quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Ef 3.1-13 O grande mistério

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Introdução:

A humanidade sempre foi atraída pelos mistérios. Filmes e séries com suspense e enigmas atraem grande número de fãs, alguns exemplos são conhecidos como “lost” e “under the dome” (redoma). Estas coisas despertam, desafiam e aguçam a imaginação das pessoas, por isto são tão atrativas.

Deus também abriga mistérios.

O profeta Isaías afirma: 
Verdadeiramente, tu és Deus misterioso, ó Deus de Israel, ó Salvador!” (Is 45.15)
Provérbios diz: “A glória de Deus é encobrir as coisas, mas a glória dos homens é esquadrinhá-las” (Pv 25.2).
Em Deuteronômio lemos: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor, porém, as reveladas nos pertencem a nós e a nossos filhos, para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei” (Dt 29.29). Nenhum texto parece falar dos limites humanos de forma tão profunda quanto este. 

Em Efésios, Paulo está falando de um mistério. O tema central desta perícope é o “grande mistério”. A palavra grega “misterion” aparece três vezes (Ef 3.3,4,9).

Qual é este mistério?

1. Este mistério estava oculto de todos – “Pelo qual, quando ledes, podeis compreender o meu discernimento do mistério de Cristo, o qual, em outras gerações, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como, agora, foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas, no Espírito” (Ef 3.5).

Quando lemos outros textos da Bíblia que falam do mesmo tema, verificamos que estava oculto até mesmo dos anjos e profetas (1 Pe 1.10-12), dos demônios e Satanás. Em Mt 8.29, vemos a reação surpreendente dos demônios ao se depararem com Cristo no ministério terreno: “Vieste aqui atormentar-nos antes do tempo?” Os demônios não esperavam que isto pudesse acontecer, jamais poderia supor que o Filho de Deus, conhecido nas esferas celestiais pudesse se manifestar em carne. “Conheço a Jesus e sei quem é Paulo, mas vós que sois” (At 19.15). O termo “conheço” (grego ginosko), significa conhecer por interação, no mundo espiritual. Os demônios sabem e reconhecem a autoridade de Cristo nas esferas celestiais. 

Isto nos leva a considerar que havia certo “frisson” no mundo espiritual sobre este acontecimento. Os profetas inquiriram e investigaram o assunto, os anjos anelaram perscrutar, mas eles jamais poderiam imaginar que o criador dos céus e da terra, o verbo que fez todas as coisas pela palavra de seu poder, pudesse se historicizar e se tornar humano, até quando a ordem foi dada a Gabriel para que ele dissesse a Maria o que estava para acontecer (1 Pe 1.10-12).

Paulo está falando deste mistério, “outrora oculto em Cristo”, e que é revelado agora. 

2. Jesus era o centro deste mistério. Paulo fala do “mistério de Cristo” (Ef 3.4). Isto é muito importante principalmente quando estudamos a história da igreja e observamos como os movimentos gnósticos eram fascinados e seduzidos pelo misterioso e pelo sagrado. Paulo não fala de um mistério gnóstico, esotérico, vago, mas de um mistério que se concretiza na pessoa de Cristo Jesus, o Filho do Homem, que se revela nas estradas poeirentas da Galileia. 

O Plano de Deus esteve guardado por séculos, envolvido em “segredo de estado”. Paulo se sente especialmente grato porque Deus lhe dera esta revelação (Ef 3.3), tornando-o participando deste maravilhoso anuncio e transformando-o em um apóstolo, cujo termo significa “enviado”.

Deus estabeleceu isto, no seu tempo especial. “Vindo, porém, a plenitude do tempo, (Kairos) Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4.4).

Os gnósticos tinham fascínio pelo mágico e acreditavam que apenas um grupo especial de iluminados e iniciados nos rituais esotéricos, seriam capazes de acessar mistérios, mas Paulo afirma que o grande mistério não era apreendido através de rituais, mas era o próprio Filho de Deus, que agora se revela a todos, manifestando-se na história, se tornando humano. “O verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos sua glória, glória como do Unigênito do Pai” (Jo 1.14).

Este mistério tinha dois objetivos:

A. Reconciliar os homens com Deus – “...e vindo, evangelizou paz a vós outros que estáveis longe e paz também aos que estavam perto; porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito” (Ef 2.17-18)

A raça humana se desviara de Deus e não encontrava o caminho de volta ao Pai. Jesus veio reconduzir, reconciliar e aproximar este homem perdido. Muitos afirmam que encontraram a Cristo, mas não verdade, foi ele quem nos encontrou. Quem estava perdido éramos nós, e não Deus. 
Sua morte nos aproximou de Deus (Ef 2.13). Pelo seu sangue Jesus nos deu livre acesso aa Pai. Não mais distantes, mas aproximados; não mais filhos da ira, mas filhos amados de Deus; não mais condenados, mas redimidos. 

Por causa desta redenção, “temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé em Cristo” (Ef 2.12). A palavra “ousadia” é intrigante e provocativa, não nos aproximamos de Deus temerosos, mas nos sentindo amados por ele. Que privilégio poder estar diante do Deus santo e não sermos consumidos pela sua glória. 


B. Reconciliar os povos – “Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos fez um; tendo derribado a parede da separação que estava no meio” (Ef 2.13).

Jesus veio estabelecer a paz entre os homens. Neste caso, Paulo estava se referindo à barreira religiosa entre juDeus e gentios. Eles se consideravam superiores espiritualmente, por terem recebido as alianças, as promessas e pactos, eles se julgavam um povo espiritualmente melhor, mas agora, Deus desfaz as diferenças por meio de Cristo, e nos torna membros de sua família (Ef 2.19).

Jesus é a nossa paz. Ele aproxima nações, etnias, línguas e povos, tornando-os todos, um só em Cristo. No último dia, quando todas as nações comparecerão perante Deus, veremos povos de todas as tribos, nações e raças diante de Deus. 

3. Fomos comissionados a anunciar este mistério – “A mim, o menor de todos os santos, me foi dado a graça de pregar aos gentios, o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo” (Ef 3.8). Paulo se sentia privilegiado por poder anunciar estas coisas maravilhosas que Deus estava fazendo por meio de Cristo.

Mas Deus não apenas chamou Paulo para esta tarefa, mas escolheu seu povo, a igreja, para que ela pudesse anunciar estas verdades de tal forma que até o inferno soubesse o que Deus havia feito em Cristo (Ef 3.10; 1 Pe 3.19-20). A estratégia de Deus consiste em usar sua igreja, com faces tão distintas e multiformes, com metodologias diferentes e nesta pluralidade e policromia, revelando assim o propósito de Deus na história. 

Apesar de todos os limites, contradições, escândalos e controvérsias, a igreja ocupa um lugar central no plano de Deus. Basta ler com atenção Ef 3.10 para entendermos que Ele planejou algo extraordinário e cósmico para a missão da igreja. Seu propósito é usar o seu povo para a proclamação e anúncio, a igreja encontra-se no centro do plano redentivo de Deus. 

Isto ao mesmo tempo é um privilégio e uma responsabilidade. Paulo afirma estas duas coisas nas suas cartas: “A mim, o menor de todos os santos me foi dado a graça de pregar” (Ef 3.8), e “Ai de mim senão pregar o Evangelho” (1 Co 9.16). 


Conclusão:
A pregação do Evangelho consiste em anunciar a centralidade de Cristo, sua obra e mistério. Se pregarmos a Bíblia, e não chegarmos na cruz, ainda não anunciamos “o grande mistério”. Jesus é este mistério de Deus oculto em Cristo. Podemos pregar bons sermões, com bons princípios e valores cristãos, politicamente corretos e com ética bíblica, mas se não anunciarmos a Cristo e seu plano para a história, perdemos o ponto e ainda nos encontramos na periferia e fora do centro.

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