O resultado de tudo o que aconteceu não
trouxe admiração dos poderosos sobre o ministério de Elias. O resultado foi uma
oposição ainda maior.
Quando Jezabel soube o que Elias havia feito e como
matara todos os profetas à espada, ela mandou um mensageiro a Elias a
dizer-lhe: “Façam os deuses como lhes
aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida, como fizeste a cada
um deles” (1 Rs 19.2).
O recado estava dado e Elias tão acostumado à oposição e
ao confronto, não suportou mais a pressão e desmoronou. No auge do ministério,
quando aparentemente tudo estava finalmente entrando nos seus eixos, ele se
fragiliza por completo.
Sua fragilidade é tanto física
quanto existencial. Elias era considerado uma escória para o
reinado de Acabe, ele não tem aceitação social, torna-se o inimigo público
número um. Seu corpo e mente
estão fracos, é duro ficar sempre lutando uma batalha aparentemente inglória.
3. Na raiz do desencorajamento encontra-se o medo.
Logo após ouvir o mensageiro enviado de Jezabel, a Bíblia
registra: “Temendo, pois, Elias,
levantou-se, e, para salvar a sua vida, se foi, e chegou a Berseba. Que
pertence a Judá, e ali deixou o seu moço” (1 Rs 19.3).
De que
tem medo Elias?
O medo
possui algumas características:
a. O medo é ilógico, não faz
sentido.
Elias tinha acabado de destruir toda uma estrutura
maligna que se instalou em Israel. Ele enfrentou corajosamente e Deus lhe deu
vitória neste embate público. Anteriormente ele tinha confrontado emissários de
Acabe, com todo aparato militar, e Deus lhe havia dado vitória.
De que Elias ainda tinha medo? Qual era seu medo? Talvez
o problema básico dele não fosse medo da morte já que sua vida sempre estivera
por um fio e Deus o libertara em todas as ocasiões. Talvez fosse o medo do
fracasso, da rejeição. Ou quem sabe, o sentimento de solidão que ele abrigava,
sua orfandade.
E quanto
a nós? De que temos medo?
Quais são os fantasmas que habitam as nossas sombras, que
nos atormentam? Quais são os nossos medos?
“Quem intentará
acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os
condenará? É Cristo Jesus quem morreu, ou antes, quem ressuscitou, o qual está
à direita de Deus e também intercede por nós” (Rm 8.33-34).
Isto nos
leva ao segundo ponto.
b. O medo é idolátrico – Ele vem
pelo fato de não colocarmos nossa confiança no caráter de Deus.
Por que deveríamos ter medo? Afinal, nem mesmo a morte
deveria nos atormentar. “Se morremos,
para o Senhor morremos; se vivemos, para o Senhor vivemos. Quer morramos ou
vivamos, somos do Senhor”.
Medo do fracasso? A não ser provocado pelo nosso próprio
pecado e por sucumbirmos as tentações, nada deveria nos assustar.
John E. Haggai afirma: “Se você perder tudo, mas não
perder a sua integridade, tudo pode ser reconstruído”.
O medo é idolátrico, porque colocamos nossa confiança em
outras coisas além de Deus. Não permitimos que Deus seja o centro e governe a
nossa história. Temos medo porque nos esquecemos quem é Deus, quem somos aos
seus olhos e como ele governa a nossa vida. Deixamos de olhar para Jesus e
olhamos para a força da tempestade, e assim, afundamos.
c.
Medo de viver ou medo de morrer? Elias não temia a morte, mas se sentia frágil diante da vida.
Podemos ver isto claramente no fato de que ele pede para
morrer. O que Elias temia era enfrentar a vida.
Na verdade o nosso maior problema não é a morte, mas a
vida. Quando desanimamos nos suicidamos psicologicamente.
Elias tem medo do fracasso.
Aqui está todo o seu ponto de tensão.
Muitas pessoas tem medo de não darem certo na vida, de
não corresponderem as expectativas em torno deles. Milhares de adolescentes
japoneses se suicidam porque não conseguem corresponder às expectativas da sociedade
e da família. Creio que este é um dos medos mais comuns entre os homens, os
pais de família, que tem que lidar com as situações adversas, com contas para
pagar, com o desemprego, com a angústia de não ter dinheiro para pagar a escola
do filho, ou não poder dar aos filhos a viagem dos sonhos.
Na maioria das vezes o nosso medo é inconsciente. Temos
medo de envelhecer mas não sabemos elaborar este sentimento, alguns tem medo de
“alma do outro mundo”, outros de fracasso, falência, morte. Aliás, depois da
morte, o segundo maior medo do povo americano é ser exposto em público.
Em alguns casos, o medo pode ser paralisante, torna-se a
nossa obsessão e passa a dirigir a nossa vida. Rick Warren afirma que existem
várias coisas que podem dirigir a nossa vida: culpa, ansiedade, ambição,
dinheiro – e o medo é um destes aspectos que podem se tornar centrais em nossa
história e passar a nos conduzir.
4. Desencorajamento pode ser sinal de acúmulo de tensão.
Numa escala de cansaço e desânimo, Wayne Cordeiro afirma
que há três níveis que devem ser considerados:
- Num primeiro momento, o
stress. Dificuldade de fazer as coisas, um cansaço exagerado. Surge o
primeiro sintoma de que algo não está bem. O nível de produtividade e de
entusiasmo pelo que fazemos cai consideravelmente.
- Num segundo momento, uma
desestrutura emocional. Nestas horas a bandeira se torna amarela. Algo não
vai bem e isto vai se tornando perceptível. Neste momento pode surgir uma
angústia indefinida, sudorese, insônia.
- Num terceiro, e mais grave
dos quadros, surge o burn-out. Esta palavra que não tem tradução para o
português significa uma completa destrutura psíquica. Há um colapso das
emoções. Choros inexplicáveis, síndrome de pânico, incapacidade de
equilibrar os sentimentos, desejo de morte.
Elias, na verdade, revela o nível três. Elias pediu para
si a morte. Alguns não pedem, mas causam a morte. Não podemos ignorar nenhum
dos níveis, porque eles são gradativos e eventualmente passam rapidamente do
primeiro para o terceiro nível, mas precisamos aprender a enfrentar de forma
positiva, todas estas situações.
Wayne Cordeiro sugere que precisamos manter nosso “tanque
emocional” sempre cheio para que as funções psíquicas se tornem equilibradas.
Ele sugere um exercicio simples para isto:
O que enche o seu tanque emocional?
Comece a anotar aquilo que você precisa fazer para que
suas emoções sejam adequadamente alimentadas. Tenho percebido como isto é
prático para minha vida.
Uma das coisas que mais enche emocionalmente o meu
“tanque” é pescaria, meu hobbye predileto. Nada como um tempo na beira de um
rio, matando mosquito e agarrando o anzol no fundo do rio. Para uns este seria
um pesadelo, para mim um momento de profundo relax e restauração psicológica e
física. Outro ponto que enche emocionalmente meu tanque é a leitura
despreocupada de um bom livro, um tempo devocional sem pressa, uma viagem sem
pressa, ir para a cozinha e preparar comida, um encontro com amigos em torno de
uma churrasqueira, tudo isto são coisas que me fazem bem.
O que “esvazia o seu tanque?”
Por outro lado, precisamos refletir sobre aquilo que
deixa meu tanque vazio.
Quando tentei fazer isto, foi fácil diagnosticar.
No meu caso, uma das coisas que mais me “esvazia” é uma
DR (Discussão do relacionamento). Sei que maridos precisam conversar com as
esposas, que de vez em quando é necessário ajustar os pinos, mas para mim é
sempre uma canseira discussões sobre o casamento, porque na maioria das vezes,
sinto que eu não entendo a linguagem da minha esposa nestas horas e nem ela a
minha. E olha que estamos fazendo 38 anos de casado...
Outra coisa que me esvazia, é o excesso de atividade.
Quando entro numa roda viva, e as tarefas começam a amontoar na minha mesa,
tenho que fazer determinadas coisas, e a agenda não me permite descanso, tenho que
ir estudar quando estou querendo dormir ou ir para a televisão. Esta é uma
situação de stress.
Outro fator que me estressa são dívidas. Quando compro
algo e tenho que correr atrás do recurso, e o dinheiro pode não vir. Dívidas me
deixam irritado... por isto afirmo que jamais conseguiria ser um homem de
negócios, que tem que trabalhar debaixo de pressão e stress, e precisa aprender
a conviver com dívidas.
Outro aspecto que me estressa são cobranças dos outros.
Na verdade me cobro mais que as pessoas. Quando algo não
vai bem sobre a minha liderança, ou sobre a minha performance, ou qualquer
insinuação de que as coisas não andam bem por minha causa, isto me deixa
estressado.
E você?
O que enche e esvazia o seu tanque emocional?
Pegue uma folha de papel, ou o seu celular onde você
anota as coisas, e escreva o que enche e esvazia sua alma.
Quando esvaziamos demais, sem reposição, surge o stress,
a quebra emocional e o burn-out. Procure manter seu tanque cheio com coisas que
podem ajudar você a descansar e a repor sua energia.
5.
Desencorajamento desestabiliza
Há um detalhe muito interessante presente neste texto.
Logo depois da ameaça de Jezabel, Elias saiu do local onde ficava a residência
do rei para fugir da perseguição. “Temendo,
pois, Elias, levantou-se, e, para salvar sua vida, se foi, e chegou a Berseba,
que pertence a Judá; e ali deixou o seu moço” (1 Rs 19.3).
Ao lermos superficialmente o texto, não fazemos ideia da
distância que Elias percorreu. Na verdade, ele saiu de Jezreel, atravessou todo
reino de Judá até chegar a Berseba, já saindo em direção ao Egito. Algo em
torno de 300 km. Caminhando 20 kms por dia, isto significa que ele andou a pé
por 15 dias. O seu desânimo o desestrutura. Ele não consegue ficar mais no seu
território, ele abandona o campo. Ele largou seu ministério. Já viu algum
pastor deixando a igreja e sumindo? Os casos não são tão frequentes mas de vez
em quando ouvimos relatos sobre isto.
Algum tempo atrás, um pastor de nossa denominação
desapareceu. Por ser do Rio de Janeiro, a tensão aumentou consideravelmente.
Teria sido assassinado? Latrocínio? Sequestro? Exigiriam algum resgate?
Acidente? Depois de quatro dias de busca, alguém casualmente o encontrou
andando displicente numa cidade no interior de Minas Gerais. O que aconteceu
com ele?
Você já pensou em abandonar o campo? Já considerou a
possibilidade de desistir? De “jogar a toalha”? De não retornar ao trabalho?
Parar seus estudos?
Uma das consequências imediatas do desencorajamento é a
perda do equilíbrio pessoal. Nos desajustamos. Por isto vamos encontrar Elias
muito longe da área de sua influência e seu chamado.
Elias perde o
sentido da vocação. Isto pode ser observado na pergunta: “que fazes aqui, Elias? (1 Rs 19.9) Esta é uma pergunta de Deus para
levar o profeta a refletir. Ela é tão séria e necessária que o indaga duas
vezes sobre o mesmo assunto (1 Rs 19.9,13)
6.
Desencorajamento traz desistência
Elias joga a toalha e literalmente desiste do seu
chamado. Ele diz a Deus: “Basta; toma
agora, ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais” (1 Rs
19.4). “Basta!” Elias chega ao seu
limite.
Seu limite gerou apatia. Mesmo depois de receber o
alimento do anjo do Senhor, o texto afirma que ele “comeu, bebeu e tornou a dormir”.
A apatia tem duas características interessante:
- Você sabe o que fazer, mas
não quer fazer
- Você sabe o que precisa ser
feito, mas não tem foco.
Percebemos estas duas realidades em Elias. Ele desistiu
de ser profeta, e desiste até mesmo da vida. Ele não quer mais viver. Este é um
quadro depressivo assustador.
Um querido amigo meu me contou o que lhe aconteceu depois
de um ano de muitas perdas pessoais na área financeira. Ele começou a
considerar seriamente a possibilidade de tirar a sua própria vida, e o que lhe
assustou, foi a frieza como ele tratava esta questão, que lhe parecia algo
normal. Ele não tinha qualquer sentimento em relação à ideia de suicídio, nem
mesmo compaixão de si mesmo, da família, nem mesmo pensava em Deus. Felizmente
ele conversou com sua esposa sobre o assunto, procuraram ajuda psiquiátrica, e
hoje ele está sob tratamento e observação.
Outro aspecto que precisa ser considerado é que pessoas
mais fortes são as que, em geral, suicidam, porque levam mais tempo em pedir
ajuda, gritar por socorro, admitir fragilidade e vulnerabilidade, e nestas
horas podem facilmente sucumbir.
Elias se coloca debaixo de um zimbro (1 Rs 19.4). Uma
pequena árvore que se encontra aqui e acolá, no deserto da Judeia. Num outro
momento ele entra na caverna (1 Rs 19.9). Que imagem simbólica! Que lugar para
estar. Vemos aqui uma progressão na sua depressão. Ele foge. Vai para o
deserto. Se coloca debaixo de um zimbro. Entra numa caverna. Um ato após o
outro, cada vez mais severo e perigoso.
Elias entra numa caverna, mesmo
depois de Deus já ter ministrado ao seu coração. A caverna simbolicamente é a
penumbra da alma, lugar de pouca luz, onde crescem fungos. É neste lugar de
esquecimento, fugindo da ausência da luminosidade e do sol, que Elias deseja
estar, mas Deus vem ao seu encontro perguntar-lhe: O que fazes aqui Elias?
7.
Desencorajamento nos leva ao
vitimismo
Você
sabe o que é vitimismo?
Aquela
sensação de auto comiseração, quando começamos a sentir dó de nós mesmos.
Alguma vez já se sentiu assim?
Elias
não responde diretamente à questão que Deus lhe fez sobre sua vocação e
atitude: “Que fazes aqui, Elias?”. Ele
resolveu responder com atitude dó de si mesmo. “Eu fiquei só”. Ele faz esta afirmação duas vezes, isto mostra o
quanto ele se encontra introvertido (1 Rs 19.10,14).
Elias
desenvolve uma atitude de vítima, e quando agimos assim, a tentação é de
amargura, de culpar alguém, especialmente Deus, de não termos cuidado conosco e
de nos julgamos merecedores de uma atenção especial que não recebemos. O
resultado será a reação de introversão, de amargura, de auto compaixão.
Tome
muito cuidado quando você começa a ter pena de você e acha que as pessoas, ou o
mundo, ou os pais, ou a igreja, ou Deus, lhe devem alguma coisa. Toda depressão
possui um componente egóico, auto centrado, narcísico.
Em
2003, estava no meu primeiro ano da pastorado na Igreja de Anápolis, e a igreja
estava tentando se reerguer, depois de alguns pastorados conflitivos e duas
divisões consecutivas em apenas cinco anos. O quadro era de desânimo e isto se
refletia na frequência aos cultos e nas contribuições. O Bispo Paulo Aires, de
Recife, costumava afirmar que “dinheiro é o último a se converter, e o primeiro
a esfriar”. Por causa dos poucos recursos da igreja, meu salário nunca era pago
integralmente, mas sempre em partes e atrasado. Para qualquer planejamento,
isto é desafiador, você nunca sabe quando o dinheiro vai chegar e fica inseguro
para planejar suas finanças.
Lembro-me
bem, que no dia 25 de Agosto de 2003, não havia ainda recebido parte do meu
salário de Julho, e retornando para minha casa, comecei a sentir uma certa
indignação e dó de mim mesmo. Eu nunca havia pastoreado uma igreja que
atrasasse meu salário, e mesmo igrejas simples sempre eram capazes de pagar meus
honorários, e assim, parei na rua, e fiquei ali. Eu realmente estava sendo
tomado por uma reação típica de vitimismo. Eu estava com auto compaixão.
Nesta
hora, aconteceu alguma coisa surpreendente. Deus comunicou uma grande verdade
ao meu coração. “Por que estava me sentindo assim?” E uma palavra veio ao meu
coração: “continue trabalhando, eu vou cuidar de você!” Esta palavra de Deus
foi essencial à minha vida naquele momento. Eu entendi que o segredo não era
olhar para dentro de mim mesmo e me perder no meu narcisismo, mas era olhar
para Deus e confiar na sua amorosa provisão.
8.
Desencorajamento gera leitura
equivocada dos fatos
Elias
entrou num quadro de auto destruição, porque sua leitura estava errada.
Ele diz
duas vezes: "e eu fiquei só" (1 Rs 19.10,14)). Ele estava
errado na sua percepção, porque Deus lhe assegura que havia sete mil homens
fieis em Israel. Ele não estava só. Havia outras pessoas passando por lutas e
dificuldades naquela situação de apostasia que Israel enfrentava.
Quando
temos um olhar distorcido sobre a realidade, não conseguimos ver a realidade, nem
as oportunidades, mas só obstáculos e problemas. A carreira de Elias não estava
arruinada, ele não estava só. Havia um remanescente fiel em Israel. Deus lhe
mostra que sua leitura não era correta em relação à situação com a qual ele se
deparava.
Nossa melancolia
surge por olharmos pelo prisma errado, ou podemos dizer que por vermos as
coisas de forma distorcida, nos tornamos melancólicos. Deus mostra a Elias que
esta avaliação que ele fazia do mundo e da vida era errada (1 Rs 19.18).
É imprescindível lembrar que, sob
o fogo da aflição, nossos pensamentos não são claros. No Salmo 77, o salmista
faz uma série de afirmações negativas sobre Deus:
“De noite indago o meu íntimo, e o meu espírito
perscruta:
"Rejeita o Senhor para sempre? Acaso, não torna a ser propício?
"Rejeita o Senhor para sempre? Acaso, não torna a ser propício?
Cessou perpetuamente a sua graça? Caducou a sua promessa
para todas as gerações?
Esqueceu-se Deus de ser benigno? Ou na sua ira terá ele
reprimido as suas misericórdias?
Então disse eu: Isto é a minha aflição. Mudou-se a
destra do Altíssimo”
O salmista estava questionando
completamente a Deus, quando percebeu que o problema tinha a ver com sua
aflição. Ele percebe
que sua confusão é tamanha que chega a pensar que Deus não é mais o mesmo, que Deus
mudou o seu caráter! Quantas vezes pensamos exatamente assim. Precisamos lembrar
que Deus não mudou! A leitura e a interpretação equivocada nos dá a impressao
de que os fatos mudaram.
9. Desencorajamento nos faz perder o senso de propósito
Elias sempre foi um profeta fiel, mas agora ele se recusa
a ser profeta.
As duas vezes que Deus lhe pergunta: “O que fazes aqui Elias?”, é uma forma de
redirecionar sua vida.
Muitas vezes fugimos do chamado e vocação de Deus, e
ficamos tentando estar em lugares que Deus nunca nos chamou para estar.
Não são poucos os que perdem seu senso de propósito e
chamado. Uma crise pessoal, um fracasso no casamento, uma grande perda
financeira parece deslocar o eixo central da vida de determinadas pessoas que
se perdem, passando anos desencontradas e distantes dos propósitos de Deus.
Deus e o nosso desencorajamento
Por mais interessante que seja
o relato sobre a vida de Elias, seus dramas, medos, insegurança, leituras
equivocadas, este texto quer nos falar de Deus e de como ele cuida do seu povo.
Este texto aqui não é sobre Elias, mas sobre o Deus de Elias.
Revitalização é
obra de Deus. “Eis que um anjo o tocou e lhe disse: levanta-te e come!”(1 Rs
19.5). Deus inicia o processo. Não existe método: Coaching, psicoterapia,
psicanálise, pós graduação, congresso.
Como Deus trata Elias?
Como Deus nos trata?
- Deus toca o profeta – "Eis que o anjo do Senhor o tocou" (1 Rs 19.5).
É
certo que Deus usa estratégias diferentes para diferentes pessoas, mas a
primeira coisa que este texto nos revela é que Deus lhe toca por meio de
seu anjo. Deus aproxima-se do mundo de Elias, vai ao deserto visitá-lo. Antes
de julgar, cobrar, ou exigir, ele o toca.
Nas
nossas crises depressivas, momentos de desânimo, nada é mais restaurador que o
encontro de Deus com a nossa alma. Deus vem, por meio de seus mensageiros, para
conversar com Elias. Deus envia alguém para ajudar. "Um anjo o tocou". Estes mensageiros
de Deus podem vir em forma humana, algumas das mais inusitadas, Deus manda
socorro. O conforto de Deus vem através do toque do anjo. Por três vezes o anjo
faz isto (1 Rs 19.5,7). É este toque especial da graça de Deus para nos fazer
acordar, para que continuemos a viver. Precisamos desesperadamente do toque de
Deus para que saiamos da situação de miséria e desencorajamento.
Precisamos ser tocados por Deus. Toda iniciativa é de Deus: Ele procura o profeta, ele toca o
profeta, ele alimenta o profeta. é a dimensão da graça. Não vemos o profeta indo
na direção de Deus, mas Deus indo em direção do profeta. O toque de Deus o
fortalece.
- Deus alimenta o profeta – "Olhou ele e viu, junto à cabeceira, um
pão cozido sobre pedras em brasa e uma botija de água" (1 Rs
19.6).
A
insistência de Deus para que ele se alimentasse é marcante neste texto, por
três vezes Deus o manda comer (1 Rs 19.5,6,8). Nossa alma precisa se
alimentar.
A Bíblia diz que Deus
providenciou o maná para o povo no deserto, nos diz também que sua palavra é
alimento, nos fala também que Jesus é o Pão da Vida (Jo 6.35). Há momentos em
que não temos força nenhuma em nós mesmos, porque estamos anêmicos,
subnutridos, mal alimentandos e precisamos ser sustentados de forma maravilhosa
pelo alimento que somente Deus pode preparar. Ou Deus nos alimenta e nos
encoraja, ou estamos perdidos.
Um exemplo clássico disto é o
de Davi retornando a Ziclague e encontrando sua cidade em ruínas. A Palavra nos
diz que “Davi se reanimou no Senhor”
(1 Sm 30.6).
Precisamos ser alimentados por Deus. Deus envia o anjo para alimentar seu profeta... Alimentado por
Deus Elias anda 40 dias e 40 noites até Horebe, o Monte de Deus (1 Rs 19.8). É
o pão dos céus que nos alimenta e fortalece.
- Deus visita o profeta
– “Depois do terremoto, um fogo, mas
o Senhor não estava no fogo; e, depois do fogo, um cicio tranquilo e
suave” (1 Rs 19.12).
Este texto é forte e dramático.
Deus pede para que Elias se
levante e se coloque em pé diante do Senhor.
Deus envia primeiramente um
grande e forte vento que fendia os montes e despedaçava as penhas, mas o Senhor
não estava no vento. Depois do vento um terremoto, mas o Senhor não estava no
terremoto; depois do terremoto, um fogo, mas o Senhor não estava no fogo; e,
depois do fogo, um cicio tranquilo e suave (1 Rs 19.11-13).
Este texto é surpreendente,
porque Deus muitas vezes na Bíblia é associado a prodígios, milagres
sobrenaturais, intervenções históricas na natureza. Agora, entretanto, Deus não
se revela no meio destas coisas portentosas, onde geralmente imaginamos que
Deus possa estar. A própria vida de Elias está sempre ligado a manifestações
poderosas como a descida do fogo do céu e a chuva surpreendente no deserto. O
que Deus está querendo ensinar a Elias?
Muitas vezes estamos buscando
sinais e prodígios, mas Deus desafia Elias a experimentá-lo nas coisas mais
simples e pequenas da vida, como “um cicio tranquilo e suave”. É no cotidiano,
na vida simples e ordinária, que precisamos experimentar Deus. Elias estava
acostumado a grandes intervenções, e Deus agora o convida a contemplá-lo nas
coisas mais simples e belas da vida.
Tenho pensado muito nisto.
Obsessão por sinais nos adoece.
Somos muito pirotécnicos na
nossa fé, queremos grandes manifestações de Deus para crer. Apesar de todas as
obras poderosas de Deus, Elias ainda estava deprimido, desanimado e
desencojarado. O que nos sustenta é o sopro suave de Deus, tocando a nossa
vida, nos fazendo desfrutar da beleza e simplicidade deste Deus soberano e
majestoso.
Deus se revela num cicio
tranqüilo. O Deus do fogo e da chuva, agora deseja se revelar, não no
terremoto, no fogo, nem na tempestade, mas no vento do outono, na neve do
inverno. Deus vai se revelar através de coisas comuns, mas será uma experiência
rica (1 Rs 19.11-12). Deus precisa dar missão ao seu filho, mas antes precisa
se revelar e mostrar a realidade de sua presença. Não dá para caminhar se não
estivermos convencidos de quão perto Deus está. O problema é que muitas vezes
Deus tem se revelado mas queremos coisas grandes, quando ele está presente num
cicio tranqüilo, num vento calmo, numa flor, no gesto de seu filho, no abraço da
esposa, na comunhão com os irmãos, na vida que ele dá.
Precisamos perceber o movimento de Deus nos eventos
simples da vida. Não ficar dependendo de fortes ventos, terremotos, fogo, mas
considerar o “cicio tranquilo e suave de
Deus” (1 Rs 19.12)
Deus é sempre associado a manifestações poderosas, mas
aqui, neste processo didático, Deus quer que Elias o experimente não nos
eventos espetaculares, mas nos seus sussurros. Precisamos perceber Deus dia a
dia: Nas coisas simples. No jantar com os amigos, no beijo da esposa, no abraço
do filho, na visita a pessoas simples, na leitura devocional da Bíblia. Estas
coisas simples restauram nossa humanidade. Não fomos chamados para sermos
pessoas cheias do poder, mas pessoas cheias do Espírito, que gera em nós ternos
afetos de misericórdia e bondade.
- Deus lhe ordena levantar -
"Levanta-te e come" (1 Rs 19.5-7))
Por duas vezes Deus lhe manda
levantar e comer. Através do anjo, Deus o sacude para a vida. O anjo lhe toca e
o desafia. "Levanta-te!". Deus o ordena a romper com sua
atitude de prostração. Deus só o ordena levantar depois de lhe tocar e depois
de o alimentar.
Muitas vezes olhamos para a
pessoa amuada e a encorajamos a sair daquela atitude, mas sem o toque de Deus,
e sem alimento para a alma, ela vai continuar na situação de desistência. É o
mesmo que ordenar a uma pessoa desmaiada por causa da hipoglicemia, a se
levantar. Seu organismo está debilitado. Ela está inconsciente. Ela não tem
forças.
Deus providencia alimento tocando
em Elias, para que ele saia daquela situação. É hora de levantar. Quebrar a
inércia, voltar a viver. Deus o desperta
para que continue a missão. Elias é fortalecido, e caminha quarenta dias com a
força daquela comida (1 Rs 19.8).
Quando
chega a Horebe, o monte de Deus, o que faz? Mais uma vez entra na caverna.
Desânimo é reincidente, tende a retornar, e a pergunta que Deus por duas vezes
faz a Elias revela que Deus não o deseja naquele lugar, naquela situação e com
aquela atitude: "que fazes aqui, Elias?" (1 Rs 19.9-13). Deus
o leva a mudar a atitude. Elias não quer viver e Deus lhe diz que existe
muita coisa para ele realizar e ele não pode simplesmente ignorar o seu plano.
Existe um longo caminho ainda. Deus deseja ver sua obra se completando na vida
de seu servo.
- Deus dá novo senso de
missão –"Unge
a Hazael rei sobre a Síria. A Jeú, filho de Ninsi, ungirás rei sobre
Israele também Eliseu, filho de Safate, de Abel-Meolá, ungirás profeta em
teu lugar" (1 Rs 19.15,16).
O que
significa isto?
Deus
o leva a entender que sua tarefa ainda não terminou. Deus o faz importante.
Deus lhe dá novo senso de missão.
Muitas
vezes achamos que é o fim, entretanto, Deus nos manda levantar a cabeça e olhar
para a frente, aponta projetos, dá capacidade para que a gente sonhe novamente,
para que sinta que a vocação está aí, basta abrir os olhos, o projeto de Deus
para nossa vida ainda não acabou.
Vejo
colegas meus, que estão fora do ministério, fora da visão de Deus para suas
vidas, muitos se sentindo diminuído no seu projeto de ser gente, incapaz de
sonhar com o que Deus deseja para suas vidas, enfurnados na caverna do desânimo,
da falta de visão e missão, na falta de propósito. Vejo muitos homens
profissionais aposentados, gente competente, com tempo disponível, mas sem
propósito, apáticos. Vejo muitos líderes cristãos, que investiram tanto tempo e
dinheiro no reino de Deus, agora desanimados, sem descobrir para que vivem e
para que existem.
Deus
desafia Elias a continuar seu projeto, a não parar. Deus restaura em Elias o
sentido de sua vocação. Deus dá tarefas ainda muito importantes, num
momento em que o profeta acreditava que era o fim de sua carreira.
Deus lhe dá novos projetos. Deus o faz sonhar novamente
a.
Manda
voltar (19.15). Retomar, reorganizar. Não fugir, desaparecer.
b.
Deus
lhe coloca no papel central do seu chamado: Ser profeta sobre seu povo e “ungir
a Jeú” (19.16).
c.
Deus
lhe dá uma tarefa transcultural (1 Rs 19.15). Ir para damasco. Uma viagem de
cerca de 450 Kms de onde ele estava.
d.
Deus
lhe da ordem para não parar suas atividades enquanto novos agentes não forem
introduzidos: é preciso ungir a Eliseu (1 Rs 19.19).
- Deus corrige sua leitura equivocada da vida. Dá consciência de que nossa
avaliação é errada. Ele dizia: "Só eu fiquei". Deus lhe diz:
"Tenho sete mil que não se
ajoelharam diante de Baal nem o beijaram" (1 Rs 19.18).
Elias acha que o ministério já acabou, Deus lhe mostra
que existem muitas coisas importantes ainda para acontecer.
Ele quer encerrar sua carreira, Deus o desafia a
vislumbrar outros projetos.
Ele quer ficar na caverna alimentando sua depressão, Deus
vem atrás dele e o desafia novamente.
Quando estamos desanimados, geralmente fazemos avaliações erradas da vida. O Espírito Santo
vem nos revelar o novo de Deus, aquilo que ele deseja fazer em nossa vida.
Conclusão:
Jesus
é um bom exemplo de tudo o que estamos falando. Ele morreu naquela cruz infame,
porque era capaz de olhar o futuro e ver o projeto de Deus e sua missão sendo
alcançada. Jesus experimentou toda sorte de provocação, oposição, acusação,
solidão, mas ele estava morrendo naquela cruz para que um novo poder fosse
dispensado a nós, o poder do seu Espírito Santo.
Que
bom saber que não estamos sós diante da oposição, acusação, nosso Deus nos vê,
nos percebe, toca em nossa vida, nos alimenta com o Pão da vida, corrige nossa
visão equivocada da vida, dá novos sonhos, nos faz sentir importantes. Mas para
que isto acontecesse, algo muito especial se deu antes. Ele morreu , a fim de
que a vida que jorra daquela cruz nos fosse comunicada, para que sua beleza,
graça, poder e entusiasmo fossem repartidos conosco.
Naquela
cruz há poder, no Espírito Santo há poder e encorajamento.
Por
isto Jesus afirmou: "No mundo passais
por aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (Jo 16.33).
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