domingo, 4 de novembro de 2012

Jó 1 O Problema do Sofrimento


 
 
Introdução:

 

1.      O sofrimento tem muitas causas, além do pecado:

·        Deus: Permite que o mal aconteça.

·        Diabo:  executor do mal

·        Pessoas: vemos aqui a ação dos sabeus Jo 1.15; Caldeus 1.17 – ações humanas.

·        Naturais: A natureza gera tragédias. Os bois lavravam quando vem o fogo, raios, tempestades Jo 1.16; Grande vento  1.19  Natureza é cega, não tem valor moral.

A afirmação do Senhor nos desmonta, pois mexe com nossos esquemas mentais. – Jo 2.3.

Diante disto podemos chegar a duas conclusões imediatas:

A. O sofrimento é fruto do pecado - não podemos generalizar (Lc 13.1-3)

B. Há sofrimentos provenientes de ações pecaminosas, mas Deus pode usar o sofrimento para nos modelar.

 

Duas reflexões ambíguas e igualmente verdadeiras surgem no texto:

·        Tudo aquilo que o homem planta isto ceifará;

·        Nem tudo aquilo que o homem colhe é fruto daquilo que ele planta. Nem tudo depende de minha decisão.

 

2.  O diabo encontra-se por detrás de todo sofrimento. “Satanás saiu da presença de Deus”  Jó 1.12; 2:7  Ao dizer isto o texto já apontava para uma ação maligna.

 

A)- Apesar do diabo ser o agente da dor, não se resolve a dor, amarrando o demônio. Não adianta amarrar o demônio quando ele tem autorização de Deus;

 

b)- Não se resolve o problema remoendo-se de culpa porque tais coisas acontecem conosco. Este texto quebra exatamente a relação sofrimento x pecado. Sofrimento nem sempre é conseqüência de pecados cometidos. Portanto, não pode ser alimentado com culpa.

 

3. Jó ignora a causa do sofrimento, nós sabemos. Estamos nas arquibancadas, ele no picadeiro. Sua experiência não pode ser repetida, mas seus princípios podem.

 

A. Jó vive num mundo espiritualmente ambíguo (Não há dicotomia) entre o material e o espiritual. Quando eu namoro ou jogo boa, isto deve ser um ato espiritual. Quer comais ou  bebais, ou façais qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus. Tudo é espiritual.

 

B. Para Deus, pensar é agir (até o pensamento deve ser espiritual) Sl. 32 “Disse eu, confessarei... e tu perdoaste”. Deus nos perdoa com base no nosso pensamento. De outro lado, o texto nos revela que sempre haverá oposição e manipulação satânica.

 

4. Sofrimento não É utopia, mas algo histórico - acontece no cotidiano da vida. O estilo literário é dramático. Jó come com sua família, cuida de sua vida profissional e aí surgem cataclismas, furacões. De repente, fracassado, vê sua mulher dizendo: “amaldiçoa a Deus e morra!” Jó é o centro do conflito, não os seus amigos, estes são coadjuvantes, e estes não sabem o quanto é duro o papel principal (gente em hospital e enlutada), só podemos ser solidários...

 

5. Nada vai acontecer sem a permissão de Deus – Satanás não e livre para fazer o que deseja. Quando quer submeter Pedro a prova, faz um requerimento a Deus para peneirá-lo. Deus nunca perde o controle da historia. Os céus nunca são pegos de surpresa. Por isto Deus envia seu profeta Jeremias a dizer ao povo no meio da deportação para a Babilônia. “Eu é que sei que pensamentos tenho a vosso respeito, pensamentos de bem e não de mal, para vos dar o fim que desejais“ (Jr 29.11).

 

Princípios:

 

1.      Vivemos num mundo estruturalmente ambíguo - As forças espirituais do mal tentam nos destruir, aparentemente vivemos num mundo cego. A fé nos ensina a criar uma percepção de sobrenaturalidade. Precisamos ver além da história, ter uma âncora firme. Apesar da dor continuar sendo um mistério, devemos perseverar em nossa confiança em Deus.

 

2.      Não há no texto a idéia de Deus-Jó-diabo, ou seja, a idéia maniqueísta da luta entre Deus e o diabo. Deus não corre o risco de perder a parada - vs.6 Deus é Senhor absoluto, se somos fiéis, seremos vitoriosos, Deus não é de se aventurar. A vida de José nos mostra claramente isto. Quando Deus chama, ele cuida até o final.

 

3.      Não devemos abrir mão de Deus por causa da tribulação  - A vida de nos revela isto ( 1.9-10). Compare com Sl 116.10. Quaisquer que sejam as circunstâncias, nunca se esqueça que Deus é o Senhor absoluto delas. Deus trabalha a favor daquele que ele ama.

 

  1. Feche-se a tentação do porque. Sofremos mais pelos “porques“ que pelos fatos em si mesmo. O nosso porque é extremamente egoísta. Porque comigo?  Implicitamente estamos dizendo que somos merecedores de um tratamento vip?  A pergunta mais certa seria, “Por que não comigo?“ Os companheiros de Jó tiveram muitos problemas depois que tentaram “explicar” o sofrimento dele. Quase sempre as tentativas de explicação são desastrosas:

 

-É a vontade de Deus;

-Se você tivesse fé;

-Se você estivesse na igreja.

 

Ou condenam Deus ou condenam aquele que sofre, trazendo maior dor, culpa e aflição. Muitas vezes, o melhor instrumento de consolo é o silêncio. Melhor ficar em silêncio que tentar explicar a dor. Uma das coisas que a Palavra de Deus nos ensina claramente e que Deus usa toda dor para o bem. “Vós intentastes o mal, mas Deus transformou o mal em bem, como hoje vedes“ (Gn 50.15).

 

  1. Tome cuidado para não agredir inconscientemente a Deus - Deus é Todo-Poderoso e não evitou a tragédia. Nossos “porques“ não são perguntas, mas agressões a Deus.  O sofrimento é sempre o momento no qual Deus demonstra que é Senhor da vida, tanto nos momentos claros, quanto nos momentos de contradição. Agostinho entendeu isto claramente ao afirmar: “Tu estavas comigo, mas eu não estava contigo”.

 

Elie Wiesel, prisioneiro judeu no gueto de Auschivtz, escreveu um poema chamado “a noite”, no qual retrata com muita precisão a dor. Dois judeus e uma criança foram condenados á forca por tentarem fugir do gueto. Os homens morreram logo, a criança ficou agonizando, por causa de seu corpo leve. “Então alguém perguntou: Onde está Deus? E eu permaneci em silêncio. Meia hora depois, clamou novamente. Onde está Deus?! Onde? Uma voz dentro de mim respondeu: Deus está li pendurado na forca”. Embora não compreendamos o mistério da dor, Deus se identifica e protege o que sofre.

 

  1. Deus é capaz de restaurar a situação mais caótica, o quadro mais sinistro - Jó perdeu bens, saúde, entes queridos, apoio de pessoas, sofreu incompreensão de amigos. O sofrimento o faz passar por experiências que somente situações de calamidade podem gerar. Determinadas verdades só se aprendem com os olhos cheios de lágrima. A maior delas é a experiência de Deus. Por isto, no final deste livro ele afirma: Eu te conheci so de ouvir falar, mas agora meus olhos te vêem. Jó 42.5 Nas circunstâncias desagradáveis, você vê o Deus que não abre mão de você. Adquirimos uma nova percepção de valores e d vida. Provações são oportunidades para conhecermos melhor a Deus.

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