quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Palestra I: Palestina. Ser Igreja: Conceituação e Missão da Igreja





Conceituação e Missão da igreja

Mt 16.13-20

Introdução:

Qual a imagem que vem à sua mente quando você pensa em igreja?
Pegue uma folha de papel e desenhe uma igreja. O que você desenhou? Muito provavelmente não foi um grupo de pessoas, de mãos dadas, ou desenvolvendo um projeto com pessoas carentes, mas provavelmente um templo, talvez mais clássico, com uma torrinha em cima. Não é verdade?

No Livro “Revolution”, de George Barba, ele escreve: “Não somos chamados para ir à igreja, mas para ser a igreja”. Temos facilidade para ir à igreja, e até mesmo “fazer” a igreja, mas será que você “é” igreja, faz parte de fato da comunidade? Na verdade, se você começa a frequentar uma comunidade, logo percebe a expectativa que as pessoas tem acerca de sua participação: o horário do culto, comportamentos adequados para um frequentador de igreja, quando cantar, ficar em pé, ouvir. Ao fazer isto, você “assiste” um culto, mas não “participa de um culto”.

Por esta razão a igreja gasta tanto tempo no preparo do culto: impressão de boletim, preparação de sermões, ensaio das músicas, cuidado com a recepção, limpeza das salas, ar condicionado funcionando, som ajustado. Tudo voltado para uma hora de culto semanal.

Entretanto, igreja não é algo para “fazer”, mas algo para “ser”. A Transformação Missional, é um termo contemporâneo da atual eclesiologia. Embora o que aconteça num domingo à noite seja importante, não é a expressão primária da igreja. Há coisas muito mais relevantes que a igreja deve fazer diariamente, para abençoar o mundo e glorificar a Deus.

A melhor forma de “ser igreja” é começar do início: entendendo o que a igreja é e para que ela existe. N.T. Wright afirma: “a igreja é antes de mais nada, uma comunidade, um grupo de pessoas que pertence a outros, porque pertence a Deus” (Simply Christian, p. 210). Continua ele: “A igreja existe para dois propósitos correlatos: “Adorar a Deus e realizar sua obra no mundo...o reino de Deus deve alcançar, e não apenas ficar girando em círculos”.

A missão essencial da igreja, portanto, não é ir, nem fazer, mas ser a igreja.
            . Ser igreja é 24 horas por dia, sete dias por semana, não apenas uma hora no domingo.
            . Ser igreja acontece em todos os lugares, e não apenas no templo.
            . Ser igreja acontece na diversidade, e não apenas com pessoas que agem como nós agimos.
            . Ser igreja é sempre uma realidade onde e quando os cristãos se encontram, e não apenas no domingo.

Ao pensarmos em ser igreja, é fundamental refletirmos sobre três aspectos propostos por Jesus neste texto. Jesus fala da igreja apenas em dois textos (Mt 16 e Mt 18), portanto, precisamos considerar o que ele tinha em mente.

Mateus é o único Evangelista que fala de Jesus usando o termo "Igreja" (Mt 16.13; 18.17). O termo aparece 19 vezes em Atos e 47 vezes nas epístolas paulinas, 5 vezes nas epístolas gerais e 7 vezes no Apocalipse. Ao todo, 80 vezes no Novo Testamento. A despeito do pensamento liberal de hoje que quer relativizar o valor da igreja, alegando que “eklesia”, é um termo vago, tirado das sociedades seculares de então, foi assim que Jesus se referiu ao seu povo, e a igreja primitiva tinha um conceito muito claro sobre igreja e usou este termo abundantemente nas Escrituras.

Vivemos dias em que as pessoas são fortemente influenciadas pelo subjetivismo e individualismo. Muitas pessoas querem crer em Jesus, sem pertencer à Igreja. Querem receber os benefícios dela, mas não querem se comprometer com ela. Tem uma visão da Igreja Universal, não se envolvem na igreja local.

Stuart Briscoe, afirma que no dia de hoje, as pessoas tem a tendência de crer na igreja invisível, mística e no corpo universal de Cristo, mas não numa igreja tangível, geográfica, expressão visível deste corpo invisível e místico, no qual afirmam crer.

  1. Conceituação – O que é igreja? 

Esta questão é importante, porque natureza define foco. Quando sei o que sou, não encontro dificuldade em entender meu papel, e meu lugar. Um amigo meu, se tornou um grande professor de hebraico, na verdade um gênio. Ele conhece como poucos no Brasil esta língua tão especial. Apesar de ser um grande professor, ele nunca foi um grande pregador, e isto o afligia. Um dia, porém, ouviu alguma coisa que foi libertadora para sua vida:
-“Quando sei que não sei, não dói”

Quando não sabemos nossa identidade, fica difícil saber o que fomos chamados a fazer.

O QUE NÃO                          1. Igreja não é uma construção de tijolos,  mas de pessoas
É IGREJA ?                                2. Igreja não é um clube social, da qual você se torna membro e paga uma taxa mensal;
                                                3. Igreja não é um mero ajuntamento social.


O que Jesus tinha em mente ao falar de sua igreja?

  1. A igreja tem a marca da sobrenaturalidade. Só participa da igreja pela “revelação” do Pai. “Bem aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai que está nos céus” (Mt 16.17).

Não se torna membro da igreja de Cristo, por proselitismo, adesismo, ou conveniência. Torna-se membro desta comunidade e entende o que ela significa, aqueles que receberam “A revelação do Pai”, acerca de quem Cristo é.

Por esta razão, quando o Eunuco da rainha de Candace, atual Etiópia, pergunta a Filipe o Evangelista: “Eis aqui água; que me impede que seja eu batizado?” (At 8.16), Ele ouve a resposta direta: “É lícito, se crês de todo coração” (At 8.37). Para assumir este passo de uma top público de fé, e em toda cristandade, o meio de acesso a uma comunidade, é indispensável que tenhamos esta convicção que se revela na declaração de que cremos em Jesus de todo coração. Isto só é possível quando o Pai se revela a nós. É uma obra sobrenatural.

Torna-se claro que só se participa da Igreja por revelação do Pai. Não se participa da Igreja pelo conhecimento intelectual, por vínculo institucional, mas por revelação especial de Deus.


  1. A Igreja tem um único dono“Também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16.18).

Historicamente a igreja sempre sofreu com aqueles que se acham “donos da igreja”. São pessoas com grande poder de influência em uma comunidade, eventualmente com maior poder aquisitivo e melhor contribuinte, que começa a achar que ele é dono da igreja. Muitas vezes são os pastores que acham que são os donos da igreja. Alguns não apenas acham, mas tem certeza disto.

Todavia, é bom considerar o que diz Jesus: “Edificarei a minha igreja”. A igreja é dele. Nós somos apenas cooperadores. Igreja é algo planejado na mente de Cristo.

João Batista entendeu muito bem isto, Quando seus discípulos lhe procuraram, enciumados, porque muitos estavam deixando de ser a João e seguir a Jesus, sua resposta foi admirável: “o que tem o noivo é a noiva” (Jo 3.39). Ele se define como o amigo do noivo, e afirma estar alegre em saber que a igreja é de Cristo, que a noiva é de Cristo...

Nós somos transitórios e passamos... a igreja é eterna e permanece!
Jesus está edificando sua igreja através de nossas vidas, e muitas vezes, a despeito de nós. Não é uma benção lembrar de que “de Deus somos cooperadores”? (1 Co 3.9). O que Deus espera de cada um nós é que sejamos encontrados fieis (1 Co 4.2).

 A Igreja é de Jesus. Quem planeja, governa, sonha e prepara o seu povo é Jesus. Jesus morreu pela sua igreja, reunindo este povo no seu corpo. Por ser de Jesus, ele preparou este povo para continuar sua obra. Ela é o projeto de Cristo, não é organização, mas organismo, não é religiosidade, mas relacionamentos.
           
  1. A Igreja está fundamentada e alicerçada na identidade de Cristo“sobre esta pedra edificarei a minha igreja”. (Mt 16.18).

A igreja católica tem criado uma situação problemática acerca deste assunto, afirmando que Pedro seria o fundamento da igreja. Ele seria o primeiro papa, e, portanto, Jesus estava afirmando que a igreja de Cristo deve ser edificada sobre o papado.

Esta hipótese é vazia, antes de mais nada porque Pedro era extremamente frágil em sua estrutura emocional. Varias vezes se equivocou grosseiramente, fez promessas que não cumpriu, foi usado pelo diabo para tentar tirar da mente de Jesus o propósito da sua morte sacrificial, e chegou mesmo a negar seu mestre. Jesus realmente estava pensando em edificar sua igreja sobre o homem Pedro?

Esta afirmação, também, carece de fundamentação bíblica. O próprio Pedro afirma que Jesus, e não ele, é a pedra angular, eleita e preciosa, a principal pedra (1 Pe 2.4-8). A Igreja de Cristo não está fundamentada em um homem, mas no próprio Jesus.

A afirmação de Jesus se refere à declaração de Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). É sobre este fundamento, da filiação divina de Cristo, que sua igreja deve ser edificada. Jesus estava se referindo à declaração de fé que Pedro acabara de fazer.

q  A hermenêutica Católico-Romana - "Pedro é a pedra". Se baseia na frase de Cristo que diz: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja” (Mt.16.21).
q  A hermenêutica de Pedro- "Cristo é a Pedra"- 1 Pe 2.6-8. Ele nega ser o fundamento da igreja como querem os papistas.
q  A hermenêutica bíblica - A confissão" de Pedro é a Pedra. Jesus estava se referindo à afirmação que Pedro fez, e não à pessoa de Pedro.

A Igreja está fundamentada na natureza de Cristo. Se perdermos a visão de quem é Cristo, a igreja perde o seu sentido essencial. Participa da igreja aquele que entende quem é Jesus. Esta é uma “revelação especial”, dada por Deus, através do seu Espírito. Sem esta compreensão você pode fazer parte de uma instituição terrena, mas nunca da verdadeira igreja de Cristo.

  1. Quem edifica a Igreja é Jesus - “...edificarei a minha igreja” (Mt.16.18).

Isto nos ajuda a entender nosso lugar no corpo de Cristo. Não somos comissionados para edificar a igreja, esta tarefa pertence a Jesus. A exclusividade desta obra Jesus tomou para si. O projeto de uma igreja local tem a ver com o propósito de Cristo, e ele mesmo está engajado nesta missão. "Eu edificarei". O problema é que muitas vezes atrapalhamos o que Deus deseja fazer, ou de forma arrogante achamos que a igreja depende de nós para seu funcionamento. Líderes passam, pastores morrem, porém, a igreja de Cristo continua.

A equivocada onipotência de líderes e membros de igreja pode se tornar um problema, alvo de disputa de poder e posição. Na 1 Carta aos Coríntios, Paulo faz uma longa explanação sobre nosso papel com servos de Cristo. A obra é dele. É Deus quem dá o crescimento.  A fundação e a manutenção de uma igreja não depende, prioritariamente, dos homens, embora equivocadamente achemos isto, mas de Deus. “Eu plantei, Apolo regou, mas é Deus quem dá o crescimento” (1 Co 3.6).

Deus faz através de nós e muitas vezes a despeito de nós. Por isto, “sonhe coisas tão grandes para Deus que se Deus não estiver presente o resultado será o fracasso” (John Edmund Haggai).


  1. Missão – Qual é o chamado da Igreja?

Entender o que é a igreja, nos ajuda a saber qual a natureza do projeto no qual estamos envolvidos. Entender o que é missão, nos capacita a saber o que Deus designou para que nós fizéssemos.

Precisamos entender qual o sentido de estar aqui, neste contexto, neste lugar, neste tempo e nesta hora. Missão dá propósito!

Este texto nos dá algumas direções:

A.    Igreja é chamada para batalha espiritual – “E as portas do inferno não prevalecerão contra ela”.

Na sua missão, ela possui um caráter confrontativo.
É óbvio que isto não é toda missão da igreja.
Mas esta missão está claramente estabelecida por Cristo.

Por sua natureza, igreja é oposta às trevas e ao inferno. Onde uma igreja bíblica, fiel e cristocêntrica, for plantada, ali haverá confronto com o diabo. Por esta razão, plantação de igrejas é algo tão combatido no mundo espiritual.
Desde a encarnação de Cristo, isto se tornou claro. Mc 5.1-14 narra a cura do endemoninhado gadareno. “Quando, de longe, viu Jesus, correu e o adorou, exclamando com alta voz: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Conjuro-te por Deus que não me atormentes” (Mc 5.6,7). A presença de Cristo é um tormento para as trevas. Assim também acontece com a presença da igreja de Cristo, na qual o Espírito Santo habita.

Paulo relata esta oposição das trevas à igreja na segunda carta aos tessalonicenses:
Com efeito, o mistério da iniquidade já opera e aguarda somente que seja afastado aquele que agora o detém” (2 Ts 2.7). Quem detém o poder das trevas? O fato de se referir àquele com o artigo masculino, demonstra tratar-se do Espírito Santo, entretanto, é bom lembrar que a ação do Espírito Santo na história é feita através do povo escolhido de Deus. O poder que detém a ação plena do mal na história é a igreja de Cristo.

A igreja tem a missão de derrubar as portas do inferno. As portas do inferno não prevalecerão contra ela” ( Mt 16.18). Jesus coloca satanás na defensiva. O mundo das trevas na defesa.

Uma ilustração simples para entender isto é a seguinte: Para que colocamos portas nas nossas casas? Para atacar os invasores ou para nos proteger contra os invasores? Porta não é instrumento de ataque, mas de defesa. Colocamos em nossas casas para nos proteger. Quando Jesus descreve o inferno falando que as portas do inferno não prevalecerão, a ideia de sua mente era que, à medida que a igreja avançasse, o inferno recuaria. Não teria condições para enfrentar o poder de Jesus.

Portanto, não temos o inferno aqui no ataque, mas na defesa.

Ficamos com muito medo das trevas, quando na verdade deveríamos ser ousados. Se a igreja avançar, o inferno desmorona, suas defesas se fragilizam.

Inferno não tem resistência contra a ação da Igreja. Os demônios estão sujeitos à Cristo. Esta foi a constatação dos discípulos ao retornarem de sua viagem missionária. “Senhor, até os demônios se nos submetem” (Lc 10.17). O termo “submeter”, vem do grego hupostasso, um termo militar. Por esta razão, quando Jesus se aproxima do endemoninhado gadareno, ele corre em direção a Jesus e o adora. É o reconhecimento da autoridade de Cristo.

Em algumas igrejas primitivas, quando um novo membro era recebido ele tinha que declarar: “Eu renuncio as obras do inferno e do diabo”.

Em Apocalipse Jesus declara a João:
Eu sou o primeiro e último e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos e tenho as chaves da morte e do inferno” (Ap 1.17,18).

Nem o inferno pode reter a Cristo. Nem a morte.

Não há local neste mundo ou no além, no qual Jesus seja impedido de entrar. Por esta razão, Jesus pôde, após a sua morte, “descer ao hades”, lugar do silêncio e da morte, “no qual também foi e pregou aos espíritos em prisão” (1 Pe 3.19). O que ele foi fazer no hades? Proclamar a sua vitória contra o diabo e libertar aqueles que se encontravam cativos pelo diabo.
Certo nordestino, ouvindo estas verdades bíblicas, ficou tão impressionado que disse: “O diabo é cabra frouxo!!! Num cuida nem de sua casa”.

Desta forma, a igreja só não obtém vitória, por causa de sua timidez e falta de fé. A igreja deve avançar no poder do Evangelho, da cruz e do Espírito Santo.

Alguns anos atrás fui pregar na Igreja Presbiteriana Nova Jerusalém, em Fortaleza. Eles construíram um belíssimo templo para 1500 pessoas, e enfrentaram muita oposição espiritual. Aquele terreno tinha sido um antigo terreiro de macumba, mas agora é um templo onde os redimidos proclamam os louvores do Senhor.

A Igreja de Cristo segue vitoriosa apesar de tanta oposição na história. “Quando a igreja ora, o céu se move, o inferno treme, e na terra coisas acontecem”.

Será que estamos entendendo o nosso chamado? Somos chamados para sermos agentes de Deus. Nossa missão é a de crer, a de Deus, realizar. Nada pode destruir sua igreja, nem o inferno. A igreja, sim, pode destruir as estruturas e defesas do inferno, na medida em que avança e cumpre seu papel na história.

B.     Igreja é chamada para reconciliação das pessoas a Deus – “Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares na terra terá sido ligado nos céus e o que desligares na terra, terá sido desligado nos céus” (Mt 16.18)

Na missão da igreja, ela é chamada para anunciar o caminho da salvação e da redenção da humanidade.

Equivocadamente a igreja católica atribui a si o poder de excomungar pessoas que não concordam ou criticam a sua liderança. Quando agem assim, o fazem crendo que uma pessoa só será salva se estiver na igreja católica, pois ela tem o poder institucional de mandar alguém para o inferno, porque não há salvação fora dela.

A visão reformada deste texto é bem diferente.

Nós cremos que, na medida em que proclama o evangelho, a igreja possibilita a salvação das pessoas, afinal, “como, porém, invocarão, aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão se não há quem pregue?” (Rm 10.14).

O método de Deus para salvação das pessoas é a pregação fiel das Escrituras Sagradas. As pessoas precisam ouvir as boas novas. Esta é uma tarefa da igreja. Os anjos queriam esta prerrogativa, mas Deus a atribuiu à sua igreja. Ele decidiu que seria assim (1 Pe 1.10-12). Deus não escolheu os anjos para pregar. Eventualmente me surpreendo com alguns textos bíblicos e indago. Não seriam os anjos pregadores mais eficientes que a igreja? As pessoas não ficariam mais impactadas com a mensagem de poderosos anjos que de frágeis seres humanos?

Deus escolheu sua igreja para ser sua testemunha, até os confins da terra. E nos deu autoridade, e nos deu ordem: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do Pai, Filho e Espírito Santo”. (Mt 28.19). Esta tarefa foi dada à igreja. Ela existe para proclamar a salvação que gratuitamente nos foi ofertada por seu filho Jesus.

O texto de Mt 16.18, tem, contudo, outra questão: “... e o que desligares na terra, terá sido desligado nos céus”. A Igreja pode “desligar” alguém do céu, como tem afirmado a cúpula da Igreja Católica? Quando Lutero foi excomungado da igreja, ele foi imediatamente desligado do céu? Seria esta a mensagem do texto?

Prefiro tentar entender este texto à luz desta afirmação: “Porque nós somos para com Deus o bom perfume de Cristo, tanto nos que são salvos, como nos que se perdem. Para com estes, cheiro de morte para morte; para com aqueles, aroma de vida para vida. Quem, porém, é suficiente para estas coisas?” (2 Co 2.15,16).

O que este texto está dizendo é algo grandioso e assustador. “Somos para com Deus, o bom perfume de Cristo, tanto nos que se perdem, como nos que se salvam” (2.15). O que significa isto?

Ser o bom perfume de Cristo nos que se salvam não é muito difícil de entender. Muitas pessoas foram marcadas eternamente por causa da presença de Cristo que exala em nós. Muitos já foram atraídos à Jesus por causa desta essência divina que seu espírito pôs em nossas vidas, de tal forma que isto é inconfundível, já que os conduz à salvação eterna e ao entendimento do plano da salvação para suas vidas.

Este é o lado positivo da mensagem.

Mas o texto vai além: "...tanto nos que se salvam, quanto nos que se perdem". E diz mais, “para uns, cheiro de vida para vida, para outros, cheiro de morte para morte”.

Assim faz o Evangelho. Ao ser pregado não apenas salva, mas também condena.

Jo 3.36 é uma palavra dura de Jesus: “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho, não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus”. No mesmo capitulo afirma: “Quem crê não é julgado, mas quem não crê, já está julgado, porquanto não crê no unigênito filho de Deus” (Jo 3.14). A mensagem do Evangelho serve não  apenas para salvação, mas para condenação.

No dia do juízo, muitos ouvirão a sentença do reto juiz e vão tentar se defender, mas tendo ouvido a palavra da verdade, não terão como se defender.

Conclusão:
Rev Júlio A. Ferreira fez uma declaração enfática sobre este assunto. “O inferno não pode destruir a igreja, mas a igreja pode se auto destruir”.

É isto que vemos tantas vezes. A infidelidade da igreja a destrói.

O mundanismo, a frieza, a indiferença, a falta de ousadia e de fé, o pecado, podem e tem destruído fatalmente a igreja.

Em outubro de 2019 estive falando a um grupo de pastores e líderes do Mato Grosso. Na cidade em que estive, me relataram a situação de uma igreja, cujos últimos quatro pastores estiveram todos envolvidos em processo de disciplina, envolvidos em problemas morais. Quando ouvi esta história, me indaguei: “Como esta igreja ainda está viva?”

Na minha igreja de origem, houve um período que todos os presbíteros da igreja foram se envolvendo em divórcio, problemas de adultério, afastamento da igreja. Todos, e Deus ia levantando outra liderança. Eu ouço a história desta igreja e me pergunto: “como esta igreja ainda sobrevive?”

Naturalmente, só a graça de Deus pode continuar edificando sua igreja.
Se dependermos de nós mesmos, certamente a igreja de Cristo não avança.

É maravilhoso ouvir Jesus dizendo: “Eu edificarei a minha igreja”. E que bom saber que a igreja não é edificada pelas mãos frágeis de homens frágeis, mas pelas mãos poderosas de um Deus poderoso, que tem as chaves do céu e do inferno.

Um comentário:

  1. Participei do congresso foi uma mensagem,renovadora,tranformadora, educativa,avivada. Deus falou muito comigo,foi bênção. Louvado seja Deus.

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