quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Js 24.14-28 Se vos parece mal servir ao Senhor


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Introdução:

Nem sempre servir ao Senhor é alguma coisa bem vista e aceitável. Encontrei uma jovem que ouviu de seu pai a seguinte afirmação: “prefiro que você se torne uma prostituta que uma crente!” Muitas pessoas, apesar de estarem no caminho do Senhor, não parecem estar convencidas de que vale realmente a pena servir ao Senhor. Será que realmente é bom servir ao Senhor?

Por esta razão o nosso amor e serviço a Deus é tão superficial, e tão sem compromisso. Muitos crentes em Cristo, servem a Deus como se isto não valesse a pena, assumindo a mesma posição descrita pelo profeta Malaquias: “Enfadais o Senhor com vossas palavras e ainda dizeis: Em que o enfadamos?” (Ml 2.17).

Você acha que servir ao Senhor é alguma coisa fácil?

A.   A mensagem do evangelho é sempre contracultural
a.     O culto dos judeus era ofensivo aos egípcios – Ex 8.25-27
b.    A ética cristã parecia “estranha” aos pagãos – 1 Pe 4.3-4
c.     Os cristãos foram rejeitados por causa da mensagem: “escândalo para os judeus e loucura para os gentios” (1 Co 2.16)
d.    No império romano, os cristãos foram perseguidos por não reconhecerem os deuses pagãos. Foram acusados de sedição e de desobediência civil.

B.    A mensagem do Evangelho tem sido sistematicamente rejeitada pela sociedade secularizada
a.     A teologia da cruz é agressiva
                                               i.     A cruz é impopular
                                             ii.     A cruz é ofensiva
b.    A ética cristã é desprezada
                                               i.     Nova moralidade
                                             ii.     A cosmovisão cristã parece antiquada


A Situação de Josué

O povo de Deus estava passando por uma momento crucial. Eles agora estavam na terra prometida, e Josué pressente que a hora de sua morte está chegando e que era necessário deixar um legado a advertir ao povo do que estava por vir. Quem seria o novo líder? Josué precisava orientar os novos rumos do povo de Deus. Então Josué reuniu todas as tribos de Israel em Siquém. Convocou as autoridades, os líderes, os juízes e os oficiais de Israel, e eles compareceram diante de Deus.” (Js 24.1). Era necessário avaliar.

Josué está partindo. Quem assumirá o seu lugar? O que acontecerá à próxima geração? O que aquele povo que agora entra na terra prometida tinha em mente em relação ao Deus que os havia libertado do Egito? Josué faz um apelo dramático e comovente: "Agora temam o Senhor e sirvam-no com integridade e fidelidade. Joguem fora os deuses que os seus antepassados adoraram além do Eufrates e no Egito, e sirvam ao Senhor. Se vos parece mal servir ao Senhor, escolham hoje a quem irão servir, se aos deuses que os seus antepassados serviram além do Eufrates, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terra vocês estão vivendo. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor". (Js 24.14,15).

Josué chega a parecer inapropriado, pois quando o povo afirma querer seguir a Deus, ele começa a considerar o risco desta decisão: “Josué disse ao povo: "Vocês não têm condições de servir ao Senhor. Ele é Deus santo! É Deus zeloso! Ele não perdoará a rebelião e o pecado de vocês. Se abandonarem o Senhor e servirem a deuses estrangeiros, ele se voltará contra vocês e os castigará. Mesmo depois de ter sido bondoso com vocês, ele os exterminará". (Js 24.19,20).

Uma comparação grotesca seria o seguinte: uma pessoa afirma que deseja seguir a Jesus e o pastor volta-se para ela e diz: “Não acho que você está fazendo uma boa decisão. Você parece não entender a seriedade de se tornar um discípulo de Cristo”. Temos aqui, portanto, a primeira vez na história, que um pastor fiel desencoraja seu povo a seguir a Deus.

O que está acontecendo?
Josué estava querendo demonstrar, que muitas vezes, pode parecer mal servir ao Senhor. Por isto chama a atenção do povo. Ele queria saber se aquelas pessoas estavam entendendo a decisão que tomavam.

Quais eram as implicações:

A.   A Santidade de Deus  - “Josué disse ao povo: Vocês não têm condições de servir ao Senhor. Ele é Deus santo! É Deus zeloso! Ele não perdoará a rebelião e o pecado de vocês”. (Js 24.19).

Josué tenta mostrar que não o pacto com Deus não podia ser superficial. O Deus de Israel pede exclusividade, por causa de sua santidade: “A minha honra não darei a outrem...”. O apóstolo Tiago afirma que ele tem ciúmes por seu povo (Tg 4.5).

As pessoas de Israel conheceram outras "divindades" no Egito e no deserto: Entre os deuses do Egito estava o Rá-Atum, o mais importante deus do panteão egípcio, responsável pela criação do mundo e representado por um touro; havia Osíris, descendente de Rá; Ísis. Esposa-irmã de Osíris, protetora, que estava relacionada à magia.

Havia também outros deuses canaanitas com os quais o povo de Deus conviveu ao entrar na terra, entre eles Baal e Astarote, que sempre estavam se opondo ao Deus verdadeiro. Estranhamente muitos judeus serviram outros deuses apesar de terem visto as manifestações maravilhosas de Deus. As pessoas viram seus pais servindo a outros deuses, como afirma Josué: “escolham hoje a quem irão servir, se aos deuses que os seus antepassados serviram além do Eufrates.”(Js 24.15).

Deus é Santo.
Ele não reparte sua glória com ninguém.

Em muitas outras religiões você pode ser sincrético. Na fé-bahai, a doutrina central é a integração de todos os cultos em apenas um. O espiritismo tem uma flexibilização muito grande: todas religiões são boas, tudo é de Deus. Entretanto, o Deus das Escrituras Sagradas é santo. Ele não reparte – exige exclusividade.

B.    A seriedade e a disciplina de Deus  Não podereis servir ao Senhor” (Jo 24.19).

Josué alerta o povo sobre as implicações de seguir a Deus, por isto tenta dissuadi-los.

Jesus também fez isto com seus discípulos (Jo 6.66-69). Josué afirma que existia um custo (Js 24.23). Eles precisavam rejeitar e renunciar a outros deuses. Deus não iria permitir impunidade quando pecassem. Iawé julgaria os atos de seu povo.
Paulo também exorta a igreja da Galácia: “De Deus não se zomba, aquilo que o homem semear, isto também ceifará  (Gl 6.7).

No Antigo Testamento Deus tratava os pecados com severidade, entre as sentenças estava até mesmo o apedrejamento. No Novo Testamento vemos Deus tratando o pecado com igual severidade: Deus envia Jesus para morrer pelos pecados da humanidade satisfazendo assim a sua perfeita justiça. O pecado é algo tão sério que Jesus morreu na cruz pelos nossos pecados. “Considerai, pois, a bondade e a severidade de Deus” (Rm 11.22).

Por esta razão vemos a exortação bíblica: “Se vos parece bem servir ao Senhor”.

Quatro implicações devem estar presentes:

Primeiro, ruptura com deuses estranhos – “Agora, pois, deitai fora os deuses estranhos que há no meio de vós e inclinai o coração ao Senhor, Deus de Israel” (Js 24.23).  

Se nos parece bem servir ao Senhor, a primeira coisa a fazer é abandonar os falsos deuses.

No livro de Gênesis, temos um episódio interessante sobre Jacó e Raquel. Quando fugiam da casa de Labão, Raquel roubou os ídolos de seu pai e os escondeu debaixo da sela do camelo (Gn 31.30-35). Apesar de Jacó estar debaixo da família da promessa, ser um dos ícones da nossa fé, por isto adoramos o Deus de “Abraão, Isaque e Jacó”, sua esposa ainda carregava os ídolos. Os ídolos não são descobertos, porque ficavam debaixo da sela. Raquel mentiu para preservar aqueles detestáveis ídolos.

Nossos ídolos familiares tendem a ser perpetuados. Nós os encobrimos. Muitas vezes a esposa não sabe da idolatria de seu marido, ou os pais não sabem da idolatria dos filhos. Muitas vezes, os filhos aprendem a idolatrar determinadas coisas, incorporando as práticas pagãs adotadas pelos pais, mesmo num contexto cristão, como era o lar de Jacó.

Quais são os ídolos que nossas famílias cultuam?

Se nos parece bem servir a Deus, precisamos aprender a abandonar os ídolos que estruturas familiares sempre constroem e tratam com tanto desvelo. Um conceito básico de idolatria é “tudo que ocupa lugar de Deus”. Criamos os ídolos porque desejamos ter deuses à nossa imagem, deuses que podemos manipular.

 Para seguir a Deus em nossos lares, precisamos identificar nossos ídolos e tirarmos o valor central que eles costumeiramente ocupam em nossas vidas.

Segundo, inclinar os corações a Deus- “...e inclinai o coração ao Senhor, Deus de Israel” (Js 24.23).

A ruptura com os ídolos acontece quando desmascaramos a falsa segurança do dinheiro, do status, da reputação, e colocamos nossa completa esperança em Deus. Rejeitar os ídolos e inclinar o coração a Deus, são dois movimentos complementares e sincrônicos: Só é possível rejeitar os ídolos quando nossos corações se inclinam para Deus. Só é possível inclinar os corações a Deus quando rejeitamos os ídolos.

A questão essencial é o coração. Ele dirige afetos e disposições - Para onde tem se voltado o nosso coração?

A atitude natural de um coração que rejeita a idolatria é se inclinar e se curvar perante o Senhor. Somente Deus pode fazer o coração tão dependente dos ídolos e falsos deuses, se voltar para o Deus verdadeiro e colocar sua confiança apenas em Deus que a tudo supre e abençoa.

O coração nem sempre está disposto a se inclinar, porque tende a ser auto centrado, independente, rebelde e agitado. Por que temos tanta dificuldade em orar, senão no fato de que dependemos apenas de nós mesmos, nossa capacidade e suficiência? Por outro lado, nem sempre as motivações mais íntimas, e as disposições e devoções são colocadas no lugar certo.

Se vos parece bem servir ao Senhor... inclinai vossos corações a Deus.

Terceiro, disposição para obedecer e servir a Deus-Disse o povo a Josué: Ao Senhor, nosso Deus, serviremos e obedeceremos à sua voz” (Js 24.24).

O povo se dispôs a servir e obedecer.
Lembre-se, estas duas não são próprias da natureza humana. Não gostamos de obedecer, e muito menos de servir a Deus.

Quem se dispõe precisa se oferecer.
Muitos lares precisam aprender a obedecer e a servir a Deus, num exercício diário da vontade.

Temos pouco disposição para as coisas de Deus. Não gostamos de servir, mas de sermos servidos; não gostamos de adorar, mas de sermos adorados. Queremos que os outros atentem para as nossas necessidades, não estamos muito interessado nas coisas de Deus.

Servir a Yahweh é opcional – “Escolhei hoje a quem sirvais”... “Se vos parece bem servir ao Senhor”... Ninguém é obrigado a servir a Deus. Aqueles que o fizerem devem fazê-lo por convicção.

Espiritualmente, bem e o mal agem por concessão. Por isto Deus pede: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração”, e ainda: “Estou que estou à porta e bato, se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei, cearei com ele e ele comigo”. Podemos também nos aproximar perigosamente do mal, por negligência, displicência ou opção. Muitos adiam sua decisão de obedecer e servir a Cristo, e deixam de assumir um compromisso de vida com o Senhor, não ajudam os filhos a obedecerem e a servir a Deus. O problema é que a não decisão é uma decisão de não decidir... Omissão é decisão preguiçosa. O texto mostra que você “não tem” que servir a Deus. Somente o fará se desejar fazer.

A fé cristã envolve dois movimentos:
- Crer em seu coração e declarar com sua boca (Rm 10.9). Um é subjetivo, tem a ver com o convencimento do Espírito em nosso coração.
- Outro é público: Implica em nossa atitude de assumir nossa posição diante de Deus e dos homens, verbalizando o que vai em nosso coração.

Levar as famílias a Deus é uma decisão dos pais. Josué assume sua função de cabeça de sua casa e afirma: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor”. (Js 24.15). No pacto cristão, Deus chama o homem para assumir a liderança espiritual de sua casa. Compromissos espirituais e pactos feitos pelos pais são levados a sério no mundo espiritual. Tanto na circuncisão do Antigo Testamento quando no ato de batizar nossos filhos, o pai representa o filho perante Deus. A criança era circuncidada ao oitavo dia. Era uma decisão dos pais.


4.   Fazer “pactos”  com Deus Assim, naquele dia, fez Josué aliança com o povo e lha pôs por estatuto e direito em Siquém” (Jo 24.25).

Acho muito interessante fazer alianças e pactos.
Somos uma geração que desvaloriza pactos. Achamos que estas coisas são mera formalidade, sem muito valor. Desvalorizamos os votos de nosso casamento, os compromissos ao nos tornarmos membros parecem esvaziados, não levamos a sério as palavras que proferimos, mesmo quando assumimos um pacto aos nos batizarmos.

Precisamos valorizar nossos votos. “Quando a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de tolos. Cumpre o voto que fazes. Melhor é qu não votes do que votes e não cumpras” (Ec 5.4-5).

Ao fazermos votos estamos nos comprometendo e pactuando, estamos afirmando que desejamos buscar mais, inclinar mais o coração nos votos que fazemos. O povo de Deus sempre valorizou ritos e pactos. Quando o povo de Deus atravessa o rio Jordão em direção à terra prometida, tiraram 12 pedras do fundo do rio Jordão para marcarem aquele momento solene. 
Josué também erigiu um memorial: “Josué escreveu estas palavras no Livro da Lei de Deus; tomou uma grande pedra e a erigiu ali debaixo do carvalho que estava em lugar santo ao Senhor. Esta grande pedra foi colocada ali como lembrança. Fizemos uma aliança com Deus, um novo pacto foi estabelecido.

Conclusão:

Gostaria de sugerir os seguintes aspectos práticos:

A.   Decisão tem um componente da vontade: “Se vos parece bem servir ao Senhor”. Preciso considerar se realmente me “parece bem”, servir ao Senhor. Esta experiência vale? Isto é importante para minha vida? Vale a pena fazer pactos pelo meu lar, minha vida, meus filhos? Realmente estou convencido, em última instância, que vale a pena servir ao Senhor?

B.    Decisão tem um custo - Josué tenta desestimular aqueles que não estavam muito convencidos a não seguirem Yahweh, ele afirma que Deus é santo e zeloso (Js 24.19); e exige compromisso de fidelidade e integridade, então, pense seriamente antes de decidir. Felizmente o povo também decidiu seguir a Deus. "por tudo o que ganhar você irá também perder algumas coisas"  (Ralph Waldo Emerson).

C.    Decisão impacta futuras gerações – Você não está decidindo apenas por você, mas por toda sua família, algumas de suas decisões tomadas hoje, terão profundo efeito na vida de seus filhos e netos. Minha avó se converteu a Cristo, lendo sozinha a bíblia, e isto tem impactado filhos e netos, muitos deles, lideres nas suas igrejas locais.

D.   Decisão tem um componente de urgência – “Escolhei, hoje, a quem sirvais” (Js 24.15). Temos a tendência de procrastinar, adiar e deixar para depois, e os anos vão se passando sem que saibamos de que lado estamos, nem para onde estamos indo. Hoje é o tempo que se tem, amanha é apenas possibilidades.

E.    Se você ainda tem dificuldade em acreditar que vale a pena, realmente, seguir ao Senhor, considere o que Deus fez por você. O que nos motiva a amá-lo, foi seu amor; o que nos motiva ao sacrifício, é o seu sacrifício; o que nos motiva à rendição, foi sua rendição. Jesus, sendo rico se fez pobre por amor a nós. Paulo afirma: “O amor de Cristo me constrange”.

Será que estas coisas não são suficientemente grandes para nos impulsionar à compreensão de que é bom servir ao Senhor?



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