"Ler a Bíblia tem um efeito purificador sobre o coração e a mente. Enquanto se lê, o Espírito Santo ilumina o que é lido". Billy Graham
“Há uma enxurrada de literatura que exalta mais a criatura que o Criador. Em meio a tantas palavras, há pouquíssima Palavra de Deus. Estou convencido de que não são minhas palavras que edificam, mas a palavra de Deus. Quando mergulhamos nossa mente nas verdades eternas das Escrituras e abastecemos nosso coração nesse reservatório inesgotável, então somos consolados, desafiados e edificados." - Hernandes Dias Lopes
O Salmo 119 é o maior capítulo da Bíblia. Ele contém 176 versículos. Se você ler apenas um versículo por dia, serão 22 semanas e cerca de seis meses de leitura. Todo ele exalta a palavra de Deus. Um de seus versículos diz: “Guardo no coração as tuas palavras para não pecar contra ti” outra tradução diz: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti.” (Sl 119.11) outro versículo diz: “Lâmpada para meus pés é a tua palavra e luz para os meus caminhos.” (Sl 119.105)
Todos grandes avivamentos são caracterizados por grande sede da Palavra de Deus. As pessoas retornam às Escrituras, estudam a Bíblia para conhecer a vontade de Deus.
Neste texto Paulo fala da atitude da igreja de Tessalônica em relação a palavra de Deus.
“Por isso também damos, sem cessar, graças a Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus, a qual também opera em vós, os que crestes. “ (1 Ts 2.13)
Nesta carta aprendemos quatro coisas importantes sobre a palavra:
1. Como a palavra deve ser pregada?
2. Qual é o conteúdo da mensagem a ser pregada?
3. Qual é o efeito da Palavra de Deus em nós quando recebemos corretamente a Palavra?
4. Como receber a Palavra de Deus?
1. Como a palavra deve ser pregada?
A Palavra de Deus afirma
“Porque o nosso evangelho não chegou a vocês somente em palavra, mas sobretudo em poder, no Espírito Santo e em plena convicção. Assim como vocês sabem ter sido o nosso procedimento entre vós e por amor de vós.” (1 Ts 1.13)
A mensagem deve ser pregada de duas formas:
1.1. Em Palavra – “o nosso evangelho não chegou a vocês somente em palavra.” Não apenas em palavras, mas também em palavras.
Algumas pessoas dizem: “Viva o evangelho, se necessário, pregue!” De fato, é importante ter uma vida coerente com a Palavra, mas sem a pregação do evangelho não há salvação, afinal, “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?” (Rm 10.13-14)
A mensagem precisa ter conteúdo. Ronaldo Lidório afirma que
“A evangelização não deve ser definida em termos de resultados, mas em termos de conteúdo.”
Na sua própria natureza, evangelização é proclamação (kerigma), portanto quer creiam ou não, precisam ouvir as boas novas do evangelho. Nem sempre as pessoas criam na mensagem do evangelho, mas os apóstolos anunciavam a salvação em Cristo Jesus. O termo “evangelizar” no Novo Testamento não significa ganhar convertidos, mas anunciar as boas novas, independente dos resultados. Muitas vezes nos frustramos pela ausência de conversão, e até mesmo pensamos que a evangelização não aconteceu, contudo, a evangelização não pode ser definida em termos de resultados, mas em termos de fidelidade à mensagem anunciada. Se as pessoas ouviram que são pecadoras, incapazes de se salvar por suas obras e méritos, e que precisam se arrepender de seus pecados, inclusive o pecado da justiça própria, e que apenas por meio da cruz serão salvas, se receberem pela fé a salvação que graciosamente nos foi dada em Cristo Jesus, então elas foram evangelizadas.
Nós partimos do pressuposto de que todas as pessoas que frequentam a igreja, e até mesmo foram batizadas já entenderam o evangelho. Mas quando a minha esposa dava cursos pelo Instituto Haggai Internacional, e cerca de 60 pessoas de mais diferentes nacionalidades se reuniam para estudar liderança e evangelização, ela sempre começava sua palestra expondo, por cinco minutos, o evangelho. O resultado era surpreendente, muitas pessoas se entregaram a Jesus ao ouvirem falar das boas novas. Nós não sabemos se as pessoas que nos ouvem, de fato, já entenderam o evangelho gracioso que nos foi oferecido por nosso Senhor Jesus Cristo. Nossa missão é: “Ide por todo mundo e pregai o evangelho a toda criatura.” Mark Dever afirma que uma das marcas da igreja saudável é um correto entendimento do que significa o Evangelho.
O Evangelho possui um conteúdo claro. Centrado na pessoa de Cristo. Se nossa pregação é sobre boas obras, autoajuda, teologia da prosperidade, tradição, estamos falando daquilo que o homem faz. Não existe outra mensagem além da mensagem da cruz, e a essência do evangelho se resume: “Cristo morreu na cruz pelos nossos pecados, e fora de Cristo não há salvação.” Preste atenção: “fora de Cristo”, e não fora de alguma igreja, ou denominação. Por isto, se saímos da mensagem da Palavra, estamos indo numa direção perigosa. A Bíblia adverte: “Ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema.”(Gl 1.8-9)
A mensagem da cruz deve ser anunciada. Nossa pregação deve ser centrada na compreensão de que somos pecadores, na compreensão do reino de Deus, no poder do evangelho, na salvação pela graça e somente pela graça. Esta mensagem precisa ser anunciada, quer os homens creiam ou não, eles precisam ouvir esta mensagem.
1.2 Em poder – Outro elemento presente na pregação é o poder de Deus. A pregação não pode ser apenas algo racional, inteligível, coerente e lógico, mas para ser efetiva precisa vir encharcada do poder de Deus que vem através do Espírito Santo. M. L. Jones afirmava que “pregação é teologia em chamas.”
Por isto lemos no capítulo anterior:
“Porque o nosso evangelho não chegou a vocês somente em palavra, mas sobretudo em poder.”
O problema da palavra sem poder é que ela mata, mas a palavra com poder, restaura e vivifica. Jesus afirma: “O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos tenho dito são espírito e são vida.” (Jo 6.63) Por isto, para ser efetiva, a Palavra de Deus é acompanhada pela operação do Espírito Santo. O impacto não é do pregador, nem do intérprete, mas da poderosa mensagem que são “as sagradas letras, que podem fazer-te sábio para a salvação, pela que há em Cristo Jesus.” (2 Tm 3.15)
Esta compreensão é clara nas Escrituras Sagradas:
“Eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria. Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E foi em fraqueza, temor e grande tremor que eu estive entre vós. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria humana, e sim no poder de Deus.” (1 Co 2.1-5)
2. Qual é o conteúdo da Palavra de Deus?
O conteúdo é a mensagem do evangelho é a obra de Cristo: “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado.” (1 Co 2.2)
Este é o grande problema dos púlpitos modernos. Prega-se tudo, menos o evangelho.
Pregam tradições, subordinando a Bíblia ao pensamento humano
Pregam legalismo, transformando a Bíblia numa camisa de força
Pregam autoajuda, transformando a Bíblia num livro humanista
Teologia da prosperidade, transformando a igreja num mercado.
Teologia da libertação, transformando o púlpito num espaço político.
David Nicholas, pastor já falecido de Miami, contratou uma equipe independente para fazer uma pesquisa sobre os púlpitos do Sul da Flórida, eles queriam saber se os pastores evangélicos da região estavam pregando as doutrinas centrais das Escrituras como pecado, arrependimento, cruz e sobretudo a graça de Deus, e descobriram que cerca de 80% dos púlpitos pregavam superficialmente ou não pregavam o evangelho.
Nossa mensagem é Cristo, e este crucificado.
Paulo Cesar, compôs a música “O Evangelho”, e parte da letra diz o seguinte:
“O evangelho mostra o homem morto em seu pecar
Sem condições de levantar-se por si só
A menos que, Jesus que é justo, o arranque de onde está
E o justifique, e o apresente ao Pai
Mostra ainda a justiça de um Deus
Que é bem maior que qualquer força ou ficção
Que não seria injusto se me deixasse perecer
Mas soberano em graça me escolheu.”
3. Qual é o efeito da Palavra de Deus em nós quando recebemos corretamente a Palavra?
Este texto nos fala de alguns efeitos quando recebemos a palavra de Deus como palavra de Deus.
A. A Palavra opera eficazmente – “A qual também opera em vós, os que crestes.” O efeito primário da palavra de Deus é gerar fé no coração. Nós cremos na autoridade, na inerrância, na inspiração (toda, e não parte da Bíblia, é inspirada por Deus), na eficácia e no poder da Palavra. Quando a pregamos com fidelidade ela tem poder de penetrar os corações mais orgulhosos e duros e transformá-los.
Deus afirma por intermédio do profeta Jeremias: “Não é a minha palavra como fogo, diz o SENHOR, e como um martelo que esmiúça a penha?” (Jr 23.29). Este mesmo profeta diz: “Achadas as tuas palavras, logo as comi; as tuas palavras me foram gozo e alegria para o coração, pois pelo teu nome sou chamado, ó SENHOR, Deus dos Exércitos.” (J5 15.16). A Palavra de Deus gera gozo, alegria e contentamento em Jeremias.
Eventualmente, porém, a Palavra de Deus gera uma reação dialética, como aconteceu com o apóstolo João na Ilha de Patmos. Veja como ele descreve sua experiência com a Palavra de Deus:
“Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e, na minha boca, era doce como mel; quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo. “(Ap 10.9)
Muitas vezes é assim que acontece conosco. Nem sempre é fácil “comer a palavra”, deixar que ela entre em nossas vísceras e nas nossas entranhas. Aproximar-se da Palavra de Deus com coração aberto e com desejo de seguir a Deus é um desafio gigantesco que provoca reações viscerais. Você nunca será o mesmo se ler a Palavra de Deus com desejo de ser transformado, porque a Bíblia
4. Como receber a Palavra de Deus - Finalmente gostaria de analisar como devemos receber a Palavra de Deus.
“Por isso também damos, sem cessar, graças a Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus.”
Não podemos receber a Palavra de Deus como palavra de homens. Este é um grande risco para a nossa alma. Quando ouvimos a Palavra de Deus e não damos a devida importância, fazemos como os habitantes de Atenas ao ouvirem a mensagem pela boca do apóstolo Paulo:
“E alguns dos filósofos epicureus e estoicos contendiam com ele, havendo quem perguntasse: Que quer dizer esse tagarela? E outros: Parece pregador de estranhos deuses; pois pregava a Jesus e a ressurreição. Então, tomando-o consigo, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos saber que nova doutrina é essa que ensinas? ²⁰ Posto que nos trazes aos ouvidos coisas estranhas, queremos saber o que vem a ser isso.” (At 17.18-19)
Quando Paulo lhes expôs a mensagem de Cristo, a reação deles foi a seguinte:
“Quando ouviram falar de ressurreição de mortos, uns escarneceram, e outros disseram: A respeito disso te ouviremos noutra ocasião.”(At 17.31)
Os habitantes de Atenas ouviram com
a. Incredulidade
b. Com zombaria, escárnio. “que quer dizer este tagarela”, pois Paulo foi lá falar de um estranho Deus que veio habitar entre nós, morreu e ressuscitou ao terceiro dia.
Eles não creram na Palavra de Deus pregada pelo Apóstolos Paulo
Faz uma enorme diferença receber a palavra de Deus como palavra vinda de Deus, ou como mais uma ideia ou filosofia humana. Nos corações que recebem a palavra como um discurso humano, a reação será de desprezo e escárnio. Naqueles que recebem a palavra como revelação de Deus, isto gerará fé e salvação. Logo após a pregação no areópago de Atenas, a Bíblia registra: “Houve, porém, alguns homens que se agregaram a ele e creram; entre eles estava Dionísio, o areopagita, uma mulher chamada Dâmaris e, com eles, outros mais.” (At 17.34) Muitos descreram e desprezaram, mas muitos creram e foram salvos.
Portanto, a mensagem traz escarnio, zombaria e desprezo, ou gera fé, salvação e vida eterna, como bem afirmou Karl Barth: “A palavra de Deus não é palavra de Deus, enquanto não se tornar a Palavra de Deus para mim”.
O apóstolo Tiago exorta o povo de Deus a “obedecer, com mansidão, a Palavra em nós implantada, a qual é poderosa para salvar nossa alma”. (Tg 2.21) Nem sempre recebemos a Palavra de Deus com mansidão. Às vezes vejo pessoas tentando explicar textos claros da Bíblia para mostrar que ela está dizendo outra coisa. Este mecanismo é perigoso. Rev. Wilson de Souza, de Belo Horizonte costumava dizer: “Se Deus não disse o que teria dito, porque não disse o que teria de dizer?” Leia a Bíblia no seu sentido mais natural, direto e simples. Tentar explicar demais quase sempre resulta em uma tentativa de negar o conteúdo que está claro. Acolha com mansidão a palavra. Isto significa: obedeça!
Sabe o que acontece quando acolhemos a Palavra? Ela opera “eficazmente em nós” (1 Ts 2.14).
Conclusão
Na carta aos Hebreus encontramos uma exortação bíblica muito séria sobre o perigo da incredulidade quanto à mensagem do Evangelho: “
“Tende cuidado, irmãos, jamais aconteça haver em qualquer de vós perverso coração de incredulidade que vos afaste do Deus vivo;” (Hb 3.12) “Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais o vosso coração, como foi na provocação. (Hb 3.15). “Vemos, pois, que não puderam entrar por causa da incredulidade.” (Hb 3.19)
A Palavra de Deus é um instrumento poderoso de transformação pessoal e social. Ela nos convida a uma jornada contínua de crescimento espiritual, moldando nosso caráter, renovando nossa mente e nos capacitando a viver uma vida abundante em amor, paz e justiça.
Assim como uma semente plantada em solo fértil, a Palavra de Deus germina em nossos corações, trazendo frutos de transformação. Ela nos confronta com a verdade, expondo áreas que precisam ser mudadas e nos guiando no caminho da santidade.
A poetisa Elizabeth Barret foi rejeitada pelo seu pai por ter casado com Robert Browing. Ela foi morar longe de seu pai, mas logo após o casamento, quase toda semana escrevia uma carta para ele, sem nunca obter resposta. Quando seu pai faleceu, ela recebeu um grande pacote em que estavam todas as suas cartas e que não foram abertas. Essas cartas publicadas são uma obra-prima da literatura, mas o destinatário nunca as leu. Isso faz lembrar aquelas pessoas que tem a seu dispor a maravilha que é a Bíblia, e no entanto, jamais a leem. Estão perdendo um tesouro!
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