quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Pv 11.29 Não perturbe sua casa!

Introdução:

Em psicopatologia existe uma descrição muito profunda atualmente sobre crianças e adolescentes problemáticos. Ao preencher a ficha, as pessoas tem o cuidado de colocar ao lado: “Paciente identificado”, porque tem se chegado a conclusão de que, “não existem filhos problemas, mas pais problemas”.
O texto bíblico afirma que “quem perturba a sua casa, herdará o vento”. (Pv 11.29). Esta é uma declaração pesada. Como podemos perturbar nossa casa?

1. Pais perturbam sua casa quando se distanciam dela – Mantendo uma relação de frieza e indiferença ou passividade, ou ambas. Bly afirma: “não receber nenhuma benção de seu pai é uma ferida. Um pai ausente, indiferente ou distante, ou um pai que só pensa em trabalhar, é uma ferida”.
O divórcio ou abandono também pode ser uma ferida, porque o menino (a) acredita que se tivesse feito melhor ou se fosse mais atraente, bonito ou educado, seu pai teria ficado em casa. Alguns pais ferem pelo seu silencio. Estão fisicamente presentes, mas agem como ausentes. O silêncio é ensurdecedor. No caso de pais silenciosos os filhos estão perguntando: “Quem sou eu?”; “eu significo algo?”. O silêncio é ambíguo.
O mercado de trabalho, a competitividade nas empresas, o ritmo alucinante de cobrança, onde mamom domina, leva muitos pais a se distanciarem de seus filhos.
Ló, ao escolher Somoma e Gomorra por causa dos atrativos financeiros e mercadológicos que viu, não considerou Deus nem seu família no processo. As campinhas de Moabe eram muito atraentes, e ele se esqueceu de avaliar todas as implicações do processo. Posteriormente perde sua esposa e filhas.
O momento mais aguardado de um filho, na fase edipiana, é exatamente quando o seu pai volta para casa no final do dia, após um longo dia de trabalho. A ausência paterna ou indiferença com a casa, podem gerar angústias que jamais serão curadas no coração de uma criança pequena. James Dobson afirma que “tempo é moeda no mundo emocional”. Para o seu filho pequeno, você o ama se der tempo e ficar com ele.
Como pais e mães estão saindo para o mercado de trabalho, onde todos se sentem desafiados e prover não somente as necessidades, mas ainda os caprichos e desejos cada vez mais sofisticados, tipificados em carros mais caros, viagens mais dispendiosas, a pergunta que fica é: “Todos estão provendo, mas quem está cuidando dos filhos?”.
Pais perturbam seus filhos quando não estão presentes. Quando se tornam distantes, indiferentes à vida doméstica, e não convivem com seus filhos. Antigamente os pais transmitiam a profissão aos seus filhos, e isto implicava um longo tempo juntos, muitas vezes com disputas e diferenças, mas os pais estavam presentes. A alienação parental, seja através do divórcio, do distanciamento ou mesmo do abandono, gera problemas emocionais profundos nas crianças.

2. Pais perturbam seus filhos quando os deixam inseguros – Esta insegurança possui níveis, sendo que o maior dele se encontra em relacionamentos disfuncionais, onde o pai é alcoólatra ou drogado, ou existem brigas e ameaças constantes, que muitas vezes se desemboca em acusações e violências domésticas. As crianças tornam-se acuadas e rígidas, elas não sabem o que vai acontecer em casa.
Existem níveis mais brandos, mas que também trazem sérios problemas emocionais e perturbam a formação emocional dos filhos. Ele pode ser percebido em lares nos quais a mãe ou pai, estão constantemente ameaçando sair de casa, ou abandonar a família. Os filhos não sabem o que vai acontecer com eles. Em geral, na fantasia infantil, as crianças possuem dois temores: O primeiro é da morte dos pais, o segundo do divórcio. O divórcio, apesar de ser tão comum em nossos dias, gera profunda crise no coração da criança. Dependendo da idade ela não sabe se seus pais se separaram por causa dela. E quando ela tem que tomar posição, num momento de suas vidas em que não tem condições de decidir, fica ainda pior.
Recentemente acompanhei o caso de uma mulher que saiu de casa e se divorciou do marido. Os filhos adolescentes ficaram completamente perdidos, e ainda tinham que lidar com a acusação e auto comiseração do pai que dizia que se eles gostassem dele, ficariam com ele. Na verdade os filhos gostavam dos dois, mas sabiam que o pai, pelas suas atividades fora de casa, não tinham condições de cuidar deles. Esta é uma situação aflitiva para os filhos.
Nestas brigas e ameaças constantes, facilmente expomos nossos cônjuges, levantando suspeitas sobre a integridade de seu caráter. Se o pai está se divorciando, a mãe faz todos os tipos de acusação, de preferência na frente dos filhos, porque deseja que os mesmos fiquem do seu lado. O mesmo se dá quando a mãe resolve se divorciar. As acusações, suspeitas, palavras duras, são compartilhadas num nível e volume que os filhos são obrigados a compartilhar. Isto gera muito insegurança e traz enormes desequilíbrios para a vida dos filhos.
Pv 14.26 faz uma afirmação importante sobre este assunto: “No temor do Senhor, tem o homem forte amparo, e isso é refúgio para os seus filhos”. Ter lugares seguros, ninhos que geram proteção, ambiente de paz, ajudam nossos filhos a organizar seus sentimentos e valores. Quando os pais deixam sua casa insegura, isto reflete de forma direta e perniciosa sobre as emoções dos filhos.

3. Pais perturbam sua casa quando não dão estabilidade – Filhos precisam de rituais. Uma das características da pós modernidade é a desinstalação. Quase não existem rituais e formas estabelecidas, e não dá para saber, com certeza, até que ponto isto é positivo.
Não estou pensando em ritos religiosos, que tendem a engessar-se, embora certos rituais religiosos também sejam positivos: ter horários e programas espirituais, quer seja a participação na missa ou nos cultos. Crianças gostam de ir à igreja, cumprir certos ritos mágicos ou sagrados. Adultos também sentem a mesma necessidade.
A ausência de ritos traz instabilidade. Por isto culturas criam ritos: O da circuncisão no povo judaico e islâmico, os batismos e iniciações religiosas, os ritos culturais em tribos animistas ou o afastamento da jovem do seu círculo social no primeiro ciclo menstrual, demonstrando que agora é uma mulher.
Existem outros ritos sociológicos e familiares igualmente importantes: As férias na casa dos avós, a viagem com determinados amigos, um programa semanal da família como pescar, ir ao cinema, jogar boliche ou dominó, desde que isto aconteça dentro de uma certa periodicidade são verdadeiros ritos.
Meu pai não possuía muitos ritos com a família, mas anualmente íamos pescar e acampar. Tudo era muito provisório e precário, mas ao mesmo tempo empolgante. Tralhas de pesca, cozinha, roupas de dormir, colchões, cinco filhos dentro de um pequeno carro, e lá íamos nós. Este rito da vida era aguardado ansiosamente.
O texto que lemos acima fala do perigo de “Perturbar” a casa. Perturbar é desequilibrar a ordem. Filhos precisam de estabilidade.
Certa vez aconselhei uma mulher cujo filho apresentava alguns sintomas graves de depressão, apesar de ser ainda um pré adolescente. Como era uma família de bom poder aquisitivo, psicólogos e psiquiatras foram contratados para ajudar neste processo que desembocava agora numa síndrome de pânico. Quatro anos antes ele havia perdido o querido avô de uma forma trágica. Ele havia se suicidado. Dois anos mais tarde seus pais se separaram, e de quebra ainda teve que mudar de cidade, perdendo vinculo com sua escola e amigos, indo morar com sua mãe e avó. Depois de algum tempo sua mãe casou-se novamente e ele mudou-se para outra casa, para conviver com um homem completamente diferente. Eles freqüentavam uma comunidade cristã, mas por causa da distância, sua mãe mudou também para outra comunidade. Quando sua mãe me expôs a situação, não tive dúvidas de recomendar-lhe que procurasse dar um pouco mais de estabilidade para que seu filho pudesse se sentir mais seguro.

Filhos precisam de estabilidade em três áreas:

Física – Ter seu espaço, seu quarto, suas coisinhas arrumadas. Pode ser em ambiente simples, mas ter suas gavetinhas, suas roupinhas, uma estrutura mínima, ajuda o equilíbrio das emoções. Obviamente isto inclui ainda a segurança quanto à alimentação. Viver inseguro sem saber se hoje haverá alimentos disponíveis ou não, pode trazer transtornos psiquiátricos tremendos.

Emocional – Relacionamentos de famílias e amigos. Ter pessoas de referência, às vezes não se tem os avós por perto, mas encontra-se vínculos com amigos. Estas coisas da casa, quando os pais geram ambiente de acolhimento, quando as ameaças são suprimidas, trazem enorme tranqüilidade para seus corações.

Espiritual – Filhos precisam de referências do sagrado. Existe no coração dos seres humanos uma propensão para o sagrado. Quando os filhos desenvolvem esta espiritualidade de forma tranqüila e madura, isto traz um enorme potencial de saúde e alegria para eles, principalmente numa idade na qual apresentam enormes aberturas para as coisas espirituais. Freqüentar uma comunidade, ter vínculos religiosos, ajuda e muito na caminhada rumo à maturidade.

Conclusão:>“Quem perturba a sua casa, herdará o vento”. Já pararam para pensar no significado de herdar o vento? Não me parece ser algo muito positivo. Ventos me lembram de forças descontroladas que eventualmente mudam a face de uma região ou mesmo de um país. Me faz recordar de um furacões e tornardos, que arrasam cidades inteiras e deixam cidades completamente destruídas. Quem conviveu com o katrina em New Orleans ou se lembra daquelas pavorosas cenas, sabe do que estamos falando. Esta não é a herança nem o legado que queremos para nossa casa.
Existem filhas que se tornaram verdadeiras “Hilda furacões”. Pessoas desequilibradas na história, afligidas por uma perda não elaborada de sentido. Filhos que deixam um rastro de morte e dor nos pais. Geralmente estes personagens furacões possuem uma história de dor e angústias não resolvidas. Certamente não é esta a herança que queremos para nossos filhos.
A Bíblia afirma que “herança do Senhor são os filhos”, e eles são “como flechas nas mãos do guerreiro”, e diz que é bem aventurado aquele que enche deles a sua aljava. Filhos são heranças benditas .
Um guerreiro não pega suas flechas e as joga a esmo. Antes, aponta para o alvo que se deseja alcançar, focaliza cuidadosamente na presa, para ter os resultados que espera atingir.
Flechas mal direcionadas causam sérios acidentes. Assim é a vida do homem que perturba sua casa. Nunca nos esqueçamos que “quem perturba a sua casa, herdará o vento”.

Mt 1.18-25 A Singularidade do Natal

Introdução:

Apesar de todas as luzes, glamour e festividades que cercam esta estação tão significativa do ano, não devemos esquecer que Jesus é a razão do Natal.

Papai Noel é apenas um intruso. Ele entrou como penetra da festa e ficou. Tenho pensado se além da razão comercial e financeira que cerca o evento natal, movimentando milhões de reais, não existe uma tendência espiritual de fazer a gente pensar, ainda que inconscientemente, que tanto o nascimento de Jesus como Papai Noel, são nada mais que mitos, representações de verdades, mas não seres reais.

Ouvimos os relatos tão maravilhosos registrados nos Evangelhos: A visita dos magos, o anúncio do nascimento de Jesus a uma adolescente chamada Maria, o sonho de José, a manifestação angelical dos anjos cantando músicas celestiais no meio do deserto (os pastores, depois de ter ouvido os anjos, nunca mais apreciariam qualquer outro tipo de música...), a experiência de Ana e Simeão, e podemos achar que tais eventos são formas poéticas de se contar histórias, mas não necessariamente verdadeiras, apenas românticas ou fantasiosas, assim como são as fábulas e os “causos” contados no interior do Brasil por pessoas simples e sem instrução. Aí surgem os mitos, lendas, poesias, músicas... Podemos facilmente pensar no Natal desta forma.

Não podemos esquecer da singularidade do Natal.

Neste texto, vemos 4 verdades que apontam para tal singularidade.

1. Natal é um evento profético – O Evangelista Mateus faz uma referência a uma profecia especifica (Mt 1.23), que fora dada pelo Profeta Isaias, cerca de 700 anos antes do nascimento de Jesus (Is 7.14). Esta profecia fala que uma virgem daria luz a um filho. Certamente não se trata de uma profecia délfica, que são afirmações de videntes acerca de algo genérico. Certa profetisa se aproximou de uma mulher grávida da igreja e afirmou: “Vejo que estás grávida de um varão, mas se duvidares, será de uma menina”. Este é o tipo de profecia genérica que tantas vezes temos ouvido.
A Profecia de Mateus é direta e clara. O nascimento do Messias seria algo diferenciado, e assim o foi. Maria fica perplexa com a noticia e indaga: “Como será isto, já que nunca tive relação sexual?”. José fica perplexo com a informação que lhe pareceu estranho, de que sua noiva encontrava-se grávida por uma intervenção direta de Deus. Ele chegou mesmo a cogitar uma separação em secreto.

Existem cerca de 600 profecias do Antigo Testamento que se cumpriram no Novo Testamento, cerca de 300 delas referentes a Jesus.

Profecias nos ensinam algumas coisas muito importantes em relação a história. Nos mostram que não nos encontramos num universo vago e cego, mas nas mãos de um Deus sábio, providente, amoroso e poderoso. A história humana não é uma sucessão de eventos casuais e desconectados, mas é resultado de uma ação de Deus. Ele não apenas intervém na história, mas faz a história, intervindo, elaborando um propósito e até mesmo um cronograma, já que o apóstolo Paulo afirma que “vindo a plenitude do tempo, Deus enviou Jesus, nascido de uma mulher” (Gl 4.4). Jesus nasceu no tempo de Deus e no lugar determinado por Deus. Miquéias, outro profeta do Antigo Testamento afirmou até mesmo o local onde ele nasceria. “E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5.2). Jesus é o centro da história de Deus.

Yancey afirma: “O Deus que trovejava, que podiam movimentar exércitos e impérios como peões num tabuleiro de xadrez, esse Deus apareceu na Palestina como um nenê que não podia falar, nem controlar a bexiga, que dependia de uma jovem para receber abrigo, alimento e amor”.

2. Natal nos revela também um Deus que quebra paradigmas – A começar pela afirmação de que “a virgem conceberá”.

Outros aspectos também nos são mostrados nas narrativas bíblicas, mostrando que a vinda do Messias subverte a ordem humana. Um rei não nasce numa estrebaria, mas num palácio; não é colocado ao lado de animais dentro de um coxo, mas nos berços luxuosos das dinastias. Os judeus esperavam um messias glorioso, Jesus se apresenta como um servo sofredor e varão de dores.
Sistematicamente padrões e convenções são colocadas de cabeça para baixo nas narrativas bíblicas.
Deus se revela aos pastores, um grupo social tão desprezado que no templo não lhes era dado o direito de ficarem no lugar dos santos, reservado aos gentios, mas deveriam ficar no pátio dos gentios, que eram reservados a pessoas deficientes, gentios e mulheres. Deus se revela a estes pastores, num local deserto. O palácio ignora as grandes realidades espirituais que surgem na periferia.
Deus também decide se revelar aos magos. Espiritualistas estranhos e enigmáticos que mais se pareciam com Paulo Coelho que com pastores evangélicos. Estes homens viviam de buscas esotéricas e tentando decifrar os mistérios dos céus através de suas pesquisas, algumas delas relacionadas à alquimia, transformação de formulas mágicas, ciências ocultas, e busca pela fonte da eterna juventude. A este grupo estranho na sua religiosidade, que moravam muito longe de Israel , vindos do Oriente, uma citação muito provável ao Iraque, e não aos escribas que viviam no templo, lendo e estudando os escritos do Antigo Testamento.

Não é estranho que as coisas sejam assim?
Deus se revela ainda a adoradores anônimos, gente simples na sua fé como Simeão e Ana, que viviam numa santa expectativa da vinda do Messias, e não àqueles que ocupavam respeitáveis cargos na hierarquia da religião judaica como o sumo sacerdote e os senhores do Sinédrio, guardiões da sã doutrina judaica.

O natal vai paulatinamente quebrando convenções tidas como certas, e Deus vai formando assim um novo povo, a partir de um Deus diferenciado do conceito estabelecido.

3. Natal nos comunica a realidade de um Deus acessível e humilde – “Ele será chamado de Emanuel, que quer dizer, Deus conosco” (Mt 1.23).

Natal nos mostra um Deus acessível, caminhando com a humanidade.

As grandes religiões falam de um Deus grande e poderoso.

No Islã, a saudação feito demonstra isto: “Alah é grande!”. Não há conceito de um Deus pai para os muçulmanos.

No Judaísmo, as pessoas temiam ao pronunciar o nome sagrado de Deus, e no templo, criaram um lugar separado para que Deus se manifestasse, e não era o local onde as pessoas se encontravam, mas no Santo dos Santos. Os gentios eram isolados do templo e ficavam num pátio exterior, ao lado das mulheres.

Agora vemos aqui, os pastores serviçais e analfabetos; os magos, gentios distanciados das promessas de Deus se aproximando do menino que nasce. Que coisa pode ser menos sagrada que um recém nascido enfaixando e chorando?
Acessibilidade e humildade não é própria das pessoas que detém o poder, e muito menos de Deus.

Quando a Rainha Elizabeth II viajou para os Estados Unidos, levou consigo cerca de 1800 kg de bagagem, sendo que tinha 2 trajes para cada ocasião, 1 traje de luto para o caso de algum funeral, 40 assentos de pelica para vasos sanitários, 1 cabeleireira, 2 camareiras e uma infinidade de atendentes. Uma viagem desta custa cerca de 20 milhões de dólares. É desta forma que os poderosos agem.
Agora nos encontramos diante de uma criança indefesa. Em Jesus reside toda a plenitude de Deus, Ele é a expressão exata do ser de Deus, no entanto, escolher ser frágil, se vulnerabiliza, se humaniza, torna-se humilde e acessível.

Leonardo Boff afirma que “uma pessoa assim tão humana, só poderia ser divina”.

4. A quarta característica do natal é que ele nos anuncia a Salvação. “É que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador que é Cristo o Senhor”.

Nasceu o Salvador. Quem precisa de salvação?

Salvação é para pessoas que se perderam na vida. Que enfiaram as mãos pelos pés, que se equivocaram, confundiram-se e não sabem mais o que fazer par retomar o fio da sua história.
Tenho visto pessoas desencontradas e que parecem não saber mais como encontrar o eixo de sua história. Isto se deu por causa de uma experiência traumática, por uma grande frustração, ou pelos constantes desvios, gente que vai pouco a pouco tomando decisões erradas e quando se percebem não sabem mais como voltar.

A Bíblia diz que Jesus veio buscar e salvar o perdido (Lc 19.10). Gosto muito de pensar sobre isto.
Max Lucado afirma que poucas pessoas tem tão pouco senso de direção como ele. Já entrou num vôo pensando estar viajando para um local e parar noutro destino completamente diferente; já pegou a estrada na direção errada, só se atrasou em eventos por não encontrar a rua certa, e assim por diante. Perdido é alguém que perdeu o senso de direção, e não sabe mais para onde está indo e não consegue mais voltar.

“Hoje vos nasceu o Salvador”. Jesus é o seu nome. Ele veio para nos salvar.

Que grande noticia o natal nos traz!

Conclusão:

Em maio de 2008 Jônatas Alves, um jovem de apenas 18 anos saiu para caçar na cidade de Presidente Figueiredo, que fica a 170 Kms de Manaus, e se perdeu na densa floresta da região. Um aparato de amigos, bombeiros e soldados foi acionado para ajudar na procura, mas depois de 20 dias, as buscas se encerraram, mas não para seu pai que era agricultor. Com a ajuda de seu irmão e dois mateiros, ele continuou sua incansável busca, pois dizia que em seu coração estava certo de que seu filho ainda vivia. Depois de 50 dias, o encontraram ainda vivo, a 45 Km de onde havia se perdido. Infelizmente o garoto não sobreviveu, mas ainda conseguiu dizer ao seu pai: "Eu sabia que o senhor viria!""
Por ser uma região de difícil acesso, ele amarrou seu filho a uma rede a 2 mts de altura, temendo que algum animal o devorasse e foi buscar ajuda para o resgate, e seu corpo foi sepultado na cidade, com a presença de 32 amigos e familiares.

O garoto faleceu, mas seu pai nunca desistiu de buscá-lo.

A história do Natal nos fala também de outro pai, que incansavelmente veio atrás dos seus filhos, "buscar e salvar o perdido". Na história do Natal, felizmente, o final foi diferente. "Ele nos transportou do império das trevas e nos trouxe para o reino do Filho do seu amor". Ele nos resgatou e nos trouxe com vida para desfrutarmos de sua comunhão e cuidado.

Devemos celebrar o natal com alegria. Nele encontramos a graça de Deus disponível a todos nós. No Natal genuíno vamos encontrar este maravilhoso Deus, que sendo Senhor da terra e dos céus, Senhor da história, resolveu ainda se tornar gente e caminhar entre nós.

Que Deus nos abençoe!

Samuel Vieira

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Mc 8.11-13 A OBSESSÃO POR SINAIS

Introdução:
Jesus é colocado sob pressão: "Pediram-lhe um sinal do céu".
 A humanidade sempre foi atraída por fenômenos, pelo mágico.
 Jesus muita vezes foi pressionado a dar sinais confirmatórios de sua messianidade e divindade.
 Jesus nunca atendeu aos curiosos que andavam perto dele: gregos, Herodes, etc.

Por que? Ele podia fazer tais sinais, já havia feito vários outros. Será que isto não provocaria fé e autenticaria de forma mais rápida, seu ministério?

1. Porque a obsessão por sinais implicitamente revela uma falta de fé, por isto busca sinal comprobatório externo. Sinal é requerido porque não se crê. Em Mc 8.11 nos é dito que isto é tentação. O que satanás pede a Jesus? Sinais. No entanto Jesus disse: Não tentarás ao Senhor teu Deus.
Gideão : Jz 6.14-16
Mc 8.11 – Tentaram a Jesus pedindo um sinal
O que Satanás pede a Jesus enquanto o tentava? Sinais.

2. Porque a presença visível de Deus e a manifestação de seus sinais não geram uma fé duradoura em nossa vida. Os israelitas nos dão amplas provas de que sinais tendem a gerar dependência, nos vicia. Existem muitos que não querem Deus, mas a benção de Deus. Estes fariseus (Mc 8.11), não querem a Deus, mas o mágico. Herodes também (Lc 23.8-9).
Sinais geram dependência.
Gideão queria crer e por isto pediu uma prova que lhe foi dada com a oferta de seu sacrifício na penha. Isto, porém, não foi o bastante. Então ele falou do orvalho na lã; mas isto também não foi o bastante; ele então exige que haja orvalho na terra seca – e mesmo assim ainda encontra-se em dúvida.
Muitos falam que querem pedir a Deus o sinal de Gideão. Não! Gideão não é alguém para ser imitado. Sua atitude era de incredulidade, e não de fé. “Bem aventurados os que não viram e creram".

A geração de Moisés foi a que mais viu sinais, mas foi também a mais obstinada.
Muitos não querem o Deus da benção, mas as bençãos de Deus.
Fariseus/gregos/ Herodes – todos pedem sinais.

3. Porque, essencialmente. A fé não pode depender de sinais.
 A própria definição de fé aponta para isto (Hb 11.1).
 O encontro de Jesus com Dídimo, este é censurado porque quer ver (Jo 20.26-29).
 Em Jo 4.48 nos é dito: "se porventura não vires sinais e prodígios, de modo nenhum crereis".
 Mt 12.38 este desejo por sinais revela incredulidade.
 Mt 12.38 "queremos ver, de tua parte, algum sinal", e Jesus responde: "esta é geração perversa! Pede sinal". Lc 11.29-32

4. Porque o justo não vive pelo que vê, mas pelo que crê  Hab 2.4 "O justo viverá pela fé". Habacuque vive dias complicados, e faz uma declaração de fé no meio do caos. “Ainda que, o fruto da oliveira mente, não haja fruto na vida, a figueira não floresça, os campos não produzam alimentos, e as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco e nos currais não haja gado; eu, todavia, me alegro no Deus da minha salvação”. Esta é a fé do ainda que.
 Em Romanos, Paulo resgata esta mesma compreensão, afirmando que: "A justiça de Deus se revela no Evangelho, porque o justo viverá pela fé" (Rm 1.16,18).

5. Porque a história de Israel nos revela que, a despeito dos sinais claros de Deus diante do povo no deserto, os israelitas não responderam com adoração e amor, mas com mais exigências, medo e rebelião declarada.

Conclusão:

A grande obra (Jo 6.28-29)

Jesus ensinou que "Quem crer e for batizado, será salvo" (Mc 16.15). Agradamos a Deus quando cremos nas suas promessas e nos firmamos nela, ainda que as circunstâncias nos pareçam contrárias ou desfavoráveis.
O texto paralelo de Mc 8, pode ser lido em outros evangelhos sinóticos. Jesus assim afirma aos que lhe pedem sinal: "Nenhum sinal será dado, senão a esta geração incrédula e adultera, senão o sinal de Jonas, porque assim como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do peixe, assim importa que o Filho do Homem, morra e ressuscite” (Lc 11.29). O Filho do homem é o sinal de Deus.
Jesus não quer ser milagreiro, atendendo a curiosos, mas deseja ser senhor de nossas vidas. Governa o nosso coração.
Diante de um Dídimo incrédulo: "por que viste, crestes? Bem aventurados os que não viram e creram".

Mc 7.31 A duplicidade do Mal

Introdução: Nossos problemas normalmente possuem duplicidade. O que se vê não é exatamente o que causa o problema. Nossas ações visíveis apenas refletem problemas mais profundos. “A boca fala daquilo que o coração está cheio”. Existe o problema que se vê, aquilo que é facilmente diagnosticado, mas as raízes podem se encontrar num nível muito mais profundo e denso.
A teoria sistêmica de aconselhamento já tem trabalhado bastante sobre tal conceito. O paciente identificado de uma determinada família, um adolescente deprimido ou uma criança problema, é a ponta do problema. Será que esta criança realmente é o problema ou apenas reflexo de uma família disfuncional?
Exemplificando:
 Por que nos iramos? Ira normalmente é um pecado de superfície, alguma coisa profunda encontra-se em nossa alma, e nossa ira vem a tona. O problema está mais profundo;
 Por que vivemos ansiosos? Nossa ansiedade revela um problema mais profundo: Nossa dificuldade de crer na provisão e cuidado de Deus. Ansiedade sempre revela nossa incredulidade.
 Lutero afirma que por detrás de um problema sempre existe outro mais profundo: Para ele, a quebra do primeiro mandamento, "não terás outros deuses diante de mim", é o pecador gerador de todos os demais males. Por idolatrarmos coisas e pessoas antes que adorarmos a Deus, vivemos nesta angústia de nossa alma.

Narração:
Este texto nos fala de um homem surdo e gago. Sua dificuldade de fala apenas revela um problema de audição. Por ouvir mal, decodifica mal as palavras e reproduz mal as palavras. Sua gagueira é resultante da insegurança no seu ouvido.
Alguém já afirmou que todos nós temos quatro faces em nossa personalidade:

ObscuraNem eu nem os outros conhecem

OcultaEu não sei, mas os outros sabem

EscondidaEu sei, os outros não sabem

ReveladaEu conheço, os outros também conhecem.

Normalmente nossos problemas são superpostos: Um abismo chama outro abismo...
Todos temos dois problemas; O que se percebe ( a gente pense que este é o problema), e o que gera o problema: (nem sempre temos conhecimento desta face de nossa alma: O que está gerando esta questão.
Por isto o salmista indaga: "Por que estás abatida, oh minha alma. Espera em Deus pois ainda o louvarei. A ele, meu auxilio e Deus meu" (Sl 42.1).

Como lidar com estas questões de nossa vida? Com coisas que nos tornam menos do que aquilo que somos? Este texto sugere uma progressão neste encontro com Cristo: Aproximação, experiência privativa com Cristo e seu toque.

1. Precisamos nos aproximar de Jesus – O texto mostra que “Lhe trouxeram” (Mc 7.32) Parece-nos que não foi uma iniciativa pessoal, mas algumas pessoas, preocupadas com sua situação, o apresentaram a Deus. A luz de Cristo denuncia nossas trevas, revela nossa podridão, os cantos escuros do porão de nossa alma e os esqueletos de nosso armário. A presença de Cristo ilumina. Esclarece nossas mentes, revela o escondido. O texto de Hb 4.12 afirma que a Palavra de Deus "é viva e eficaz, mais cortante que uma espada de dois gumes, e é apta para separar juntas e medulas e discernir os pensamentos e propósitos de nosso coração".
Nossos pensamentos, nossas intenções, nossas motivações, nossos segredos são revelados com a palavra de Deus.
Muitas vezes somos trazidos a Jesus, como o texto parece indicar neste caso. "Então, lhe trouxeram um surdo e gago e lhe suplicaram que impusesse as mãos sobre ele" (Mc 732). Parece-nos que ele não toma a iniciativa de vir, mas algumas pessoas o induzem a vir. São aqueles que reconhecem a autoridade de Jesus, e o trazem para ser tocado por Jesus. Muitas vezes somos "trazidos" a Jesus, porque nós mesmos ainda não estamos convencidos de que vale a pena. Vivemos num tempo de tantas falsas promessas, de ofertas de expectativas errôneas e nos tornamos cínicos quando Deus nos chama para virmos. E assim continuamos. No entanto, vir para perto de Jesus, ser tocado por Jesus, ilumina nossa alma.

2. Precisamo de uma experiência privada com Jesus – (Mc 733) Jesus mesmo toma a iniciativa em relação a este homem. Jesus o tira da multidão, à parte. Jesus o tira das pressões cotidianas, do burburinho social, porque aquele homem precisa ter uma entrevista, um encontro de alma, com Jesus.
Muitos de nós, precisamos deste toque individual de Jesus. Deixar que Jesus se aproxime. Somos uma sociedade muito agitada, pressionada, precisamos de parar com Deus para ouvi-lo. Isto traz cura para a alma, dar tempo para que nosso coração se sedimente.
A verdade é que gostamos muito da multidão. Mas nossa experiência com Jesus não pode ser reduzida a uma experiência pública. Jesus nos chama para a individualidade, ele deseja tratar conosco. Cura de almas não se dá nu burburinho.
Jesus quer lidar com um homem cuja voz é quebrada, gaga, que lhe causa constrangimento. Muitos temos gagueiras nas nossas emoções, nossas memórias, nossa língua, no jeito de falar e de ser. Nos tornamos deficientes, somos incapazes de articular com propriedade a nossa vida.
Tenho encontrado pessoas com dificuldade de articular suas emoções, são pessoas descontroladas em sua psique. Por ouvir tanta bobagem, por serem receptáculos de tantas informações desencontradas, tanto conteúdo danificado, começam a falar de forma truncada, gaguejam na vida.
Nossos comportamentos refletem nossa alma. Somos o que pensamos ser, ou o que nos disseram que seriamos. Somos o que cremos ser. O que nossos ouvidos, que são, a antena de nossas almas, disseram que éramos. Comportamentos refletem estado de alma.
Conheci uma garota de uma família nos EUA. Ele foi abusada sexualmente pelo seu próprio tio. Ela relatou isto para sua mãe que, talvez por medo de confrontar ou num processo de negação, lhe disse que aquilo não passava de uma fantasia. Esta menina cresceu odiando a sua mãe, e se tornou uma pessoa cujos relacionamentos eram altamente agressivos. Sua vida virou um caos. Ninguém gostava dela na família e ela fazia questão de que não gostassem. Odiava viver, entregou-se a todos os namorados, enveredou-se por caminhos tortuosos. Um dia, churrasco na família, ela vai passando na varanda, sem cumprimentar ninguém para ir para seu quarto, quando um dos tios a confrontava com sua deselegância e rudeza. E ela, replicou com toda sua amargura, ódio e ressentimento, tudo quanto ela tinha na sua alma contra sua família: denunciou a insensibilidade de sua mãe, a falta de caráter de seu tio, a hipocrisia de uma família certinha, porque sua alma estava em caos.

Por que tantas pessoas encontram dificuldade em serem vitoriosas? A gente culpa o sistema, a forma da pessoa ser, mas o problema pode está muito mais profundo: "Do coração procedem todas as fontes da vida". Não foi isto que Jesus falou?
Quando as pessoas indagaram a Jesus sobre a comida (aspectos exteriores da lei), Jesus disse que o que fazia mal não era o que a pessoa comia, mas aquilo que estava no coração do homem. A essência do mal não é o exterior, mas o interior.
Um dos casos mais dramáticos registrados pela policia se deu com um que viveu aqui perto de nós, na cidade de Corumbá: Ele se tornou um serial killer, matando mulheres, depois de ter sexo com ela. Numa das entrevistas que ele deu, afirmou que havia dentro dele uma sede incontrolável por matar, uma voz que o mandava matar as pessoas. Embora ele venha a ser julgado pelos seus atos bárbaros, isto é, o seu julgamento tem a ver com seu comportamento, não pelo que acontecia no seu coração, sabemos que o seu grande problema está no seu coração.
No inicio do ano, dei uma serie de palestras sobre como educar filhos no século XXI, e um dos temas que explorei foi como educar nossos filhos não exteriormente, mas como pastorear o coração dos nossos filhos, isto é, identificar o que se encontra por detrás de suas atitudes e comportamentos pecaminosos, e ajudá-los nos seus conflitos interiores.
A mesma coisa precisamos fazer com nossas reações. Por que ajo e reajo da forma que faço? Como interpreto a vida de forma tão amargurada? A quem desejo matar? A quem desejo ferir? Via de regra estas questões tem a ver com ódios e ressentimentos mal resolvidos, com iras sepultadas vivas, questões mal resolvidas em nosso coração.
Uma experiência, um encontro de nossa alma com Jesus é libertador, já que ele é a luz do mundo. Algumas pessoas, diante do encontro com sua dor, literalmente vomitam, jogam para fora pedaços de bílis. Isto revela a intensidade e a profundidade da dor. Mas o que vemos é o que se encontra de forma periférica. A dor mais profunda se esconde por detrás de nossa face e de nossas reações exteriores. A gagueira oculta a dificuldade de ouvir. A primeira é perceptível, mas não é a causa, a causa provém da incapacidade auditiva.
A Bíblia diz que Jesus levou sobre si nossas enfermidades. Ele pede para que lancemos sobre ele toda a nossa ansiedade, porque ele tem cuidado de nós.

3. Jesus não se distrai com os problemas visíveis de nossa vida, mas vai na essência de nosso problema. O que ele faz no texto? "pôs-lhe os dedos nos ouvidos e lhe tocou a língua com saliva...e disse: Efatá! Que quer dizer: Abre-te!
O que ele faz aqui?
Ele confronta a surdez. Você precisa a ouvir de forma diferente, a ver de forma diferente, a discernir de forma diferente. Nossa audição truncada, recebe emoções truncadas e nos leva a reagir de forma truncada. Só Jesus pode nos confrontar nas áreas que nossa vida precisa ser confrontada. Quem não ouve bem, não fala bem. Por isto a Bíblia afirma: “Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” Deus precisa nos capacitar a ouvir, para que nosso diálogo possa ser restaurado.
Existe uma afirmação do salmista que diz: “sacrifícios e ofertas não quisestes, abriste o meu ouvido”. Eugene Peterson afirma que uma declaração mais direta seria: “Cavaste ouvidos em mim”. É exatamente isto que precisa acontecer em nós. Deus precisa cavar ouvidos, nos habilitar a ouvir.
Jesus não entra nas questões visíveis da alma, mas penetra nos segredos do coração e da alma daquele humem . A Bíblia afirma que Jesus vai "julgar os segredos dos homens", de conformidade com o Evangelho (Rm 2.16). Quais são os segredos seus que precisam ser julgados por Jesus.
O que leva a sua fala, a forma de expressar sua vida, a ser tão embaraçada? O que está atravancando sua vida? O que tem transformado sua capacidade de comunicar amor, ternura, paixão, em algo tão trôpego? O que tem gerado sua gagueira?
A Bíblia afirma que quando os ouvidos se abrem, o impecilho da língua se desprende e a pessoa passa a falar desembaraçadamente (7.35).
Solte as amarras da alma que sua vida vai ser livre, desembaraçada. Ninguém pode andar bem, se seus movimentos interiores são todos confusos.
O escritor aos hebreus afirma que precisamos nos desembaraçar de "todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia", correndo "com perseverança, a carreira que nos está proposta" (Hb 12.1). a verdade é que impecilhos na alma, ninguém será livre.
Agora, só Jesus tem o poder de confrontar estas questões da alma. Por isto precisamos nos aproximar dele.

Você não está precisando de vir a Jesus?
Não gostaria de ser tocado por ele?
Não gostaria de experimentar a cura de dentro para fora que só ele pode gerar?
Curve sua cabeça, vamos orar...

Mt 1.22-23 A singularidade do natal

Introdução:Brennan Manning chama a atenção para o fato de que, mesmo quando o Natal assume uma forma paganizada e mundanizada, a presença de Jesus inevitavelmente será distinguida. Quando afirmamos “Feliz Natal”, estamos fazendo uma declaração de fé, e mesmo os pagãos estão, sem perceber, declarando algo que negam crer, sendo assim uma declaração “às avessas”.
Nestes dois versículos de Mateus, aprendemos algumas verdades importantes:

1. Natal é quebra de paradigmas – “A virgem dará a luz”. Não se trata de algo convencional. Imagine Maria relatando aos seus pés que na noite anterior, ela fora visitada por um anjo e que encontrava-se “grávida do Espírito Santo”? Que reação teríamos se nossa filha adolescente fizesse semelhante declaração? José mostrasse cético e “resolveu deixá-la secretamente”. Em outras palavras, está dizendo que não cria em nada naquela história de Maria. Grávida, ela se dirige para os desertos da Judéia para fazer uma visita a Isabel, sua aparentada, e por lá fica 3 meses. Isto nos mostra que as coisas não ficaram muito claras no pequeno vilarejo onde morava.
Natal quebra paradigmas. A virgem engravida-se.
Esta será uma ênfase constante na revelação de Jesus.
A. Um rei se veste com opulência e fausto & Este rei se encontra num curral, deitado num coxo;
B. O Messias aguardado seria poderoso e glorioso & O Messias surge como servo sofredor (Is 53);
C. O Messias seria uma revelacao para os teólogos de plantao & Jesus se revela a um grupo de religiosos suspeitos e heterodoxos: Os magos...
D. O Messias ocuparia os lugares de honra e se revelaria aos sacerdotes & Quem recebe a revelação são os pastores, profissão de pouco valor entre os judeus.
E. O Messias deveria ocupar a tribuna de honra do templo & Deus se revela a adoradores anônimos como Simeão e Ana.
Natal subverte a ordem. Quebra as convenções. Esta é a característica deste evento.

2. Natal é um evento profético – (Is 7.14).
Existem cerca de 600 profecias do Antigo Testamento que se cumprem no Novo, sendo que cerca de 300 delas se cumprem em Cristo.
É importante pensar no significado das profecias. Elas nos revelam:
A. Deus governa a história
 A história não é uma sucessão de eventos desconexos e casuais, mas possui teleologia (ou objetividade);
 A história não é cega, mas cumpre um cronograma divino;
 Deus apenas não intervém na história, mas Deus é Senhor da história. “intervir” nos dá a idéia de que Deus, “age”, quando os fatos sobre os quais ele não tem nenhum domínio, acontecem. Então, diante das tragédias humanas e catástrofes, Deus “age”. Profecias nos lembrar que a história é apontada por Deus.
 Profecias nos lembram ainda que a história segue um propósito divino – O tema principal do livro de Apocalipse é que todas as coisas estão sob o controle divino. A história segue inexoravelmente para um fim apontado por Deus, e não há força no céu ou na terra capaz de deter o seu avanço;
 A história segue um cronograma divino – Vemos esta idéia em Gl 4.4: “Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher”. A história segue um tempo de Deus. Na hora de Deus, as coisas vão acontecer como ele determinou.
No núcleo destas profecias, vemos Jesus, como centro do propósito redentivo de Deus para a raça humana, a encarnação e a cruz se constituem neste epicentro da história.
Deus invade a história e se torna humano.
Philipe Yancey: “O Deus que trovejava, que podia movimentar exércitos e impérios como peoes num tabuleiro de xadrez, esse Deus apareceu na Palestina como um nenê que não podia falar, nem controlar a bexiga, que dependia de uma jovem para receber abrigo, alimento e amor” (O Jesus que nunca conheci, pg 38).
Do ponto de vista pessoal, é bom saber que não me encontro nas mãos do acaso, nem da natureza cega, mas debaixo da direção de um Deus pessoal, providente e amoroso, que vê a história desde o princípio. “Não sei o que me aguarda no futuro, mas sei quem está no futuro”.

3. Natal é comunicação de um Deus singular – “Deus conosco (Emanuel)”. Este Deus se apresenta com uma roupagem peculiar:
a. É um Deus humilde – Nas grandes religiões do mundo como o Judaísmo, cristianismo, islamismo, “Deus é grande”. Isto não se constitui nenhuma novidade, já que poder é uma prerrogativa básica da divindade. A novidade que encontramos aqui é a humildade de Deus.
A Rainha Elizabeth II, gasta cerca de 20 milhões de dólares em cada viagem que faz. A logística inclui 2 trajes para cada ocasião, 1 traje de luto (se alguém morrer); 40 assentos de pelica para vasos sanitários, 1 cabeleireira, 2 camareiras e uma infinidade de atendentes.
Jesus se apresenta de forma nada convencional: dentro de um coxo, num curral da periferia de uma cidade pobre.
b. É um Deus acessível – Os judeus tremiam ao pronunciar o nome sagrado de Deus, por isto criaram um lugar separado no templo para Deus, e isolavam os gentios do templo.
Neste local isolado, deveriam ficar pessoas como os pastores, que eram serviçais analfabetos e eram restritos aos pátios externos do templo, e os magos, que eram gentios, distanciados das promessas de Deus. Estes homens, porém, são os convidados para o nascimento do menino.
O que pode ser menos sagrado que um recém nascido enfaixado e chorando? Ali se encontra um bebê, menino-Deus, vulnerável, dependendo do cuidado de uma adolescente. Deus acessível...

Conclusão:Nestes versículos aprendemos pelo menos três lições:
 Natal é quebra de paradigmas – “A virgem dará a luz”.
 Natal é um evento profético – (Is 7.14).
 Natal é comunicação de um Deus singular

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Mc 7.1-23 Perigos da Tradição

Introdução:Este texto começa com uma questão relacionada a Jesus e os líderes religiosos daqueles dias. Quando ouvimos falar de “fariseus” e “ escribas” (vs.1), nossa tendência imediata é achar que estes homens eram um grande problema. Na verdade, sua religiosidade era muito melhor, em muitos pontos, que as que professamos hoje em dia. Os fariseus faziam parte da vertente mais estrita e rígida do judaísmo, eram rigorosos no cumprimento da lei, tinham perfil conservador, seriam na nossa cultura os “bons garotos” ou “gente boa!”.
Os escribas eram homens que viviam diariamente transcrevendo os textos do Antigo Testamento. Conheciam os termos do Antigo Testamento e seu significado, eram gente culta, os teólogos no dia de Jesus.
Este texto, porém, é um texto de crise. Jesus está confrontado a forma deles viverem em relação a Deus. A palavra “tradição” surge 4 vezes neste texto: vs.3,5,9,13. Obviamente Jesus estava querendo trazer iluminação a uma coisa tão cara ao povo judeu que era a tradição.
Particularmente não gosto de ser cunhado de tradicional. Igreja tradicional tem ranço de museu, de arquivo. Gosto de pensar numa igreja histórica, isto é, não sopra aos primeiros ventos de idéias e doutrinas que aparecem e sabe julgar neo movimentos que de tempos em tempos surgem na nossa história. No entanto, isto não me livra de ser um “tradicional” e “conservador”, no pior sentido da palavra.

Quais são os perigos da tradição?
1. Dá sacralidade ao temporal – Valoriza o antigo em detrimento do novo. Confundem acidente com essência, histórico com revelado, temporal com o eterno. Acham que a verdade está no velho ignorando que o velho, quando surgiu, era novo. A verdade não está no velho nem no novo, mas no eterno. Tradição tem a ver com o que aconteceu com a história, e não dá para sacralizar tudo o que aconteceu. Jesus critica aqui o critério da "tradição dos anciãos" (Mc 7.3).

2. Valoriza o externo em detrimento do interno – Confundem acidente com essência. Colocam força em coisas externas, quando a ênfase deveria ser no coração e na essência das coisas. Rituais passam a valer mais que pessoas, construções valem mais que vidas, programas mais que salvação de almas, organização mais que organismo (vida), lugar santo mais que pessoas santas, monumentos tornam-se mais importantes que movimentos, religiosidade mais que relacionamentos, regras mais que coração. Jesus lida com isto quando se refere ao comportamento daquelas pessoas que estavam tão preocupadas em lavar a mão para se assentar à mesa, mas sem que aquilo tocasse o coração endurecido e arrogante que tinham (Mc 7.4).
Este é um dos problemas básicos do legalismo. Muita ênfase no externo, pouco no coração. O legalismo toca superficialmente na questão, por isto não atinge o coração. Dá ênfase aos aspectos exteriores da vida. O grande problema do texto: Lavam as mãos (cerimônia de purificação), mas não tem o coração quebrantado.
Este é o grande perigo que nós, que freqüentamos diariamente a igreja, corremos. Será que temos um coração quebrantado? Contrito? Realmente preocupado com o coração de Deus? Ou fazemos as coisas apenas para manter as nossas reputações e darmos uma impressão de que somos “gente boa”?
Jesus afirma: “Este povo honra-me com os lábios, mas seu coração está longe” (Mc 7.6). No crivo de Deus, como está nossa vida? Seu coração treme pelas coisas de Deus? Você tem chorado e preocupado diante de Deus com seus estilo de vida? Você tem pedido graça de Deus para sua alma? Gente religiosa se contenta com o externo. Coração fica frio, distante de Deus, mas ele continua ainda a fazer seus rituais, sem perceber a seriedade de seu mal. Por isto homens que lideram a igreja, muitas vezes, são capazes de estar a frente da obra, vivendo uma vida dupla, de adultério, de indiferença, etc.
Ao chegar em casa, Jesus vai explicar seu discurso aos discípulos (Mc 7.17-23). Faz critica aos comportamentos externos. Estas pessoas adoram controlar o exterior, as formas das coisas. Neste caso, rituais de comida (Mc 7.19). Este texto arrepia muitos legalistas que adotam restrições alimentares em nome de Deus. Nosso problema não é comida, mas o coração. Aqui está o cerne de nossa espiritualidade.

3. Muita ortodoxia, pouca afetividade – Zelosos por Deus, pela lei, pela ortodoxia.
Jesus mostra que muitos estavam omitindo o cuidado com seus pais, que em muitos casos dependiam da ajuda dos filhos, justificando o fato de estarem envolvidos na obra do Senhor (Mc 7.11-12). “Aquilo que poderias aproveitar de mim é corbã” (Mc 7.11). Corbã é um tipo de oferta religiosa. Pessoas que se julgavam muito espirituais, se eximiam de cuidar de seus pais. Justificando seu descaso por causa da fé. Se nossa fé tem algum problema com espiritualidade, ela é doentia. “Se alguém não cuida dos seus, especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente” (1 Tm 5.8).
Badú: “O critério para escolher um diácono e um presbítero da igreja não deveria ser pelo afeto?”. Quanto de nosso coração é afetivo.
Pastores se tornam profissionais – sem afeto em relação sua esposa e filhos, a sua igreja e á Deus.
Pense no líder de sua igreja a partir de sua família. Este homem tem seu coração convertido aos filhos, à sua esposa? Os filhos destes líderes são capazes de perceber que Deus realmente está presente na sua prática?

4. Valoriza o humano em detrimento do divino – Paulo mostra isto em 2 Corintios 3, quando faz comparação entre a velha e a nova aliança. Ele afirma que a Velha estava ligada a coisas: A lei fora inscrita em pedra, não no coração. A velha aliança relaciona-se a pedras, a Nova relaciona-se ao coração: pessoas. O cristianismo falso está sempre preocupado com a importância das coisas: Pedras, rituais, templos, vitrais, órgãos. Se o pastor vem de paletó, toga: Coisas. Na Nova Aliança, pessoas são importantes. As coisas são importantes como auxílio às pessoas. Jesus curou no sábado: escândalo. Os fariseus se preocupavam com coisas. Quantas vezes vemos esta atitude na Igreja. A reputação vem antes da pessoa. Tradições são mantidas para atender necessidades de alguém. O que está em jogo é o status e a aceitação de alguém. Valoriza as formas ao invés do coração.

Resultados:
A. Facilmente encobre a verdade, pregando a verdade- Pregam, não todo conteúdo, mas o conteúdo que lhes interessa. Criam o evangelho dos santos evangélicos (J. Carlos Ortiz).
Toda vez que pregamos a palavra devemos perguntar: Esta verdade é bíblica, mas traduz toda verdade divina? Paulo afirma: “Jamais deixei de vos anunciar todo o desígnio de Deus” (At 20.27). Heresia, não é a rejeição da verdade, mas a minimização da verdade em detrimento de outra. É uma questão de ênfase. Veja os exemplos abaixos, se você valorizar qualquer um deles, você se torna herético.
Oração & Ação social
Responsabilidade humana & Soberania de Deus.
Evangelização sem humanização.
Humanização sem evangelização.
Justiça social & Evangelho da cruz.
Evangelho da cruz & Justiça social
Em qualquer destes casos, é fácil tomar uma bandeira e se esquecer do equilíbrio que existe entre as duas. Assim esquecemos, suprimimos ou negamos o todo.

B. Manipula a palavra para justificar atitudes contrárias – "jeitosamente rejeitais" (7.9) A gente dá um jeito brasileiríssimo de ajeitar a Bíblia aos nossos interesses. Dá um jeitinho...
Como fizeram isto? Tornaram-se religiosos o suficiente para perder a essência da lei. (Mc 7.10-12). Cumpriam a lei de forma suficiente para não a cumprirem.
Exemplo: Pastor em Medford, que deixou de cuidar de seus filhos por causa do ministério.
Pessoas que se tornam ótimos religiosos, mas a vida deles não é tocada pela operação do Espírito Santo.
Ilustração: D. Divina, Vila Morais: "Pastor, é possível a gente falar em língua, e depois xingar os outros e falar palavrões dentro de casa?"
O Evangelho só é autenticado quando penetra nas nossas relações horizontais, mexe com nossa forma de ser e viver, atinge nossa ética. Traz conversão de pais a filhos, filhos a pais, esposos a esposas, e assim por diante. A Bíblia não te desobriga do cuidado com sua família, mas te convida a envolver-se ainda mais com ela. "se alguém não tem cuidado dos seus, especialmente dos de sua própria casa, tem negado a fé e é pior do que o descrente".

C. Não permite que o Evangelho penetre no coração: Tudo é externo: comportamentos, normais, tudo exterior.
Os discípulos foram questionados pelo exterior. Jesus lhes dá uma explicação baseada nas leis cerimoniais: Cita o exemplo de comida. Comida é exterior. Jesus mostra que o problema não é o que se come, mas aquilo que está comendo você. Aquilo que penetrou sua alma. Lei está muito preocupado com o cumprimento externo da lei, mas não atenta para o coração.
Filipe Yancey no seu livro, maravilhosa graça, conta a história do Big Harold, um homem que o protegeu tremendamente na sua infância.
Pedro em Atos 10: mata e come!
Coração e Evangelho são correlatos: Tirarei o vosso coração de pedra e colocarei coração de carne. O problema é meu coração, ele precisa ser mudado.
Culto sem paixão: Nenhum sentido! "Este povo honra-me com os lábios, mas seu coração está longe!" ((Mc 7.6).
O legalismo é incapaz de abraçar o evangelho. Sua ênfase não está no que Cristo fez, mas no que ele faz. A cruz aponta para a expiação de Cristo, antes de mais nada, fala das “bad news” da nossa existência. Por nós mesmos somos incapazes de qualquer coisa. Nossos sacrifícios, boa obra e justiça própria retiram a centralidade da obra de Cristo. O legalismo aponta par ao homem, o que ele faz; a cruz aponta para Deus, o que Ele faz.
Legalismo cria uma espiritualidade paralela. “Evangelho dos santos evangélicos”. O legalista nunca entende a gravidade de seu coração longe de Deus, ele acha que o que faz é correto, e ele não sente necessidade de Deus.
No entanto, só a cruz tem o remédio para a frieza e indiferença de nosso coração para as coisas de Deus. Naturalmente somos inclinados á vaidade, auto exaltação, auto glorificação.
Por isto Jesus fala de coisas difíceis de entender, como “novo nascimento”, e a “necessidade de morrer para si mesmo”. O legalismo e a tradição nunca impedem que você adentre esta dimensão que Deus quer dar à sua vida.

2 CR 34 A REFORMA DE JOSIAS

Motivo do encontro:
O monge alemão Martinho Lutero foi um dos primeiros a contestar fortemente os dogmas da Igreja Católica e o obscurantismo medieval que marcou a Igreja da Idade Média. No dia 31 de Outubro de 1517, de forma ousada, afixou na porta da Igreja de Wittenberg as 95 teses que criticavam pontos da doutrina, condenava a venda de indulgências, acentuava a Soberania de Deus, preconizava um retorno às Escrituras mostrando que a regra de conduta do cristão está na suficiente revelação de Deus em Cristo e nas Escrituras sagradas do Antigo e do Novo Testamento, condenou o culto à imagens e revogou o celibato.
Em 16 de abril de 1521, foi convocado pelo imperador Carlos V a desmentir as suas 95 teses na Dieta de Worms. Lutero se manteve firme nas suas convicções e mostrou a necessidade espiritual da reforma na igreja.
Por que precisamos celebrar a Reforma Protestante?
 Rememorar um gesto, uma postura, resgatar a história
 Articular gestos futuros, desenhar novo projeto - visão de “sempre reformando”.
 O que a Reforma nos tem a dizer?

Introdução/Narração: Vem de dois reinados assustadores...
Manassés : Sacrificou filhos – 2 Cr 33.6; Adivinhava pelas nuvens; Praticava feitiçarias; Tratava com necromantes (médiuns).
Amom: Segue o mau exemplo do Pai Manassés e sacrifica a deuses estranhos.
Josias: “fez o que era reto”.

O que pode gerar reforma na história:
1. Desejo profundo de querer saber o que move o coração de Deus- W. Booth: “Impactado com as coisas que impactam o coração de Deus”.
Josias era ainda um adolescente, 16 anos, quando começou a “buscar o Senhor” 2 Cr 34.3, Queria saber sua vontade. Mudanças espirituais ocorrem quando se busca o Senhor. Buscar tem a ver com a vontade, desejo. Neste caso, a idade de Josias é o instrumento que Deus usa para desmascarar a prepotência da liderança política e religiosa de então.
Samuel era ainda menino quando Deus o chamou...
Davi era outro adolescente...
Calvino tinha apenas 27 anos quando terminou as Institutas.

2. Desarticular o sistema religioso pecaminoso no culto - 2 Cr 34.3
12o. Ano - quando estava com 20 anos... depois de gastar 4 anos em oração (quatro anos é muito tempo?) tempo de incubação...ora antes.
Êxodo: “Ouvi o clamor deste povo” (400 anos...)
Na reforma - vemos um Lutero angustiado com a situação do povo.
Josias se coloca “pessoalmente à frente dos projetos” 2 Cr 34.4- A Igreja não passa de sua liderança.
Boa parte de nossa religiosidade hoje poderia acabar, sem nenhum prejuízo para o reino de Deus e com enorme libertação para os súditos do Reino.
O tempo que a Igreja investe em nada;
Dinheiro que o povo investe em nada
Quantidade de lutas internas na Igreja que são lutadas por nada...
Nossos concílios sacro-santos que não conciliam quase nada
Nossos edifícios de educação religiosa usados para educar quase nada.
Repensar nossos esquemas religioso, nossos cultos privados e comunitários.

3. A redescoberta da Bíblia – 2 Cr 34:14
Ocorre quando há disposição em fazer a vontade de Deus. Onde está a Bíblia? No meio dos escombros, empoeirada...
a) Curiosamente a Bíblia se perde no Templo - No meio das ruínas. Jesus não se perdeu no templo, segundo Lucas? Os ataques mais violentos que Jesus sofre vem dos servidores do templo, Lutero é recomendado a não ler a Bíblia, este livro perigoso... Se alguém crer em mim, como diz as Escrituras... Evangelho dos santos evangélicos - Ler textos não sublinhados.
B) Descobre-se a Bíblia na caminhada - vs. 14 Quem descobre é o sacerdote. O rei só terá acesso ao livro quando aqueles que o manuseiam (sacerdote e escriba), resolvem lê-lo. “O meu povo está sendo destruído porque lhe falta o conhecimento, porque tu, ó sacerdote, rejeitaste o conhecimento”. Os 4.6
Reforma: Bíblia escondida, Lutero traduz para o alemão e a populariza.
Na reforma de Josias 2 Cr 34,22, a mulher tem participação política e eclesial. Hulda é convidada a declarar a vontade de Deus. A mulher é co-responsável no compromisso do retorno.

4. Toda reforma espiritual desemboca em celebração - 2 Cr 35 - É tempo de festa! A festa foi inigualável (2 Cr 35.18).

Mt 15.21-28 Vencendo ações malignas

Introdução:Este texto é um dos mais enigmáticos da Biblia e traz enormes dificuldades hermenêuticas. Jesus se nega a atender esta mulher por três vezes, e a ouvir seu clamor .
Primeira tentativa – Ela vem clamando, Jesus não lhe responde palavra. Aqui vemos seu silêncio e indiferença (15.23). Já tentou conversar com alguem que te despreza? Os discípulos ficam impressionados e chamam a atenção de Jesus. “Despede-a, pois vem clamando”. É como se eles quisessem dizer-lhe que algo deveria ser dito, ainda que sem importância, para que ficassem livre de sua importunação. Esta atitude nada tem a ver com o Jesus compassivo que os Evangelhos nos apresentam.
Segunda tentativa – Sua resposta estranha – “Não fui enviado senão às ovelhas perdidas de Israel” (Mt 15.24). Esta argumento contradiz abertamente seu discurso e a universalidade do Evangelho. Ele enviou os discípulos a alcançarem o mundo, quando Deus a Grande Comissão: (Mt28.18.20).
Terceira tentativa – Sua grosseria. A mulher o adora (Mt 15.25), gritando por socorro, e Jesus a trata ainda com mais desprezo, comparando-a a um cachorro. “Não é bom tomar o pao dos filhos e dar aos cachorrinhos” (Mt 15.26). Por mais romântico que esta expressa possa parecer (o que o texto realmente não indica), esta expressão é rude e grosseira. Não é apropriado para as pessoas polidas.
Afinal, o que este texto quer nos ensinar? Todos os gestos, parábolas e milagres de Jesus tinham intencionalidade. Ele queria ensinar algo aos seus discípulos. Havia uma razão pedagógica em Jesus.

Duas possíveis soluções hermenêuticas:
1. Lição aos discípulos; Jesus queria levar os discípulos a vencerem a barreira do ensimesmamento judaico. Mostrar que a atitude deles de superioridade racial teria graves implicações. Jesus veio para um povo que julgava ter a posse da divindade e controlar Deus, e o Mestra agora radicaliza as conseqüências dos seus discípulos mostrando-lhes quais os resultados que tal atitude geraria no mundo, e quão sérias seriam suas implicações. Jesus mostra que o mundo estava aberto ao passo que Israel se fechava. Seu propósito era tirar seus discípulos do seu estreito nacionalismo e dar-lhes visão mais abrangente do reino e de sua obra. E só um tratamento de choque poderia mudar sua visão estreita.
Quando Deus chamou Abraão, afirmou o seguinte: “Em ti serao benditas todas as famìlias da terra. Sê tu uma benção”.
O livro de Isaias está constantemente apontando para a universalidade da salvação:
“Todos os confins da terra verao a salvação do nosso Deus” (Is 52.10).
“Porque transbordarás para a direita e para a esquerda, a tua
posteridade possuirá as nações” (Is 54.3).
“Eis que chamarás a uma nacao que não conheces, e uma nacao que nunca te conheceu
correrá para junto de ti, por amor do Senhor, teu Deus, e do Santo de Israel” (Is 55.5)
O que o povo de Israel fez com o propósito de Deus? O Livro de Jonas parece ser uma alegoria desta realidade. Deus o envia para uma nação pagã, e ele se recusa a fazer, porque acha que não são merecedores da salvação que vem de Deus. Israel se recusou a ser uma benção para o mundo, e até hoje é assim. O judaísmo é a unica religião do mundo que não tem missão; Deus é posse e está sob o domínio deles. Deus é ainda uma realidade tribal na sua concepção.
Esta mentalidade estava presente nos discipulos. Depois da sua ressurreição, apesar da comissão que Jesus lhes havia dado, a pergunta revela esta estreiteza de visão. “Será este o tempo em que restaures o reino a Israel?” (At 1.6). O Reino tinha uma concepção meramente politica. Jesus porém responde: “Seres minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, Judéia e Samaria e até os confins da terra”. (At 1.8). Jesus ratifica que o chamado era para ser uma benção para o mundo. Não era proposta para um Israel político.
Então, neste texto, Jesus estava querendo mostrar aos discípulos, de forma prática, já que até eles mesmo reagiram à sua atitude, quão perversa é a lógica de nossa missão quando não temos compreensão e cuidado com pessoas que fogem do nosso círculo. Jesus estava querendo mostrar-lhes que este era seu procedimento e que eles não podiam continuar agindo desta forma.

2. Testar a seriedade do pedido da mulher- Até onde ela estava disposta a pagar o preço de se desvencilhar do diabo. Quão sério era seu desejo de romper e quebrar a obra maligna em sua casa. Às vezes recebo telefonema de pessoas que, depois de saírem do quadro de desespero não querem continuar tratando das questões mais profundas de sua alma e de suas relações. Só querem um paliativo, um alívio imediato para suas crises que não poderiam ser resolvidas com um mero comprimido.
Vivemos numa geração de pessoas em busca de respostas imediatas, de soluções inconseqüentes. Nossa geração vive um estilo de vida de micro ondas. As coisas precisam de agilidade, respostas fáceis e comprimidos que resolvem todos os dilemas. O problema é que o prozac pode dar alívio imediato, mas não resolve as questões mais profundas da alma. O tilenol pode tirar a dor de cabeça, mas não resolve a causa da dor de cabeça. Queremos computadores rápidos, gostamos das coisas descartáveis que são baratas (apesar de terem durabilidade reduzida). Esquecemos que a vida possui processos, e nao existe estrada fácil, as coisas precisam de tempo e aprofundamento para serem resolvidas.
Jesus queria avaliar, até que ponto ela queria realmente a benção de Deus. Muitas pessoas desistem muito facilmente das bençãos de Deus, param no primeiro obstáculo, e Jesus quer saber qual a intensidade do desejo do coração desta mulher.
A luta de Jacó no Vale de jaboque (Gn 32), revela bem esta relação enigmática de Deus com o ser humano. Jacó não desiste de sua benção: “Não te deixarei se não me abençoares”. A benção passa a ser uma santa obsessão. Deus pode me dar e eu não posso abrir mão disto. “Buscar-me-ei e me achareis quando me buscares de todo coração”.
A parábola da viúva importuna, parece indicar que muitas das grandes necessidades nossas serao atendidas com perseverança e constância nas orações. Elias orou “com instância”. É a oração que vai além da superficialidade, que penetra o âmago de nosso ser. Precisamos aprofundar nossas orações tão superficiais. Até que ponto queremos pagar o preço da busca e da oração na presença de Deus?

Qual é o problema desta mulher?
O que esta mulher está buscando? Existe algo na vida desta mulher que desestrutura sua vida, que a torna menor do que o que ela era. Ela percebe que sua filha está horrivelmente “endemoninhada", literalmente isto significa que sua filha estava "cheia de demônios". Existe algo na sua casa, personificado de forma mais objetiva na filha, que desestrutura a vida das pessoas e desestabiliza o ambiente. Sua casa está vivendo sob uma opressão e ação satânica.
Sem querer negar a existência pessoal do demônio enquanto pessoa (As Escrituras descrevem o diabo com um ser real e pessoal, não apenas uma força), gostaria de dar-lhe caráter mais abrangente e tentar diagnosticar, identificar demônios, que de formas diferentes, povoam nossos lares.

Como superar estas manifestações satânicas que coexistem no nosso lar, na nossa existência, e regulam nossas vidas?
1. A libertação acontece de acordo com o que queremos - “Faça-se contigo como queres...”Mt. 15:28.
 Nabal e Abigail : I Sm. 25 O que você deseja para sua casa ? I Sm.25 nos relata a história deste casal. Nabal era turrão, duro, inflexível e tolo. Abigail, sua mulher, resolve rejeitar isto para sua casa. Sabendo que o mal estava designado, rejeita-o, luta contra este mal e o supera. “A mulher sábia edifica sua casa, mas a insensata com suas próprias mãos a derruba” (Pv.14;1)
 Alimentamos o mal: “Se procederes bem, não e certo que serás aceito?”
 Resisti ao diabo. (I Pd.5:7) A demonização de nossa casa se dá por permissão, por concessão. Vamos admitindo nossa morte, vamos permitindo sutilmente que o mal se aninhe em nós, nos domine, e não esboçamos reação.
 Cena do Devil’s advocate. “Não me culpe, você fez a sua opção…
 Scott Peck: ““Uma livre vontade humana, precede a cura.
Mesmo Deus não pode curar uma pessoa que não quer ser curada.
Em última instância, é o paciente mesmo que é o exorcista”.
 Valdeci e a pessoa possessa em S. River – Ela não queria ser liberta do diabo, por alguma razão ela encontrava satisfação naquela forma de viver. Não existe lar liberto sem que queiramos tal liberdade. Não adianta tentar tirar o efeito (gestos e dramas demoníacos), sem desejar mudança.
Deus faz aquilo que queremos que ele faça.

2. Não deixe de buscar resposta de Deus, ainda que tal resposta pareça demorada - Não abra mão da benção. “Buscar-me-eis e me achareis quando me buscares de todo coração” Em Rm. 5:4-4 vemos o resultado da perseverança na vida dos cristãos.
Perseverança produz experiência,
e a experiência, esperança,
e a esperança não confunde.
Para sermos libertos de nossa confusão interior, de nossas amarras interiores, do nó que usualmente processos demoníacos geram em nós, precisamos perseverar, até que esta perseverança resulte em libertação de nossa confusão, através da esperança que é gerada em nossos corações.
Muitos param, porque desanimam. Não insistem na luta, abrem mão da benção que ele precisa.

3. Em todo tempo adore, mesmo que Deus pareça não se preocupar com teu sofrimento - (15:25) Isto aqui é demasiadamente complicado para nosso coração. Nós nos sentimos melhor em adorá-lo, quando nossos problemas são eliminados. Quando as coisas estão ruins nossa tendência é murmurar. Mas esta mulher aqui, o adora, apesar da indiferença de Jesus e de sua aparente recusa em cuidar de seu problema. Adore!!
Muitas vezes Deus adia a realização de nossos sonhos, por diversas razões. Ana foi uma das que viram seus sonhos sendo despedaçados. O Rev. Antonio Carlos Sá Costa nos aponta algumas causas pelas quais Deus adiou a realização dos senhos de Ana.
a)- Porque desejo não realizado normalmente nos leva à presença do Senhor - Ana busca a Deus, na sua luta de ver seus sonhos atingidos;
b)- Deus adia a realização de nossos sonhos para que entendamos que Ele é soberano - Ana declara isto, no seu cântico de adoração - I Sm. 2:6-8
c)- Deus adia por causa de seus planos, que são inescrutáveis -
d)- Deus adia nossos sonhos para que o que venhamos a receber se torne motivo de adoração.

4. Jesus tem autoridade sobre o demônio mais renhido, mais domesticado, mais aculturado, mais cultivado e melhor alimentado em nosso lar.
“E desde aquele momento sua filha ficou sã”. Mt.15:28
Indiferença, ausência de perdão, insensibilidade, agressividade, rispidez. Os demônios se submetem ao nome de Jesus, à sua autoridade.
Existem acoes demoníacas que sao nutridas e cultivadas em lares disfuncionais; por isto precisamos romper com estas atitudes de nossa alma. Jesus disse: “Eu sou a luz do mundo, aquele que me segue não andará em trevas”. Precisamos clamar para que Jesus ilumine os cantos obscuros de noss coracao e lance luz sobre nossas trevas.
Satanás se nutre das trevas, do lado obscuro de nossa alma, e Jesus tem poder sobre tais ações demoniacoas, sua presença confronta o maligno. Jesus tem poder!

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Mc 6.45-52 A Trilha da tempestade

Introdução: Algum tempo atrás ministrei uma série de sermões cujo titulo foi “Trilhas do Coração”. Isto aconteceu depois que percebi que vários textos das Escrituras narram a caminhada de homens de Deus, e revelam os rumos que tomaram em suas vidas. Existem a trilha do deserto, da tentação, do legalismo, do palácio ao deserto e do deserto ao palácio. Hoje estou dando a este sermão o titulo de “A trilha da tempestade”, porque fala da angustiante travessia que os discípulos tiveram que fazer.
Todos atravessam a trilha da tempestade. As pessoas ou já passaram por ela, ou vão passar, ou estão passando... Algumas são maiores, outras menores; umas longas, outras curtas; mas a tempestade é real em nossa vida. Elas podem ser de natureza financeira, espiritual, relacional ou física. Nesta hora é fundamental entendermos algumas coisas importantes sobre tempestades.

Podemos aprender algumas lições sobre estas tempestades:
1. Tempestades surgem de forma inesperada e são incontroláveis. Quem tem poder sobre o vento? Sobre o mar? Sobre fenômenos da natureza? Tsunamis, terremotos, o homem mau?

2. Tempestades podem sobrevir após grandes manifestações da glória de Deus - O texto que antecede é o da multiplicação dos pães, um grande feito de nosso Senhor, mas a narrativa deste texto afirma: “Logo a seguir” (Mc 6.45).
Elias enfrenta grande medo e depressão depois de uma grande conquista no Monte Carmelo. A rainha Jezabel lhe manda um recado, e ele, temendo a ameaça, foge desatinado no deserto, e depois de muito andar, encontrou um pequeno arbusto. Deprimido e desanimado, deitou-se debaixo dele e pediu para si a morte (1 Rs 19.1-4). É incrível como coisas assim acontecem logo depois da manifestação da gloria de Deus em nossa vida, e nos deixamos abater, desencorajados.
Neste texto, Jesus despede seus discípulos, logo após a multiplicação dos pães. Eles ainda se encontram em estado de êxtase, e saem daquela grande manifestação para se deparar com a morte que se prenuncia nesta grande tempestade.

3. Somos colocados na tempestade pelo próprio Deus – “Logo a seguir, compeliu Jesus os seus discípulos” (Mc 6.45). Compelir nos dá idéia não de “forçar” algo, mas de “induzir” a um ato.
O Sl 23 é um dos textos mais consoladores e que trazem esperança e segurança aos nossos corações. Ele afirma que o senhor é o nosso pastor, por isto nada vai nos faltar, que ele nos dará banquetes diante de pessoas que se opõem a nós, que vai trazer refrigério para nossa alma, etc., mas no meio do Salmo lemos o seguinte: “ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum”. O fato de Deus ser nosso pastor, não impede que atravessemos tempos e lugares sombrios, situações de morte, de perdas, de lutas. A presença de Deus não elimina a dor, mas ilumina a dor. O texto nos diz que Jesus “compeliu” seus discípulos.

4. Tempestades levam-nos a crer que toda esperança desapareceu – É bom lembrar que “desespero” é o contrário de “fé”. Muitas vezes vemos nosso coração passando pela masmorra da dúvida, porque a tempestade é longa, e não vemos mais a luz do sol e a claridade do dia. A tempestade que os discípulos enfrentaram foi longa, pois já era a 4ª vigília da noite (Entre 3-6 da manhã) e pesada (ventos fortes e contrários), por isto trazem muito desânimo e desesperança. Eventualmente sentimos nossas forças se esgotarem. Não encontramos mais coragem para lutar. Entregamos os pontos. Numa tempestade que Paulo enfrenta, lemos o seguinte: “E, ao terceiro dia, nós mesmos, com as próprias mãos, lançamos ao mar a armação do navio. E, não aparecendo, havia alguns dias, nem sol nem estrelas, caindo sobre nós grande tempestade, dissipou-se, afinal, toda a esperança de salvamento” (At 27.19,20).

5. Tempestades atrapalham a leitura correta dos fatos – “eles, porém, vendo-o andar sobre o mar, pensaram tratar-se de um fantasma e gritaram” (Mc 6.49). Passamos a fazer leituras equivocadas, a julgar erroneamente as coisas, a ver “assombrações” no meio do caminho, a ficarmos assustados com o farfalhar das folhas ou o movimento das árvores. Perdemos a capacidade de julgamento. Em meio a dores, aconselho sempre que as pessoas encontrem um conselheiro sábio, porque nossa capacidade de julgamento torna-se limitada.
Como reagiríamos se estivéssemos no lugar dos discípulos? Jesus os impele a entrar no barco e fazer a travessia, tendo consciência do risco. O barco perde contacto com terra firme e o vento é contrário. Enquanto isto, Jesus vai orar... Nestas horas de enfrentamento podemos achar Deus estranho e distante, indiferente e demorado, já que se manifesta apenas na quarta vigília da noite, entre as 3 e 6hs da madrugada. O pior horário de uma noite atribulada, enfrentando lutas e ameaças.
Tribulações e tempestades podem causar confusão mental e nos levar a interpretar erroneamente o que está acontecendo.
O Sl 77 é um texto de crise. O Salmista indaga várias vezes sobre coisas difíceis em relação àquilo que Deus está fazendo. “Cessou perpetuamente a sua graça? Deus deixou de ter misericórdia? Caducou a sua promessa?”. No vs. 10, porém, ele afirma: “Então disse eu: Isto é a minha aflição. Mudou-se a destra do Altíssimo”. Ele percebe que a crise dele com a existência e a fé, está relacionada à intensa aflição, que o leva a julgar as circunstâncias, e até mesmo Deus, de forma equivocada.
Por isto no meio da dor podemos julgar os outros e a Deus. Perdemos a capacidade de julgar corretamente os eventos da história no qual estamos inseridos. Começamos a nos assustar com os “fantasmas” e “assombrações”. Nestas horas é muito bom termos alguém que, fora do problema, nos ajude a analisar melhor as circunstâncias, já que nos tornamos pessimistas e com dificuldade de fazermos as leituras corretamente.

6. Antes de acalmar o vento, ele acalma os corações. Jesus poderia ter dado ordem ao mar, antes de subir no barco, mas o texto afirma que ele, antes de mais nada, dirigiu-se aos discípulos, para que pudessem vencer seu próprio medo. “tende bom ânimo. Sou eu. Não temais!”. Muitas vezes, o grande desafio não é vencer as tempestades e ameaças, mas vencer nossa insegurança e falta de fé. Jesus desafia seus discípulos a entrarem em contacto com ele mesmo. “Sou eu”. Ao dizer isto, é como se estivesse afirmando que o mais importante não é saber o tamanho da tempestade a enfrentar, mas o tamanho do Deus que anda no meio da tempestade.
Este texto faz ainda outra afirmação interessante: “E subiu ao barco para estar com eles”. O objetivo de Jesus, mais que acalmar a tempestade, que faz parte dos seus propósitos eternos, é estar conosco. Ele deseja nos transmitir a idéia de que, sua comunhão é melhor e mais importante que a suspensão da tempestade.
O livro do profeta Naum afirma “O Senhor tem o seu caminho na tormenta e na tempestade, e as nuvens são o pó de seus pés”(Nm 1.3). Deus transita no meio da nossa dor, e visita-nos nas noites angustiantes da alma. O grande problema não é a tempestade em si, mas nossa incapacidade de lembrar quem está por detrás da tempestade e quem manda na tempestade. Jesus tenta revelar sua divindade aos discípulos, mostrar que nunca esteve ausente, mas que estava por perto. Ele passeia sobre as águas tumultuadas da nossa existência, e sobre os fantasmas que nos amedrontam. “Sou eu. Não temais!”. É como se ele dissesse: Na tempestade vocês precisam sempre se lembrar disto! Deus sempre providencia ajuda inesperada em meio às nossas tempestades e entra no barco para estar conosco. Por isto, sempre nas tempestades, sempre descobrimos mais a natureza do Deus a quem servimos e entendemos mais sobre sua natureza.

7. Apesar da tempestade, com Cristo chegamos a um porto seguro (Mc 6.53). “E subiu para o barco para estar com eles, e o vento cessou”. A presença de Deus é a única forma manter-se acima das tempestades. Deus nunca perde o controle dos fatos. Quando o texto afirma que Jesus os compeliu, isto demonstra que aquele fato não o pegou de surpresa.

8. Por último, O texto ainda nos ensina que, apesar da manifestação anterior da multiplicação dos pães, os discípulos não estavam entendendo bem o que estava acontecendo e continuavam com os corações endurecidos.
Endurecidos em relação a quê? A única coisa que me vem a mente era que eles ainda não haviam entendido a messianidade e a própria divindade de Cristo. Não sabiam quem de fato era Jesus. Eles talvez encontrassem justificativas racionais para explicar o que havia acontecido antes, mas não chegavam no cerne da questão: A Multiplicação dos pães revelavam a majestade de Cristo. Eles estavam diante do logo de Deus, que se tornara carne e habitara entre eles. Eles estavam “endurecidos”e “não haviam compreendido”.
Manifestações de Deus nos ensinam muito sobre o Deus que amamos e adoramos. Nesta hora é exatamente isto que eles experimentaram. A graça maravilhosa de Deus sobre suas vidas, e a compreensão da natureza divina de Jesus. Parece que Jesus, inclusive, teria permitido que eles passassem por esta dura experiência, para aprender coisas sobre as quais eles não podiam se equivocar, e isto era sobre sua natureza e obra.
O Evangelho de João é bem explicito sobre isto. Os milagres sempre eram acompanhados por discursos nos quais ele demonstrava quem ele era. Por exemplo, logo após a multiplicação dos pães, Jesus ensina que ele era “O Pão da vida”. O milagre apontava para uma didática celestial. Jesus ensinava por meio de sua obra aquilo que ele era. Neste texto, Jesus se manifesta dizendo: “Tende bom ânimo, sou eu, não temais!”. O termo “Sou Eu” (Ego eimi), é a tradução mais próxima da forma como Deus se revelou no Antigo Testamento ao afirmar: “Eu sou o que sou”. Jesus está dizendo aos discípulos. Não temam porque o “Eu Sou”, está aqui ao lado de vocês. A tempestade é grande, mas o Deus que controla a tempestade, está aqui.
o texto revela Tempestades são o melhor meio para que Deus nos comunique a sua natureza - Deus pode demorar, mas o socorro de Deus sempre aparece. Jesus lhes falou: “Tende bom ânimo! Sou eu. Não temais!” (Mc 6.50). O que os discípulos estão vendo agora? A revelação na natureza de Cristo. Se antes eles não haviam entendido sobre a natureza de Cristo, agora isto se torna claro. Os discípulos ficaram “atônitos” (MC 6.51), e isto mostra que eles ainda não haviam entendido quem realmente era Jesus.
Na verdade, não deve ter sido muito fácil entender que naquele amigo pessoal, habitava “toda a plenitude da divindade”. Agora, os discípulos são confrontados com a natureza divina de Cristo, que é capaz de controlar as forças da natureza. Sua presença multiplicava pães, curava enfermos, mas também dominava a natureza, os mares, o vento. Por isto os discípulos se encontram atônitos, era como se mais uma vez, se surpreendessem com quem ele era. Jesus demonstrava agora sua autoridade e poder, acima dos mares. No texto de Mateus eles afirmam: “Quem é este que até o vento e o mar lhe obedecem”.


Conclusão:
Milagres apontam para algo maior. Intervenções históricas de Deus, possuem uma pedagogia muito especial. Muitas vezes podemos ver milagres e ainda assim estarmos endurecidos sobre quem é Jesus. Este era o objetivo de Jesus.
Muitas vezes nos impressionamos com as intervenções de Deus, mas não com o Deus que intervém. Nos contentamos com os milagres de Deus, e não com o Deus dos milagres. Esta parábola encerra dizendo que os discípulos foram compelidos a atravessar o mar, para aprender sobre a natureza de Cristo, a glória e o poder que estava sobre ele, transcendia a humanidade, sendo expressões do próprio Deus.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Mc 6.12-16 Prisioneiros da Culpa

Introdução:
A Revista Veja de 20 de Setembro de 1995, traz intrigante artigo intitulado “Noite sem fim” com o seguinte subtítulo: “0s 111 fantasmas do Carandiru perseguem os oficiais que comandaram o massacre”. Descreve o massacre no qual os presidiários foram queimados vivos, sem possibilidade de defesa, num dos maiores atentados contra o direito civil em nosso país. A revista mostra que todos os responsáveis pelos massacres tiveram mortes estranhas e trágicas, ou vivem atualmente acossados pela sua consciência.
Um deles anda espantado com alucinações: “Atirei muito e tenho dezesseis espíritos me rondando”. Outro perdeu completamente seu equilíbrio psiquiátrico. O coronel que comandava o policiamento de choque simula indiferença, mas ao depor, não resistiu e num acesso de choro, teve que se assentar. É um homem fragilizado, admitindo que até um de seus filhos o questionou pela chacina. O articulista da revista afirma a certa altura: “Os algozes dos 111 não se preocupam com a Justiça. Mas preocupam-se com outros gemidos”.
Um dos maiores tormentos da vida é sermos prisioneiros da culpa.

Contexto: Este texto nos fala de Herodes consumido pela culpa. Quando Jesus começa a exercer seu ministério repleto de sinais e milagres, a assombração de sua alma ressurgiu: “É João, a quem eu mandei decapitar” (Mc 6.16).
Herodes tem que lidar com a sombra de um homem, a quem aprendera ouvir. “E quando o ouvia, ficava perplexo, escutando-o de boa mente” (Mc 6.20). Herodias, sua amante (que antes era sua cunhada), “O odiava, querendo matá-lo, e não podia”. (Mc 6.19). Na noite do seu aniversário, já bastante embriagado, resolve oferecer à sua enteada, Salomé, o que ela quisesse, e ela, instigada pela sua mãe, pede a cabeca de João Batista num prato. O texto afirma: “Entristeceu-se profundamente o rei; mas por causa do juramento e dos que estavam com ele à mesa, não lha quis negar” (Mc 6.26). Agora, quando Jesus começa a exercer seu ministério, expelindo demônios e curando numerosos enfermos (Mc 6.13), sua culpa vem à tona. “É João, a quem eu mandei decapitar, que ressurgiu” (Mc 6.16).
Sua alma estava presa pela grave culpa:
Precisamos entender algumas coisas sobre culpa:

1. Culpa é um poço sem fundo – Não há nada que possa tapar este buraco. Ela tem o poder de causar um enorme vácuo em nossa alma. A pessoa culpada não se sente no direito de fazer qualquer coisa prazerosa. Ela precisa se punir.
 Jay Adams, conhecido conselheiro cristão afirma que 70% neuroses estão associadas a culpa e auto punição, e que metade dos pacientes em clinicas psiquiátricas se recuperariam, apenas se soubessem que foram perdoadas.
o Pv 28.13: “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”
o Pv 28.17: “O homem carregado do sangue de outro, fugirá até a cova. Ninguém o detenha”.
o Pv 27.20: “O inferno e o abismo nunca se fartam”. Assim também é a culpa. Neste poço, quanto mais você tira, mais fundo fica.

2. Culpa não se aplaca com paliativos de bondade e justiça própria – Não existem subterfúgios e esconderijos para aquele que não foi perdoado do seu pecado ou que ainda não experimentou a graça do perdão. Você não consegue acobertar o mal.
 Pecado e culpa: tentativas de vir mais à igreja, fazer gestos de bondade (5 mil reais para a creche); ser bondoso com a família, nada disto cura.
No famoso texto de Shakespeare, “Lady MacBeth”, um dos personagens íntimos do rei Duncan, que o considera seu amigo mais leal. MacBeth, incitado por sua esposa, resolve assassinar o rei que está sob a proteção da hospitalidade do próprio Macbeth; para assumir o trono e desta forma o apunhala durante o sono. A culpa cai sobre os dois guardas que deveriam vigiar o sono do Rei. A partir daí, Macbeth e sua esposa passam a ficar atormentados pela culpa e pelo medo. Medo de pensar no que fez e medo de que outros façam o mesmo com ele. Lady MacBeth, atormentada pela culpa passa a andar e a falar durante o sono, revelando o crime dela e do marido. Lady Macbeth vemos como a culpa causa loucura. Ela vira uma sonâmbula, caminhando com uma vela acesa na mão, como que para iluminar a escuridão instalada em seu coração. Ela esfrega as mãos sem parar.
Shakespeare coloca na voz da própria Lady MacBeth: “Mas será que estas mãos não estarão jamais limpas? Aqui está, ainda agora, este fedor de sangue. Nem todos os perfumes das Arábias conseguirão perfumar esta mãozinha”. A dama de companhia comenta que nem por todo o ouro e poder do mundo ela gostaria de carregar tamanha culpa. Finalmente Lady MacBeth, não resistindo à culpa, comete o suicídio. MacBeth, o esposo, também se perde em suas culpas. Ele não consegue mais controlar as rédeas de sua desnorteada alma e vive assim atormentado até sua morte que ocorre durante um duelo.
Quando fala de culpa, sempre fico pensando no drama que a família Nardoni enfrenta. Apesar de todas as evidências, continuam a negar sua participação naquele horrendo crime. Talvez consigam atenuar sua pena por isto. Toda família se mobilizou num esquema para que se livrem da cadeia ou atenuem a pena. Mas todos estão se esquecendo que a culpa é a maior prisão. Aquelas pessoas se tornaram prisioneiras de si mesmas, de sua consciência, e a consciência é um implacável algoz. Nada resolve o problema de uma mente culpada, a não ser o perdão.
Culpa não se resolve com artifícios e argumentos filosóficos, tampouco com o tempo. Culpa se resolve com enfrentamento, e isto implica em desmascaramento, arrependimento e confissão, não com negação, ou mesmo com boas obras, gestos de boa vontade para apaziguar o sofrimento.

3. Culpa é a melhor arma do diabo – O texto de Zacarias 3.3 nos fala de um tribunal montado diante do sumo sacerdote Josué. Este se encontra de vestes sujas, dando ensejo para que Satanás se lhe oponha. A mensagem é clara. As acusações se encontram diante de nós, penetram o inconsciente, e até mesmo quando estivermos dormindo ou acordados elas estarão sempre a nos envolver. Josué está diante de Deus, mas até ali Satanás o acusa incessantemente.
Pecado não confessado destrói vidas. A Bíblia afirma: “Teu pecado de achará”. Culpa retira a alegria e a autoridade moral e espiritual.
Em Ap 12 os céus estão em festa! A razão daquela festa: “Foi expulso o acusador de nossos irmãos, o mesmo que os acusa de dia e de noite” (Ap 12.10). Os céus se alegram porque Satanás, aquele que faz acusação, e nossos pecados, a razão de nossa culpa, já foram resolvidos por meio da cruz. “O Sangue de Jesus, seu filho, nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1.9).
Pecado não confessado é a melhor arma de Satanás para retirar a alegria do coração. Culpa é o ingrediente que ele precisa para nos deprimir, gerar doenças emocionais e desequilibrar-nos.

O remédio para a culpa:A Bíblia nos diz que Deus providenciou o remédio para nossa culpa.
Herodes provavelmente viveu e morreu com esta sombra fantasmagórica de João Batista, mas não precisamos ser prisioneiros de nossos pecados e atitudes ímpias. “Muito mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem macula a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus vivo” (Hb 9.14)... “E sem derramamento de sangue, não há remissão” (Hb 9.22). Foi isto que Cristo fez por nós, quando se deixou moer naquela cruz.
A Bíblia diz que Deus, o ofendido, resolveu nos absolver por meio de Cristo. Nós, os ofensores, fomos perdoados. Deus providenciou o remédio: a cruz! “O escrito de dívida que era contra nós, foi rasgado” (Col 2.14).
Como Deus fez isto?
Em Ap 6 surge a seguinte pergunta: “Estes que se vestem de vestiduras brancas, quem são e donde vieram?” (Ap 7.13). Quem pode se apresentar purificado diante de Deus? Não é sem razão que João faz esta provocante pergunta: “Quem são e donde vieram?”. A resposta maravilhos é dada pelo ancião: “Estes são os que lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro” (Ap 7.14). Existe um meio que Deus mesmo providenciou para nossas vidas. A morte de seu Filho. Através do seu sangue somos libertos do diabo e purificados de todo pecado. Precisamos nos aproximar dele para experimentarmos liberdade que sua obra e cruz faz por nós.
O homem não é capaz de purificar-se de sua culpa por si mesmo, nem aliviar a sua consciência. Ele precisa de Deus.
A opção pós-moderna afirma que o homem não tem pecado, já que não há absolutos. O problema é que se não há pecado, também não há cura, nem perdão. Se uma pessoa está com câncer e afirma que não tem câncer, vai recusar-se a tomar remédio. No entanto, a negação da doença não trata a doença. A negação da dor, não resolve o problema da dor.
Não existe outro caminho, a não ser enfrentamento, arrependimento e confissão.
Conta-se que certa vez Satanás estava acusando Wesley de seus pecados. Acuado, lembrou-se das promessas de perdão feitas por Jesus e então disse: “Satanás, você não sabe da metade do que fiz e sou, mas eu quero lembrar-lhe que já fui lavado pelo sangue do Cordeiro”.
“Não sou o que devo ser, não sou o que quero ser, não sou o que um dia espero ser, mas graças a Deus não sou o que fui antes, e é pela graça de Deus que sou o que sou” (John Newton).

Col 3.13-23 A Maravilhosa Obra de Cristo

Este texto nos fala do caráter e da obra de Cristo. Quem é ele, e o que fez.
Hoje queremos considerar sua obra:

1. Sua obra mudou o nosso domicílio – (Col 1.13)

a. Nos libertou – rompeu os grilhões

b. Nos transportou – Nos levou sobre seus ombros.
A ilustração que me vem à mente é a da família de Ló,quando os anjos insistiam para que saíssem da cidade,.e como ficassem indecisos e vacilantes, o anjo os tomou pela mão.

Para Jesus nos resgatar foram necessários dois movimentos:

a. Invasão – vencer o inimigo. – Jesus teve que entrar no império das trevas. Ele afirmou o seguinte: “Ninguém pode entrar na casa do valente para roubar-lhe os bens, sem primeiro amarrá-lo; e só, então, lhe saqueará a casa”(Mc 3.27). Este texto foi citado por Jesus, quando ele estava expulsando demônios que habitavam a vida das pessoas. É necessário amarrar o valente, uma referência clara a Satanás, e tirar seu poder e autoridade. Jesus fez isto na cruz.
O apóstolo João afirma: “Para isto se manifestou o Filho do Homem, para destruir as obras do diabo”(1 Jo 3.8).
b. Transporte – Jesus nos trouxe para o seu reino, onde as leis são completamente diferentes. Fomos transportados para este lugar onde Jesus reina. É maravilhoso sair do domínio de um imperador tirano, e ser conduzido para o reino de Deus feito de paz, justiça e alegria no Espírito Santo.

Outra distinção necessária no texto está entre Império e Reino.
a. Império é sempre por usurpação, reino é por herança – Os imperadores tomavam pequenos reinados, e transformavam aquelas pessoas em vassalos.
b. Reino pressupõe a figura do Rei – Jesus nos trouxe para um lugar onde ele mesmo governa.
c. Reino pressupõe leis – Você fica debaixo das leis de um reinado soberano e bom, ou debaixo de um imperador, invasor e carrasco.

2. Sua obra nos deu Redenção – (Col 1.14) – “Redenção é um termo peculiar. Fala do preço para se tirar uma pessoa de uma determinada situação. Este termo era muito usado para descrever a situação de um escravo que se encontrava no mercado para serem vendidos. Muitos anti escravagistas usavam esta estratégia para comprar escravos e dar-lhes alforria.
1 Pe 1.18-19 afirma: “Sabendo que não foi mediante coisas corruptas, como prata ou ouro, que fostes resgatados... mas pelo precioso sangue, como de cordeiro, sem defeito e sem macula, o sangue de Cristo”.
Por causa do preço.
Existe uma forte expressão de Jesus, quando estava ainda na cruz: “Tetelestai”, que literalmente significa: “Tudo está pago!”. O que Jesus queria dizer ao fazer este brado? Sua obra a favor da humanidade estava concluída, cabal e eficazmente. Quando seu sangue é aplicado sobre nossa vida, seus benefícios são duradouros, e isto acontece quando o recebemos pela fé, em nossos corações. Esta decisão de acolhê-lo em seu coração pode ser agora, pedindo para que Ele venha morar em seu coração.
Sangue é moeda de troca no mundo espiritual, por isto as religiões animistas e primitivas ainda hoje fazem este tipo de sacrifício. Elas sabem do poder do sangue. No entanto, tais sacrifícios são totalmente pagãos e ofensivos para Deus. Jesus já pagou o preço, morrendo em nosso lugar naquela cruz. Ele é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Não há nada mais a ser pago. Jesus pagou nossa divida. Quando fazemos novamente sacrifícios queremos dizer que ignoramos o que Jesus fez por nós.
“E que, havendo feito a paz, pelo sangue da sua cruz, reconciliou consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus” (Col 1.14).

3. Sua obra nos reconciliou com Deus – (Col 1.21) – Este texto faz uma triste avaliação de nossa realidades sem a obra de Deus em nossas vidas:
a. Éramos estranhos e inimigos no entendimento – Nossa mente carnal, sem a iluminação do Espírito Santo, é inimiga de Deus. Nossas categorias mentais são opostas a Deus. Isto acontece tanto como o homem simples quanto o intelectual. Na forma de entender as coisas espirituais, somos inimigos no entendimento;
b. Obras malignas – Por causa da confusão nos valores, vivemos esta vida sombria sem Deus. O problema com nossas obras é que, ao praticarmos as mesmas, fazemos para a glorificação do EU, ao invés de fazermos para Deus. Nossas obras sempre redundam em vaidade, narcisismo, auto centralização – não glorificam a Deus.
Nossa fonte está contaminada pelo EU. Quando fazemos as coisas, exaltamos nossa justiça própria. Achamos que podemos nos justificar diante de Deus por causa das obras que fazemos. Nos esquecemos do sacrifício do Cordeiro. Por que Jesus morreu na cruz? Nossas obras são falhas, incompletas e incapazes de nos justificar.

Como Jesus nos reconciliou com o Pai?
O texto bíblico afirma: “No corpo de sua carne, mediante a sal obra” (Col 1.22). O seu sacrifício nos libertou. Ele fez isto doando sua própria vida, deixando que seu corpo fosse esmagado. “O castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.4).
Precisamos de uma identificação com a morte de Cristo. A Bíblia afirma: “Fomos crucificados com Cristo”. Precisamos ir até o Calvario, partilhar de sua dor, morrer com ele.

Qual é o objetivo da morte de Cristo?
O texto bíblico afirma: “Para apresentar-nos perante ele, santos, inculpáveis e irrepreensíveis” (Col 1.22). Seu alvo é me apresentar diante do Pai, com estes requisitos. Sua morte em mim precisa afetar nossa natureza num nível muito profundo.
Santos - Quando Deus olha para mim, ele me vê em Cristo. Eu me tornei identificado com sua morte e, portanto, com sua natureza. Ele me levou até à cruz, e aplicou o seu sangue sobre minha vida, me libertou e me transportou para o seu reino. Meus méritos não são meus, mas os de Cristo.
Sem Culpa - Jesus me apresentará sem culpa. Não há debito ou pendência, nem cobrança – ele pagou o preço de meu pecado. Fui perdoado. O castigo que me traz a paz estava sobre ele. Sobre minha vida, tem a estampa de seu sangue.
Irrepreensível - Ele também me apresentará sem nada para repreender. “Nenhuma condenação há para aqueles que estão em Cristo Jesus”(Rm 8.1). O texto diz: “Nenhuma!” Nada pendente. Fui lavado. Minha vergonha foi colocada sobre Jesus, e Ele me tronou puro aos olhos de Deus. Minhas vestes foram alvejadas no sangue do Cordeiro (Ap 7). “Aquele que não conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós, para que nele fossemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5.21). Vestes brancas, sem mácula.

Conclusão:
Todos os benefícios da cruz estão disponíveis para aqueles que se identificam com a obra de Cristo. Ele morreu a minha morte. Aquela cruz era minha. O seu lugar era meu.
Para concluir, gostaria ainda de ler mais um texto bíblico: Rm 6.4-8
“De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo
foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também
em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na
semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição;
Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o
corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado.
Porque aquele que está morto está justificado do pecado. Ora, se já morremos
com Cristo, cremos que também com ele viveremos”.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Hb 2.1-4 Tão grande salvação

Introdução:
O Livro de Hebreus, é um dos melhores livros para nos ajudar a entender o antigo Testamento, com todas suas simbologias, sacrifícios, abluções. Ele nos fala dos livros do AT como tipos (Hb 10.1) e figuras de coisas mais relevantes que se manifestariam com a vinda de Cristo. Um bom livro para nos ajudar a entender este livro foi lançado pela Casa de Cultura Cristã, São Paulo: “Como Estudar Levitico e Hebreus”, de autoria de Turnbull.
No texto que lemos, o autor aos hebreus nos fala de uma grande salvação. E diz que não devemos viver fora desta perspectiva.
Por que podemos dizer que esta é uma grande salvação?

1. Por causa daqueles que a testemunharam –
 Ela foi promulgada por anjos – “Se, pois, se tornou firme a palavra promulgada por meio de anjos” (Hb 2.2). De acordo com algumas tradições judaicas, apoiadas em parte pela versão grega (LXX) de Dt 33.2, Deus tinha dado a Lei por mediação de anjos. Esta idéia é defendida por Estevão quando está passando pelo martírio (At 7.53), e é confirmada por Paulo (Gl 3.19).
 Ela foi anunciada por Jesus – “tendo sido inicialmente anunciada pelo Senhor” (Hb 2.3). Jesus foi o primeiro pregador desta verdade, apontando para a necessidade de sua morte expiatória. Na verdade anunciamos a mensagem que Jesus proclamou. “É necessário que o filho do homem seja morto”. A mensagem que pregamos procede do próprio Senhor Jesus.
 Esta palavra foi anunciada pelos apóstolos – “Tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor; foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram” (Hb 2.3). A expressão “foi confirmada” nos mostra que esta palavra procede também de homens dignos de confiança, que se surpreenderam também com esta mensagem.
 Esta palavra foi confirmada por sinais e prodígios – “Dando Deus juntamente com eles, por sinais, prodígios e vários milagres e por distribuição do Espírito Santo” (Hb 2.4). Sinais são provas, demonstrações da intervenção divina. “maravilhas e prodígios”, são coisas que Deus faz que geram temor nos nossos corações. Experiências pessoas que nos levam a temer a Deus. Os sinais manifestam a intenção de Deus, as maravilhas, seu caráter e os milagres, sua origem. Calvino afirma: “Os sinais despertam a mente dos homens a pensar em algo mais elevado que o visível; maravilhas nos revelam o que é raro e excepcional, e milagres, porque o senhor manifesta neles uma extraordinária e singular evidência de seu poder”. (Calvino, Hebreus, pg. 51).

2. Pela profundidade de suas implicações:
A. A obra de Cristo nos livra das mãos de Satanás – O apóstolo João afirma: “sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não vive em pecado; antes, Aquele que nasceu de Deus, Deus o guarda, e o maligno não lhe toca” (1 Jo 5.18). Quando nascemos para Deus, nos tornamos propriedade dele. Isto é o significado da palavra “redenção”. Jesus pagou o nosso resgate, e nos livrou da mão do diabo. Somos guardados em Cristo Jesus. Satanás faz pode insinuar, lançar dardos, questionar, mas ele não pode tocar em você, porque você está protegido pelo sangue de Cristo. “Como escaparemos se negligenciarmos tão grande salvação”.
B. A obra de Cristo nos livra do pecado - Nos torna puros e justificados diante de Deus. A obra de Cristo é completa e eficaz, não havendo nada mais a ser feito pelo homem. Esta obra atinge todo nosso ser. Nos purifica de todo pecado, limpa-nos da má consciência (Hb 9.14). Aquela cruz tem um efeito significativo na nossa alma. Muitas vezes fico preocupado com pessoas que querem seguir a Jesus mas ainda não entenderam o significado do sacrifício de Cristo por eles. O sangue de Jesus apaga todas as nossas transgressões, nos purifica no nível mais profundo de nosso ser (Hb 10.16-17).
Pecado nas escrituras não é apenas uma disfuncionalidade psicológica, mas é rebeldia contra Deus. Jesus precisava morrer por causa da profundidade dos efeitos do pecado em nossa vida. Fomos inoculados pela ação do diabo. Não somos pecador porque pecamos, mas pecamos porque somos pecador. Todo nosso ser foi contaminado pelo pecado, mesmo quando fazemos as coisas melhores, ainda o fazemos para promoção do nosso eu, para auto glorificação, auto exaltação, para promoção de nossa carne. Exaltação do Eu. A Obra de Jesus nos livrou dos efeitos da carne: “O pecado não terá domínio sobre vós”.


3. A obra de Cristo nos livra da Condenação Eterna – Ou como afirma Calvino no seu comentário aos Hebreus: “pelos seus resultados intermináveis”. Estamos lidando com coisas que não são temporárias, mas eternas, com conseqüências não temporais. “Como escaparemos se negligenciarmos tão grande salvação?”.

4. É grande pela sua procedência “Deus amou” vem do senhor. Não nasceu na cabeça de alguém, nem de alguma instituição. Ele nos amou quando éramos ainda pecadores. “Nós amamos porque ele nos amou primeiro”. Tudo provem de Deus (2 Co 5.19). Ele é o autor e consumador de nossa fé.

5. Grande pela sua amplitude – “ o mundo”. Esta salvação só esbarra no limite da recusa do pecado em aceitá-la. “Todo o que crer, será salvo”. “Todo o que invocar o nome do Senhor será salvo”.

6. Grande pelo seu preço – custou muito para Deus. Deu o seu filho. 1 Pe 1.18 “não por prata ou ouro, mas pelo sangue precioso do Cordeiro, sem mácula”. Bonhoeffer afirma: “Não considere barato a graça de Deus, que custou tão caro, a ponto dele entregar seu próprio filho”. Ele pagou o preço. “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele, fossemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5.21).

7. Grande pela sua facilidade – “não de obras”. Não tem que cumprir promessas, basta crer de todo coração. Não é meritocracia, nem esforço humano, mas doação de Deus. “Deus amou seu filho e nos deu”.

Conclusão:
1. Somos exortados a nos apegar com firmeza, a esta verdade ouvida – 2.1 Por causa de nossa negligência, podemos ser dúbios e superficiais em nosso compromisso com o Senhor e com o Evangelho (Hb 3.7,12). “Deus quer que valorizemos verdadeiramente seus dons de acordo com sua importância. Então, quanto mais valiosos são, mais vil será nossa ingratidão se não os apreciarmos” (Calvino). A palavra negligenciarmos vem, no grego, significa “não se importar”, “desconsiderar”. Esta atitude é ilustrada na parábola do casamento, contada por Jesus em Mt 22.1ss, falando daqueles que foram convidados para a festa de casamento, mas que desprezaram o convite.

2. Somos advertidos para o perigo de negligenciarmos esta grande salvação – (Hb 2.3). “Como escaparemos”, isto é, da penalidade,do juízo decretado. Nada há nada mais perigoso que uma vida de negligência. Por isto importa que nos apeguemos. Esta palavra prosecho, significa, “voltar a mente para”, “dar ouvidos a”. A palavra para negligencia é amalesentos”, e significa não se importar. Negligenciar é diferente de rejeitar. A rejeição é para o não cristão, mas rejeição é algo que o cristão pode fazer.
Muitos anos atrás, durante a primeira guerra mundial, um iate encalhou à beira do precipício no Niagara Falls, em Buffalo, na divisa dos Estados Unidos com o Canadá. O dono deste iate era um milionário patriota que permitiu que o governo o usasse durante a guerra. Terminada a guerra, o iate lhe foi devolvido e ele e um grupo de amigos velejavam perto das cataratas, e pararam para saltar em terra, o empregado amarrou o barco às pressas e sem segurança e a força da correnteza o arrastou. Durante muito tempo nenhuma máquina conseguiu tirá-lo de lá. Quem registrou este fato afirmou que “se alguém estivesse a bordo dormindo, jamais poderia ter sido resgatado”. Este é o perigo que pode sobrevir aos que negligenciam tão grande salvação. O desvio é sinal de morte, a negligência é trágica para nossas almas.

Como escaparemos?
Precisamos prestar atenção.
Jesus afirmou: Jo 10.9: ‘Eu sou a porta”. Ficar muito perto da porta não é suficiente. Se você está a 5 cm ou a 5 km, está na mesma situação. Tem que passar por ela.


pregado na Igreja Central de Anapolis
Setembro, 25, 2011
Culto Vespertino