segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Gen 3 A queda afetou nossos relacionamentos


Introdução:

Nesta série de sermões em Gênesis, nessa seção, estamos estudando os efeitos deletérios da queda. O pecado afetou quatro grandes áreas de nossa vida:

A.     Espiritualidade

B.      Relacionamentos

C.     Psiquê

D.     Ecossistema

Hoje, queremos considerar esta segunda área, analisar como o pecado afetou os relacionamentos humanos. Poderíamos estudar muitos outros textos da Bíblia, mas por enquanto, queremos nos ater apenas à maneira como homem e mulher passaram a se relacionar.

O primeiro lar constituído por Deus vivia em plena comunhão, mas foi destituído desse privilégio ao se afastar do Senhor. Com a expulsão do homem a inveja, disputa e acusação começaram a se manifestar. Após a queda, o ambiente de alegria e felicidade, torna-se repleto de desconfiança, hostilidade, manipulação e competição.

 

Eis alguns destes sintomas:

1.      Transferência de culpa – (Gn 3.12). O homem enfrenta dificuldades para reconhecer seu próprio erro, e faz acusações frontais à mulher. “a mulher que  me deste por esposa” (Gn 3.12). O homem não assume sua responsabilidade, mas a transfere para a sua companheira. É muito comum, entre casais, o pensamento de que  o outro é responsável pela depressão sofrida, pelo fracasso nos negócios, por não ser bem sucedido, por andar tão triste, mas a verdade boa parte dos nossos problemas não tem nada a ver com o outro. Encontramos desculpas e acusamos o outro pelo fracasso e solidão que nosso próprio coração enfrenta. O outro não é algoz, e nem você é vitima. Ninguém precisa viver com alguém que é destrutivo.

Este texto nos revela que surge pela primeira vez na história, a luta pelo poder, e a necessidade de se buscar bodes expiatórios. A relação, até então harmoniosa, dá espaços para a disputa e suspeita. A auxiliadora se transforma, na visão do homem, um obstáculo; ao invés de ajudar, cria problemas. Implícito aqui a acusação contra Deus. Adão o culpa. “a mulher que me deste”. As relações se tornam confusas com o criador e refletem nos relacionamentos.

 

2.      Conflitos e disputas – (Gn 3.16). “O teu desejo será para teu marido, e ele te governará” (Gn 3.16). Toda esta disputa histórica e milenar entre o homem e mulher, tem a ver com o pecado presente na raça humana. Deus não a fez para ser inferior. Deus fez o casamento para ser um projeto de igualdade, mas o homem, por causa do pecado, passa a lutar pelo controle e poder.

Muito já tem sido dito sobre i significado da mulher ter sido tirada da costela do homem. Trata-se de uma ideia de equivalência. Agostinho comentou: “A mulher não foi tirada do pé, para não ser subjugada, humilhada, nem da cabeça,  para não ser superior”,  no entanto, casamento abriga competitividade e luta pelo poder. Sofre por causa do orgulho e abre espaço para a opressão , dominação e manipulação.  Quando o relacionamento marido e mulher gira em torno de quem é superior, torna-se competitivo e frustrante para ambos. Quando Deus fez o homem e a mulher, lhes deu Igualdade:

a.      Sua condição – a mulher, ao lado do homem, foi feita à imagem de Deus. Nenhuma diferença de valor;

b.      Sua vocação – Tanto a mulher quanto o homem recebem o mandato de dominar a terra. A mordomia, cuidado e respeito à natureza, são ordens dadas aos dois. Ambos são responsáveis por esta tarefa.

c.      Sua satisfação – Homem e mulher se encontram para mútua aceitação, recebimento e gozo.  Adão celebra quando a vê pela primeira vez: “esta, afinal, é osso dos meus ossos, carne da minha carne”. Eles se aceitam e desfrutam da parceria que receberam.

Apesar das igualdades, foram feitos diferentes: A sexualidade e complementareidade que possuem, revela isto. São seres sexuais, sua distinção não era apenas de constituição física, mas também na forma de ser, perceber, reagir e relacionar-se. Diferenças sexuais: Um tem o que falta no outro.  A ideia é de alteridade, não competição. A diferença torna possível o enriquecimento mútuo. No entanto, o pecado retira maravilhosa benção ter tarefas e responsabilidades iguais de cuidar do nosso planeta, apesar de terem constituições distintas.

 

3.      Casamento abriga lugar para manipulações e controle – Outro aspecto que este texto nos mostra, é como o pecado leva o homem a atitudes mesquinhas e manipulativas. O homem muda o nome da mulher, que havia sido dado pelo próprio Deus: “Homem e mulher os criou, e os abençoou, e lhes chamou pelo nome de Adão, no dia que foram criados” (Gn 5.2). Este é o nome que o senhor dá aos dois: Adão. O termo Adam, vem do hebraico Adamã, mostrando a relação do homem com a natureza. Mas este nome aos dois é mudado por Adão, logo após a queda.

Uma das primeiras providências de Adão depois do pecado é nomear sua mulher, tarefa esta que lhe fora dado por Deus, em relação aos animais, e não à sua esposa: “Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra, todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os ao homem para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles”(Gn 2.19). Adão passa a chamá-la de Eva (Gn 3.20). Já não é mais ishah (companheira/varoa), termo que destaca sua identidade (Gn 2.23), mas Eva (mãe de todos os viventes), que ressalta sua função A utilidade suplanta a idoneidade. Passa a ser um meio para atingir um fim. O sujeito passa a ser objeto. Além do mais, na cultura semita, dar nome significa ter o controle sobre o outro, por esta razão quando Abraão pede que Deus lhe diga seu nome, Deus se recusa e lhe mandou apenas dizer: “Eu Sou o que Sou”.

 

Conclusão:

Este texto nos revela ambiguidades: O problema é a família e a solução é em família! Família comporta ambiguidades inerentes à sua estrutura. Deus fez o homem para viver em família: “Não é bom que o homem esteja só”. Ninguém nos conhece tão bem, nos aceita tão bem, apesar de ser na família que algumas de nossas piores experiências são vistas, e as grandes neuroses se formam: Abusos, acusações, rejeições, dores, etc.

A Bíblia trata a família sem romantismo. A família é lugar de vida, esperança e alegria, mas é também lugar de engano, disputas e alterações dramáticas de destinos...

Em Adão, as primeiras crises já se tornam explícitas, família cria espaço para mútuas acusações, manipulações, culpas, irritabilidade, desconfiança. Vemos o potencial de litígio e competição que pode existir dentro de um lar. Caim e Abel nos revelam que  família pode gerar invejas e ódio, e eventualmente abrigar grandes tragédias.

Quero concluir com um texto de Mt 15.21-28, no qual a mulher Cananéia levanta um clamor a Jesus: “Senhor, Filho de Davi, tem compaixão de mim! Minha filha está horrivelmente endemoninhada” (Mt 15.22). A mulher percebe que alguma coisa grave está acontecendo em sua casa, mas ela não se entrega, e vai em direção a Jesus. Nossos lares enfrentam grandes lutas. Problemas históricos, heranças familiares, condicionamentos, acusações, dores, conflitos, problemas não confessados, mas devemos sempre nos lançar em direção ao Filho de Davi. Esta mulher percebe que o que acontece em sua casa, tem a ver com a ação do diabo. O demônio havia feito “um ninho”, na vida da sua filha, e aquilo afetava profundamente a dinâmica e as relações familiares, mas ela se lembra de Jesus, e vai em sua direção.

Ela não fazia parte do povo de Israel. Ela não sabia muita coisa sobre o Deus de Abraao, Isaque e Jacó; nunca estudara teologia na universidade de Jerusalém, mas ela sabia o seguinte: algo está horrivelmente entranhado em minha casa, e eu sei em quem posso buscar a solução. E em Jesus ela ouve a maravilhosa afirmação: “Por causa desta palavra, podes ir; o demônio já saiu da tua filha” (Mc 7.29. E ela, voltando para sua casa, acha a menina sobre a cama, porque o demônio a deixara.

Que Deus possa colocar sua mão de graça na sua história e na sua casa, trazendo maravilhosa e grande libertação e cura.

 

 

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