sábado, 20 de junho de 2020

Mt 14.1-13 Três Forças Destrutivas na alma humana




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uma vez que o culto todo  está gravado, caso queira ouvir apenas a palestra, vá direto para a mensagem.
paz



Introdução:

O livro “O Contrato Social”, publicado em 1762, é um clássico da literatura mundial. Jean Jacques Rousseau, filósofo e teórico político influenciador dos ideais iluministas,  afirma: “O homem é um ser livre, mas por toda parte encontra-se acorrentado”. Para Rousseau, o homem não tem direito de escolher, porque a sociedade dirige seus negócios e suas relações pessoais, e ao acordar o homem já levanta com várias obrigações. Pelas imposições sociais, o homem tem cerceado sua liberdade, e encontra-se preso pelas regras impostas pela própria sociedade. A grande liberdade seria encontrada quando o homem pudesse viver o “estado de natureza”, onde há igualdade.

Rick Warren faz uma pergunta intrigante: O que dirige sua vida? Ele afirma que todo e qualquer individuo tem sua vida dirigida por algo. Pode ser um problema, uma pressão, uma memória dolorosa, uma crença inconsciente. O ser humano pode ser dirigido por culpa, pelo ódio e raiva, pelo medo, pelo materialismo e dinheiro ou pela necessidade de aprovação.

A verdade é que existem forças inconscientes ou conscientes que controlam as nossas vidas.

Este texto nos revela exatamente isto.
É o dia do aniversário de Herodes, não é mais aquele das matanças dos inocentes, que era Herodes o Grande. Este era Herodes Antipas, que governava nos dias do julgamento de Cristo. Como todo homem poderoso e vaidoso, ele fez uma festa glamorosa para celebrar seu aniversário. Os homens mais importantes na hierarquia judaica, assim como os líderes romanos, participavam deste evento. A filha de Herodias, fez uma apresentação de gala numa dança, e ele empolgado e alterado pelo vinho, disse que ela poderia pedir o que quisesse e ele lhe daria. A adolescente, indaga a mãe, que cheia de rancor contra João Batista, pede que lhe traga numa bandeja, a cabeça do profeta.

Neste texto, vemos como três poderosas forças dirigirão a vida das pessoas presentes naquela festa de aniversário.

Primeiro, a força da culpa

Os primeiros versículos deste texto revelam isto.
Por aquele tempo, ouviu o tetrarca Herodes a fama de Jesus e disse aos que o serviam: Este é João Batista; ele ressuscitou dos mortos, e, por isso, nele operam forças miraculosas. Porque Herodes, havendo prendido e atado a João, o metera no cárcere, por causa de Herodias, mulher de Filipe, seu irmão; pois João lhe dizia: Não te é lícito possuí-la.” (Mt 14.1-4)


Herodes vivia com um fantasma na mente.
Quando ouviu falar que havia um profeta na região, e que nele operavam forças miraculosas, amedrontado disse: “É João Batista. Ele ressuscitou dos mortos e nele operam forças miraculosas”. Como Herodes chegou a esta precipitada e equivocada leitura? Seu temor e culpa. Herodes estava assombrado.

Depois da morte de João Batista, Herodes vivia debaixo de um fantasma, e não era para menos. O que ele fez excedeu todos os limites de crueldade. No dia do seu aniversário executar João Batista para satisfazer sua insaciável e frívola mulher?

Um dos maiores tormentos do ser humano é viver dominado pela culpa.

No famoso livro de Gabriel Garcia Marques, Cem anos de solidão, o personagem
 José Arcadio Buendia, depois de uma briga com Prudêncio Aguilar, numa rinha, o mata com uma lança. Um dia, a mulher saiu para beber água no quintal, e viu Prudêncio junto à tina, estava lívido, com uma expressão triste, tentando tapar com uma atadura de esparto, o buraco da garganta. Voltou ao quarto, contou ao esposo o que tinha visto, mas ele não ligou e respondeu: “Os mortos não saem, o que acontece é que não aguentamos com o peso da consciência”  (Pg. 21).

Pessoas marcadas pela culpa, estão condenadas a viverem sob tormento. Muitos anos atrás conversei com um homem que havia assassinado alguém. Ele me disse: “todos os dias, quando eu sirvo o meu prato de comida, a primeira coisa que vejo é o rosto daquele homem”. A Bíblia diz: “O homem carregado do sangue de outrem fugirá até à cova; ninguém o detenha” (Pv 28.17).

Viver fugindo de seus próprios fantasmas é angustiante. Para resolver o problema da culpa, precisamos admitir que erramos, mas precisamos também do perdão de Deus. “O Sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado...Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar o pecado e nos purificar de toda injustiça”. (1 Jo 1.7,9).

O sangue de Jesus nos purifica, nos lava, nos torna limpos. Podemos ser perdoados pelo seu sacrifício. Esta é uma noticia maravilhosa. Não precisamos ser condenados a pecados cometidos. Podemos ser absolvidos. Venha para Cristo.

Segundo,
a força do ódio

Herodias é uma mulher dominada pelo ódio e desejo de vingança.

Ela era irmã de Herodes Agripa I, rei da Judeia. Casou-se com Herodes Filipe, com quem teve uma filha, e o deixou para casar-se com Herodes Antipas, que se divorciou de sua primeira esposa, Fasélia. A união se tornou um escândalo palaciano. Na festa do aniversário de Herodes Antipas, Salomé fez uma apresentação que o entusiasmou e ele prometeu dar-lhe o que ela quisesse. Salomé deveria ser uma adolescente, certamente tinha muitos sonhos, mas ao consultar a mãe, lhe foi sugerido que pedisse a cabeça de João Baptista num prato. A contragosto, Herodes Antipas atendeu ao pedido.

A história relata que, mais tarde, seu marido foi exilado por ter sido acusado de conspiração contra o Imperador Calígula. Herodias tinha a possibilidade de não ser exilada, mas preferiu acompanhar seu marido e morreram isolados numa região remota no sul da França.

João Batista fez a denúncia pública da atitude do rei, na porta do palácio denunciava que o rei estava ferindo a lei de Deus. João Batista foi preso e Herodias o odiava. Seu ódio obsessivo desejava a morte do profeta. Por isto não teve escrúpulo algum em pedir sua cabeça num dia de festa.

Ela estragou a festa do seu marido. Mas o ódio era maior. Não poderia perder uma oportunidade daquela.

Ela estragou o coração de sua filha: O que uma filha adolescente pode ter sentido ao atender ao pedido tão bizarro desta mãe doente? Que marcas isto teria trazido para esta jovem? Quantos desastres trazemos para dentro de nossa casa, por causa da atitude de ódio e mágoa.

Pessoas dominadas pelo ódio, se retroalimentam do rancor, da ira, da raiva.
Isto penetra suas veias, domina suas mentes, impacta a família, atinge gerações. Cai criando raízes, atingindo as pessoas ao redor, deixando marcas horríveis e cheiro de morte. O ódio é destrutivo, rancoroso, fétido, amargo e cruel.

Acima de tudo, o ódio é mau conselheiro. Ele animaliza, torna o homem estúpido, o distancia do bom senso. Se você estiver controlado pelo ódio, certamente se tornará obsessivo e vingativo. Dominado por esta estranha força. Nada mais importa a não ser saciar sua gana e raiva.

Rubem Alves afirma: “O ódio não suporta a ideia de ver o outro voando livre, para longe... o ódio segura, para que o outro não seja feliz. O ódio gruda mais que o amor, porque o amor deixa o outro voar... R. Alves, Amor, ed. Papirus, Campinas, ano 2000, pg. 19

O Rabino Nilton Konder diz que “Nada atormenta mais o ser humano do que seus ódios” (Rabino Nilton Konder, em Tirando os Sapatos, pg 132

Não deixe sua vida ser dominada pelo ódio. Ele é mau conselheiro.

Terceiro, a força do desejo de popularidade e aceitação.

Que pedido estranho, incomum, bizarro. Por que Herodes o atendeu? Ele mesmo não concordava com isto. Por que o fez?

Herodes, assim como homens públicos em geral, se tornam vítimas de sua projeção pública. Começam a viver para satisfazer a opinião dos outros. Vivem dependendo da aceitação e aplauso dos homens.

O pedido era visivelmente doentio. Herodes não queria fazer isto. Ele deveria estar bêbado, mas ainda lúcido suficientemente para saber que o que fazia estava fora da linha do bom senso. “Entristeceu-se o rei, mas, por causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa, determinou que lha dessem” (Mt 14.9).

Sua popularidade estava em baixa. Por causa deste relacionamento truncado havia caído em desgraça. Afinal, ele havia tomado a mulher de seu meio irmão Filipe, a população religiosa de Jerusalém não havia aceitado sua atitude. Isto quebrava os padrões morais sociais, até mesmo de quem não era religioso. Seria, na verdade, um escândalo até nos dias de hoje, mesmo numa moral tão frouxa quanto à nossa.

Herodes queria melhorar sua popularidade...precisava de aplauso.

Muitos jovens estão aprisionados por causa disto. Precisam ser aceitos pelo grupo, precisam ser populares, então, cedem quando pressionados. Veja o comportamento típico de um jovem numa festa onde todos estão bebendo e tendo outros comportamentos que ele não teria por causa de valores pessoais. Ele pode não gostar daquilo, mas os amigos pressionam, e o jovem faze aquilo que ele mesmo não concorda, porque está debaixo da pressão de pessoas a quem ele tem dificuldade de dizer não.

Quem nunca tomou uma decisão pressionado por aceitação dos outros?

Herodes queria aprovação e não pede a cabeça de João Batista porque achava que aquilo era bom. Aliás, o texto diz que ele ficou triste. O ódio de sua mulher estava contaminando tudo e estragando sua festa de aniversário.

Reputação é idolátrica.

Todos queremos deixar boa impressão. Mas não transforme sua obsessão em um ídolo. Não transforme a aceitação popular em um deus para sua vida. Não faça as coisas porque os outros acham que você deve fazer, ou pressionado pela opinião dos outros.

Muitos deixaram de seguir a Cristo por causa do desejo de serem aplaudidos pelos homens. A Bíblia afirma: “Apesar disso, muitos dentre as próprias autoridades acreditaram nele, mas devido aos fariseus, não declaravam sua fé, para não serem excluídos da sinagoga; 43pois amaram mais a honra dos homens do que a glória de Deus.” (J 12.43). 

Conclusão
Imediatamente, após sairmos desta narrativa, o foco da Bíblia se volta para a atitude de Jesus. É muito importante observarmos como Jesus age nesta situação.

A. Jesus busca a solidão.
Mt 14.13 diz: “Jesus, ouvindo isto, retirou-se dali num barco, para um lugar deserto, à parte”.

A noticia foi dura para os discípulos, especialmente para Jesus, pois João Batista era seu precursor e primo, fazia parte de sua família. Jesus não faz de conta que não doeu, ele enfrenta a dor, reconhece a gravidade do momento.

Muitas vezes quando somos esmurrados pela triste realidade, ignoramos ou negamos nossa dor. O cristianismo não é romântico. A dor é real, ele é democrática, acontece a todos. Precisamos aprender a enfrentar a dor com coragem.

Um dos textos mais interessantes que li sobre a dor, foi escrito por Leonardo Boff: Cuidar do luto e das perdas, por Leonardo Boff, teólogo e professor de filosofia da UERJ.

Ninguém sai do luto como entrou. A pessoa amadurece forçosamente e se dá conta de que toda perda não precisa ser total; ela traz sempre algum ganho existencial. Pertencem, inexoravelmente, à condição humana as perdas e o luto. Todos somos submetidos à férrea lei da entropia: tudo vai lentamente se desgastando; o corpo enfraquece, os anos deixam marcas, as doenças vão nos tirando irrefreavelmente nosso capital vital. Essa é a lei da vida que inclui a morte.
Mas há também rupturas que quebram esse fluir natural. São as perdas que significam eventos traumáticos, como a traição do amigo, a perda do emprego, a perda da pessoa amada pelo divórcio ou pela morte repentina. Surge a tragédia, também parte da vida.

Representa grande desafio pessoal trabalhar as perdas e alimentar a resiliência, vale dizer, o aprendizado com os choques existenciais e com as crises. Especialmente dolorosa é a vivência do luto, pois mostra todo o peso do Negativo. O luto possui uma exigência intrínseca: ele cobra ser sofrido, atravessado e, por fim, superado positivamente.
Há muitos estudos especializados sobre o luto. Segundo o famoso casal alemão Kübler-Ross,  há  vários passos  de sua vivência e superação. 

O primeiro é a recusa: face ao fato paralisante, a pessoa, naturalmente, exclama: “Não pode ser”; ” é mentira”. Irrompe o choro desconsolado que palavra nenhuma pode sustar. 

O segundo passo é a raiva que se expressa: “Por que exatamente comigo? Não é justo o que ocorreu”. É o momento em que a pessoa percebe os limites incontroláveis da vida e reluta em reconhecê-los. Não raro, ela se culpa pela perda, por não ter feito o que devia ou deixado de fazer.

O terceiro passo se caracteriza pela depressão e pelo vazio existencial. Fechamo-nos em nosso próprio casulo e nos apiedamos de nós mesmos. Resistimos a nos refazer. Aqui todo abraço caloroso e toda palavra de consolação, mesmo soando convencional, ganha um sentido insuspeitado. É o anseio da alma de ouvir que há sentido e que as estrelas-guias apenas se obscureceram e não desapareceram. 

O quarto é o autofortalecimento mediante uma espécie de negociação coma dor da perda: “Não posso sucumbir nem afundar totalmente; preciso aguentar esta dilaceração, garantir meu trabalho e  cuidar de minha família”.
Um ponto de luz se anuncia no meio da noite escura. O quinto se apresenta como uma aceitação resignada e serena do fato incontornável. Acabamos por incorporar na trajetória de nossa existência essa ferida que deixa cicatrizes. Ninguém sai do luto como entrou. A pessoa amadurece forçosamente e se dá conta de que toda perda não precisa ser total; ela traz sempre algum ganho existencial.
O luto significa uma travessia dolorosa. Por isso precisa ser cuidado. Permito-me um exemplo autobiográfico que aclara melhor anecessidade de cuidar do luto.

Em 1981 perdi uma irmã com a qual tinha especial afinidade. Era a última das irmãs de 11 irmãos. Como professora, por volta das 10 horas, diante dos alunos, deu um imenso brado e caiu morta. Misteriosamente, aos 33 anos, rompera-se a aorta.

Todos da família vindos de várias partes do país, ficamos desorientados pelo choque fatal. Choramos copiosas lágrimas. Passamos dois dias vendo fotos e recordando, pesarosos, fatos engraçados davida da irmãzinha querida. Eles puderam cuidar do luto e da perda. Eu tive que partir logo após para o Chile, onde tinha palestras para frades de todo o Cone Sul. Fui com o coração partido. Cada palestra era um exercício de autossuperação. Do Chile emendei para a Itália, onde tinha palestras de renovação da vida religiosa para toda uma congregação.

A perda da irmã querida me atormentava como  um absurdo insuportável. Comecei a desmaiar  duas a três vezes ao dia sem uma razão física manifesta. Tive que ser levado ao médico. Contei-lhe o drama por que estava passando. Ele logo intuiu e disse: “Você não enterrou ainda sua irmã nem guardou o luto necessário; enquanto não a sepultar e cuidar de seu luto, você não melhorará; algo de você morreu com ela e precisa ser ressuscitado”. 

Cancelei todos os demais programas.  No silêncio e na oração cuidei do luto. Na volta, num restaurante, enquanto lembrávamos a irmã querida, meu irmão também teólogo, Clodovis, e eu escrevemos num guardanapo de papel o que  colocamos no santinho de sua memória:

“Foram trinta e três anos, como os anos da idade de Jesus/ 
Anos de muito trabalho e sofrimento/ 
Mas também de muito fruto/
 Ela carregava a dor dos outros/
Em seu próprio coração, como resgate/ 
Era límpida como a fonte da montanha/ 
Amável e terna como a flor do campo/ 
Teceu, ponto por ponto, e no silêncio/ 
Um brocado precioso / 
Deixou dois pequenos, robustos e belos/ 
E um marido, cheio de orgulho dela / 
Feliz você, Cláudia, pois o Senhor voltando/
Te encontrou de pé, no trabalho/
Lâmpada acesa/
Foi então que caíste em seu regaço/
Para o abraço infinito da Paz”.

Entre seus papéis encontramos a frase: “Há sempre um sentido de Deus em todos os eventos humanos: importa descobri-lo”. Até hoje estamos procurando esse sentido que somente na fé o suspeitamos.

B.    Jesus busca a companhia de amigos verdadeiros e próximos.

No livro de Marcos, temos este texto correlato de Mateus.. O evangelista Marcos registra um aspecto que Mateus não registra, mas que é importantíssimo:

E ele lhes disse: Vinde repousar um pouco, à parte, num lugar deserto; porque eles não tinham tempo nem para comer, visto serem numerosos os que iam e vinham” (Mc 6.31).

O que Jesus propõe é parar! Era hora de sossegarem. Não era momento de fazerem! O ativismo não substitui a dor, não resolve o problema do sofrimento.

Tragédias propõem tempo de reflexão. Sempre haverá pessoas demandando seu tempo e atenção, quanto mais você ocupa posição de destaque, mais as pessoas exigem do seu tempo.

Wayne Cordeiro sugere que nossa agenda deve ser feita a partir das nossas folgas. Ao fazer a agenda anual, devemos colocar nossas férias, e as demais atividades acontecerão em torno das suas férias, caso contrário você não terá tempo para sair de férias.

Jesus precisava deste tempo com seus companheiros. Aquela experiência tinha sido dolorida demais. O impacto da morte prematura de João Batista foi um grave ato de violência. Jesus precisava de amigos, os seus discípulos precisavam de Jesus. Hora de repousar um pouco, parar as atividades, diminuir a agenda.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Zc 11.15 Os apetrechos de um pastor insensato

Pesado, mochila. Menino, seu, mochila, carregar, tentando, chapéu.


O Senhor me disse: Toma ainda os petrechos de um pastor insensato.”(Zc 11.15).
Minha esposa e eu temos um hobbie, amado por muitos e questionado por alguns: Nós amamos pescar! Na verdade, preciso fazer uma correção. Quem ama pescar sou eu, ela é viciada em pesca... é um caso de libertação espiritual (orem por mim, irmãos). Quando vamos pescar, ela fica o dia inteiro na beira do rio e não quer voltar sequer para almoçar. Ela afirma que este é o momento no qual ela realmente consegue relaxar e não se preocupar com mais nada.

Os amantes da pesca sabem que existe todo um ritual em torno da pescaria. Desde comprar molinetes, organizar as compras, planejar a viagem, e, o fundamental, os apetrechos da pesca, ou as tralhas. Olhamos os molinetes, as carretilhas, linhas, anzóis, canivete, lanterna, alicate e repelentes. Bem, podemos acrescentar ainda algum doce para colocar na sacola, junto com os apetrechos. Afinal, ficar sem água e sem doce na beira do rio não é algo muito bom.

“Apetrecho” ou “petrecho” não são termos comumente empregados. O Dicionário Online de Português define da seguinte forma: “Acessórios: conjunto das coisas ou do que é necessário a certos usos: apetrechos de viagem.”

No livro do Profeta Zacarias, Deus fala em linguagem simbólica, sobre os “apetrechos” de um pastor insensato. Isto é, o que o pastor sem temor de Deus leva em sua bagagem. Deus observa o que estes homens que, usando das prerrogativas do título pastoral, fazem na sua vida e que apetrechos levam no seu alforje. Quais são os acessórios que levam consigo?

Primeiro, o pastor insensato, não tem nenhuma preocupação com o rebanho.

Todo capítulo 11 de Zacarias é destinado aos pastores de Israel, que tinham a responsabilidade espiritual de conduzir o rebanho do Senhor. “Porque eis que suscitarei um pastor na terra, o qual não cuidará das que estão perecendo, não buscará a desgarrada, não curará a que foi ferida, nem apascentará a sã; mas comerá a carne das gordas e lhes arrancará até as unhas”. (Za 11.16)

A primeira coisa que Deus observa nos acessórios de tais pastores é a completa indiferença com as ovelhas. Ele não cuida das que estão perecendo. Não há interesse em olhar para as que estão fracas e desgarradas, não cura a ferida de nenhuma delas, não as trata, nem apascenta a sã. Em outras palavras, há uma completa alienação entre o pastor e seu rebanho.

Quando o rebanho de Cristo é tratado desta forma, as ovelhas são dilaceradas. O texto do profeta afirma que tal pastor só deseja “comer a carne das ovelhas gordas, até arrancar as unhas”. Sua ação é devastadora. Ele só tem interesse em si mesmo. Naquilo que traz proveito para si mesmo. Ele não se interessa pelo que pode acontecer com o povo de Deus. Ele espolia a gorda, come a sua carne, tira a sua lã, mas não se preocupa com seu bem estar.

Já vi pastores matando igrejas, distanciando ovelhas do rebanho. Quando vejo alguns tentando se manter no seu posto por causa do status do seu cargo, segurança e salário que recebem, sem atentar para a condição da igreja eu começo a me perguntar se tais pastores não se encaixam exatamente dentro do que a Bíblia aponta neste texto. Honestamente, se pessoas nos perseguem em igrejas que pastoreamos, e insistimos em nos manter na posição por causa dos privilégios, ou porque nos sentimos magoados, não deveríamos pensar que, antes de qualquer coisa, que esta igreja é de Cristo?

João Batista faz uma afirmação surpreendente: “O que tem a noiva, é o noivo; o amigo do noivo que está presente e o ouve se regozija por causa da voz do noivo. Pois esta alegria já se cumpriu em mim. Convém que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.29,30). João Batista não queria ficar no lugar do noivo e ter um caso com a noiva de seu amigo. Ele era apenas “amigo do noivo”. Sua alegria é ouvir a voz do noivo, vê-lo se alegrando ao encontrar-se com a noiva. Nenhuma pretensão de usurpar o lugar do noivo. A noiva é de Cristo, não dele. Sua alegria é saber que o noivo está feliz.

Tome cuidado para não ter um caso com a noiva de Jesus. Lembre-se que a igreja é dele. Você sai da igreja, a igreja continua, assim deve ser. Se tiver que sofrer, sofra por causa do noivo. É ele quem edifica a igreja (Mt 16.18). Você é cooperador (1 Co 3.6,9). Você é instrumento, está de passagem, a igreja deve ficar. Não destrua a igreja de Cristo. Não seja responsável por fechar uma igreja ou destruí-la. Cuide do rebanho que Deus colocou nas suas mãos. Demonstre real interesse por estas ovelhas, considerando que elas pertencem ao rebanho de Jesus.

Segundo, o pastor insensato, tem interesse apenas em tirar o máximo proveito de suas ovelhas.

Em Zacarias 11.5 lemos: ‘’Aqueles que as compram matam-nas e não são punidos; os que vendem dizem: louvado seja o Senhor, porque me tornei rico; e o seus pastores não se compadecem delas”. Que relato impressionante e dramático.

Quem compra as ovelhas é o açougueiro. Este, naturalmente não tem qualquer relação de afeto e cuidado. Eles a destinam para a matança. Faz parte do seu oficio. Eles são açougueiros e não pastores. Entretanto, os que as vendem, que são os pastores, ainda espiritualizam o que fazem dizendo: “Louvado seja o Senhor porque me tornei rico.”

Duas coisas são péssimas para a alma de qualquer pessoa: Dessacralizar o sagrado e sacralizar o pecado. Aqui temos um exemplo clássico de como o profano, o mal, pode assumir uma roupagem de espiritualidade e ainda ser associado a Deus. Tais pastores estão dizendo “louvado seja o Senhor! Aleluia!”. Quando Deus não é glorificado nestas coisas. Na verdade, isto agride a Deus. Não sem razão, logo a seguir veremos Deus exercendo juízo sobre tais pastores: “Dei cabo de três pastores num mês”. (Zc 11.8). Deus é bem direto ao julgar tais pastores: “Ai do pastor inútil que abandona o rebanho!” (Zc 11.17).

Certa vez estava caminhando com um colega à beira de um lago e ele me relatou uma experiência que teve com uma de suas ovelhas.
-        “Não conseguiria fazer outra coisa senão pastorear. Eu amo o pastorado!”
E sua ovelha, que era seu amigo intimo, perguntou de forma desconcertante:
-        “Você ama o pastorado ou os benefícios que você recebe do pastorado?”

Algumas pessoas não tem nenhuma alegria em pastorear o rebanho de Deus, entretanto, permanecem no pastorado porque possuem salário ou ganho significativo. Não pastoream por vocação, mas por oportunismo. Há um grande risco quando se pastoreia desta forma.

Terceiro, o pastor insensato abandona o rebanho

““Ai do pastor inútil que abandona o rebanho!” (Zc 11.17).
Seu pastoreio vai até o momento em que a crise chega. Quando as coisas estão tranquilas, em ordem, sem ameaças, ficam ali ao lado do rebanho, mas quando o urso, o lobo ou o leão chega ameaçadoramente, eles saem em disparada, deixando o rebanho desprotegido.

A ovelha é um dos animais mais indefesos da natureza. Em geral, um animal tem chifres para se defender, tem velocidade para correr, tem fortes dentes, mas a ovelha é suscetível a qualquer ameaça. Por isto, ao contrário do rebanho de gado, ovelhas precisam de pastores por perto. Na região de Mozarlândia-GO, ouvi um relato de um fazendeiro que perdeu em uma noite, 16 ovelhas mortas por uma única onça. Porque quando ela mata uma, as outras, ao invés de correrem, ficam por perto e se tornam também presas fáceis. Não sabem sair em debandada em fugir.

Quando Deus nos chama de suas ovelhas, ele está descrevendo nossa fragilidade e vulnerabilidade. Não gosto do texto de Lucas, no qual Jesus afirma: “Ide! Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos” (Lc 10.3). Acho esta figura desproporcional e desigual. Ele está falando de cordeiros, que são os filhotes do rebanho. Preferia que ele tivesse dito: “Ide! Eis que vos envio como lobos para o meio de cordeiros”. Acho que desta forma eu teria mais chance de sobreviver no contexto de disputa e voracidade. O que nos dá vantagem, e isto alegra meu coração, é saber quem é o meu pastor. Isto me dá segurança. Porque, se “O Senhor é o meu pastor, nada me faltará. Ele me faz repousar em pastor verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso.” (Sl 23.1).

Em Março de 2020, nossas igrejas foram fechadas por causa da pandemia do Covid-19. Foi um tempo assustador, de incertezas e instabilidades. Na época, circulou na internet um texto de Martinho Lutero, enfrentando a pandemia de seu tempo. Em 1527, portanto, dez anos depois de afixar as 95 teses em Wittemberg, menos de 200 anos após a peste negra ter dizimado metade da população da Europa, a praga ressurgiu na própria cidade de Lutero. Numa de suas cartas o famoso reformador reflete sobre as responsabilidades do cristão. Considere cuidadosamente sua visão pastoral.

Se Alguém Deve Fugir de uma Praga Mortal
“Pedirei a Deus para, misericordiosamente, proteger-nos. Então farei vapor, ajudarei a purificar o ar, a administrar remédios e a tomá-los. Evitarei lugares e pessoas onde minha presença não é necessária para não ficar contaminado e, assim, porventura infligir e poluir outros e, portanto, causar a morte como resultado da minha negligência. Se Deus quiser me levar, ele certamente me levará e eu terei feito o que ele esperava de mim e, portanto, não sou responsável pela minha própria morte ou pela morte de outros. Se meu próximo precisar de mim, não evitarei o lugar ou a pessoa, mas irei livremente conforme declarado acima.''

Outro personagem recente da história do cristianismo chama nossa atenção. Trata-se de Dietrich Bonhoeffer. Quando Hitler estava no poder, os protestantes se dividiram e a igreja oficial apoiou cegamente o nacionalismo do III Reich. Bonhoeffer assumiu liderança na “Igreja confessante”, que se opunha ao nazismo e   à legislação contra os judeus. Em 1937, o regime fechou o seminário onde ele lecionava. Em 1939, foi aos EUA para uma série de conferências. Poderia ter ficado a salvo em outro país, já que a situação na Alemanha era tensa. Apesar disto resolveu voltar para estar com sua pequena comunidade e continuar a defesa dos grupos perseguidos. Ele afirmou: “Devemos participar da amplitude do coração de Cristo na ação responsável, ele que, com toda a liberdade, aceita a hora e se submete ao perigo. Posteriormente seria julgado pelo nazismo,  condenado e enforcado no dia 9 abril de 1945, poucas semanas antes da queda de Hitler.

Pastores que abandonam o rebanho são descritos por Deus como psicopatas. Nenhum sentimento e compaixão. Nenhuma identificação e cuidado. “Não se compadecem”, (Zc 11.5), diz o Senhor, e até “dão glórias a Deus!” quando deixam suas ovelhas nas mãos de açougueiros.

Só um pastor insensato usaria este apetrecho tão iníquo!

Exortação

Deus se dirige aos pastores, na expectativa de trazer-lhes arrependimento e mudança de atitude.

1.     Deus exorta os pastores a apascentarem as ovelhas – Curiosamente Deus afirma que tais ovelhas também eram rebeldes. “Perdi a paciência com as ovelhas, e também elas estavam cansadas de mim” (Zc 11.8). Não apenas os pastores se rebelaram, mas as ovelhas também haviam se desviado. Por isto Deus se refere a elas como “ovelhas destinadas para a matança” (Zc 11.7).

Apesar de conhecer a qualidade das ovelhas, Deus exorta os pastores a “apascentarem as ovelhas destinadas a matança” (Zc 11.7). As ovelhas eram rebeldes, mas isto não deveria ser razão para os pastores deixarem de cuidar do rebanho como Deus queria que cuidassem: com esmero, zelo, cuidado. Mesmo ovelhas teimosas.

Pastoreai o rebanho de Deus, que há entre vós, não por constrangimento, mas espontaneamente, como Deus quer; nem por sórdida ganância, mas de boa vontade; nem como dominadores dos que foram confiados, antes, tornando-se modelos do rebanho. Ora, logo que o Supremo Pastor se manifestar, recebereis a imarcessível coroa da glória” (1 Pe 5.2-4).

Pastoreai o rebanho de Deus. As ovelhas são de Cristo. Exerçam o pastoreio de boa vontade, sendo modelos. A coroa da glória será dada pelo supremo pastor. Como alguém humoristicamente afirmou: “O salário na obra de Deus não é grande, mas a aposentadoria é doutro mundo”.

2.     Pastores insensatos são julgados severamente por Deus – Dei cabo dos três pastores num mês” (Zc 11.8). Não podemos tratar com leviandade o pastoreio, porque o dono do rebanho zela pelas ovelhas.

Ai do pastor inútil que abandona o rebanho!” (Zc 11.17). Estar na posição de liderança  do rebanho exige diligência, seriedade e disposição. Não podemos fazer a obra do Senhor relaxadamente. “Procura apresentar-te a Deus, aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15).

O apóstolo Paulo enfrentou sérias acusações da Igreja de Corinto, que ele mesmo tinha fundado. As pessoas o acusaram de atitudes não cristãs, que andava “em disposições de mundano proceder” (2 Co 10.2). Você já foi acusado por alguém de sua igreja por ser mundano ou leviano? Os irmãos criticavam sua mensagem, achando fraca e desprezível (2 Co 10.10). Alguém da sua igreja já insinuou ou afirmou que seu sermão é fraco e sem conteúdo? Apesar de tudo isto, Paulo não deixou de pastorear com zelo aquela igreja e exercer seu ministério com fidelidade e sacrifício.

...gratuitamente vos anunciei o evangelho de Deus. Despojei outras igrejas, recebendo salário para vos poder servir, e, estando entre vós, ao passar privações, não me fiz pesado a ninguém” (2 Co 11.7,8.9). Paulo não tinha salário na igreja. Ele vivia de ofertas de outros irmãos fora da comunidade, especialmente da igreja da Macedônia, ele passava privações, isto é, não tinha nem mesmo o necessário para suas necessidades, entretanto, entendeu seu chamado: “Eu de boa vontade me gastarei e ainda me deixarei gastar em prol da vossa alma. Se mais vos amo, serei menos amado?”(2 Co 12.15). Se gastar, é uma coisa; deixar que outros nos gastem, é outra história. Ser humilde é uma coisa, mas ser humilhado, é outra inteiramente diferente. Mas Paulo não mediu esforços para exercer fielmente seu ministério, porque o fazia para Deus.

3.     Deus, e apenas Ele, julgará suas ovelhas – Este texto nos fala de pastores insensatos e ovelhas rebeldes, que ignoravam o pastoreio

Perdi a paciência com as ovelhas, e também elas estavam cansadas de mim” (Zc 11.8). “Porque eis que suscitarei um pastor na terra, o que não cuidará das que estão perecendo, não buscará a desgarrada, não curará a que foi ferida, nem apascentará a sã; mas comerá a carne das gordas e lhes arrancará até as unhas” (Zc 11.16).

Deus julga não apenas os pastores, mas julga também as ovelhas.

Pastores tem mania de tentar controlar o rebanho, de exercer domínio sobre as ovelhas. Quando ovelhas não querem ser pastoreadas por nós, deixe que o Senhor do rebanho trate diretamente com elas. Muitas ovelhas serão disciplinadas por Deus, por causa de sua rebeldia. Chega um momento em que Deus desiste de pastoreá-las: “Então disse eu: não vos apascentarei; o que quer morrer, morra, o que quer ser destruído, seja, e os que restarem, coma cada um a carne do seu próximo” (Zc 11.9). Ovelhas que não permitem que o supremo pastor as pastoreie, serão deixadas à sua própria disposição, e o resultado será catastrófico em suas vidas. 

Ovelhas rebeldes não devem ser motivo de nossa negligência, abandono e descuido. Muitas ovelhas estão no aprisco, mas são lobos vestidos de ovelhas. Apenas a forma. Andam como ovelhas, circulam no meio do rebanho. O apóstolo Paulo afirma que tais ovelhas rebeldes, “...seguindo a carne, andam em imundas paixões e menosprezam quaisquer governo. Atrevidos, arrogantes, não temem difamar autoridades superiores... eles se regalam nas suas próprias mistificações, enquanto banqueteiam convosco; tendo os olhos cheios de adultério e insaciáveis no pecado, engodando almas inconstantes, tendo coração exercitado na avareza, filhos malditos” (2 Pe 2.10,13,14). Esta descrição de Pedro é sobre membros da igreja, que gostam das festas da igreja, são super-espirituais, místicos, mas insaciáveis no pecado. Na verdade ele está falando de falsos mestres na comunidade. E quando a igreja que pastoreamos tem este tipo de membresia mundana, comete os mesmos graves pecados descritos pelo apóstolo Pedro já no Século I?

Se alguém tem que julgar o rebanho é o pastor do rebanho.
Deixa o pastor supremo ser o pastor, de fato.

Conclusão
Este texto de Zacarias, como todo o livro, possui certas complexidades, já que boa parte é um texto escatológico, com linguagem simbólica e imagens apocalípticas. Ele possui muitas similaridades com o livro de Apocalipse, tanto na linguagem quanto em seus símbolos.

Mas este texto também é profético.
Em Zacarias 11.12-13, temos uma referência messiânica.
“Eu lhes disse: se vos parece bem, dai-me o meu salário; e se não, deixai-o. Pesaram pois, por meu salário trinta moedas de prata. Então, o Senhor me disse: Arroja isso ao oleiro, esse magnífico preço em que fui avaliado por eles. Tomei as trinta moedas de prata e as arrojei ao oleiro, na Casa do Senhor.”

Naturalmente trata-se de uma referência à Jesus.
No Evangelho de Mateus lemos:
Por isso, aquele campo tem sido chamado, até ao dia de hoje, Campo de Sangue. Então, se cumpriu o que foi dito por intermédio do profeta Jeremias: Tomaram as trinta moedas de prata, preço em que foi estimado aquele a quem alguns dos filhos de Israel avaliaram; e as deram pelo campo do oleiro, assim como me ordenou o Senhor.”(Mt 27.8-10).
No livro de Atos ainda encontramos o seguinte relato:
“Irmãos, convinha que se cumprisse a Escritura que o Espírito Santo proferiu anteriormente por boca de Davi, acerca de Judas, que foi o guia daqueles que prenderam Jesus, porque ele era contado entre nós e teve parte neste ministério. (Ora, este homem adquiriu um campo com o preço da iniquidade; e, precipitando-se, rompeu-se pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram” (At 1.16-18).

A profecia de Zacarias certamente se refere ao mesmo episódio, apontando para Cristo.

E o que isto tem a ver com esta mensagem?

Tudo parece apontar para o fato de que, nem mesmo Cristo, o grande pastor das ovelhas, foi isento do julgamento e condenação de suas próprias ovelhas. “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10.11). Apesar de saber que seu destino seria o julgamento e a venda por um dos membros de seu colegiado, de uma de suas ovelhas que estava na liderança com ele, Jesus nunca deixou de assumir seu papel de pastor e de cuidar de suas ovelhas:

Eu sou o bom pastor, conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem a mim. Assim como o Pai me conhece a mim, e eu conheço o Pai; e dou a minha vida pelas ovelhas. Ainda tenho outras ovelhas, não deste aprisco; a mim me convém conduzi-las; elas ouvirão a minha voz; então, haverá um rebanho e um pastor” (Jo 10.14-16).

Jesus é o nosso modelo pastoral.
Nossa fidelidade, lealdade e zelo não devem estar associada ao tratamento que recebemos. Nosso pastoreio deve ter em mente a vocação que recebemos de Deus. O supremo pastor, que é Jesus, foi traído e vendido por 30 moedas de prata. “Então, o Senhor me disse: Arroja isso ao oleiro, esse magnífico preço em que fui avaliado por eles.” Este texto tem um tom de ironia. Este foi o “magnifico preço em que fui avaliado”. Esta foi a avaliação que Cristo recebeu. Este foi o preço. Sua vida valia trinta moedas de prata...

Os apetrechos de um pastor insensato e inútil não devem estar na nossa bagagem. Não fazem parte de nosso embornal. Não devem estar entre os acessórios que usamos. 

Eugene Peterson afirma:
“Ao pastorado constitui qualidade inerente combinar dois aspectos do ministério: um, apresentar a palavra eterna e a vontade de Deus e dois, cumprir a primeira tarefa no meio das idiossincracias do local e das pessoas (o verdadeiro lugar onde o pastor vive, as pessoas especificas com quem convive). Se qualquer um desses dois aspectos for despreparado, não acontecem um bom pastorado” (Eugene Peterson, o pastor que Deus usa). Niteroi, Ed. Textus, 2003, pg 18).

Usar os apetrechos corretos, as ferramentas reveladas por Deus, os acessórios espirituais da simplicidade, devoção, cuidado, diligência, são ainda a melhor estratégia para se ter um pastorado sábio, consistente e que glorifica a Deus.

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Jó 42.7 Graves equívocos teológicos no livro de Jó


Caso queira assistir ao video deste sermao, basta clicar acima.
culto todo o culto está gravado, caso queira ouvir apenas a palestra, vá direto para a mensagem.
paz

“Não dissestes de mim o que era reto, como o meu servo Jó”


Introdução

Faz parte da natureza humana cometer equívocos e distorcer os fatos. Existem várias razões para isto:

A.     Equívocos surgem por causa de nossa dificuldade em fazer leituras apropriadas das situações que enfrentamos, nas quais, a tribulação, ansiedade do coração ou leituras parciais podem nos desviar. O exemplo bíblico clássico é Asafe, que depois de levantar tantos questionamentos sobre Deus afirma chocado consigo mesmo: “...Então disse eu: Isto é a minha aflição”(Sl 77.10). Tudo que ele havia dito não era real, mas era fruto de seu desequilíbrio emocional e dos problemas que o afligiam.

B.      Distorções surgem das fantasias e desejos carnais. O profeta Jeremias afirma: “Enganoso é o coração, e demasiadamente corrupto, quem o conhecerá?” (Jr 17.9). Não raras vezes somos conduzidos por nosso coração pecaminoso a conclusões perigosas e falsas. Quão falho somos no julgamento dos fatos quando nossas emoções e paixões estão envolvidos.

C.     Equívocos podem ser resultados de leituras e visões parciais. Dependendo do lado que olhamos uma questão podemos chegar a uma visão completamente equivocada do todo.

Existe um ponto no retrovisor do carro onde é difícil perceber o outro carro quando ele está ultrapassando. Muitos acidentes acontecem por causa deste “canto cego”. Lamentavelmente na vida, acontece a mesma coisa. Não são poucos os cantos cegos que nos levam, equivocadamente, a conclusões erradas e a cometermos graves equívocos de julgamento.

Satanás não apenas deseja nos confundir, mas podemos observar que ele também faz leituras parciais, fruto de seu ser maligno. Felizmente seus vereditos, malignos e mentirosos sobre Deus e a vida estão sempre erradas. Ele é intencionalmente o pai da mentira (Jo 8.44). Ele deseja deturpar, enganar e nos afastar de Deus (Jo 10.10). Contudo, por mais perspicaz que seja, nem sempre consegue entender o coração das pessoas que amam a Deus, e nem o coração de um Deus que ama o pecador.

No livro de Jó, podemos perceber graves distorções, tanto do diabo quanto nos seres humanos. Há equívocos em todos os personagens no livro de Jó. Todos erraram. Até mesmo o diabo na visão que constrói sobre os homens dizendo que eles só amariam a Deus por interesse. São interpretações equivocadas acerca de pessoas ou situações, e é interessante notar como o diabo, os amigos de Jó, a mulher de Jó, e até mesmo Jó, fazem leituras equivocadas, distorcendo radicalmente a verdade e deturpando os propósitos de Deus.

O problema é que, quando erramos na interpretação dos fatos ou julgamos os propósitos de Deus, incorremos no risco de dizermos o que não estava no seu coração (Jr 23.22) e de nos opormos a Deus e seus propósitos, porque falhar na hermenêutica é falhar na missão para a qual ele nos designou.

No livro de Jó isto se torna bem perceptível. Podemos encontrar, pelo menos quatro equivocos, e infelizmente, tais distorções são ainda hoje, presentes em nossa mente, quando tratamos de coisas teológicas.

1.     Equívoco do diabo: Satanás estava errado ao pensar que os homens só amam o Senhor por interesse ou pelos benefícios que recebem.

Ele insinua que, se Deus tirar a benção o homem não o adorará, já que nenhum ser humano adora a Deus por aquilo que ele é, ou por uma afetividade desinteressada, mas pelo que Deus dá, portanto, todo amor a Deus seria pragmático, resultado da benção e da prosperidade que os homens recebem. “Então respondeu Satanás ao Senhor: Porventura, Jó debalde (em vão) teme a Deus? Acaso não o cercaste com sebe (propriedades), a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se multiplicam na terra. Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti na tua face” (Jó 1.9-11).

Satanás insinua que nenhum homem adora a Deus por nada, sem interesses, sem exigir nada em troca... Para ele, não há adorador que não seja motivado por motivos gananciosos, para tirar vantagens pessoais ou por medo de ser castigado. Sem retribuição nenhum homem ama. Satanás insinua que a atitude de Jó é apenas um reflexo de todos os benefícios que ele estava recebendo de Deus.

Satanás afirma que os homens só amam a Deus por interesse. A história de Jó demonstra que o diabo estava equivocado. Que existem homens que amam a Deus pelo que ele é, e não pelo que ele dá. A fidelidade de Jó revela o equívoco do diabo.

Quantos homens e mulheres na história tem dedicado sua vida apenas por amor a Deus. Abrem mão do conforto, do sucesso e da fama, por que amam de fato e desinteressadamente a Deus. No registro dos homens de fé na carta aos Hebreus, lemos: “...Alguns foram torturados, não aceitando seu resgate, para obterem superior ressurreição; outros, por sua vez, passaram pela prova de escárnios e acoites, sim, até de algemas e prisões. Foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada; andaram peregrinos, vestidos de peles de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos, maltratados (homens dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, pelos montes, pelas covas, pelos antros da terra” (Hb 11.35-38).  Tais homens e mulheres, não fizeram isto por causa de benefícios, mas fizeram isto perdendo benefícios. Por um amor simples e profundo por Deus.

Satanás descobriu certo o homem errado. Ele estava pensando em tantos que fazem as coisas para Deus, com interesse nos benefícios que Deus dá. Ele não conhecia homens que estivessem interessados não apenas nas bençãos de Deus, mas acima de tudo, no Deus da benção. Não estavam interessados no que receberiam de Deus, mas na alegria de estar ao lado de Deus.

Satanás estava equivocado...

2.     Equívoco dos amigos que pensaram que Jó estava sofrendo por algum pecado cometido.

Os amigos de Jó cometeram um erro muito comum em todas as religiões: acreditar que as pessoas sofrem por causa de um pecado que tenham cometido. Que existe uma relação causa/efeito na raiz do sofrimento.

Eles disseram a Jó: “Lembra-te: acaso, já pereceu algum inocente? E onde foram os retos destruídos?” (Jó 4.6). A lógica de Elifaz é que se estamos sofrendo, então fizemos algum mal e somos merecedores do castigo. Doença é castigo!

Os teólogos da prosperidade afirmam implicitamente isto. Quando advogam que se fizermos tudo corretamente, Deus tem “o dever” de nos fazer o bem, porque ele passa a “nos dever”. Então, se damos o dízimo, ele “tem que” abençoar. Quem passa por aflição financeira é quem é infiel.

Esta mesma lógica tem sido defendida por muitos anos pela confissão positiva. Você declara, decreta, e a enfermidade desaparece! Ah se todos os pesares da vida pudessem ser dirimidos pelo poder de nossa palavra. Quantos homens fieis não tem sofrido tantas perseguições, doenças, dores e aflições. Quantas mulheres de Deus encontram-se prostradas em leitos de enfermidades...

Esta visão judaica de que pessoas boas não sofrem, estava de certa forma presente na mente dos discípulos de Cristo. Ele teve que desfazer esta visão nas suas mente.

Nos dias de Jesus uma tragédia chocou a nação judaica. Um grupo de galileus estavam num culto judaico, oferecendo sacrifícios, e os soldados de Pilatos os trucidaram no meio da cerimônia religiosa. O sangue deles se misturou com o sangue dos animais que haviam sido oferecidos em holocaustos. Uma cena triste. Jesus aproveitou este momento para ensinar aos seus discípulos: “Pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem padecido estas coisas? Não eram, eu vo-lo afirmo; se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis.” (Lc 13.1-3)

Jesus procura desta maneira, desvincular a perversa relação que facilmente construímos: homens bons não adoecem, não sofrem; só pessoas más. O que acontece quando fazemos tal leitura? Acrescentamos dor, à dor já existente. Quando olhamos a enfermidade por este prisma, a pessoa precisa lidar com duas situações que trazem ainda mais sofrimento. Uma, é a dor real da enfermidade em si; outra, é a dor emocional ou espiritual da culpa. O que fiz de errado? Por que Deus está me punindo?

Jesus ainda ensina aos discípulos em outra situação. Ao se depararem com um homem cego de nascença, os  discípulos perguntaram: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais para que nascesse cego?” (Jo 9.2). Nesta pergunta não está implícita a visão dos discípulos de que, se alguém está doente isto é causado pelo pecado?

Jesus responde a esta questão da seguinte forma: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus.” (Jo 9.3). Jesus desvincula a relação causal, a equação perversa: Doença é resultado do pecado. Uma enfermidade pode ser dada, não por causa do pecado, mas pelo misterioso projeto de deu, que ao nos dar a doença quer manifestar seu poder e glória em nós.

Os amigos de Jó estavam equivocados...

3.     Equívoco da mulher de Jó ao pensar que Deus não deve ser adorado quando sofremos.

Diante da dramática situação de Jó, sua reação é chocante: “Então, sua mulher lhe disse: ainda conservas a tua integridade? Amaldiçoa a Deus e morre.” (Jó 2.9). O que ela está dizendo? Não há motivo de ser fiel, quando as coisas não andam bem. Não dá para cantar louvores no meio da tribulação.

Este foi o mesmo errôneo pensamento do povo quando estava exilado na Babilônia: “Como, porém, haveríamos de entoar o canto do Senhor em terra estranha?” (Sl 137.4). O povo judeu perdeu uma grande oportunidade de testemunho. O nome de Deus pode sim, e deve sim, ser cantado em terra estranha. Deus não está condicionado a um lugar, nem a uma situação. Ele deve ser adorado em qualquer condição, e em qualquer lugar. Precisamos aprender a adorar a Deus no meio do sofrimento.

Paulo afirma: “...Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação. Tanto sei estar humilhado como também honrado; de tudo e em todas as circunstâncias, já tenho experiência, tanto de fartura como de fome; assim de abundancia como de escassez” (Fp 4.11-12). Paulo experimentava uma alegria ultra circunstancial e as provações e humilhações não eram capazes de tirar dele o louvor a Deus, em qualquer condição.

Por esta razão, quando ele e Silas se encontram na prisão em Filipos, depois de terem sido espancados e colocados num calabouço frio cheio de hematomas, por volta da meia noite, começam a glorificar a Deus, cantando em alta voz, dando ensejo a que todos ouvissem a mensagem (At 16.19-26). A mudança de suas agendas não tirou deles a capacidade de glorificar a Deus. A dor e a humilhação pública não os impediram de continuar louvando. A situação era difícil, mas ainda assim foram capazes de glorificar a Deus.

A mulher de Jó estava equivocada quando sugeriu ser impossível glorificar a Deus no meio da dor. Jó deixa bem claro o pensamento de um homem de Deus: “Falas como qualquer doida; temos recebido o bem de Deus e não receberíamos também o mal? Deus deu, Deus tirou, bendito seja o nome do Senhor”. Em tudo isto não pecou jó com os seus lábios”. (Jó 2.10).

Para quem ama a Deus, o louvor não está condicionado a uma situação de normalidade ou tribulação. Deus deve ser glorificado em todo o tempo. As provações são benção também, através dela Deus deseja nos tornar mais parecidos com seu filho.

A mulher de Jó estava equivocada ao pensar que Deus não poderia ser adorado quando se enfrenta perdas e danos.

A mulher de Jó estava equivocada...

4.     O Equívoco de Jó: pensar que Deus que Deus o afligira sem causa.

Jó perde a capacidade de entender o motivo da dor. “Tomara eu tivesse quem me ouvisse! Eis aqui a minha defesa assinada! Que o Todo-Poderoso me responda. Que o meu adversário escreva a sua acusação” (Jó 31.35). Por esta causa, Jó começa a suspeitar de Deus. “Deus é quem me faz desmaiar o coração, e o Todo-poderoso quem me perturbou” (Jó 23.16).

Um dos maiores desafios de homens e mulheres de fé é confiar no sem restrições no caráter de Deus e descansar na forma como Deus conduz a vida. Mesmo quando tudo é difícil, precisamos entender que Deus tem santos propósitos. Na sua frustração, Jó achou que Deus estava conspirando contra ele. Deus não teria sido justo ao ter retirado dele todo seu direito (Jó 27.2).

Suposições erradas levam a conclusões erradas. A Bíblia nos ensina que mesmo quando não entendemos todas as coisas devemos lembrar que Deus quer o melhor par nossas vidas. “Eis que Deus é grande e não o podemos compreender” (Jó 36.26). Deus teria afligido a Jó sem causa? Obviamente que não! Seus santos propósitos iriam prevalecer em todas estas coisas. Na sua santa e misteriosa providência ele estava conduzindo a vida de Jó. Jó, porém, não consegue entender isto. Será que conseguiríamos olhar de forma diferente?

É bom lembrar que Jó não conhece o pano de fundo dos fatos. Ele não tem, como temos, os bastidores deste pesado encontro de Deus com Satanás e o diálogo que se travou em torno de sua vida. Jó é o personagem central neste drama que o envolve, ele contracena num palco maior, no teatro da vida, que possui outros elementos por nós ignorados. Jó se encontra num embate no qual ele não consegue encontrar o eixo central do drama. Por isto é fácil crer que Deus está permitindo que ele passasse por todo este cenário, sem razão alguma.

José teve compreensão uma melhor. Não sabemos de todas as lutas que ele viveu quando foi traído, enganado, vendido como escravo, injustiçado na casa de Potifar e esquecido na prisão. Mas quando ele avalia todos os acontecimentos relacionados à sua vida, ele faz uma maravilhosa leitura para seus irmãos: “Vós, na verdade, intentastes o mal contra mim; porém Deus o tornou em bem, para fazer, como vedes agora, que se conserve muita gente em vida. ” (Gn 50.20).

José não ignora a maldade praticada por seus irmãos. Ele sabia que foram movidos por maus intentos. José não é um romântico. Contudo, José também não ignora os desígnios de Deus. A linguagem hebraica aqui é interessante, porque ele usa o mesmo verbo para falar de “intenções”. Literalmente deveríamos traduzir: “vós intentastes o mal, mas Deus intentou o bem”. Prevaleceu o intento de Deus contra a maldade humana.

José consegue vislumbrar graça, sabedoria e providência divina. Jó não conseguia ter a mesma leitura. Antes, porém, de julgarmos a Jó, perguntemos a nós mesmos: Qual seria nossa reação se estivéssemos no seu lugar.

A Bíblia afirma que “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” (Rm 8.28). A melhor tradução deste texto deveria ser: “Todas as coisas juntamente cooperam...” Quando colocamos tudo junto, e não olhamos os eventos de forma separada, observaremos que todas as coisas cooperam para o nosso bem. Mesmo os momentos de tribulação que enfrentamos.

Uma boa ilustração é a do oleiro trabalhando com o barro: Ele o apanha, o amassa, molda, corrige, para fazer daquele pedaço disforme de barro, um vaso que ornamenta e que pode ter grande utilidade numa casa. Nós somos o barro, Deus é o oleiro. “Não poderei eu fazer de vós, como fez este oleiro, ó casa de Israel? – diz o Senhor; eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel” (Jr 18.6).

O sofrimento de Jó não era mero sofrimento. Deus estava por detrás dos eventos. O Deus santo, bondoso e amoroso estava conduzindo todas as coisas para o seu propósito eterno e misterioso.

Jó estava equivocado...

Conclusão:

Como vimos, podemos levantar quatro grandes equívocos teológicos no livro de Jó:
ü  Equívoco do diabo ao pensar que os homens só amam o Senhor por interesse ou pelos benefícios que recebem.
ü  Equívoco dos amigos que pensaram que Jó estava sofrendo por algum pecado cometido.
ü  Equívoco da mulher de Jó ao pensar que Deus não deve ser adorado quando sofremos.
ü  O Equívoco de Jó: pensar que Deus que Deus o afligira sem causa.

Como devemos aplicar isto em nossas vidas?
A.       Primeiro, entendendo que distorções e equívocos são facilmente presentes em nossos julgamentos.
B.        Precisamos aprender a filtrar nossos julgamentos pela palavra de Deus. Sua visão pessoa é insuficiente e incompleta. Somente a Bíblia pode colocar seu pensamento no lugar certo.
C.        Precisamos ser mais prudentes ao julgar outros. Muitas vezes somos tão radicais, e o tempo revela nossa insensatez e tolice.

Equívocos e o Evangelho:

A cruz é a melhor forma para compreendermos como podemos nos equivocar. A cruz é lugar de paradoxos e contradições. O que vemos na cruz? Como interpretamos a cruz?
Uns diziam: “Se é Filho de Deus, desça da cruz”.
Outros diziam: “Se ele está na cruz, é porque blasfemou”.
A cruz é o lugar do gólgota, da caveira, lugar de vergonha, de humilhação publico, desprezo e abandono de Deus...
Quantas leituras distorcidas podemos fazer da cruz. A verdade, porém, é que este calvário é lugar de redenção, restauração. Naquele lugar, “Deus estava em Cristo, reconciliando consigo mesmo o mundo”. Na cruz, “O castigo que nos traz a paz estava sobre ele e pelas suas pisaduras fomos sarados”.
Somente na cruz, poderemos compreender a nossa dramática situação de miséria e pecado, e a grandeza do amor de Deus, que nos amou, a ponto de enviar seu Filho para morrer em nosso lugar.
A cruz, desfaz os equívocos. A partir da cruz é que devemos construir toda nossa visão de nós mesmos e de Deus. A cruz vence as distorções e engano.

Aleluia!

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