quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Mc 14.22-26 Isto é o meu corpo.


 

 

 

Introdução:
A interpretação sobre o significado da Santa Ceia, sofreu algumas crises na história, mas apesar disto a ceia é ainda um fantástico meio de preservar a mensagem da cruz de Cristo e o evangelho.

Os católicos crêem na transubstanciação. Os elementos ao serem consagrados pelo padre durante a missa se tornariam sangue real e corpo real de Cristo. A substância dos elementos mudaria na sua essência. O pão se torna carne e o vinho se torna sangue, mediante a consagração do sacerdote. E continuam assim de forma permanente, tendo aparência de pão, mas, os sentidos não são aptos para julgar. A comunhão é com um só elemento – pão. Deve ser pão sem fermento. Cristo está em cada átomo dos elementos, de modo que o pão sozinho transmite tanto a carne como o sangue. Participar do corpo é participar de Cristo. Como sacramento opera por si mesmo – “ex opere operato” – alimenta a alma por meio da substância real de Cristo comida e bebida. Como sacrifício, Cristo é novamente oferecido para expiação do pecado, repetindo-se assim a obra consumada na cruz. Em toda missa novamente Jesus é oferecido em sacrifício.

Os luteranos defendem a idéia de consubstanciação. A mudança dos elementos é temporária. Limita-se à ocasião do sacramento. Depois, os elementos voltam a ser pão e vinho comuns. O corpo e o sangue de Cristo podem assim ser recebidos tanto pelo crente com pelo descrente, mas só o crente é que tira benefício desse fato.

A maioria dos evangélicos crê que a ceia é um sinal, símbolo e memorial. Os elementos são simplesmente pão e vinho. Representam o corpo e o sangue de Cristo, simbolicamente. A presença de Jesus no sacramento não está nos elementos, mas no coração do crente.

Os calvinistas crêem na presença real e espiritual nos elementos da Santa Ceia. Eles não  mudam na sua essência, mas ao tomarmos a ceia ela se torna meio de benção para nossa vida. Entre os pentecostais, apenas o falecido bispo Roberto MacAlister, da Igreja Nova Vida do Rio, tinha esta visão.

Este é o ponto de vista reformado. O Catecismo Maior da igreja, na pergunta 96, indaga: “Que é a Ceia do Senhor? A Ceia do Senhor é um sacramento, no qual, dando-se e recebendo-se pão e vinho, conforme a instituição de Cristo, se anuncia a sua morte, e aqueles que participam dignamente, não de uma maneira corporal e carnal, mas pela fé, tornam-se participantes de seu corpo e sangue, com todas as suas bênçãos para seu alimento em graça.”

A Ceia do Senhor é um memorial; é também uma apresentação simbólica dos grandes fatos da expiação na morte de Cristo. O corpo e o sangue de Cristo não são recebidos corporalmente, mas o que Jesus fez mediante o seu corpo e o seu sangue é recebido por aqueles que participam com fé. O sacramento significa, sela e comunica os benefícios da redenção. A participação constitui uma profissão de fé e renovação dos votos do concerto feito com Cristo. É, portanto, um ato solene e vital. Diz Paulo: “O que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação” (1Co. 11:29).

 

O que representa a Ceia? Qual o seu significado?

 

A. Alguns, ao participarem da ceia, o fazem de forma meramente ritualista. Não entendem o seu sentido e nunca procuraram estudar o assunto. Suas vidas não são tocadas pela ceia e não possuem qualquer expectativa ao participarem da Ceia.

 

B. Alguns o fazem até mesmo afrontosamente como no caso de Judas, que desprezava Cristo e se assentou confortavelmente à mesa. Muitos não crêem em Cristo, não tem vinculo de fé com este Jesus, mas ainda assim comem e bebem sem discernir o corpo, atraindo juízo para si.

C. Outros dão um caráter místico, que vai além do propósito da ceia, chegando até mesmo a desenvolver uma certa idolatrizacāo dos elementos eucarísticos. Não precisamos adorar o corpo e o sangue. Pão e vinho continuam sendo pão e vinho.

 

Diante disto, precisamos entender o que significa a ceia do Senhor e como devemos participar dela:

1. A ceia do Senhor é uma pregação dramatizada - "Jesus tomou um pão, o partiu e lhes deu, dizendo: Tomai, isto é o meu corpo" (Mc 14.22). Ele dá à ceia, uma atividade comum a pessoas que ordinariamente se juntam para comer e faz um solene comunicado: seu corpo deveria ser quebrado, seu sangue vertido, e seus discípulos deveriam participar dele. Seu corpo seria dado aos discípulos, e eles deveriam comer do mesmo. Isto é tāo solene, sério e grave, que alguns discípulos abandonaram Jesus por causa destas palavras. Jo 6.51-62. Isto escandalizou os mesmos. No entanto, precisamos entender que vida cristã não começa com a concordância em determinados conceitos sobre Jesus, nem porque nos tornamos membros de uma igreja, ou porque adotamos determinados comportamentos que sa esperados dos seguidores de Cristo. Vida crista começa quando você "come a sua carne e bebe do seu sangue" (Jo 6.53). É algo visceral, tem que chegar a seu estômago, passando pelo seu corpo e alimentando sua natureza.
A ceia do Senhor nos lembra disto: precisamos nos identificar interiormente com Cristo. "quem comer a minha carne e beber o meu sangue permanece em mim, e eu nele".

 

2. A ceia do Senhor me ensina que, por ter acessar à mais íntima natureza de Cristo, também tenho acesso à sua vida e ao se poder. "Quem de mim se alimenta, por mim viverá" (Jo 6.57).
Ao tomar a ceia nos recordamos que não temos vida em nós mesmos. "a minha carne é verdadeira comida e me sangue, verdadeira bebida" (Jo 6.55). A vida de Jesus me foi dada pela participação na sua vida. Por meio da ceia, nos recordamos disto, e recebemos  também seu poder que nos  alimenta e nutre. A ceia nos alimenta espiritualmente. Sua vida em nossa vida. Esta doutrina tem sido chamada da "união mística com Cristo". Podemos nos alimentar dele e nos fortalecer nele. Cristo não apenas está conosco, mas está em nós. É mais quem conceito, é sua própria realidade se manifestado em nossa vida.

Ouvi certa pregadora pentecostal afirmar que, não raras vezes, se sentindo frágil nas suas campanhas evangelísticas, costumava tomar o pão e cálice e comê-los, se lembrando das promessas de Jesus aos seus discípulos. Contudo, ela cometeu um grave erro: não podemos participar sozinho da ceia. Ela nos lembra que temos que discernir o corpo. Somos convidados a enxergar nosso irmão, e a discernir o corpo de Cristo.

 

3. A ceia também é uma proclamação - " Jamais beberei do fruto da videira, ate aquele dia em que o hei de beber, novo, no renio de Deus". (Mc 14.25).

Jesus faz um anúncio solene, de que um dia estaremos novamente com ele, no seu reino, compartilhando pão e vinho; e ele mesmo estará nos ministrando. Este cálice é sinal, símbolo, anúncio de uma nova realidade que vai se concretizar no reino de Deus. Há uma esperança sendo anunciada, um novo tempo, uma nova história, um novo jeito de celebrar. A história vai mudar de capítulo e um novo cenário vai se introduzir no tempo.

Existe um episódio em Ap 5 que nos mostra esta realidade supra histórica e transcendente. João está diante de um livro que ninguém pode abrir e nem mesmo olhar para ele. Então, um dos 4  anciãos lhe disse: " Não chores; eis que leão da tribo de Judá, a raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos" (Jo 5.5). Então João vê, no meio do trono "um Cordeiro,como tendo sido morto" (Ap 5.6). É importante ver a transição do texto. Os anciãos vêem uma figura poderosa, um leão, mas João vê uma figura frágil, um cordeiro, morto. Esta a visão do povo redimido. Jesus é o Cordeiro de Deus, morto. Participamos do seu corpo e do seu sangue. Quando a vida de Cristo é transmitida pela fé, à nossa vida. Sua vitória é a nossa vitória, seu corpo nos alimenta. Assim olhamos para a vida com expectativa e esperança, até o dia em que, juntos, estaremos participado escatologicamente nessa mesa que Cristo tem preparado para os seus redimidos.

Conclusão:
A. Participe realmente do corpo e d sangue de Cristo - isto se dá, quando, pela fé, entendemos o significado da cruz de cristo e reconhecemos que não podemos salvar a nós mesmos. A ceia do Senhor anuncia a necessidade de um redentor. Cristo morreu por mim, assumiu o meu pecado e a minha culpa. Sua justiça me foi imputada e pelos méritos de Cristo fui declarado justo. "Quem crê em mim, tem a vida eterna". Você já aceitou Cristo como seu salvador?

B. Coma do corpo e beba do sangue – Não faça isto de forma desatenta e displicente, sem confissão e arrependimento, participamos da ceia. Se você se sente indigno da ceia, peça ao Senhor para agir em sua vida, te perdoar, construir um novo caminho. Reconheça que sua justiça e dignidade, vem sempre do Cordeiro de Deus. A ceia do Senhor não é para pessoas perfeitas, mas para gente redimida. Tome uma decisão de mudança. Não deixe de participar da ceia, mas por outro lado, não participe de forma displicente.

 

C. participe da ceia, com os olhos carregados de esperança e expectativa - Jesus fala da ceia, apontando para uma nova ordem, um novo mundo, no qual o Cordeiro de Deus ministrará a ceia aos seus eleitos. A ceia da qual participamos hoje é uma pálida imagem, um pequeno sinal de um tempo glorioso, no qual o Cordeiro de Deus reinará para sempre, onde todos estaremos eternamente com o Senhor. Ao participar da ceia, estamos proclamando este novo tempo, uma nova terra. Na qual habita justiça.

Ao Senhor deste encontro com seus discípulos, Jesus foi duramente ferido e esmagado, passaria por todo processo de dor e humilhação, mas seus olhos esta colocados não nas circunstâncias desfavoráveis que ele haveria de passar, mas está olhando em perspectiva para um tempo escatológico, quando comeria e beberia novamente, com seus discípulos.
Ao fazer o anúncio da ceia, Jesus entoa um hino de adoração, não um réquiem (feita para funerais), e agradece o pão diante do seu sofrimento, porque sua dor não é mera dor, e depois segue para o Monte das Oliveiras, onde seria preso e levado para a cruz. A ceia, apesar deste difícil momento, não aponta para sua dor, mas para a glória e expectativa do reino de Deus.

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