segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Ex 20.17 Décimo Mandamento Não cobiçarás



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Introdução:

O que traduzimos por cobiçar [em hebraico, lo thahh.módh] da raiz do verbo “hamad”, que significa uma manobra para se apoderar do que é dos outros.

De todos os pecados, este é o mais subjetivo, por isto o que mais facilmente se esconde, mas ao mesmo tempo, o que mais facilmente nos alcança quando olhamos cuidadosamente para o nosso coração.

Paulo afirma:
Mas eu não teria conhecido o pecado, senão por intermédio da lei; pois não teria eu conhecido a cobiça, se a lei não dissera: Não cobiçarás. Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, despertou em mim toda sorte de concupiscência; porque sem lei está morto o pecado” (Rm 7.7-8).

Paulo fora um religioso zeloso de suas responsabilidades, sempre olhou cuidadosamente os mandamentos externos da lei cumprindo-os rigorosamente, mas um dia, ao olhar para dentro de sua alma, percebeu como o seu coração era entregue à cobiça.

O décimo mandamento penetra na área do pensamento, trata daquelas questões mais interiores de nossa alma, toca nas intenções do coração. Lembra que o pecado não se limita aos atos que praticamos, mas tangencia a vontade e desejos, pois quem cobiça é o coração. Ou seja, não são os objetos cobiçados que contém pecado, mas o coração do homem.

O que Deus exige de seu povo é que retire de dentro de si este pensar ganancioso, que deseja sempre se apossar. O vício da posse. Cobiça transforma o desejo de se ter bens e lutar por consegui-los com meios lícitos em desejo desordenado que degrada o ser humano.

O décimo mandamento condena a avareza e o desejo de cometer uma injustiça que provocaria dano ao próximo para obter os bens materiais que lhe pertence. Não consiste apenas no fato de se desejar ter o que os outros têm, mas em invejá-los ao ponto de se ressentir por não ter o que eles têm.

O texto fala de coisas que em geral fazem parte do desejo de conquista do homem daqueles dias: Mulheres, servo, serva, boi e jumento.

Se traduzíssemos esta linguagem para os dias de hoje, colocaríamos nesta lista, pessoas, animais e coisas, mas certamente haveria uma grande diferença entre o que será cobiçado naqueles dias e o é em nossos dias. Nossa lista provavelmente seria muito mais ampla... incluiríamos viagens, hotéis de luxo, carros luxuosos, status, posição, casas imensas, etc., Na verdade, cada pessoa possui sua lista de bens e objetos a serem cobiçados. Para uma pessoa simples, a cobiça pode ser o carro popular que o vizinho tem e não um carro de luxo. Cobiça tem a ver com nosso imaginário, mais do que com o objeto em si.

Quais são os objetos do nosso desejo no Século XXI? O que ainda cobiçamos e desejamos nos apossar de forma indevida, regando nosso coração pecaminoso com desejo de posse?

A cobiça é má conselheira, ela age em duas direções:
A.                   Pessoas – “Não cobiçarás a mulher do teu próximo” – Alguém já afirmou que, para as mulheres só existem nove mandamentos, porque não há recomendação para que a mulher não cobice o marido da outra. Este raciocínio, obviamente é uma brincadeira.

Na verdade, a Palavra nos exorta a não querermos ter aquilo que não nos pertence.
José entendeu muito bem isto, quando a mulher de Potifar se ofereceu a ele. “Como, pois, cometeria eu tamanha maldade e pecaria contra Deus?” (Gn 39.9). Possuir a mulher do outro, soava para José como maldade contra seu patrão e atitude pecaminosa contra Deus. Se a mídia entendesse isto hoje em dia, quando se despreza tanto o valor e a singularidade do matrimônio, muita coisa mudaria em nossa sociedade, e muito sofrimento seria poupado.

A cobiça por pessoas, acaba com relacionamentos, enfraquece o matrimônio, traz sofrimento a gerações inteiras, interfere no relacionamento do nosso próximo com seus familiares. Devoramos o objeto de nossa cobiça e aquele que detém o mesmo.

B. Coisas – “Não cobiçarás a casa do teu próximo... nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma que pertença ao teu próximo” (Ex 20.17).  O texto cita casas, propriedades, servos (que eram considerados posse de seus donos) e animais.

O que o décimo Mandamento requer de nós?

1.                    Pleno contentamento com a nossa condição – Esta é a primeira atitude que o Catecismo Maior sugere quando fala das exigências do décimo mandamento. Precisamos aprender a ter contentamento, e isto vai da esposa (o)  que temos, até as nossas posses.

A Bíblia nos encoraja a estarmos contentes com nossas coisas, e aprendermos a glorificar a Deus por aquilo que temos e recebemos. Eis alguns exemplos positivos e negativos da Bíblia.

Þ    Jezabel criou uma junta de pessoas que falsamente testemunhou contra Nabote, apenas por causa de sua cobiça. Ela não precisava de mais nada, era rainha, mas a cobiça tomou conta de seu coração;

Þ    Provérbios nos afirma: “Tal é a sorte de todo ganancioso; e este espírito de ganância tira a vida de quem o possui” (Pv 1.19). A ganância é irmã da cobiça. O alerta que a Bíblia nos faz é que a ganância vai tirar nossa vida, alegria, contentamento.

Þ    Paulo faz uma severa admoestação contra a cobiça: “De fato, grande fonte de lucro é a piedade com contentamento. Porque nada temos trazido para o mundo e nem coisa alguma podemos levar dele. Tendo sustento e com quem nos vestir, estejamos contentes. Ora, os que querem ficar ricos caem em tentação, e cilada, e em muitas concupiscências insensatas e perniciosas, as quais afogam os homens na ruina e perdição. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males; e alguns, nessa cobiça, se desviaram da fé e a si mesmos se atormentaram com muitas dores”(1 Tm 6.6-9). O grande segredo de nossa vida é o contentamento. Aprendermos a estar contente com o que temos recebido.

Þ    João Batista exorta as pessoas aos coletores de impostos a não cobrar nada além do estipulado, e aos soldados a não darem denúncia falsa e a se contentarem com o soldo (salário) recebido (Lc 3.12-14).

A conformidade com os bens e as riquezas que Deus dá traz contentamento e satisfação à alma, ao contrário da cobiça e da inveja que sempre gera inquietação. Por isto a quebra deste mandamento gera também a inveja ou tristeza quando se percebe o bem do próximo. Daí surge o ódio, a maledicência e a calúnia. É necessário combater este pecado e isto se torna possível quando colocamos nossa confiança e alegria na providência de Deus.

2.                    Segunda Lição: Disposição caridosa da alma para com o nosso próximo, de modo que todos os nossos desejos e afetos relativos a ele se inclinem para todo o seu bem e promovam o mesmo – Esta é a segunda atitude sugerida pelo Catecismo Maior.

Não permitir que nossos desejos e afetos estejam ligados a coisas e que não consigamos amar as pessoas. Quando vivemos cobiçando, nunca encontramos satisfação e nunca nos satisfazemos. Pessoas cobiçosas são vazias, e morrem desejando, sem nunca conseguir o que acha que pode conseguir.

Hans Burke: “Quem não está satisfeito com o pouco, não estará satisfeito com o muito. Mais da mesma coisa nos deixa no mesmo lugar”.

3.                    Terceira Lição: Somos lembrados do perigo de colocarmos nossa prioridade em coisas e pessoas, ao invés de Deus. O décimo mandamento faz um contraste claro com o primeiro mandamento.

No primeiro, Deus deve ser colocado como primazia de nossa alma, e no último, somos mais uma vez lembrados de que Deus nos deu dinheiro para gastar, pessoas para amar, e Deus para adorar. Muitas vezes adoramos as pessoas e consumimos Deus. Invertemos as prioridades. A cobiça é responsável por estas questões.

A cobiça aponta para os desejos e afetos desordenados para com coisas e pessoas. Ela nos leva a ficarmos tristes pelo bem do nosso próximo e a fazermos comparações. O coração se identifica com aquilo que ama, e, se ama sem medida os bens materiais, se faz matéria – coisa – coloca a criatura em lugar do criador.

Rubem Alves afirmou: “Aquilo que está escrito no coração não necessita de agendas, porque a gente não esquece. O que a memória ama fica eterno.

A Bíblia nos ensina que a cobiça está na origem de toda tentação. “Cada um é tentado por sua própria cobiça”. Dietrich Bonhoeffer afirma: “Quando a cobiça assume o controle, Deus se torna irreal para nós”.

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