quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Ex 19.7-13 A Santidade de Deus




 

 

 

Introdução:

 

Uma das doutrinas mais esquecidas e menos entendida desta geração é a santidade de Deus e a severidade do mal. Temos uma idéia do amor de Deus, e achamos que Deus não pode ser justo, por exemplo, punindo o mal, ou que Ele não deve ser exigente demais... criamos um certo paradigma de Deus que parece não se coadunar com o Deus que nos é apresentado nas Escrituras. 

 

Alguns acham até que existem certas coisas que Deus “não tem o direito” de fazer. Por esta razão, textos de julgamentos como o de Ananias e Safira, em Atos 5, parecem muito distantes da cosmovisão que criamos sobre Deus. Apesar da estranheza deste texto se encontrar num relato do Novo Testamento, na verdade, o que aprendemos em Atos 5 é que deus queria demonstrar sua santidade e que trataria o pecado com severidade. Certamente o lugar mais severo do juízo de Deus foi demonstrado na cruz, quando deixou que seu filho sofresse toda sua ira pelo pecado, morrendo em nosso lugar.

 

O resultado:

 

ü  Porque não reflito na santidade de Deus facilmente me esqueço das suas exigências. Isto me leva a viver uma vida descompromissada, desatenta, fria e indiferente. As exigências de Deus para muitos parece que pode ser “negociada”. Mas a Bíblia afirma: “Não vos enganeis: De Deus não se zomba; porque aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (Gl 6.7). 

 

ü  Porque não reflito sobre a santidade de Deus, eu não considero “os motivos de Deus”. 

 

Quando algo assustador e estranho nos acontece, facilmente suspeitamos de Deus. Contudo, seus motivos e intenções são sempre puros. Deus não possui propósitos ruins para nossa vida, seus motivos são sempre para o bem, ainda que aquilo que acontece nos pareça mal. O homem não age da mesma forma. Suas atitudes mais apreciadas pelos outros, e que recebem mais louvor dos homens ainda assim podem conter motivos secundários ou impuros. Podemos fazer coisas boas para auto promoção e auto glorificação. Nossas boas obras podem ter motivos interesseiros e promocionais, Deus não, porque ele é Santo!

 

 

Narração:

 

Este texto nos ensina sobre a santidade de Deus. Muitas vezes tratamos as coisas de Deus com superficialidade e descaso. Esquecemo-nos que é bom estar nas mãos de Deus, mas horrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo. Deus estava preparando um povo para receber seus mandamentos, e convoca Moisés para subir o monte e se encontrar com ele. 

 

Todo o povo estava assustado com as manifestações visíveis e gloriosas de Deus. O monte tremia e fumegava. Estava acontecendo ali um vulcão, e Deus se revelando a Moisés no meio desta conturbada situação. Deus queria que o povo entendesse sua grandeza e isto gerava temor em toda comunidade.  

 

Este texto nos fala de quatro realidades importantes sobre a santidade de Deus:

 

  1. A santidade de Deus nos leva a ficar atentos à sua palavra – (Ex 19.25) – Deus está preparando seu povo para receber as tábuas da lei com os dez mandamentos. 

 

Deus enfatiza sua santidade ao povo. “Guardai-vos de subir ao monte, nem toqueis o seu termo; todo aquele que tocar o monte será morto” (Ex 19.12). Seus mandamentos estavam sendo entregues e Deus queria que o povo entendesse quão grande era a sua Lei. A compreensão de sua santidade nos levar a acolher, com santidade e temor, a sua palavra. Logo em seguida a este episódio, Deus entrega os 10 mandamentos ao povo. Não sem razão, estes mandamentos foram levados a sério (Ex 20.18).

 

A mesma realidade se cumpre em nossos dias. Pessoas que percebem a santidade de Deus, tratam com cuidado e zelo a palavra de Deus. Deus é santo, sua palavra é santa, e não podemos brincar com estas verdades, afinal, “Deus é fogo consumidor”. Quando temos compreensão de quão santo ele é, acolhemos sua palavra com temor. O Deus Todo Poderoso fala e nós ouvimos sua instrução.

 

Dentre os 10 mandamentos que foram entregues, quatro tem relação direta com a santidade de Deus:

  1. Não terás outros deuses diante de mim – (Ex 20.3);
  2. Não farás para ti imagem de escultura – (Ex 20.4);
  3. Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão (Ex 20.7);
  4. Lembra-te do dia de sábado para o santificar (Ex 20.8).

 

O que Deus queria que o povo entendesse? Sua santidade – “Visto que dos céus eu vos falei”(Ex 20.22). Desta forma ele queria que o povo considerasse isto com temor. Levasse sua palavra a sério.

 

  1. A Santidade de Deus requer a nossa santidade – A santidade de Deus é o motivo da nossa santidade. Preciso ser santo, porque Deus exige santidade.

 

Deus requer santidade de seu povo e é coerente na sua exigência. Todas as exigências éticas de Deus para o seu povo podem ser resumidas no chamamento de Deus de “sede santos”. Apesar da simplicidade óbvia, a ordem tem sido encarada com grande confusão, negligência dos crentes e escárnio dos incrédulos. 

 

Desde o Antigo Testamento, as exigências de Deus são as mesmas: 

 

Porquanto Eu Sou o Senhor, vosso Deus; portanto, vós vos consagrareis e sereis santos, porque eu Sou santo” (Lv 11.44)

 

Portanto, santificai-vos e sede santos, pois eu sou o Senhor vosso Deus” (Lv 20.7). 

 

Embora o significado teológico de santidade do Antigo seja diferente do Novo Testamento, já que a santidade se relacionava aos atos externos como, cerimonialismo, purificação das vestes e rituais religiosos, Deus os faz saber que seu chamado é para viver de forma  diferente no trato com as coisas espirituais e divinas. 

 

No Novo Testamento Deus faz a mesma exigência:

Como filhos da obediência, não vos amoldeis às paixões que tínheis anteriormente na vossa ignorância; pelo contrário, segundo é santo aquele que vos chamou, tornai-vos santos também vós mesmos em todo vosso procedimento, porque escrito está: Sede santos, porque eu sou santo.” (1 Pe 1.14-16). 

 

A ênfase da santificação no Novo Testamento está mais voltada para o desenvolvimento interior e à ética adotada. Entretanto, nos dois testamentos, Deus requer santidade de seu povo. Ao desejarmos viver uma vida que agrade a Deus, o fazemos porque o grande fator motivador da santidade é o seu caráter: “Sede santos porque eu sou santo”. Duas coisas não mudaram em Deus: Seu caráter e o requisito de santidade.

 

Então, ao deparar com sua santidade, não quero pecar, pois sei que Deus trata o pecado de forma séria. O mal é tão grave aos olhos de Deus que Ele usou um remédio amargo para resolver o problema de nossa culpa: Ele entregou seu Filho na cruz para tratar do nosso mal.

 

Não obstante, sua palavra ainda é a mesma, “sede santos porque eu sou santo”. (1 Pe 1.15,16). A Santidade de Deus é um requisito tão essencial que a Palavra de Deus adverte: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). 

 

  1. A santidade de Deus gera sentimento de adoração – Quando entendemos a grandiosidade de Deus, ficamos perplexos com sua grandeza e nos movemos em adoração. 

 

ü  Neste texto, Deus diz a Moisés: “Marcarás em redor limites ao povo” (Ex 19.12). Esta expressão se repete ao longo do texto. É como se Deus tentasse mostrar ao povo que sua grandeza e majestade são fundamentais para aqueles que são convidados a se aproximar dele. 

 

Infelizmente nem sempre esta atitude e sentimentos estão presentes na vida do povo de Deus. Tratamos com descaso as coisas de Deus. Adoramos de forma relaxada e descompromissada, brincamos com o pecado e vivemos sem responsabilidade espiritual. Isto acontece porque não estamos entendendo como é séria a santidade de Deus. 

 

ü  A ressurreição – Quando os discípulos, foram impactados com a realidade da ressurreição eles foram tomados de grande espanto e admiração, e ficaram “possuídos de temor e de assombro”(Mc 16.8). Era a santidade de Deus que não poderia experimentar a corrupção da morte. Isto gera temor e adoração. 

 

ü  A experiência da igreja Primitiva – A compreensão da presença do Jesus ressurreto e o derramamento do Espírito faz com que em cada alma haja “temor” (At 2.43). Outra tradução diz: “assombro”, outra ainda fala de “espanto”. Esta noção da sacralidade de Deus é elemento fundamental para o adorador. Gera temor, que é o princípio da sabedoria. Este temor reverencial é fundamental na nossa adoração. Estamos diante de algo grandioso, estamos perplexos com a grandeza deste Deus. “Deus é fogo devorador!”. Por esta razão, Moisés afirma: “Sinto-me aterrado e tremulo!” (Hb 12.21).

 

  1. A santidade de Deus é fundamental para a visitação de Deus –Por que Deus faz estas exigências?  O texto afirma: “e estejam prontos para o terceiro dia: porque no terceiro dia o Senhor, à vista de todo povo, descerá sobre o monte Sinai”(Ex 18.11). O povo que serve a este Deus santo, deve reagir de forma santa. 

 

Santidade é fundamental para que a glória de Deus se revele. Por isto a palavra de Deus recomenda: “Santificai-vos porque amanhã o Senhor fará maravilhas entre vós” (Js 3.5)Uma vida de santidade é requisito fundamental para que Deus faça milagres na congregação. Deus não pode abençoar uma vida chafurdada no pecado. Como o Deus santo abençoaria a transgressão? 

 

Muitas vezes aspiramos um mover de Deus, mas vivemos uma vida de inconsistência e pecado, somos indiferentes às coisas de Deus, e queremos milagres. Buscamos as bençãos de Deus, mas não o Deus da benção. Queremos os benefícios, mas não os compromissos. Queremos poder sem santificação, queremos experimentar milagres sem devoção. 

 

Se quisermos ser visitados por Deus de forma maravilhosa, precisamos viver uma vida de adoração e temor. Este é o caminho do milagre. Consagração, vida de temor e adoração abrem caminhos para as gloriosas manifestações de Deus na nossa história. 

 

Conclusão:

 

A santidade de Deus pode gerar muitas reações distintas no meio do povo de Deus. Muitos não entendem muito bem como um Deus amoroso exige tanta reverência. Outros se atemorizam em se aproximar deste Deus santo.

 

Ainda precisamos considerar mais dois aspectos:

  1. A santidade de Cristo – Os discípulos levaram algum tempo para entender quem era Cristo. Um dia, depois da Pesca maravilhosa, os discípulos ficaram maravilhados: “Vendo isto, Simão Pedro prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, retira-te de mim, porque sou pecador. Pois, à vista da pesca que fizeram, a admiração se apoderou dele e de todos os seus companheiros." (Lc 5.8-9). O reconhecimento de quem era Jesus os fez adorar. 

 

  1. A Santidade de Deus nos santifica. Santidade é um atributo comunicável. Algo que Deus tem e quer compartilhar conosco. Uma das características do Espírito Santo é que ele quer trabalhar em nossa vida, levando-nos a ser o que Deus é. O Espírito quer nos transformar à imagem e semelhante de Deus. Percebemos que Deus está agindo na vida de uma pessoa, quando esta começa a se inclinar para aquilo que se relaciona ao Reino de Deus. Da mesma forma, podemos questionar seriamente que alguém guiado pelo Espírito Santo, insista em viver uma vida de pecado, satisfazendo a carne, desonrando a Deus, dando mau testemunho. O Espírito de Deus nos santifica. Ele cria em nós tristeza pelo pecado. Aliás, muitas vezes encontramos no Antigo Testamento a afirmação: "Eu sou o Deus que vos santifica". 

 

Quero convidá-lo hoje a se arrepender de seus pecados, pedir a graça de Deus para ter um coração puro, sincero, de temor. Você está precisando de santidade? Peça a Deus. Ele pode dar. Este é o ministério do Espírito, inclinar nossos corações às coisas santas, criar em nós desejos por coisas que agradem a Deus, e não apenas que satisfaçam o nosso conforto e hedonismo. Somos uma geração que queremos benção. Deus porém está querendo sua santidade. Deus não está prioritariamente interessado na sua felicidade, mas na sua santidade, porque a única forma de alguém ser verdadeiramente feliz, livres das amarras do presente século, é vivendo uma vida de temor e consagração a Deus.

 

Que ele nos dê desejo por santidade. Alegria em vivermos de forma santa.

 

 

 

 

Samuel Vieira

Recife- Abril 2008

Refeito viagem Anápolis-Roraima. Nov 2020. 

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