Introdução:
Nem sempre servir ao Senhor é
alguma coisa bem vista e aceitável. Encontrei uma jovem que ouviu de seu pai a
seguinte afirmação: “prefiro que você se torne uma prostituta que uma crente!”
Muitas pessoas, apesar de estarem no caminho do Senhor, não parecem estar
convencidas de que vale realmente a pena servir ao Senhor. Será que realmente é
bom servir ao Senhor?
Por esta razão o nosso amor e
serviço a Deus é tão superficial, e tão sem compromisso. Muitos crentes em
Cristo, servem a Deus como se isto não valesse a pena, assumindo a mesma
posição descrita pelo profeta Malaquias: “Enfadais
o Senhor com vossas palavras e ainda dizeis: Em que o enfadamos?” (Ml
2.17).
Você acha que servir ao Senhor é
alguma coisa fácil?
A. A mensagem do evangelho é sempre
contracultural
a.
O
culto dos judeus era ofensivo aos egípcios – Ex 8.25-27
b.
A
ética cristã parecia “estranha” aos pagãos – 1 Pe 4.3-4
c.
Os
cristãos foram rejeitados por causa da mensagem: “escândalo para os judeus e loucura para os gentios” (1 Co 2.16)
d.
No
império romano, os cristãos foram perseguidos por não reconhecerem os deuses
pagãos. Foram acusados de sedição e de desobediência civil.
B. A mensagem do Evangelho tem sido
sistematicamente rejeitada pela sociedade secularizada
a.
A
teologia da cruz é agressiva
i. A cruz é impopular
ii. A cruz é ofensiva
b.
A
ética cristã é desprezada
i. Nova moralidade
ii. A cosmovisão cristã parece
antiquada
A Situação de Josué
O povo de Deus estava passando
por uma momento crucial. Eles agora estavam na terra prometida, e Josué
pressente que a hora de sua morte está chegando e que era necessário deixar um
legado a advertir ao povo do que estava por vir. Quem seria o novo líder? Josué
precisava orientar os novos rumos do povo de Deus. “Então Josué reuniu todas as tribos de Israel
em Siquém. Convocou as autoridades, os líderes, os juízes e os oficiais de
Israel, e eles compareceram diante de Deus.” (Js 24.1). Era necessário
avaliar.
Josué está partindo. Quem
assumirá o seu lugar? O que acontecerá à próxima geração? O que aquele povo que
agora entra na terra prometida tinha em mente em relação ao Deus que os havia
libertado do Egito? Josué faz um apelo dramático e comovente: "Agora temam o Senhor e sirvam-no com
integridade e fidelidade. Joguem fora os deuses que os seus antepassados adoraram
além do Eufrates e no Egito, e sirvam ao Senhor. Se vos parece
mal servir ao Senhor, escolham hoje a quem irão servir, se aos deuses que
os seus antepassados serviram além do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus, em
cuja terra vocês estão vivendo. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor".
(Js 24.14,15).
Josué chega a parecer
inapropriado, pois quando o povo afirma querer seguir a Deus, ele começa a
considerar o risco desta decisão: “Josué
disse ao povo: "Vocês não têm condições de servir ao Senhor. Ele é Deus
santo! É Deus zeloso! Ele não perdoará a rebelião e o pecado de vocês. Se
abandonarem o Senhor e servirem a deuses estrangeiros, ele se voltará contra
vocês e os castigará. Mesmo depois de ter sido bondoso com vocês, ele os
exterminará". (Js 24.19,20).
Uma
comparação grotesca seria o seguinte: uma pessoa afirma que deseja seguir a
Jesus e o pastor volta-se para ela e diz: “Não acho que você está fazendo uma
boa decisão. Você parece não entender a seriedade de se tornar um discípulo de
Cristo”. Temos aqui, portanto, a primeira vez na história, que um pastor fiel
desencoraja seu povo a seguir a Deus.
O
que está acontecendo?
Josué
estava querendo demonstrar, que muitas vezes, pode parecer mal servir ao Senhor. Por isto chama a atenção do
povo. Ele queria saber se aquelas pessoas estavam entendendo a decisão que
tomavam.
Quais eram as implicações:
A. A Santidade de Deus - “Josué
disse ao povo: Vocês não têm condições de servir ao Senhor. Ele é Deus santo! É
Deus zeloso! Ele não perdoará a rebelião e o pecado de vocês”.
(Js 24.19).
Josué tenta mostrar que não o
pacto com Deus não podia ser superficial. O Deus de Israel pede exclusividade, por
causa de sua santidade: “A minha honra
não darei a outrem...”. O apóstolo Tiago afirma que ele tem ciúmes por seu
povo (Tg 4.5).
As pessoas de Israel conheceram
outras "divindades" no Egito e no deserto: Entre os deuses do Egito
estava o Rá-Atum, o mais
importante deus do panteão egípcio, responsável pela criação do
mundo e representado por um touro; havia Osíris, descendente de Rá; Ísis.
Esposa-irmã de Osíris, protetora, que estava relacionada à magia.
Havia também outros deuses canaanitas
com os quais o povo de Deus conviveu ao entrar na terra, entre eles Baal e
Astarote, que sempre estavam se opondo ao Deus verdadeiro. Estranhamente muitos
judeus serviram outros deuses apesar de terem visto as manifestações
maravilhosas de Deus. As
pessoas viram seus pais servindo a outros deuses, como afirma Josué: “escolham hoje a quem irão servir, se aos
deuses que os seus antepassados serviram além do Eufrates.”(Js 24.15).
Deus é Santo.
Ele não reparte sua glória com
ninguém.
Em muitas outras religiões você
pode ser sincrético. Na fé-bahai, a
doutrina central é a integração de todos os cultos em apenas um. O espiritismo tem
uma flexibilização muito grande: todas religiões são boas, tudo é de Deus.
Entretanto, o Deus das Escrituras Sagradas é santo. Ele não reparte – exige
exclusividade.
B. A seriedade e a disciplina de Deus
“Não podereis servir ao Senhor” (Jo
24.19).
Josué alerta o povo sobre as
implicações de seguir a Deus, por isto tenta dissuadi-los.
Jesus também fez isto com seus
discípulos (Jo 6.66-69). Josué afirma que existia um custo (Js 24.23). Eles
precisavam rejeitar e renunciar a outros deuses. Deus não iria permitir
impunidade quando pecassem. Iawé julgaria os atos de seu povo.
Paulo também exorta a igreja da
Galácia: “De Deus não se zomba, aquilo
que o homem semear, isto também ceifará”
(Gl 6.7).
No Antigo Testamento Deus tratava
os pecados com severidade, entre as sentenças estava até mesmo o apedrejamento.
No Novo Testamento vemos Deus tratando o pecado com igual severidade: Deus
envia Jesus para morrer pelos pecados da humanidade satisfazendo assim a sua
perfeita justiça. O pecado é algo tão sério que Jesus morreu na cruz pelos
nossos pecados. “Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus” (Rm 11.22).
Por esta razão vemos a exortação
bíblica: “Se vos parece bem servir ao
Senhor”.
Quatro implicações devem estar
presentes:
Primeiro, ruptura com deuses
estranhos –
“Agora, pois, deitai fora os deuses
estranhos que há no meio de vós e inclinai o coração ao Senhor, Deus de Israel”
(Js 24.23).
Se nos parece bem servir ao
Senhor, a primeira coisa a fazer é abandonar os falsos deuses.
No livro de Gênesis, temos um
episódio interessante sobre Jacó e Raquel. Quando fugiam da casa de Labão,
Raquel roubou os ídolos de seu pai e os escondeu debaixo da sela do camelo (Gn
31.30-35). Apesar de Jacó estar debaixo da família da promessa, ser um dos
ícones da nossa fé, por isto adoramos o Deus de “Abraão, Isaque e Jacó”, sua
esposa ainda carregava os ídolos. Os ídolos não são descobertos, porque ficavam
debaixo da sela. Raquel mentiu para preservar aqueles detestáveis ídolos.
Nossos ídolos familiares tendem a
ser perpetuados. Nós os encobrimos. Muitas vezes a esposa não sabe da idolatria
de seu marido, ou os pais não sabem da idolatria dos filhos. Muitas vezes, os
filhos aprendem a idolatrar determinadas coisas, incorporando as práticas pagãs
adotadas pelos pais, mesmo num contexto cristão, como era o lar de Jacó.
Quais são os ídolos que nossas
famílias cultuam?
Se nos parece bem servir a Deus,
precisamos aprender a abandonar os ídolos que estruturas familiares sempre
constroem e tratam com tanto desvelo. Um conceito básico de idolatria é “tudo
que ocupa lugar de Deus”. Criamos os ídolos porque desejamos ter deuses à nossa
imagem, deuses que podemos manipular.
Para seguir a Deus em nossos lares, precisamos
identificar nossos ídolos e tirarmos o valor central que eles costumeiramente
ocupam em nossas vidas.
Segundo, inclinar os corações a
Deus- “...e inclinai o coração ao Senhor, Deus de
Israel” (Js 24.23).
A ruptura com os ídolos acontece
quando desmascaramos a falsa segurança do dinheiro, do status, da reputação, e
colocamos nossa completa esperança em Deus. Rejeitar os ídolos e inclinar o
coração a Deus, são dois movimentos complementares e sincrônicos: Só é possível
rejeitar os ídolos quando nossos corações se inclinam para Deus. Só é possível
inclinar os corações a Deus quando rejeitamos os ídolos.
A questão essencial é o coração.
Ele dirige afetos e disposições - Para onde tem se voltado o nosso coração?
A atitude natural de um coração
que rejeita a idolatria é se inclinar e se curvar perante o Senhor. Somente
Deus pode fazer o coração tão dependente dos ídolos e falsos deuses, se voltar
para o Deus verdadeiro e colocar sua confiança apenas em Deus que a tudo supre
e abençoa.
O coração nem sempre está
disposto a se inclinar, porque tende a ser auto centrado, independente, rebelde
e agitado. Por que temos tanta dificuldade em orar, senão no fato de que
dependemos apenas de nós mesmos, nossa capacidade e suficiência? Por outro
lado, nem sempre as motivações mais íntimas, e as disposições e devoções são
colocadas no lugar certo.
Se vos parece bem servir ao
Senhor... inclinai vossos corações a Deus.
Terceiro, disposição para
obedecer e servir a Deus- “Disse o povo a Josué: Ao Senhor, nosso Deus, serviremos e obedeceremos
à sua voz” (Js 24.24).
O povo se dispôs a servir e
obedecer.
Lembre-se, estas duas não são
próprias da natureza humana. Não gostamos de obedecer, e muito menos de servir
a Deus.
Quem se dispõe precisa se
oferecer.
Muitos lares precisam aprender a
obedecer e a servir a Deus, num exercício diário da vontade.
Temos pouco disposição para as
coisas de Deus. Não gostamos de servir, mas de sermos servidos; não gostamos de
adorar, mas de sermos adorados. Queremos que os outros atentem para as nossas
necessidades, não estamos muito interessado nas coisas de Deus.
Servir a Yahweh é opcional – “Escolhei hoje a
quem sirvais”... “Se vos parece bem
servir ao Senhor”... Ninguém é obrigado a servir a Deus. Aqueles que o
fizerem devem fazê-lo por convicção.
Espiritualmente, bem e o mal agem
por concessão. Por isto Deus pede: “Hoje,
se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração”, e ainda: “Estou que estou à porta e bato, se alguém
ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei, cearei com ele e ele comigo”.
Podemos também nos aproximar perigosamente do mal, por negligência,
displicência ou opção. Muitos adiam sua decisão de obedecer e servir a Cristo,
e deixam de assumir um compromisso de vida com o Senhor, não ajudam os filhos a
obedecerem e a servir a Deus. O problema é que a não decisão é uma decisão de
não decidir... Omissão é decisão preguiçosa. O texto mostra que você “não tem”
que servir a Deus. Somente o fará se desejar fazer.
A fé cristã envolve dois
movimentos:
- Crer em seu coração e declarar
com sua boca (Rm 10.9). Um é subjetivo, tem a ver com o convencimento do
Espírito em nosso coração.
- Outro é público: Implica em
nossa atitude de assumir nossa posição diante de Deus e dos homens,
verbalizando o que vai em nosso coração.
Levar as famílias a Deus é uma
decisão dos pais. Josué assume sua
função de cabeça de sua casa e afirma: “Eu
e minha casa serviremos ao Senhor”. (Js 24.15). No pacto cristão, Deus
chama o homem para assumir a liderança espiritual de sua casa. Compromissos
espirituais e pactos feitos pelos pais são levados a sério no mundo espiritual.
Tanto na circuncisão do Antigo Testamento quando no ato de batizar nossos
filhos, o pai representa o filho perante Deus. A criança era circuncidada ao
oitavo dia. Era uma decisão dos pais.
4. Fazer “pactos” com Deus – “Assim, naquele dia, fez Josué aliança com o
povo e lha pôs por estatuto e direito em Siquém” (Jo 24.25).
Acho muito interessante fazer
alianças e pactos.
Somos uma geração que desvaloriza
pactos. Achamos que estas coisas são mera formalidade, sem muito valor.
Desvalorizamos os votos de nosso casamento, os compromissos ao nos tornarmos
membros parecem esvaziados, não levamos a sério as palavras que proferimos,
mesmo quando assumimos um pacto aos nos batizarmos.
Precisamos valorizar nossos
votos. “Quando a Deus fizeres algum voto,
não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que
fazes. Melhor é qu não votes do que votes e não cumpras” (Ec 5.4-5).
Ao fazermos votos estamos nos
comprometendo e pactuando, estamos afirmando que desejamos buscar mais,
inclinar mais o coração nos votos que fazemos. O povo de Deus sempre valorizou
ritos e pactos. Quando o povo de Deus atravessa o rio Jordão em direção à terra
prometida, tiraram 12 pedras do fundo do rio Jordão para marcarem aquele momento
solene.
Josué também erigiu um memorial:
“Josué escreveu estas palavras no Livro
da Lei de Deus; tomou uma grande pedra e a erigiu ali debaixo do carvalho que
estava em lugar santo ao Senhor. Esta grande pedra foi colocada ali como
lembrança. Fizemos uma aliança com Deus, um novo pacto foi estabelecido.
Conclusão:
Gostaria de sugerir os seguintes
aspectos práticos:
A. Decisão tem um componente da
vontade: “Se vos parece bem servir ao
Senhor”. Preciso considerar se realmente me “parece bem”, servir ao Senhor.
Esta experiência vale? Isto é importante para minha vida? Vale a pena fazer
pactos pelo meu lar, minha vida, meus filhos? Realmente estou convencido, em
última instância, que vale a pena servir ao Senhor?
B. Decisão tem um custo - Josué
tenta desestimular aqueles que não estavam muito convencidos a não seguirem
Yahweh, ele afirma que Deus é santo e zeloso (Js 24.19); e exige compromisso de
fidelidade e integridade, então, pense seriamente antes de decidir. Felizmente
o povo também decidiu seguir a Deus. "por tudo o que ganhar você irá
também perder algumas coisas"
(Ralph Waldo Emerson).
C. Decisão impacta futuras gerações
– Você não está decidindo apenas por você, mas por toda sua família, algumas de
suas decisões tomadas hoje, terão profundo efeito na vida de seus filhos e
netos. Minha avó se converteu a Cristo, lendo sozinha a bíblia, e isto tem
impactado filhos e netos, muitos deles, lideres nas suas igrejas locais.
D. Decisão tem um componente de
urgência – “Escolhei, hoje, a quem sirvais” (Js 24.15).
Temos a tendência de procrastinar, adiar e deixar para depois, e os anos vão se
passando sem que saibamos de que lado estamos, nem para onde estamos indo. Hoje
é o tempo que se tem, amanha é apenas possibilidades.
E. Se você ainda tem dificuldade em
acreditar que vale a pena, realmente, seguir ao Senhor, considere o que Deus
fez por você. O que nos motiva a amá-lo, foi seu amor; o que nos motiva ao
sacrifício, é o seu sacrifício; o que nos motiva à rendição, foi sua rendição.
Jesus, sendo rico se fez pobre por amor a nós. Paulo afirma: “O amor de Cristo me constrange”.
Será que estas coisas não são
suficientemente grandes para nos impulsionar à compreensão de que é bom servir
ao Senhor?
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