segunda-feira, 11 de novembro de 2019

Ex 20. 15: Oitavo Mandamento. “Não furtarás"


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Introdução:

Precisamos sempre ter em mente o propósito dos Dez Mandamentos. Quando Deus os estabeleceu, ele estava pensando no bem estar humano que sempre redunda na sua glória. Os mandamentos são para a vida. A desobediência ou obediência aos mandamentos não torna Deus mais ou menos Deus. Ele não deixa de ser Deus se você os prática ou se ignora suas ordens. Mas o ser humano deixa de ser menos humano quando viola qualquer um destes mandamentos.

Portanto, “não viole os princípios de Deus se você deseja ganhar ou manter as bençãos de Deus” (Andy Stanley)

O oitavo mandamento diz: “Não furtarás!”
Como a quebra deste mandamento tem efeitos humanos profundos...

Uma sociedade baseada na integridade, lealdade, honestidade torna-se muito mais humana e solidária. Uma civilização na qual as pessoas ignoram ou até mesmo encorajam a desonestidade e a falta de respeito pelo direito da propriedade, tornar-se-á, ao final, caótica.

Imagine uma sociedade na qual ninguém respeitasse o bem do outro? Conceitos como respeito, justiça e trabalho seriam completamente esvaziados.

Este mandamento, precisa ser considerado com mais detalhe, porque ele não diz “não roubarás”, e sim “não furtarás”.

Qual a diferença entre uma coisa ou outra?
Está claro para cada um de nós que não devemos roubar. Certamente não roubamos. Mas quando analisamos de forma mais profunda este mandamento é bom ficarmos atentos para suas implicações. Antes de mais nada, porque ele não fala diretamente de roubo, mas de furto.

Qual é a diferença entre roubo e furto?
Roubar é algo agressivo, frontal, direto. É tirar de forma objetiva das mãos do outro aquilo que lhe pertence. É pegar o revolver e obrigar o outro a entregar o que tem. É invadir a casa do outro e roubar sua propriedade.

Furtar já indica alguma coisa mais sutil, furtiva, escondida, camuflada. Uma pessoa pode “furtar” de forma “quase civilizada”, usando meios “inteligentes” e pouco agressivos. O crime do colarinho branco mostra como isto é possível: As pessoas falsificam remédios, fazem obras públicas de péssima qualidade, subornam agentes públicos, superfaturam remédios para os hospitais do Estado, assinam o ponto do trabalho mas não trabalham, fazem falcatruas e reduzem a qualidade ou quantidade da merenda escolar.

A idéia é de sermos fiéis nas coisas mais insignificantes. O objetivo é proteger a sociedade que precisa de direitos, justiça. Imagine uma sociedade sem direito privado, ou sem proteção e direitos de propriedade...

Como furtamos?
Roubar, não é apenas tirar dinheiro ou coisas dos outros. Existem muitas formas de furtar:
A.    Negócios fraudulentos – vender produtos enganosos, oferecer o que não se pode dar. Por exemplo, vender um produto que sabemos que está estragado, passar a impressão de que está tudo bem. Um patrão que força seus funcionários a oferecerem produtos mentirosos, ou funcionários que são induzidos a trabalhar numa companhia, estabelecimento comercial ou financeiro, que passa juros embutidos. Isto é um negócio fraudulento. Funcionários que falsificam notas para lesar seu patrão, ou que tiram do seu produto para beneficio pessoal.

B.    Suborno - Culturas possuem pecados endêmicos, difíceis de serem curados, que passam de uma geração para outra. Em muitas destas culturas, os conflitos raciais e/ou religiosos, valores perniciosos são transmitidos sem que, aparentemente, seja possível serem reparados. É um legado maligno.

No Brasil, gerações inteiras sofrem deste mal que tende a se repetir e a perpetuar como se fosse um estigma. O conceito de “dar um jeitinho” é extremamente danoso para nossa cultura. A Bíblia nos dá vários textos sobre este assunto, mas queremos citar dois que são bem objetivos quanto a este assunto. Ex 23.8 e Ec 7.7

C.    Corrupção - Na sociedade brasileira, existe uma pandemia destrutiva chamada corrupção. Ela se institucionaliza, se populariza, vem se perpetuando de geração para geração e de repente parece que a coisa tem que ser assim mesmo. Achamos que temos o direito de lesar: O governo lesa o cidadão com altos impostos, e o cidadão lesa o Estado com fraude e com sonegação. O político se julga no direito de furtar, o funcionário de lesar o seu patrão, sendo este público ou privado. O pecado cultural de nossa sociedade brasileira é o furto!

D.    Salário dos trabalhadores retido com fraude – Tg 5.4-6 Reter o salário dos trabalhadores, impedir o acesso à terra para produção, falsificação de documentos, subornos, roubos baseados na ganância, leis opressivas e impostos achacadores, atentam contra o direito e ferem o oitavo mandamento.

Catecismo Maior:
O Catecismo de nossa igreja afirma[1]:
“Os pecados proibidos no oitavo mandamento, além da negligência dos deveres exigidos são: o furto, o roubo de homens e o receber qualquer coisa furtada; o tráfico fraudulento, pesos e medidas falsas, o remover marcos de propriedades, a injustiça e a infidelidade em contratos entre os homens ou em administrar negócios de outrem à nós confiados; a opressão, a extorsão, a usura, as peitas, as vexatórias forenses, todo o cerco injusto de propriedades e despejo injusto de inquilinos, a acumulação de gêneros para encarecer os preços, os meios ilícitos de vida, e todos os outros modos injustos e pecaminosos de tirar ou reter de nosso próximo aquilo que lhe pertence, ou de nos enriquecer a nós mesmos, a cobiça, a estima e o amor desordenados dos bens mundanos, os cuidados e esforços receosos e demasiados em obtê-los, guardá-los e usar deles; a inveja da prosperidade de outrem; assim como a ociosidade, a prodigalidade, o jogo dissipador e todos os outros modos pelos quais indevidamente prejudicamos o nosso estado exterior; e o defraudar a nós mesmos do devido uso e conforto da posição em que Deus nos colocou” (Catecismo Maior, & 142).

E.    Tomar emprestado e não pagar – Somos socorridos por pessoas que nos ajudam e depois, enrolamos, adiamos, gastamos nosso dinheiro com prioridades erradas e fazemos de conta que isto não tem importância. Isto é roubar.

F.     Emissão de cheques sem fundo ou palavra empenhada e não cumprida.

G.    Juros extorsivos – A prática da agiotagem. A palavra de Deus nos exorta severamente quanto a este uso abusivo de nosso dinheiro. É certo que existe o custo do dinheiro numa economia capitalizada. Não é honesto você apanhar o dinheiro de uma pessoa, e sequer o custo e a desvalorização ser entregues de volta, mas a prática de juros extorsivos é condenada por Deus (Ex 22.25).

H.    Roubar a Deus – O profeta Malaquias fala de uma outra forma estranha de roubo. Quando deixamos de entregar a Deus aquilo que Deus considera ser seu. Quando não trazemos os dízimos, a palavra nos ensina que estamos roubando de Deus (Ml 3.8-10). Este dinheiro não é seu, ele pertence a Deus, e, portanto, deve ser devolvido a Deus. A Bíblia tem uma forma estranha de tratar das nossas finanças. Nela aprendemos que 100% não dá para nossas despesas, mas 90% dá fartamente. Você consegue acreditar nesta matemática “maluca” de Deus?

Por que não furtar?
  1. Porque a bíblia é explícita quanto a este assunto – Ex 20.15 e Ef 4.28. Roubar é contrário aos mandamentos de Deus. É uma quebra de seu plano para nossa vida. Portanto, não furtarás!

  1. Porque nossa honestidade deve refletir o caráter santo de Deus – Nosso Deus é santo, e nos convida a parecermos com ele. Ao fazermos isto, refletimos seu caráter e anunciamos a natureza do Deus que existe entre nós. Existem deuses fanfarrões e depravados, e os adoradores parecem com seus deuses. Quando fazemos as coisas estamos na verdade considerando o Deus que existe em nós.

  1. Porque honestidade é uma marca das pessoas que tem o Espírito Santo em suas vidas – Quando Zaqueu se encontrou com Jesus, sua vida foi impactada pela sua presença. “Se tenho defraudado alguém, restituo quatro vezes mais” (Lc 19.8).

Daniel de Queiroz, é um presbítero de São Paulo e amigo pessoal. Quando ele se converteu.  incomodado pelo Espírito Santo, procurou o dono de uma companhia para a qual trabalhara muitos anos atrás, porque quando era funcionário constantemente tirava pequenas quantias do caixa que estava sob sua responsabilidade. Ele sequer sabe o quanto tirou. Quando se encontrou com Cristo então, resolveu procurar seu chefe e restituir, mas não sabia nem quando, nem quanto, nem como poderia devolver este dinheiro. Ao compartilhar com seu antigo patrão, que o recebera com muita alegria,  ao expor o motivo de sua visita ouviu o seguinte: “Isto faz muito tempo, não temos como avaliar estas coisas, mas fico feliz que você tenha tido a hombridade de me procurar para tratar deste assunto”. Isto serviu de oportunidade para que Daniel pudesse compartilhar de Jesus com esta pessoa.
Não furtarás!

Este belíssimo texto abaixo, Transcrito do Jornal Brasil Presbiteriano, traduz o significado da honestidade e da fidelidade

Consciência
Meu tio, o chefe de uma tribo, estava em reunião com o Conselho da comunidade, quando um homem se aproximou do grupo e fez uma mesura a maneira africana. Possuía muito gado e todos sabiam, que ele invocava espírito demoníacos dizendo que era de parentes falecidos. Trouxera consigo oito vacas, que deixara a uma pequena distância do Conselho.
-"Vim, aqui por um motivo, Sr. chefe" disse ele.
            -"Para que trouxe gado ?" Perguntou o chefe.
-"Senhor chefe, aquelas vacas são suas."
-"Como minhas? Que quer dizer com isso?"
-"Elas lhe pertencem, quando eu tomava conta do seu gado, roubei quatro vacas. Elas agora são oito. Vim devolvê-las".
-"Quem o prendeu?" Perguntou o chefe
-"Jesus me prendeu, senhor chefe, ali estão as suas vacas".
Ninguém riu, todos guardaram silêncio. Meu tio podia perceber que aquele homem estava em paz consigo mesmo e se sentia alegre.
-"Pode me prender ou mandar que eu seja acoitado" disse o homem, "mas estou liberto. Jesus veio ao meu encontro e agora sou um homem livre."
-"Bem, se Deus fez isto em sua vida, quem sou eu para prendê-lo? Vá para casa".
Dias mais tarde, tendo ouvido a respeito do caso, fui conversar com meu tio.
-"Tio, ouvi dizer que ganhou oito vacas de presente?"
-"Sim", confirmou ele, "realmente ganhei"
-"Deve estar satisfeito"
-"Nem fale nisto! Depois da visita daquele homem, não tenho dormido bem. Para conseguir a paz que ele alcançou eu teria que devolver cem cabeças de gado!"
Festo Kivengere.  Bispo Anglicano de Kigenl, Uganda

Conclusão: Num excelente romance de Hosseini, “o caçador de pipas”, ele faz uma afirmação muito importante:
“Existe apenas um pecado, e esse é roubar, porque os outros são simplesmente variações do roubo (...) Quando você mata um homem, está roubando a vida. Está roubando da esposa o direito de ter um marido, roubando dos filhos um pai. Quando mente, está roubando de alguém o direito de saber a verdade. Quando trapaceia, está roubando o direito a justiça. Entende?”.


[1]  O Breve Catecismo foi concluído e entregue ao Parlamento em 5 de novembro de 1647; e o Catecismo Maior, em 14 de abril de 1648.
A Confissão de Fé e os Catecismos, Maior e Breve, da Assembleia Westminster foram adotados pelo Sínodo original na América do Norte, em 1729 A.D., como a “Confissão de Fé desta Igreja”; e tem sido recebida como o padrão de fé por todos os ramos da Igreja Presbiteriana na Escócia, Inglaterra, Irlanda e América; e é altamente reverenciada e seus Catecismos usados como meios de instrução pública por todas as entidades congregacionais de rebanhos puritanos no mundo inteiro.


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