Introdução:
Precisamos
sempre ter em mente o propósito dos Dez Mandamentos. Quando Deus os
estabeleceu, ele estava pensando no bem estar humano que sempre redunda na sua
glória. Os mandamentos são para a vida. A desobediência ou obediência aos
mandamentos não torna Deus mais ou menos Deus. Ele não deixa de ser Deus se
você os prática ou se ignora suas ordens. Mas o ser humano deixa de ser menos
humano quando viola qualquer um destes mandamentos.
Portanto,
“não viole os princípios de Deus se você deseja ganhar ou manter as bençãos de
Deus” (Andy Stanley)
O
oitavo mandamento diz: “Não furtarás!”
Como
a quebra deste mandamento tem efeitos humanos profundos...
Uma
sociedade baseada na integridade, lealdade, honestidade torna-se muito mais
humana e solidária. Uma civilização na qual as pessoas ignoram ou até mesmo
encorajam a desonestidade e a falta de respeito pelo direito da propriedade,
tornar-se-á, ao final, caótica.
Imagine
uma sociedade na qual ninguém respeitasse o bem do outro? Conceitos como
respeito, justiça e trabalho seriam completamente esvaziados.
Este
mandamento, precisa ser considerado com mais detalhe, porque ele não diz “não
roubarás”, e sim “não furtarás”.
Qual
a diferença entre uma coisa ou outra?
Está
claro para cada um de nós que não devemos roubar. Certamente não roubamos. Mas
quando analisamos de forma mais profunda este mandamento é bom ficarmos atentos
para suas implicações. Antes de mais nada, porque ele não fala diretamente de
roubo, mas de furto.
Qual
é a diferença entre roubo e furto?
Roubar
é algo agressivo, frontal, direto. É tirar de forma objetiva das mãos do outro
aquilo que lhe pertence. É pegar o revolver e obrigar o outro a entregar o que
tem. É invadir a casa do outro e roubar sua propriedade.
Furtar
já indica alguma coisa mais sutil, furtiva,
escondida, camuflada. Uma pessoa pode “furtar” de forma “quase civilizada”,
usando meios “inteligentes” e pouco agressivos. O crime do colarinho branco
mostra como isto é possível: As pessoas falsificam remédios, fazem obras
públicas de péssima qualidade, subornam agentes públicos, superfaturam remédios
para os hospitais do Estado, assinam o ponto do trabalho mas não trabalham,
fazem falcatruas e reduzem a qualidade ou quantidade da merenda escolar.
A
idéia é de sermos fiéis nas coisas mais insignificantes. O objetivo é proteger
a sociedade que precisa de direitos, justiça. Imagine uma sociedade sem direito
privado, ou sem proteção e direitos de propriedade...
Como furtamos?
Roubar,
não é apenas tirar dinheiro ou coisas dos outros. Existem muitas formas de furtar:
A. Negócios
fraudulentos – vender produtos
enganosos, oferecer o que não se pode dar. Por exemplo, vender um produto que
sabemos que está estragado, passar a impressão de que está tudo bem. Um patrão
que força seus funcionários a oferecerem produtos mentirosos, ou funcionários
que são induzidos a trabalhar numa companhia, estabelecimento comercial ou
financeiro, que passa juros embutidos. Isto é um negócio fraudulento. Funcionários
que falsificam notas para lesar seu patrão, ou que tiram do seu produto para
beneficio pessoal.
B. Suborno - Culturas possuem pecados endêmicos, difíceis de
serem curados, que passam de uma geração para outra. Em muitas destas culturas,
os conflitos raciais e/ou religiosos, valores perniciosos são transmitidos sem
que, aparentemente, seja possível serem reparados. É um legado maligno.
No
Brasil, gerações inteiras sofrem deste mal que tende a se repetir e a perpetuar
como se fosse um estigma. O conceito de “dar um jeitinho” é extremamente danoso
para nossa cultura. A Bíblia nos dá vários textos sobre este assunto, mas
queremos citar dois que são bem objetivos quanto a este assunto. Ex 23.8 e Ec
7.7
C. Corrupção - Na sociedade brasileira, existe uma pandemia
destrutiva chamada corrupção. Ela se
institucionaliza, se populariza, vem se perpetuando de geração para geração e
de repente parece que a coisa tem que ser assim mesmo. Achamos que temos o
direito de lesar: O governo lesa o cidadão com altos impostos, e o cidadão lesa
o Estado com fraude e com sonegação. O político se julga no direito de furtar, o funcionário de lesar o seu
patrão, sendo este público ou privado. O pecado cultural de nossa sociedade
brasileira é o furto!
D. Salário dos
trabalhadores retido com fraude – Tg
5.4-6 Reter o salário dos trabalhadores, impedir o acesso à terra para
produção, falsificação de documentos, subornos, roubos baseados na ganância,
leis opressivas e impostos achacadores, atentam contra o direito e ferem o
oitavo mandamento.
Catecismo Maior:
O
Catecismo de nossa igreja afirma[1]:
“Os
pecados proibidos no oitavo mandamento, além da negligência dos deveres
exigidos são: o furto, o roubo de homens e o receber qualquer coisa furtada; o
tráfico fraudulento, pesos e medidas falsas, o remover marcos de propriedades,
a injustiça e a infidelidade em contratos entre os homens ou em administrar
negócios de outrem à nós confiados; a opressão, a extorsão, a usura, as peitas,
as vexatórias forenses, todo o cerco injusto de propriedades e despejo injusto
de inquilinos, a acumulação de gêneros para encarecer os preços, os meios ilícitos
de vida, e todos os outros modos injustos e pecaminosos de tirar ou reter de
nosso próximo aquilo que lhe pertence, ou de nos enriquecer a nós mesmos, a cobiça,
a estima e o amor desordenados dos bens mundanos, os cuidados e esforços
receosos e demasiados em obtê-los, guardá-los e usar deles; a inveja da
prosperidade de outrem; assim como a ociosidade, a prodigalidade, o jogo
dissipador e todos os outros modos pelos quais indevidamente prejudicamos o
nosso estado exterior; e o defraudar a nós mesmos do devido uso e conforto da
posição em que Deus nos colocou” (Catecismo Maior, & 142).
E. Tomar
emprestado e não pagar – Somos
socorridos por pessoas que nos ajudam e depois, enrolamos, adiamos, gastamos
nosso dinheiro com prioridades erradas e fazemos de conta que isto não tem
importância. Isto é roubar.
F. Emissão de
cheques sem fundo ou palavra empenhada
e não cumprida.
G. Juros
extorsivos – A prática da agiotagem.
A palavra de Deus nos exorta severamente quanto a este uso abusivo de nosso
dinheiro. É certo que existe o custo do dinheiro numa economia capitalizada.
Não é honesto você apanhar o dinheiro de uma pessoa, e sequer o custo e a
desvalorização ser entregues de volta, mas a prática de juros extorsivos é
condenada por Deus (Ex 22.25).
H. Roubar a
Deus – O profeta Malaquias fala de
uma outra forma estranha de roubo. Quando deixamos de entregar a Deus aquilo
que Deus considera ser seu. Quando não trazemos os dízimos, a palavra nos
ensina que estamos roubando de Deus (Ml 3.8-10). Este dinheiro não é seu, ele
pertence a Deus, e, portanto, deve ser devolvido a Deus. A Bíblia tem uma forma
estranha de tratar das nossas finanças. Nela aprendemos que 100% não dá para
nossas despesas, mas 90% dá fartamente. Você consegue acreditar nesta
matemática “maluca” de Deus?
Por que não furtar?
- Porque a bíblia é explícita quanto a este assunto – Ex 20.15 e Ef 4.28. Roubar é contrário aos
mandamentos de Deus. É uma quebra de seu plano para nossa vida. Portanto,
não furtarás!
- Porque nossa honestidade deve refletir o caráter
santo de Deus – Nosso Deus é
santo, e nos convida a parecermos com ele. Ao fazermos isto, refletimos
seu caráter e anunciamos a natureza do Deus que existe entre nós. Existem
deuses fanfarrões e depravados, e os adoradores parecem com seus deuses.
Quando fazemos as coisas estamos na verdade considerando o Deus que existe
em nós.
- Porque honestidade é uma marca das pessoas que
tem o Espírito Santo em suas vidas –
Quando Zaqueu se encontrou com Jesus, sua vida foi impactada pela sua
presença. “Se tenho defraudado
alguém, restituo quatro vezes mais” (Lc 19.8).
Daniel
de Queiroz, é um presbítero de São Paulo e amigo pessoal. Quando ele se
converteu. incomodado pelo Espírito
Santo, procurou o dono de uma companhia para a qual trabalhara muitos anos
atrás, porque quando era funcionário constantemente tirava pequenas quantias do
caixa que estava sob sua responsabilidade. Ele sequer sabe o quanto tirou.
Quando se encontrou com Cristo então, resolveu procurar seu chefe e restituir,
mas não sabia nem quando, nem quanto, nem como poderia devolver este dinheiro.
Ao compartilhar com seu antigo patrão, que o recebera com muita alegria, ao expor o motivo de sua visita ouviu o seguinte:
“Isto faz muito tempo, não temos como avaliar estas coisas, mas fico feliz que
você tenha tido a hombridade de me procurar para tratar deste assunto”. Isto
serviu de oportunidade para que Daniel pudesse compartilhar de Jesus com esta
pessoa.
Não
furtarás!
Este
belíssimo texto abaixo, Transcrito do Jornal Brasil Presbiteriano, traduz o
significado da honestidade e da fidelidade
Consciência
Meu
tio, o chefe de uma tribo, estava em reunião com o Conselho da comunidade,
quando um homem se aproximou do grupo e fez uma mesura a maneira africana. Possuía
muito gado e todos sabiam, que ele invocava espírito demoníacos dizendo que era
de parentes falecidos. Trouxera consigo oito vacas, que deixara a uma pequena distância
do Conselho.
-"Vim,
aqui por um motivo, Sr. chefe" disse
ele.
-"Para que trouxe gado ?" Perguntou o chefe.
-"Senhor
chefe, aquelas vacas são suas."
-"Como
minhas? Que quer dizer com isso?"
-"Elas
lhe pertencem, quando eu tomava conta do seu gado, roubei quatro vacas. Elas
agora são oito. Vim devolvê-las".
-"Quem o
prendeu?" Perguntou o chefe
-"Jesus
me prendeu, senhor chefe, ali estão as suas vacas".
Ninguém
riu, todos guardaram silêncio. Meu tio podia perceber que aquele homem estava
em paz consigo mesmo e se sentia alegre.
-"Pode
me prender ou mandar que eu seja acoitado" disse o homem, "mas
estou liberto. Jesus veio ao meu encontro e agora sou um homem livre."
-"Bem, se
Deus fez isto em sua vida, quem sou eu para prendê-lo? Vá para casa".
Dias
mais tarde, tendo ouvido a respeito do caso, fui conversar com meu tio.
-"Tio,
ouvi dizer que ganhou oito vacas de presente?"
-"Sim",
confirmou ele, "realmente ganhei"
-"Deve
estar satisfeito"
-"Nem
fale nisto! Depois da visita daquele homem, não tenho dormido bem. Para
conseguir a paz que ele alcançou eu teria que devolver cem cabeças de
gado!"
Festo
Kivengere. Bispo Anglicano de Kigenl,
Uganda
Conclusão: Num excelente romance de Hosseini, “o caçador de
pipas”, ele faz uma afirmação muito importante:
“Existe
apenas um pecado, e esse é roubar, porque os outros são simplesmente variações
do roubo (...) Quando você mata um homem, está roubando a vida. Está roubando
da esposa o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai. Quando mente,
está roubando de alguém o direito de saber a verdade. Quando trapaceia, está
roubando o direito a justiça. Entende?”.
[1] O Breve Catecismo
foi concluído e entregue ao Parlamento em 5 de novembro de 1647; e o Catecismo
Maior, em 14 de abril de 1648.
A Confissão de Fé e os Catecismos, Maior e
Breve, da Assembleia Westminster foram adotados pelo Sínodo original na América
do Norte, em 1729 A.D., como a “Confissão de Fé desta Igreja”; e tem sido
recebida como o padrão de fé por todos os ramos da Igreja Presbiteriana na
Escócia, Inglaterra, Irlanda e América; e é altamente reverenciada e seus
Catecismos usados como meios de instrução pública por todas as entidades
congregacionais de rebanhos puritanos no mundo inteiro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário