Introdução
Tanto católicos quanto protestantes católicos lidam de uma forma nebulosa sobre a pessoa de Maria.
Os católicos acreditam que Maria deve ser adorada (para alguns, venerada). Ela é intercessora. Ao fazer isto, quase dão uma declaração de divindade a Maria. Se ela não é Deus, como pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. (onipresença), e pode resolver a questão de todos (onipotência), e sabe da necessidade de cada coração (onisciência). Dar tais atributos a Maria quase a transforma na quarta pessoa da Trindade, que neste caso seria quadriunidade. Muito pouco se fala em Maria no contexto evangélico. Isto se dá por duas razões. Se Maria não é onisciente, onipotente e onipresença, ela não pode estar em todos os lugares e resolver os problemas. Se ela possui tais atributos, próprios de um Deus, transformamos Maria em uma divindade.
Os protestantes, por outro lado, lidam com Maria de forma ambígua. Tem dificuldade de tratar de forma respeitosa e até reverente. Alguns tratam com descaso e critica. Não deveríamos fazer isto. Maria tem o seu lugar na igreja de Cristo, e deve ser honrada, ainda que não adorada. Mas precisam ser mais simpáticos a Maria.
Então, precisamos falar de Maria. Muitos não querem tratar deste assunto para não ferir os católicos. E é natural não querer ferir pessoas que são amigas, ou polemizar sobre um assunto tão delicado. Por isto não se constrói uma teologia adequada sobre o papel de Maria. Os evangélicos, muitas vezes, chegam a ignorar ou não gostam de falar de Maria. O silêncio abriga espaço para má interpretação e despreza o papel de Maria no cenário bíblico.
Talvez, ao invés de brigarmos, seria mais sábio ouvirmos as próprias declarações de Maria. Sendo ela uma mulher virtuosa, e faz todo sentido tentar avaliar o que ela própria entendeu sobre sua missão e chamado.
Este texto que lemos é o conhecido cântico de Maria, chamado de "o magnificat" e faz parte da hinologia da igreja primitiva. Desde os tempos remotos, o povo de Deus cantava este hino nas suas reuniões. Seu estilo é similar aos cânticos judaicos.
O Lugar de Maria nas Escrituras: Maria é uma pessoa extraordinariamente comum.
Ela é extraordinária pela função que lhe foi dada. ” Alegra-te muito favorecida! O Senhor é contigo.” (Lc 1.28). Maria receber a missão de receber no seu ventre, o Deus que se encarnaria: “Eis que conceberás e darás à luz, um filho; a quem chamarás pelo nome de Jesus.” (Lc 1.31)
1. Ela é extraordinária pela sua obediência. “Disse então Maria. Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo ausentou-se dela.” (Lc 1.38)
Ela não hesitou.
Moisés foi também um servo obediente, mas quando Deus o chamou para a obra ele colocou algumas dificuldades. “Sou pesado de língua.” Quando Jeremias foi chamado resistiu ao chamado dizendo: “Não passo de uma criança.” Gideão, de todos o mais inseguro, afirma que era o menor de sua casa, que por sua vez era a tribo menos expressiva de Israel, corre desesperado atrás de provas e sinais.
Maria apenas se disponibiliza. “cumpra-se em mim segundo a tua palavra.” A única pergunta foi sobre o método de Deus: “Como será isto, pois não tenho relação com homem algum.” (Lc 1.34)
Ela não leva em conta os grandes problemas que ela teria com José, com o qual era desposada.
Não avaliou o risco de um apedrejamento, como ordenava a Lei de Moisés a uma mulher adúltera.
Ela não leva em conta as suspeitas familiares.
E não considera ainda a crítica da sociedade, quando sua barriga começasse a crescer.
Ela simplesmente obedece e se submete. Ela é extraordinária pela sua obediência. Por isto Isabel enaltece Maria: “Bem-aventurada a que creu.” (Lc 1.45)
2. Ela é extraordinária pela sua disposição. “Aqui está a sua serva!”
Ela não estabelece condições, não faz um contrato com Deus, nem diz que iria sob determinadas condições firmadas preliminarmente.
Em 1945, Deus levanta uma mulher, solteira, baixinha, franzina, lá na América do Norte. Ela estava passando por uma praça em Nova Iorque, e um pregador de rua falava de Jesus, ela se converteu, derramou-se na presença do Senhor e recebeu um chamado para fazer diferença na Terra. Por volta de 1949, Sophia Müller disse: “eu quero ser missionária”.
Ela saiu da América do Norte em direção à Colômbia. Entrou no Rio Içana, um rio que começa na Colômbia, entra na selva amazônica brasileira e a percorre mais de 1.000 km. Acabou atravessando, sem saber, a fronteira entre Colômbia e Brasil em uma pequena e insegura embarcação. O que parecia ser um erro de direção pelas águas perigosas dos rios Negro e Içana se tornou o caminho para um dos trabalhos missionários mais consistentes realizados na Amazônia.
Sophia Müller por mais de 40 anos serviu no ministério ao Senhor Jesus na Amazônia Brasileira, evangelizando duas tribos: Curipaco e Baniwa. Segundo o missionário Marcelo Pedro, da Missão Novas Tribos do Brasil (MNTB), que trabalha onde Sophia trabalhou, ela dividia o seu tempo assim: de manhã, alfabetizava o povo; à tarde, ensinava a Palavra de Deus; à noite, descansava e tirava as dúvidas dos indígenas. Chama a atenção de Marcelo o fato de as comunidades indígenas evangélicas serem muito organizadas e não sofrerem com o alcoolismo.
Em 2007, a FUNAI afirmou que esse é um dos pouquíssimos lugares na Amazônia onde os indígenas não enfrentam problemas com alcoolismo, conflitos e guerras. O fotojornalista Pedro Martinelli, em seu livro “Amazônia: O Povo das Águas”, diz que os indígenas do Alto Rio Negro e do Rio Içana “têm título de eleitor e altíssimo índice de alfabetização, em algumas aldeias chega a 95%”.
Encontrei-me com dois indígenas anciãos Curipaco, crentes em Jesus, que tiveram o privilégio de remar a canoa para Sophia Müller décadas atrás. Eles me falaram: “pastor, aquela mulher tinha o fogo do Espírito Santo, porque ela pregava de dia e de noite nos fazia viajar. Era perigoso, mas ela viajava à noite para não gastar tempo de dia. Os índios dormindo e ela viajando. Remávamos a canoa, mas ela não dormia, usava o seu candeeiro, aquela lamparina, e durante a noite traduzia o Novo Testamento para a Língua Curipaco”. Hoje eles têm o Novo Testamento completo na língua deles.
É interessante que ela plantou dezenas de igrejas, mais de 50, ao longo do Rio Içana, e uma vez por ano um milagre acontece: uma conferência em que eles reúnem, pelo menos, um representante de cada aldeia evangélica ao longo desse rio, entre as tribos Curipaco e Baniwa.
Tive o privilégio de participar de uma dessas conferências. Esses representantes saem das suas aldeias, dias de canoa, dias de caminhada na mata e, numa data pré-determinada, com uma boa bandeira, encontram-se numa grande clareira em algum lugar ou aldeia na mata, e ali dobram seus joelhos, fincam aquelas bandeiras no solo e oram a Deus, agradecendo porque um dia Ele chamou a sua filha Sophia Müller e ela respondeu “sim”. E assim começa aquela conferência missionária abençoadíssima que leva alguns dias.
Antes de falecer em 1997, na Venezuela, ela foi entrevistada por um jornalista cristão. A primeira pergunta que ele fez foi: “Como foi o seu chamado?” Ao que ela respondeu: “Eu jamais tive um chamado, li uma ordem e a obedeci”
Por Ronaldo Lidório - Fonte: Ultimato
3. Ela é extraordinária por saber sua missão – Evangélicos e católicos deveriam ler com mais atenção o seu belíssimo cântico “Magnificat.”
O texto afirma que “Deus achou graça” em Maria. Esta mesma expressão é usada na Bíblia sobre Moisés: “Então disse o Senhor a Moisés: Farei também isto, que tens dito; porquanto achaste graça aos meus olhos, e te conheço por nome.” (Ex 33.17)
A doutrina da graça não está presente apenas no Novo Testamento. Muitos acham que no Antigo Testamento a salvação era pelo cumprimento da Lei, mas isto não é verdade. Os homens são salvos apenas pela graça, que é um favor imerecido. Não há mérito nem virtude na graça, pois se é pela graça não é mérito, e se é mérito, não é pela graça. Os dois são auto excludentes.
Maria reconhece seu lugar. Ela não se coloca como redentora ou corredentora, mas ela também precisa de redenção. “Minha alma engrandece ao Senhor, e meu espírito, se alegra em Deus, meu salvador.” (Lc 1.47). Maria também é salva através daquele bebê que nasce do seu útero. Ela se sente bem-aventura, e não assume nenhuma pretensão ou papel que não lhe seja dado por Deus. Seu papel é de mãe, e de uma mãe muito especial. Seu filho é gerado pelo Espírito Santo e é Fllho do Altíssimo. Nela se cumpre as profecias messiânicas. Maria sabe seu lugar e seu papel, e se sente feliz no chamado que Deus lhe concede.
Estudar o conteúdo destas palavras de Maria é, contudo, extremamente significativo, porque faz parte da Palavra de Deus, é um texto inspirado. Uma das questões que precisa ser estabelecida hoje é o lugar de Maria nas Escrituras.
Ø Maria é descrita como bem-aventurada - Deus a escolhe como canal para abençoar o mundo, quando ela se engravida de Jesus do Espírito Santo. Deus encontrou no coração desta serva, a receptividade para ser mãe de Jesus. Era uma missão ao mesmo tempo sacrificial e um grande privilégio. Ela é bem-aventurada. Uma palavra que significaditosa, feliz. A palavra grega makarios, descreve uma alegria serene e intocável, que não depende do acaso e das circunstâncias. Maria se vê como alguém profundamente abençoada por Deus, e se sente feliz em poder participar desta missão.
Ø Maria é modelo cristão de fé, pela sua humildade e disponibilidade ao Senhor. Apesar de todas as suspeitas que as pessoas poderiam levantar pelo fato dela aparecer grávida num contexto praticamente rural – Nazaré tinha apenas 300 habitantes quando isto aconteceu - ela demonstra disponibilidade para o Senhor: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra” (Lc 1.38). Ela Se submete a Deus: "Aqui está a serva”. Faz isto com reflexão. “Pôs-se a pensar no que significaria esta saudação” (Lc 1.29), mas com disposição para Deus.
Um dos grandes problemas da vida cristã é a indisponibilidade para o Senhor. Maria se entrega, se desarma para o projeto de Deus, que tem que passar pela sua vida. Por isto se torna uma referência cristã até os dias atuais.
Ø Maria precisa de salvação – “Meu espírito se alegra em Deus, meu salvador”. Ela se reconhece serva, admite a necessidade de ser redimida. Ela não é corredentora, nem alguém que salva, antes precisa ser redimida pela morte do Filho de Deus, gerada em seu ventre. Ela mesma não se vê num papel redentor ou intermediador de salvação, mas como alguém que precisa de salvado. (Lc 1.47). Quem precisa de Salvador é quem encontra-se perdido. Enquanto muitos tentam transformá-la em corredentora, isto é, alguém que possui uma função participativa no projeto de salvação da humanidade, ela se declara necessitada de salvação. Deus é o seu salvador! Ela não salva a si mesma, precisa da mediação de seu Filho Jesus, porque Jesus morreu em seu lugar na cruz.
O discurso de Maria:
Na segunda parte desta reflexão, gostaria de considerar o que Maria diz, em relação ao projeto do qual ela faria parte, que era acolher o Deus Emanuel, o Filho de Deus, entre os homens. O discurso de Maria anuncia a inversão da ordem social (Lc 1.52,53).
Poderosos, tronos serão derrubados
Humildes serão exaltados.
Ricos, serão despedidos vazios
Famintos, cheios de bens.
Stanley Jones afirma que o Magnificat e o mais revolucionário documento do mundo.
Barclay afirma que o Magnificat fala de três revoluções que Deus faz, de acordo com a Palavra de Maria, e eu gostaria de acrescentar uma quarta visão para a qual o texto nos direciona:
1. A revolução moral - "Dispersou os que, no coração, alimentavam pensamentos soberbos” (Lc1.51,52). Esta é uma revolução moral. O cristianismo afirma a morte do orgulho. A cruz denuncia o fracasso de nosso orgulho, de nossas tentativas de fazer as coisas moralmente corretas. A cruz revela que o homem é incapaz e que apenas a morte de seu Filho seria capaz de curar esta degradação moral da alma humana. O grande inimigo do Evangelho não é, como supõe alguns, a incapacidade moral, mas o orgulho. Uma tradução moderna deste texto, feita por Goodspead diz: "Derrotou os de mente orgulhosa".
Maria declara a falência do orgulho. Deus com seu braço agiu. Continua sendo o grande agente da história. O nascimento de Cristo nos relembra isto. Não é dos tronos, nem dos palácios, mas da manjedoura que surge o Rei Eterno. O que Maria diz é que no curso da história, o poder de Deus tem punido repetidamente as pessoas arrogantes. Não devemos olhar a manjedoura de forma romântica. O cheiro que um curral exala nem sempre é o melhor, mas foi ali, nesta manjedoura, sem ter nada seu, que Cristo, o Deus-homem escolhe nascer.
2. A revolução social - Derribou do seu trono os poderosos, e exaltou os humildes (Lc 1.52). Deus põe abaixo os poderosos. Coloca um fim ao mundo de etiqueta e prestígio. Trata-se de uma mensagem profética aos Herodes, Césares, autoridades romanas, e aos grandes e poderosos atuais.
O nascimento de Jesus anuncia, prenuncia e denuncia a falência dos sistemas humanos e a instabilidade de seu poder.
Moreto, erudito nômade da Idade Média, era pobre e adoeceu numa cidade italiana sendo conduzido a um hospital de pessoas abandonadas e párias sociais. O doutor discutia seu caso em latim, jamais supondo que ele pudesse entendê-lo, sua sugestão era a de que desde que Moreto era desprezível, eles poderiam usá-lo para experiências médicas. Então, Moreto levantando os olhos para o médico afirmou: "Nunca chame desprezível uma pessoa por quem Cristo morreu".
As classes sociais desaparecem no verdadeiro cristianismo. Esta palavra de Maria anuncia uma reversão da ordem social, as definições de grandeza seriam redefinidas e radicalmente alteradas.
3. A Revolução econômica - "Encheu de bens os famintos e despediu vazios os ricos” (Lc 1.53). O texto anuncia uma inversão de valores. Há uma beleza neste cântico que é uma dinamite. O povo cristão deveria entender isto. Deus promete proteger quem não é protegido, amparar os desamparados e desprovidos de poder, já que estes não têm quem possa defendê-los. Maria afirma que com a vinda de Cristo, confiar no próprio poder significaria ir na direção oposta ao projeto de Deus, já que Ele tem se proposto a dar esperança aos que não a possuem.
4. A Revolução sexual – Deus escolhe manifestar-se numa mulher. Numa cultura na qual os homens desprezavam tão fortemente a figura feminina, Deus resolve colocar toda sua divindade num útero. Maria passa a ter em si mesma, o Verbo da Vida. Aquele que haveria de salvar o mundo, estava no seu ventre. Deus escolhe revelar sua grandeza no ventre de uma adolescente, pobre e simples de uma pequena cidade chamada Nazaré. Maria nos faz lembrar as "Marias" brasileiras, sem vez e voz, a Maria pobre, a Maria favelada, a Maria da esquina, a Maria prostituta, As marias marginais, a Maria abusada e explorada, a Maria dos palácios. Maria é protótipo do descaso que sofrem até hoje tantas mulheres. Mas Deus resolve se revelar na Maria de Nazaré que se surpreende quando o chamado lhe é feito: “...porque contemplou na humildade da sua serva” (Lc 1.48).
5. A Revolução Religiosa – Conquanto muitos tentem transformar Maria em uma pessoa que é usada pelas SUS habilidades humanas, o texto mostra a presença da “misericórdia” (palavra que surge 2 vezes no texto: Lc 1.50,54). Misericórdia retira de nós as qualificações. Deus usa pessoas apesar de seus deméritos. Maria se lembra que as misericórdias de Deus estão relacionadas às suas promessas (Lc 1.54,55). Deus fizera uma promessa a Abraão e agora a cumpre. Deus usa agentes comuns e ordinários, não pessoas extraordinárias. Misericórdia é a atitude de Deus para pessoas que não tem condições de caminhar por si mesmas. O texto anterior chama Maria de “favorecida” (Lc 1.28), e diz que ela achou “graça diante de Deus” (Lc 1.30. Graça não é meritória.
Por uma teologia Mariana
Devemos então buscar uma teologia mariana, mas na perspectiva que as próprias escrituras expõem, como a própria Maria percebe. Há muita distorção no papel de Maria, e este texto nos ajuda a construir esta “perspectiva mariana”, a partir daquilo que ela mesma declara, sobre si e sobre Deus.
A. Maria se disponibiliza – Ela se entrega sem reservas. Seria questionada, criticada. O seu próprio “noivo”, José, entra em crise com a constrangedora situação. Ela poderia ser apedrejada por adultério já que estava “desposada” de José. Maria se chama de “serva”, não tem direitos, mas disponibilidade para seu Senhor, para a obediência e submissão. Fazer uma teologia mariana, refletir sobre o papel de Maria, ser admiradora de Maria e tomá-la com exemplo, deveríamos nos levar à minha disposição interior para o serviço e submissão.
B. A Escolha de Maria subverte – A vida e o cântico de Maria apontam para várias dimensões ousadas. Aliás, o natal subverte poderes, questiona status assumidos como corretos.
i. O anúncio se dá em Nazaré, não em Jerusalém – Nas terras esquecidas é que Deus revela sua graça. Isaias ja profetizara isto: “Mas para a terra que estava aflita não continuará a obscuridade. Deus, nos primeiros tempos, tornou desprezível a terra de Zebulom e a terra de Naftali; mas, nos últimos, tornará glorioso o caminho do mar, além do Jordao, Galiléia dos gentios” (Is 9.1). O profeta já apontava para uma revolução, em Nazaré e na Galiléia não surgem grandes nomes, nem mesmo grandes profetas e líderes. Deus encontra ali uma adolescente a quem usaria para seu grande propósito de redenção da humanidade.
ii. Deus escolhe a simplicidade, não a sofisticação – Deus se desloca do centro para a periferia. Não no palácio, mas no curral; não nos grandes centros teológicos de Jerusalém, mas em Nazaré. Maria percebe isto (Lc 1.52-53). Seu cântico é subversivo.
iii. Deus enxerga pessoas anônimas e esquecidas – Maria era uma mulher temente a Deus, vida de devoção e piedade, e se impressiona por Deus a considerar tão digna de ser a mãe do Messias, tão anunciado por todos os profetas do Antigo Testamento. Todas jovens piedosas de Israel tinham expectativa de que Deus usasse seu útero para acolher o Messias. Maria percebe a graça de Deus sobre sua vida.
iv. Deus dá missão a quem não teria espaço – “Desde agora, todas as gerações me considerarão bem-aventurada”. Esta é a compreensão de Maria. Deus me dá o privilégio de servi-lo com meu corpo, com minha vida. Quem era Maria aos olhos dos religiosos, do mundo político de então? Era uma pessoa anônima, desconhecida, de uma pequena vila de um Estado praticamente desconhecido em relação às grandes potências militares. A escolha de Maria nos mostra como Deus percebe.
Conclusão:
Este texto nos prepara para o espírito do Natal.
Maria é alguém simples e humilde de uma pequena vila em Israel. Ali Deus se revela. Maria se sujeita a Deus, reconhece a graça de Deus, e dispõe-se a pagar o preço de sua submissão, mesmo diante de uma situação que poderia causar muita discussão entre aquela pequena vila. Deus conhecia Maria, como conhece sua vida e a minha. Deus olha com compaixão para nossas vidas. Ele transforma gente comum, Maria, e dá projeto, missão, visão, sonhos e poesia.
Talvez você esteja aqui hoje, sentindo-se numa pequena vila inóspita, achando que sua vida nunca vai deixar de ser o que é. Na verdade, o que Deus vai fazer de sua vida, pouco interessa, mas é fundamental que Deus nos encontre como encontrou Maria, de forma disponível, submissão, disposta a executar os planos que ele tem para nossas vidas.
Maria poderia continuar sendo uma mulher desconhecida de uma pequena vila, mas o que nos importa não é a grandeza do que temos ou fazemos, mas a grandeza de Deus em nós, nos usando como instrumento para a execução de seus planos.
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