domingo, 4 de novembro de 2012

Gn 3.17-19; 23-24 A Queda afetou a natureza


Introdução:


O quarto efeito do pecado do homem, afeta diretamente a natureza e a criação divina. O homem encontra-se em desequilíbrio com a natureza (Gn 3.17-19). Uma das consequências visíveis da queda foi a ruptura da relação pacifica existente entre homem e natureza. A harmonia entre os dois é quebrada.  

Muitas vezes temos a idéia de que o pecado afetou o relacionamento do homem com deus, e isto em parte é verdade, mas não apenas sua espiritualidade. Como vimos anteriormente, afetou também seu mundo interior, trazendo medo, culpa, angustia e seus relacionamentos com outros seres humanos. Adao e Eva desenvolvem uma caminhada cheia de manipulações, manipulações e acusações; Caim mata Abel, depois de terem saído de um culto.

Hoje queremos ainda mostrar como o pecado vai afetar toda a criação, toda natureza. O pecado tem um efeito muito mais amplo que podemos supor. Eis algumas áreas que foram afetadas:


Espiritual - O conceito de adoração. Os homens adoram a criatura ao invés do criador (Rm 1.21)

Ético - Absolutos em crise. Relativismo.

Jurídico - Perda do senso do certo e do errado, da justiça e da moral.

Econômico - Capitalismo: Materialismo, exploração

                      - Comunismo: Materialismo dialético, utopia sem Deus.

Sociológico  - Escravidão, desestrutura familiar, violência.

Estético - Caótico, agressivo e desesperador – (Guernica de  Picasso,  dor de Van Gogh).

Linguístico: Música, pintura, escultura: símbolos não uniformes, incompreensão, descompasso.

Lógica – dissociada da fé, oposta a Deus.

Psicologia:  Correntes ideológicas (psichê), humanismo.

Biológico: Destinado à morte


O profeta Jeremias afirma que “A terra está deprimida” (Jr 14.3-7). Os homens decepcionados e envergonhados, a natureza confusa, falta de água, catástrofes, terremotos, tragédias. O profeta afirma que “as nossas iniquidades testificam”. Para o apóstolo Paulo, esta situação gera dor e gemido da natureza (Rm 8.22). Compara tal situação com a mulher grávida. Sendo assim, “toda criação geme”.  Há um clamor silencioso na terra por esta situação angustiante na qual se vê inserida: destruição das florestas, poluição dos rios, agressão do mar, do ar, bombas atômicas, químicas: Isto gera dor!

Edijéce Martins afirmou que “se a igreja não falar do tema ecologia, ela não mais será ouvida por esta geração”. Ecologia tem tudo a ver com nossa teologia:

A. Deus é o Criador de todas as coisas – Por isto, os “homens são indesculpáveis” quando adoram a criatura ao invés do criador (Rm 1.20).

B. A natureza proclama a Deus – Desde o principio deus está se revelando por meio das coisas que foram criadas (Sl 19.1); portanto, os céus são os primeiros pregadores (Pe. Antonio Vieira).


Este desequilíbrio com a natureza, trouxe três implicações:


a)- Maldição sobre a terra – “Maldita é a terra por tua causa” (Gn 3.17). A terra tem sofrido um desequilíbrio tremendo no seu ecossistema em conseqüência do pecado do homem.

Veja o que nos diz o texto de Romanos, talvez um dos textos mais elucidativos sofre a relação de causa e efeito entre a natureza e o pecado humano. “A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade dos filhos de Deus. Porque sabemos que a toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angustias até agora. E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso intimo, aguardando a adoção de filhos, a redenção de nosso corpo” (Rm 8.18-23). Existe um poder dominador sobre a natureza. Na descrição do texto, algo a tem sujeitado. O homem, na sua atitude pecaminosa criou o caos que paira sobre a natureza. Ele é responsável por levar a natureza a viver este “caos cósmico” A queda não atingiu apenas o lado espiritual do homem, mas o alcançou em todas outras dimensões. O homem faz parte da natureza, e sua queda criou este vazio em todo o ecossistema, por esta razão: “maldita é a terra por sua causa”. 

Jeremias afirma que “A terra está deprimida” (Jr 14:3-7). O pecado gera dor e gemido da natureza (Rm 8:22). “toda criação geme”.  Há um silencioso clamor na terra por esta situação angustiante que se pode perceber nas florestas, poluição dos rios, agressão do mar, do ar, bombas atômicas, químicas, experiências laboratoriais, genética, etc. Na linguagem bíblica isto gera dor! Por isto, A natureza vive em expectativa (Rm 8:21). Paulo vê natureza numa perspectiva ansiosa. Mediante a obra redentora de Cristo, rompe-se o vínculo da queda. O homem cristão é livre para poder tornar a terra o mais aprazível possível e deve lutar para isto, com a redenção da terra, ele sai do “cativeiro da corrupção” (Rm 8.21) para a redenção. Podemos assim ir dando sinais deste reino, tornando o mundo mais aprazível.

A palavra “mataiotes” no grego (vazio) que surge em Rm 8.21 é o termo equivalente de “hebhel” no hebraico, que aparece em Eclesiastes (bolha de sabão). A criação, como um todo, perdeu o propósito original de Deus. Esta crise de sentido do homem moderno, atinge também a natureza, sendo, portanto, uma crise cósmica, que tem algo a ver com a condição da natureza.

Existe um vazio teológico - Qual o propósito da natureza ?  Proclamar, anunciar. O primeiro pregador e talvez o mais eficiente seja a natureza.


               b)- O trabalho deixaria de ser uma experiência de alegria, plenificação e contentamento e tornar-se-ia uma experiência de luta e sofrimento, um instrumento de dominação.  “Em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida” (Gn 3.17). Uma das consequências deste desequilíbrio é que o trabalho deixa de ser algo gratificante e torna-se conflitivo. A bíblia nos ensina que o  trabalho não surgiu  depois da queda, Deus já havia dado atribuições para o homem e a mulher antes de sua rebeldia. Trabalho é algo inerente ao ser humano e o plano original de Deus é que nele nós pudéssemos encontrar alegria e satisfação interior. O trabalho hoje torna-se algo maçante, sem criatividade, sem prazer.


               c)- Haveria uma reação da natureza contra a agressão sofrida(Gn 3.18) “Ela produzirá cardos e abrolhos, e tu comerás a erva do campo” (Gn 3.18). Esta é a resposta a uma natureza agredida, oprimida. Eventualmente a natureza tem dado reações impressionantes. Forças descomunais se levantam da natureza em resposta. A natureza tem reagido com fúria a determinados ataques sofridos. Enchentes descomunais, desertificação de áreas, terremotos etc. A natureza conspira e reage contra seu agressor. Ansiosamente esperando ser libertada do cativeiro da corrupção.

Por isto deus estabelece algumas regras para a relação dos homens com a natureza:


Em Gênesis - Deus ordena ao homem que cuide da terra e a cultive. Infelizmente o homem tem agredido a natureza, explorando-a, sem, contudo cultivá-la como um jardim, de acordo com a ordem da criação;


Em Êxodo - A exploração da terra era limitada por seis anos, no sétimo,  a terra deveria descansar era o ano do Jubileu;


Em Jonas - Vemos Deus preocupado com a natureza quando diz para Jonas: “Não haveria eu de ter misericórdia de 120 almas que não sabem discernir entre a mão esquerda e direita, e de seus muitos animais?” (Jo 4.1). A pastoral da terra surge claramente na Bíblia.


A Bíblia declara que fomos designados por Deus para a cultivar e guardar. A natureza foi colocada a serviço do homem, mas não para ser saqueada, e sim preservada pelo homem. O termo guardar refere-se à proteção, cuidado. A natureza deve ser protegida da exploração indevida, da desumanização gerada pela ganância e ambição humanas. O estatuto da terra deve ser exercido de tal forma que a ganância não danifique o meio ambiente. O uso indevido de agrotóxicos, a mortandade de peixes revela nosso descuido. O cristão deve ter um compromisso claro contra qualquer descaso: papéis e latas na praia, reciclagem, etc. O texto afirma que este vazio que é gerado pela falta de sentido, ocorre “não voluntariamente”. A terra não fez esta decisão, nem optou por este estado caótico, antes foi posta nele.

Paulo vê natureza numa perspectiva ansiosa. Sua verdadeira libertação encontra-se na redenção. A natureza vive em expectativa (Rm 8.21). Mediante a obra redentora de Cristo, rompe-se o vínculo da queda. O cristão é livre para poder tornar a terra o mais aprazível possível e deve lutar para isto, com a redenção da terra, ele sai do “cativeiro da corrupção” (8.21) para a redenção. Podemos assim ir dando sinais deste reino, tornando o mundo mais aprazível. Deus colocou o homem no Éden para cultivá-lo e guardá-lo, mas o homem entendeu mal sua missão e resolveu explorá-la. Assim, a terra tem sido explorada de forma desumana:

ü  Poluição dos rios – Tietê e Pinheiro são nossos nomes de referência.

ü  Poluição da Bahia de Guanabara e luxuosos apartamentos da Barra que jogam seus esgotos nas águas do Marapendi.

ü  Exploração das matas e florestas. Extração ilegal de madeira, etc.


No nosso Estado, muita coisa precisa ser dita.

ü  Destruição das matas ciliares para aumentar as pastagens.

ü  Queimadas para economizar mão de obra.

ü  Pesca na Piracema – Um irmão certa vez me perguntou se era pecado, eu lhe disse que ele havia quebrado um principio de Deus. Que isto não o levaria ao inferno, mas que tornava nossa vida um pouco mais difícil.

Estes cuidados não devem ser responsabilidades apenas do Estado, mas devem fazer parte da nossa mente e nosso coração. Homens e natureza estão debaixo de uma força destrutiva. O cativeiro da corrupção (Rm 8.21). A queda não apenas nos afastou de Deus, mas teve implicações cósmicas. Afetou todo projeto de Deus. O resultado é o gemido da criação. A natureza geme, o homem sofre. A natureza geme – efeito estufa, gazes poluentes, desmatamentos, sujeira, queimadas.


Conclusão.

Um dia Deus restaurará a criação no seu estado original. Por isto a Bíblia começa no Éden, relatando a beleza e originalidade da criação sem pecado, e conclui com a visão celestial, falando de “novos céus e nova terra nos quais habita justiça”.

Enquanto a redenção que aguardamos não se realiza, vamos dando sinais desta graça, através da experiência com Deus, que novamente nos aproxima do propósito original de Deus para a raça humana.


4 comentários:

  1. Boa explicação.Atenção ao colocar o nome do nosso Deus em minúsculo.

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  2. Muito bom mesmo, que Deus possa continuar sempre ti abençoando.

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  3. Muito top . Sempre me interessei por esse assunto Deus abençoe

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