quinta-feira, 5 de novembro de 2020

9. Deus e os meios de Evangelização



 Se quiser assistir esta palestra, o link é

https://www.youtube.com/watch?v=f5c1Mbr025k&t=14s


 

Introdução: 

 

“O Deus que, antes da fundação do mundo, escolheu aqueles que seriam salvos em Cristo, ele mesmo decretou os meios pelos quais esses escolhidos seriam alcançados. Portanto, dentro doe contexto Reformado, evangelização e edificação são inseparáveis, envolvendo mensageiro e mensagem. Usamos a palavra meios, porque a mensagem é o meio escolhido por Deus pelo qual os perdidos são alcançados e seu povo edificado e aperfeiçoado[1]

(Elias Medeiros)

 

 

John Stott, certa vez fez um comentário mais ou menos assim: “Deus pode usar um desconhecido pastor, de uma remota região, pregando uma mensagem de um texto obscuro de um profeta menor, para salvar vidas”. 

 

Quando falamos de meios, sempre fico pensando nos riscos que corremos em sacralizar métodos e espiritualizar estratégias. Felizmente vemos Deus fazendo abordagens diferentes para realizar sua obra no meio do povo, demonstrando que meios são apenas meios e não fim em si mesmos. Deus manda Moisés ferir com seu cajado, a rocha em Mara, para que pudesse brotar água (Ex 17); entretanto, por Moisés ter ferido a rocha em Refidim, Deus o impediu de entrar na terra prometida. Moisés deveria ter “falado” a rocha (Nm 20.8).

 

Obviamente o texto nos leva a considerar, que na verdade, o problema não foi apenas ter ferido a rocha quando deveria ter falado à rocha. Dois textos demonstram outros pecados: “Não crestes em mim para me santificar” (Nm 20.12; Dt 22.51). O Livro de Salmos vai acrescentar outra informação: “Depois, o indignaram nas águas de Meribá, e, por causa deles, sucedeu mal a Moisés. Pois foram rebeldes ao Espírito de Deus, e Moisés falou irrefletidamente” (Sl 106.32,33).

 

Da mesma forma, os milagres de Jesus nunca seguiram um mesmo “ritual”. Em um caso ele ordena, no outro ele toca, em um ele cospe no chão e faz lodo, noutro ele pega da sua saliva e coloca na boca do mudo. Os métodos são variáveis para que não houvesse uma sacralização dos processos. Imagine uma geração maluca como a nossa, tentando curar a cegueira das pessoas, cuspindo no chão empoeirado, fazendo lama e colocando nos olhos das pessoas... seria um caos... 

 

Então, para ficar claro, quando falamos de meios, não estamos falando de métodos. Como afirmou Medeiros“Usamos a palavra meios, porque a mensagem é o meio escolhido por Deus pelo qual os perdidos são alcançados e seu povo edificado e aperfeiçoado”. 

 

Quatro princípios: 

1.     Os meios de evangelização não estão condicionados a uma cultura dominante. 

 

Em toda discussão relacionada à Missão Transcultural, um dos aspectos que tem sido mais enfatizados é o risco de, junto com a mensagem do evangelho, levar a outros povos, a cultura do mensageiro. Isto tem trazido muito mal estar em missiologia. Pregadores que querem impor sua cultura, comportamentos e costumes, confundindo essência com acidente e histórico com revelado.

 

A palavra “método” vem do grego “odos” (caminho), e do latim “methodu”, que significa “caminho para se chegar a um fim. Deus não unge métodos, mas pessoas. Não podemos confundir o processo com os objetivos, correndo o risco de engessar a mensagem.

 

Ao sacralizarmos os métodos, enfrentamos três perigos: 

i.               O perigo do tradicionalismo. Quando isto acontece, não ocorre uma atualização e uma adaptação. O discurso é mais ou menos assim: “sempre fizemos da mesma forma, porque deveríamos fazer diferente?”

 

O tradicionalismo nos leva a esquecer que com o avanço da tecnologia, de novos métodos de abordagem, precisamos aprender a utilizar as formas metodológicas mais atualizadas e efetivas. Não precisamos fazer sempre da mesma forma, quando se trata dos meios. Os métodos são temporais, variados e humanos, mas a mensagem é eterna e imutável. 

 

ii.              O perigo de transformar métodos em fins. Como afirmamos, métodos são caminhos. Eles servem para alcançarmos um objetivo. O mais importante é o alvo, não o processo. Se tais processos não são condenados pela Escritura Sagrada, não precisamos nos prender a eles.

 

iii.            O perigo de engessar os métodos sem entender a necessidade de adaptabilidade e identificação com o receptor.

 

Estas questões são fáceis de serem identificadas quando estudamos a obra missionária.

§  Muitos dos conflitos eclesiásticos que enfrentamos, foram importados. 

 

§  Muitas estratégias que usamos não são ordenadas nas Escrituras, mas são culturais.

 

§  Métodos inflexíveis tendem ao isolamento, distanciamento e guetos. Enquanto excesso de identificação, gera sincretismo.

 

“Os cristãos primitivos eram muito flexíveis nos métodos que usavam. Devemos ser igualmente flexíveis. Em geral, nos prendemos muito a métodos e a técnicas, mas de uma maneira totalmente errada. Basta que haja no coração uma paixão ardente para partilhar Jesus com os outros, para que os senhores achem um jeito de fazê-lo, muito bem, sem precisarem de nenhum manual sobre o assunto[2]”.

 

 

2.     Os meios de evangelização não podem ser maiores que a mensagem em si. 

 

O Evangelho não muda. Sua mensagem é a mesma. “Mas ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pegado, seja anátema.” (Gl 1.8).

 

i.               Igrejas emergentes correm o risco da idolatria performática. 

 

Veja o testemunho de Kent Carlson sobre sua experiência pastoreando uma igreja emergente:

“Esse foi o ritmo normal por quase uma década. Sabia que não era espiritualmente saudável para mim, mas o monstro estava faminto e precisava ser alimentado. De várias formas, havia me tornado dependente da adrenalina e das exigentes demandas ministeriais do show. As veze me encontrava envolvido em um profundo senso de exaustão. Sentia-me vazio. Mas como bom americano emocionalmente reprimido, eu apenas respirava fundo e fazia tudo novamente na semana seguinte? O custo? Minha alma estava se atrofiando e minha habilidade de ter uma perspectiva clara do que Deus estava fazendo estava severamente comprometida. Era como se não houvesse nem o luxo nem o tempo para uma reflexão profunda[3]”.

 

Algumas comunidades estão cobrando alto preço, com as demandas, obrigações, tarefas, agendas, porque os meios de evangelização estão se tornando maiores que a mensagem em si.

 

“É Cristo, o crucificado, quem conquista vidas rebeldes, derrete corações de pedra, conduz mortos à vida e inspira vidas estagnadas a empreender ricas atividades. É o crucificado quem nos faz ver o mundo desperto com a necessidade do perdão, quem apagas nossas fantasias e nos introduz no valor inestimável das pessoas[4]” (Kivengere).

 

ii.             Igrejas históricas correm o risco de colocar o famoso pregador acima da gloriosa mensagem. 

 

As programações são planejadas para trazer um grande pregador, que fará aquilo que a igreja nunca fez: evangelizar. A preparação para a conferência evangelística é colocada de forma tão enfática na figura do pregador, que pouco importa se Deus estará presente. Podemos chegar inconscientemente a pensar que “nem precisamos de Deus”. 

 

iii.           Podemos correr o risco de atribuir ao marketing aquilo que só o Espírito Santo pode fazer. 

 

Muitas vezes estamos tão seguros da qualidade do que fazemos, do “produto” que oferecemos, da “marca” que temos, que se Deus não estiver presente, ainda assim, tudo vai dar certo.

 

Wayne Cordeiro relata a experiência de um grande programa de impacto que ele decidiu fazer ao ar livre. Investiram milhares de dólares em equipamento, tendas, bandas, instrumentos, mas no dia do programa, chovia torrencialmente. Triste e decepcionado “com Deus”, por não ter impedido que a chuva caísse ele abriu seu coração e esta foi a resposta que ele teve: “Wayne, em nenhum momento você pediu para que eu estivesse presente. Você está tão concentrado no programa que se a chuva não viesse, e eu não estivesse presente, tudo estaria certo no seu coração”. 

 

iv.            Outro risco é o de criar uma atmosfera emocional de conversão, sem levar em conta o poder da palavra, nem a situação do pecador, a necessidade de arrependimento, a obra de Cristo a e essência do evangelho.

 

Muitos passam por uma experiência emocional de fé. Talvez até com dimensões místicas, alguns sinais sobrenaturais. Ou se sentem tocadas pela paixão de um apaixonado preletor, ou pelo testemunho de fé de alguém, mas será que isto é o bastante?

 

A realidade é que a fé emocional, é superficial, tanto quanto a semente que cai entre os espinhos. “Os outros, os semeados entre os espinhos, são os que ouvem a palavra, mas os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições, concorrendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera” (Mc 4.18,19).

 

“Evangelismo é ensinar o evangelho (a mensagem de Deus que nos conduz à salvação), com o objetivo de persuadir (o pecador). Se uma igreja não compreende o evangelismo bíblico, com o passar dos anos, ela se perderá. Se não praticarmos um evangelismo saudável, o dominó começará a cair[5]”.

 

3.     Os meios de pregação não podem excluir, nem negligenciar, a ação do Espírito Santo.

 

Precisamos entender que, sem a ação do Espírito, não haverá conversão, nem colheita, nem frutos amadurecidos. Como afirma Dever: “É claro que, da nossa parte, como evangelistas, temos de trabalhar para apresentar o evangelho toa bem quanto pudermos. Esta é a nossa responsabilidade. Mas, por outro lado, exultamos no fato de que Deus é um grande Deus. Ele pode usar nossos erros. Em sua graça, ele supera todas as nossas faltas e faz tudo para a sua glória[6]”.

 

a.     É fácil esquecer quem faz a obra. “Quero apenas saber isto de vós: recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” (Gl 3.2). 

 

A carne deseja glória e reconhecimento. No ministério podemos fazer as coisas no poder do Espírito ou na base do talento pessoal. Muitos ministérios, lamentavelmente, tem sido assim. Se o Espírito Santo não estiver presente, será que fará diferença em muitas igrejas?

 

b.     Nosso alvo não é o proselitismo, nem a membresia, mas vidas transformadas, nascidas de novo, regeneradas, e todas estas realidades só se tornam reais pela ação do Espírito. Nada disto se consegue com marketing, habilidades, ou carisma humano.

 

§  É ele quem nos convence da grave situação de nosso pecado – Jo 16.8-11

§  É ele que nos regenera, e nos dá uma nova natureza – Jo 3.3-5; Tt 3.5

§  É ele quem nos capacita a dizer, de coração, que Jesus Cristo é o Senhor de coração, que ele é Senhor. “Por isso, vos faço compreender que ninguém que fala pelo Espírito de Deus afirma: Anátema, Jesus! Por outro lado, ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo Espírito Santo.”(1 Co 12.3).

 

Portanto, não ha verdadeira evangelização sem a ação poderosa do Espírito Santo, evangelizar sem depender e compreender como Deus opera, revela desconhecimento do Evangelho, demonstra arrogância do pregador e o resultado será absoluta ineficácia no processo. Toda tentativa evangelística sem a ação do Espírito é, na sua essência, vazia. 

 

4.     Meios alternativos e criativos devem ser subordinados aos princípios bíblicos. Métodos são variáveis, o conteúdo inegociável. 

 

Em comunicação é costume afirmar: “O meio não é a mensagem, mas a mensagem é o meio”. Isto se aplica de forma clara ao evangelho.

 

Sabemos que o inimigo usa meios para comunicar e propagar suas mentiras. Ele usa a mídia, usa pessoas e mensagens. Muitas destas pessoas são motivadas por ganância, auto promoção, projeção pessoal, poder e dinheiro, mas nunca pelas verdades do evangelho e pelo amor à Deus. 

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Ao usarmos a expressão “meios de evangelização”, queremos nos referir aos meios ordinários que Deus usa para que a mensagem do evangelho seja efetiva no coração daquele que a ouve. Podemos desta forma, falar de quatro meios.

 

Quatro Meios

 

A.   A centralidade da palavra

 

John Stott afirma: “Evangelização não deve ser definida em termos de método. Evangelizar é anunciar as boas novas, não importa de que maneira ou levar as boas novas, não importa porque meios. Pode-se evangelizar pela palavra da boca (dirigida a indivíduos, grupos ou multidões); pela palavra impressa, por meio de gravuras e da tela, por meio do drama (real ou ficção, também não importa); pelas boas obras de caridade; por um lar cristocêntrico; pelo exemplo de uma vida transformada; e até por meio de um silencioso entusiasmo para com Jesus[7]”.

 

O centro da pregação evangelística é a palavra de Deus. Por isto “evangelização pode e deve ser definida somente em termos de mensagem”, como afirma Stott. Deus vai usar sua palavra para a salvação do homem.  A fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus. É a palavra que transforma, já que “A terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga.” (Mc 4.26)

 

Por esta razão, tantas pessoas são convertidas, no contato simples e pessoal com Jesus. Sem nenhum pregador, sem nenhuma preparação humana, sem nenhum apelo emocional. Este é o poder da palavra.

 

“O propósito da pregação é comunicar as palavras do próprio Deus. Por isso, se tivermos a oportunidade de pregar ou ensinar, o objetivo de nossa preparação e apresentação deve ser dizer aquilo que Deus disse, do modo mais fiel e exato possível[8]”.

 

O primeiro meio é a Palavra de Deus. Precisamos crer no poder das Escrituras e na sua poderosa mensagem.

 

B.    O testemunho do evangelho

 

As pessoas se tornam muito mais receptivas à Palavra de Deus quando a mensagem vem acompanhada por um testemunho de fé vibrante e amoroso. 

 

No livro “Amizade, a chave para a evangelização” Aldrich fala do poder da evangelização encarnacional/relacional. “Num campo de missões novo e não atingido, a evangelização geralmente começa com proclamação, passa pela persuasão, e então, à medida que as decisões são solidificadas e os convertidos crescem, o evangelho torna-se uma presença visível... um cristão torna-se Boas Novas, à proporção que Cristo ministra através da sua disposição em servir. À medida que seus amigos ouvem a música do evangelho (presença), tornam-se predispostos a reagir as sua palavra (proclamação), e, então, esperançosamente, são persuadidos a agir (persuasão)”

 

Continua ele: “as dimensões proclamadoras da evangelização raramente se encontram no vácuo. Uma pessoa ouve porque foi amada,.. as pessoas não se importam com o quanto sabemos (proclamação), até saberem quanto nos interessamos (presença)”.[9]

 

Deus sempre utilizou do testemunho de seus servos para que a mensagem do evangelho se torne eficaz. Este é um dos meios da evangelização. A comunicação deve ser acompanhada de uma vida de piedade, amor, compaixão e serviço. Nada é mais poderoso que uma vida impactada pelo evangelho, para comunicar eficazmente a mensagem do evangelho. 

 

O endemoninhado gadareno era conhecido na sua região por causa de suas manifestações estranhas e comportamentos bizarros. As pessoas se afastavam, temiam e o tentavam controlar, mas tudo era ineficaz. Um dia porém, a graça de Cristo o alcançou. Logo após sua libertação, ele fez um pedido razoável a Jesus. Ele queria seguir com os discípulos para Jerusalém, deixar para traz sua história de vergonha. Entretanto, Jesus o ordenou voltar para sua casa, para os seus. 

 

Jesus, porém, não lho permitiu, mas ordenou-lhe: Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti.” (Mc 5.19). Este homem, de uma vida tão degradada, torna-se agora um meio eficaz de proclamação do evangelho. O testemunho da graça de Deus estava sobre sua vida. Jesus o transforma no primeiro missionário transcultural da história do cristianismo.

C.    A dependência do Espírito

 

O terceiro meio de evangelização é a dependência do Espírito. Como afirmamos anteriormente, não há evangelização eficaz sem a operação do Espírito Santo. A obra da evangelização não é tarefa humana, mas é resultado direto da ação do Espírito de Deus. 

 

Green resume muito bem este tema, na sua conferência sobre estratégias e métodos evangelísticos na igreja primitiva, apresentada em Lausanne, 1974: “A Igreja Primitiva era muito aberta à liderança do Espírito Santo em toda a expansão evangelística registrada no Livro de Atos. O Espírito é o elemento motivador e energizador. Na moderna igreja do Ocidente, técnicas gerenciais, reuniões de comitê e discussões intermináveis são tidas como essenciais à evangelização; a oração, a dependência em face do Espírito parecem, com frequência, opções extras[10]”.

 

Kuiper afirma que o Espírito Santo é o autor da evangelização[11]. No Pentecoste ele deu poder a um pequeno grupo de homens e mulheres insignificantes, incultos e fracos – mas crentes – para se lançarem à estupenda tarefa de conquistar o mundo para Cristo, seu Senhor. Por meio do poder do Espírito Santo, a igreja testificava Cristo com autoridade, o Espírito vocacionou os evangelistas para a  obra que deveriam realizar, e abriu portas para a propagação do evangelho, providencialmente guiando Paulo, à Roma, capital do mundo pagão. 

 

Sem o Espírito Santo, todo esforço missionário e evangelístico é vazio e desproposital. Por esta razão, o alicerce da mensagem no Novo Testamento residia na demonstração do Espírito: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus. (1 Co 2.4-5). O Livro de Atos relata a diferença entre “pregar- verbalizar” (At 9.20) com “Demonstrar - dar evidências” (At 9.22). Temos o grande desafio de questionar se a nossa mensagem se baseia na força da eloquência e do carisma pessoal, ou no poder do Espírito Santo.

 

A dependência do Espírito é o quarto meio decretado por Deus para comunicação eficaz da mensagem da salvação. 

 

“Confiamos, então, que o Espírito Santo está testemunhando ao coração e mente das pessoas ao nosso lado (Talvez fosse mais correto dizer que nos estamos testemunhando ao lado do Espírito Santo enquanto ele trabalha na mente e coração dos incrédulos. Ele nos chama para ajudá-lo, não somos nós que o chamamos para nos ajudar!).[12]”  

 

 

 

D.   A expectativa da colheita: A fé

 

O quarto meio bíblico de evangelização é a fé. Eu prefiro chamar “expectativa de colheita”. Porque toda mensagem pregada deve ser acompanhada de fé, na expectativa de que haja um milagre de Deus na mente e coração dos incrédulos, e eles sejam salvos. 

 

Paulo afirma: “Ou é, seguramente, por nós que ele o diz? Certo que é por nós que está escrito; pois o que lavra cumpre fazê-lo com esperança; o que pisa o trigo faça-o na esperança de receber a parte que lhe é devida.” (1 Co 9.10). O que podemos aprender deste texto? O evangelista não pode ir para o campo sem crer que a palavra vai frutificar, assim como um semeador não pode lançar sua semente ao solo sem expectativa de que ela frutificará.

 

Eu nasci num ambiente rural. Naqueles dias a plantação seguia as mesmas normas antigas, não havia pesquisa sobre tipo de solo, sementes selecionadas, nem havia tecnológica para arar a terra como temos hoje. Meu pai, como bom agricultor, selecionava os melhores grãos da colheita para plantar no ano seguinte, tentando fazer assim uma seleção para maior efetividade. Semear é um projeto de fé, porque envolve risco: E se a semente não for boa? E se o inseto comer? E se não cair a chuva? E se chover demais? Mesmo com todos estes riscos, o lavrador semeava esperando uma colheita abundante.

 

Creio que, infelizmente, ao semearmos, o fazemos com muita dubiedade e incredulidade. Paulo afirma que “o que lavra, cumpre fazê-lo com esperança”. Esperando o que? Uma colheita abundante de vidas, um ministério frutífero. Quando ele escreve aos irmãos da Tessalônica, ele expressa sua alegria por ver uma colheita abençoada de vidas convertidas naquela cidade: “Porque vós, irmãos, sabeis pessoalmente, que a nossa estada entre vós não se tornou infrutífera” (1 Ts 2.1). 

 

Precisamos esperar, plantar com fé, gemer pelas vidas sobre as quais estamos ministrando, na esperança de que Deus traga arrependimento, e muitos sejam transformadas pela maravilhosa mensagem do evangelho.

 

Que Deus nos abençoe!!!




[1] Medeiros, Elias – Evangelização e Ministério pessoal. São Paulo, Editora Cultura crista, 2009, p. 85 

[2] Green, Michael – Evangelização na Igreja Primitiva, in A Missão da Igreja no Mundo de Hoje, São Paulo, Abu, 1982, p 82

[3] Carlson, Kent & Lueken, Mike -  Renovação da Igreja, Goiânia, Ed. Primícias, 2013, p 36

[4] Kivengere, Festo – A cruz e a evangelização mundial, in A Missão da Igreja no Mundo de Hoje, São Paulo, Abu, 1982, p 236

[5] Stiles, J. Mack – Evangelism. Wheaton, IL, Crossway, 2014, p. 19

[6] Dever, Mark. Nove marcas de uma igreja saudável. São Paulo, Ed. Fiel, 2007, p. 149

[7] Stott, John R. W – A Base bíblica da Evangelização, in A Missão da Igreja no Mundo de Hoje, São Paulo, Abu, 1982, p 40

[8] . Reeder III, Harry – A Revitalização da Igreja segundo Deus. São Paulo, Edit. Cultura Cristã, 2011, p. 75

[9] .Aldrich, Joseph C. Amizade, a chave para a evangelização. São Paulo, Ed. Vida Nova, 1981. P. 74,75

[10] Green, Michael., Estratégias e Métodos Evangelísticos na Igreja Primitiva, in A Missão da Igreja no Mundo de Hoje, São Paulo, Abu, 1982, p 57

[11] Kuiper, R.B. Evangelização Teocêntrica, São Paulo, PES, 1976, p 11

 

[12] Barrs, Jerram – A Essência da Evangelização, São Paulo, Editora de Cultura Cristã, 2004, Pg 21 

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